domingo, 22 de maio de 2011

Grana e Bibi fazem Obama Recuar



Pesou a grana que envolve ser contra os judeus e as porradas que Obama levou de Netanyahu (vejam post abaixo), do seu próprio partido e da imprensa. Obama diz agora que não disse o que disse e que não falou nada diferente do que já se falava.

Quem acredita nisso? Ninguém. Mas os judeus que contribuíram com a campanha dele vão ficar mais calmos e Netanyahu (conhecido como Bibi) também começou a falar que tá tudo beleza.

Vi no noticiário americano que, na eleição de 2008, 78% da contribuição dos judeus foram para Obama e apenas 22%, para McCain. Pois é, como se costuma dizer: judeus quando estão fora de Israel são basicamente esquerdistas. 

Abaixo o vídeo do discurso de hoje de Obama no American Israel Public Affairs Committee (AIPAC). Traduzo em azul a fala dele, comento em negrito.


A base de negociação deve ter chance de sucesso (não diga. Então, Netanyahu tinha razão: a proposta de Obama era uma completa ilusão. O próprio Obama confirma). Então, antes de minha viagem de cinco dias para Europa, na qual o Oriente Média será um tópico de muito interesse, eu escolhi pensar em o que se requer para a paz. Não há nada original na minha proposição (aqui ele já baixou a guarda, pois nenhum presidente americano jamais defendeu as fronteiras de 1967). Essa base de negociação tem uma longa tradição entre os partidos, incluindo ex-presidentes, quando essas questões forma levantadas. Permitam-me que eu repita o que eu relamente disse na quinta-feira (depois de quatro dias, ele vem com essa de repetir o que ele "realmente disse"?)  e não o que foi dito o que eu disse. Eu disse que os Estados Unidos acreditam que a negociação deve ser baseada na idéia de dois estados, com fronteiras permanentes entre o estado palestino com Israel, Egito e Jordânia. As fronteiras entre Palestina e Israel devem ser baseadas nas fronteiras de 1967 com mudanças mutualmente concordadas (quer dizer: sabe Deus quais devem ser as fronteiras), nas quais fronteiras seguras e reconhecidas sejam estabelecidas para os dois estados (uai, não foi isso que o Netanyahu disse?). O povo da palestina tem o direito de governar eles mesmos e alcançar o pontencial deles com soberania.

O Obama é tão confuso que o discurso dele permite diversas interpretações, alguns dizem até que ele manteve o que disse, mas acho que consegui provar que ele recuou completamente.

Vejam meu post com a reunião dele com o primeiro-ministro de IsraelSerá que Netanyahu diria tudo aquilo se o discurso fosse esse de hoje? Será que se Obama dissesse que iria repetir o que os outros presidentes americanos disseram, Netanyahu teria ficar furioso?

Eu sei, ele voltou a basear sua análise nas fronteiras de 67, o que é perturbador. Mas a maioria dos sites que pesquisei nos Estados Unidos também reforça que ele disse que as fronteiras não vão ser as mesmas de 67 e também o termo "misrepresentended", que ele usou para dizer que interpretaram mal o discuros dele de quinta-feira. Mas sempre há uns malucos que dizem que ele não recuou, repetindo o porta-voz da Casa Branca, imprensa marrom.

Em suma, o cara fez uma bobagem tremenda e está tentando remendar procurando mostrar que não voltou atrás, voltando. Isso traz apenas muita confusão.

4 comentários:

Vânia Cavalcanti disse...

Olá, Pedro Erik!

