sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O Legado do Papa Bento XVI - por Catholic Herald e Dois Padres

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Dois padres que eu respeito muito fizeram um vídeo falando sobre o legado que o Papa Bento XVI deixa para a Igreja. E o jornal inglês The Catholic Herald, o jornal católico mais respeitado do Reino Unido, fez uma lista de 10 razões para se agradecer ao Papa.

O primeiro padre é um velho conhecido deste blog. Ele é o autor e apresentador da série de DVD, Catholicism (foto abaixo), é o Padre Robert Barron, atual reitor de um seminário. Eu já falei desta série aqui no blog. Recomendo totalmente. Se você consegue ler em inglês ou em espanhol compre esta série (infelizmente não há ainda a versão com legendas em português). Para comprar clique aqui.


Padre Barron tem um abordagem de tentar mostrar as questões teológicas complexas com termos simples, mas profundos. Na sua anáilise sobre o legado do Papa Bento XVI, ele muda um pouco esta abordagem e usa argumentos mais complexos, mas consegue explicá-los perfeitamente.

Abaixo, vai o vídeo dele. Não vou traduzir palavra por palavra apenas a argumentação dos três pontos que ele destaca como legado do Papa Bento XVI (em azul).


Para Padre Barron, o Papa deixa três principais legados.

1) Uma Interpretação do Vaticano II. Cardeal Ratzinger é por excelência um homem do Vaticano II. Ele atuou com conselheiro teológico para o cardeal Frings de Colônia na época. Durante seu período como chefe da Cogregação da Doutrina da Fé no papado de João Paulo II, ele manteve sua função de intérprete de Vaticano II. Tanto ele como João Paulo II viram o Concílio Vaticano II como um concílio missionário para tornar a Igreja mais apta para passar a mensagem de Cristo, mas não entendiam o Vaticano II como revolucionário, a mensagem de Cristo é a mesma. Eles viram o Vaticano II dentro da hermenêutica da continuidade e não com um quebra da tradição.

2) Propagou uma ortodoxia afirmativa. A mídia espalhou que ele era um bulldog, mas o que se viu foi um homem doce e pio. Nas escritas, ele enfatizou o amor divino (Deus Caritas Est) que desejava o amplo florescimento do ser humano. A palavra mais dominante no discurso de Bento XVI foi "joy" (alegria, júbilo). Ele reafirmou o que a Igreja sempre defendeu com alegria.

3) Centralidade em Cristo (Cristo centrismo). Desde o início da carreira, Ratzinger teve uma abordagem de colocar Cristo no centro de sua teologia, de levar a Igreja sempre com os olhos em Cristo. A Igreja como o Corpo Místico de Cristo. O mistério do ser humano é revelado em Cristo. E qual é a grande obra deste grande teólogo mesmo quando Papa da Igreja? Os três volumes de "Jesus de Nazaré".

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Padre Frank Pavone é diretor nacional do Priests for Life nos Estados Unidos. Ele ressalta a importância que Bento XVI dava à luta contra o aborto. Recentemente, eu falei que o Papa chegou a mandar um twitter para acompanhar a Marcha pela Vida que acontece todos os anos nos Estados Unidos. E a Igreja recentemente aprovou a oração pela criança no ventre da mãe. Além disso, o Papa Bento XVI defendeu a luta pela vida com uma pergunta: quem é mais desamparado, dependente e carente do que aquele que está no ventre da mãe?

Também não vou traduzir tudo que diz o Padre Pavone apenas os pontos que ele destaca.





O Papa Bento XVI sempre demonstrou uma abordagem de sacralizar a a criança no ventre materno. Quando Pavone foi a Roma teve a oportunidade de ver de perto quanto o Papa se preocupa e relaciona com a visão de Cristo no ventre de Maria.

Bento XVI designou um dia deste ano para o evangelho da vida, dia 16 de junho. Neste dia, teremos uma missa pela santidade da vida. Pavone espera que a Igreja estabeleça este dia para sempre e não apenas este ano.

Na sua encíclica Caritas in Veritate, o Papa Bento XVI destacou que não nenhuma discordância entre a luta por justiça social (que defendem os esquerdistas católicos) e a luta contra o aborto. Na verdade, a luta pela vida está no núcleo da justiça social, na defesa do mais fraco.

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O jornal The Catholic Herald listou 10 razões para se agradecer om Papa Bento XVI. Eu não concordo muito com o ponto sobre o Islã, pois acho que o Papa por diversas vezes falou da violência de religiões malígnas. Mas aqui vão os pontos do jornal.


1) Sua firmeza: Em sua homilia inaugural Papa Bento XVI disse: "Ore por mim, para que eu não fuja, por medo dos lobos." Em 2010 houve um esforço concertado de mídia para forçar sua renúncia sob a capa da crise de abuso clerical. Ele segurou firme e só agora, em um raro momento tranquilo de seu papado, ele escolheu renunciar.