Estive um pouco afastada do seu blog porque andei trabalhando bastante, graças a Deus, e porque o debate esquentou, lá no blog do Augusto Nunes, sobre o Palocci e o livro infame adquirido pelo MEC e que equipara a norma culta da língua às variantes populares na alfabetização. Você também andou por lá, não é? Bem, falemos sobre este seu post. Sabe?, eu juro que tento ter boa vontade com Obama, confesso mesmo que passei a simpatizar mais com a versão presidente do que com a versão candidato. Torço por ele, pelo grande país e pelo grande povo que ele governa. Mas, a forte impressão que tenho é que ele, inicialmente, realmente achava que seu charme, seu carisma e suas boas intenções seriam suficientes para apaziguar corações, silenciar mentes, calar as balas e bombas, humanizar terroristas... parece que ele também acreditou no marketing sobre si mesmo. Gradativamente, Obama se encontra com a realidade segundo a qual dirigir uma potência tem muito mais ônus do que bônus. O discurso proferido sobre o retorno às fronteiras de 1967 de Israel foi criminosamente bisonho e é evidente que agora ele recua - é a realidade operando. Surpreende-me que seu staff, gente mais experiente do que ele, não o tenha poupado dos dois vexames: o discurso e o recuo, conquanto este fosse imperioso. Um abraço

Pedro Erik Carneiro disse...

Cara Vânia,

Pois é, gosto muito do Augusto Nunes. Ele escreve muito bem sobre os temas nacionais e é muito gentil com a gente que comenta no blog dele.

Sobre Obama, eu semprei achei que ele seria um desastre. Ele não gosta da cultura americana, não tem apreço pelos valores nacionais, não acha que os Estados Unidos são um bem para a humanidade, e é contra o cristianismo (Ele é pró-aborto, a favor de casamento gays, etc.).

Isso tudo estava claro na campanha dele e ficou mais claro nos discursos desde a sua chegada ao poder. Eu o considero o maior erro das eleições daquele país.

Mas ele tem força, tem um discurso de celebridade, lendo o teleprompter. Holywood e a imprensa adoram ele (como o Lula) e vão fazer qualquer coisa para ele ganhar as eleições em 2012. Já começaram as acusações de racismo a candidatos da oposição.

É muito interessante acompanhar o debate americano, pois lá as pessoas realmente discutem os assuntos profundamente, não passa nada. E a briga cultural é ferrenha, como nenhum lugar do mundo. Obama está do lado contrário ao meu, que defendo o cristianismo.

Em suma, Obama é um grande teste, não só para os EUA, mas para o mundo também. Que mundo nós queremos?

Grande abraço,
Pedro Erik

Vânia Cavalcanti disse...

Olá, Pedro Erik!

Bem, eu queria viver em um mundo que seguisse o espírito dos dez mandamentos, segundo os cristãos, ou seja, amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Mas isso é pedir demais a essas criaturas angustiantemente imperfeitas que somos. Sou cristã, de criação católica, mas sou, sim, a favor da união civil entre os gays e do aborto em algumas circunstâncias - risco de vida para a mãe e gravidez resultante de estupro, além da pavorosa gravidez em meninas, como o caso dramático noticiado ano passado da meninazinha pernambucana, grávida de gêmeos aos 9 anos de idade,pelo próprio pai, situação em que tanto a menina quanto os bebês poderiam morrer - e não acho de forma alguma que isso me afaste do cristianismo. Claro que é fácil "seguir" uma religião adotando apenas o que nos é conveniente, mas não acho que seja o caso. Além do mais, não diria que eu sigo uma religião propriamente, mas valores judaico-cristãos ocidentais pós-iluminismo. Com todas as reservas que tenho a respeito de Obama, não o vejo absolutamente como um anti-cristão. Acho-o, sim, um tolo na sua vaidade retórica e imagética. De todo modo, acho que se Obama é um teste, como você diz, Pedro, os EUA sobrevivem a ele e o mundo também, com a graça de Deus. Um abraço

Pedro Erik Carneiro disse...

Caríssima Vânia,

Geralmente, quando converso com amigos, o melhor que posso encontrar é o seu raciocínio a respeito do aborto e do casamento gay.

Em geral, começo argumentando fazendo a seguinte pergunta: qual o direito que a mãe tem sobre aquela outra vida?

Já escrevi aqui muitas vezes sobre isso. Procure, por exemplo, um post chamado "O Que fazer quando alguém defende o aborto".

Sobre o casamento gay, minha posição é baseada na idéia de família. Casamento entre homossexuais não é família e se adotar crianças a tendência é um desastre.

Encontrei um ótimo texto sobre casais homossexuais e crianças hoje, se quiser, me envie seu email que lhe mando.

Grande abraço,
Pedro Erik