2) Seu ensino cristalino: Mesmo em sua abdicação Papa Bento estava nos ensinando. Sua lição - que nenhum de nós deve se agarrar ao poder - foi transmitida com força característica e clareza. Ele nos deixou um rico acervo de ensino, contido não só dentro de suas homilias, encíclica e trilogia de livros sobre Jesus, mas também em suas ações.


3) Sua reforma da liturgia: a decisão do Papa Bento XVI de levantar as restrições sobre a forma mais antiga da Missa foi histórica. Bem como resgatar a Forma Extraordinária do esquecimento, ele renovou a celebração da forma ordinária da Missa em nossas paróquias através da nova tradução para o inglês.


4) Seu programa de purificação: A partir dos Legionários de Cristo para as finanças do Vaticano, Bento XVI tentou purificar a Igreja de corrupção. Este esforço conjunto mal foi registrado pela mídia, mas a Igreja irá se beneficiar disso pelos próximos anos.


5) Sua extensão para o Islã: o Papa Bento XVI não se encolheu quando sua palestra de Regensburg foi violentamente mal interpretada em algumas partes do mundo islâmico. Enquanto se desculpando por crime não intencional, ele manteve sua posição, que apelou para uma aliança entre católicos e muçulmanos em nossa era secular. Como resultado, o diálogo católico-islâmico diálogo está mais forte hoje do que jamais foi. Esta é uma conquista vital em que o seu sucessor pode construir.


6) Sua bravura: Quando Bento XVI visitou a Turquia, em um momento de raiva islâmica intensa após o discurso de Ratisbona, ele se recusou a usar um colete à prova de balas. Sua abdicação mostrou uma confiança igualmente corajoso em Deus.


7) Seu amor pela Grã-Bretanha: Bento XVI sentiu uma afeição especial pela Grã-Bretanha. É por isso que ele nos visitou em 2010, quando muitas outras nações estavam chamando. Ele defendeu consciência em Westminster Hall tão eloquentemente como St Thomas More, quebrou sua própria regra para beatificar o cardeal John Henry Newman e reforçou a nossa vontade de resistir secularismo agressivo.


8) Sua criação do ordinariato: O ordinariato para grupos de ex-anglicanos é um dos maiores legados de Bento XVI. É notável que ele foi capaz de criar essa nova estrutura, trazendo milhares de almas em plena comunhão, sem prejudicar irremediavelmente as relações entre a Igreja Católica e a Comunhão Anglicana.


9) Seu equilíbrio: o Papa Bento era, em primeiro lugar, caricaturado como um "arqui-conservador". Mas logo ficou claro que ele tinha uma mente ousada e flexível que confundiu rótulos brutos. Em uma época de pensamento desequilibrado, seu pensamento se destacou por sua harmonia e integridade. Com sua noção de "hermenêutica da continuidade" reconciliou fidelidade à tradição com a criatividade necessária para enfrentar os desafios do nosso tempo.


10) Sua humildade: Mesmo dentro da Igreja, é difícil para os homens a renunciar poder e status. Papa Bento mostrou humildade notável em sacrificar seu próprio ministério papal para o que ele acredita que é o bem maior da Igreja. Vamos orar por ele, e por seu sucessor, como nunca oramos antes.





(Agradeço o vídeo do Padre Pavone ao site Creative Minority Report, o vídeo do Padre Barron está em tantos sites que nem sei qual foi que vi pela primeira vez)

2 comentários:

Estanislau Tallon Bozi disse...

Excelentes razões!

Acho, Pedro Erik, que o diálogo com o Islamismo progrediu, sim, durante este Papado.

O que a imprensa fez foi descontextualizar os discursos papais. E não somente quanto aos muçulmanos!

Tenho a convicção de que Bento XVI foi o melhor Papa dos últimos tempos.

Com disse no início, não queria quantidade, mas qualidade dos católicos.

Que Deus lhe reserve uma vida longa e que possa, ainda, como intelectual que é, nos brindar com muitas obras!

Que venham muitos e bons Papas!

Em Jesus e Maria, meu forte e fraterno abraço,

Stan

Pedro Erik Carneiro disse...

É verdade, Stan, a imprensa descontextualizou e descontextualiza sempre os discursos do Papa.

Mas acho que sobre o Islã, o Papa é bem consciente do problema do terrorismo e uso da religião islâmica para matar cristãos no mundo.

Eu falei disso no blog:

http://thyselfolord.blogspot.com.br/2012/11/papa-bento-xvi-e-as-religioes-malignas.html

Grande abraço, meu amigo, em Cristo e Nossa Senhora.

Pedro Erik