George Friedman escreveu ontem um artigo no site Stratford.com sobre árabes e Israel, mostrando como as divisões entre os árabes mantêm Israel como líder da região e mais seguro. Ele não cita todas as fragmentações da região, apenas as mais importantes. Vamos a elas:
1) A divisão entre o Hamas e o Fatah. Os dois partidos palestinos são inimigos mortais, literalmente, já andaram matando uns aos outros. O Fatah é mais antigo, é um partido secular, formado nos anos 60 com ideologia socialista, aliava-se à antiga União Soviética. Era o partido dominante na Organização para Libertação Palestina (OLP). Yasser Arafat dominava o Fatah e a sua burocracia Essa grande burocracia, como não poderia deixar de ser, favoreceu a corrupção. Essa corrupção deu apoio popular à formação do Hamas. O Hamas não é secular, é um partido formado no movimento islâmico. A libertação da Palestina não é apenas um imperativo nacional, mas uma questão religiosa. Entre os Islâmicos, o Hamas é sunita. E isso provoca conflitos entre os outros movimentos islâmicos. Depois das eleições de 2006, por ter conseguido maioria de cadeiras no Parlamento, o Hamas expulsou pela força o Fatah de Gaza. Hoje, cada facção controla uma parte do território da Palestina;
2) O Egito tem como líder Hosni Mubarak, desde 1981. O país, assim como Israel, não gosta da influência do Hamas e fecha sua fronteira, com receio que esse movimento insufle a Irmandade Muçulmana, que é a mais velha força política religiosa na região. Foi fundada em 1928 no Egito por Hassan al-Banna. Mubarak tem procurado conter fortemente esse movimento dentro do país. Recentemente, com a nova crise entre Hamas e Israel, por pressões externas e internas, o Egito abriu as fronteiras. O efeito disso pode ser bastante severo para o país. O Egito tem um acordo de paz com Israel.
3) A Jordânia costuma não confiar no Fatah ou na OLP. Em 1970, a OLP tentou gerar uma revolução na Jordânia, país formado em grande parte por palestinos. O Rei Hussein atacou as milícias do Fatah matando milhares de palestinos. O conflito durou até 1971 e terminou na expulsão da OLP. O Hamas, com sua ideologia islâmica, também não é bem visto na região. A Jordânia também tem seus problemas com a Irmandade Islâmica. O país também tem um acordo de paz com Israel.
4) A Síria está bem mais interessada em conquistar o Líbano do que nos assuntos da Palestina. O país estimula junto com o Irã os avanços do Hezbollah no Líbano. O Hezbollah, partido libanês paramilitar, é anti-Israel , mas não é um movimento palestino. O partido é xiita e não sunita como o Hamas. Então a Síria apóia o Hezbollah que não tem relação muito próxima dos sunitas da Palestina, mas também mantém relações com os movimentos palestinos;
5) Os sauditas e os países da península arábica têm receio da influência palestina em seus governos. Em geral, mantêm uma boa relação com o Ocidente e consideram a OLP um movimento desastabilizador dos seus regimes.
6) O Irã está a mais de 1.600 km de distância. É um país xiita que tenta se aproximar dos sunitas palestinos e tenta enviar armas para que esses ataquem Israel. O Fatah não confia no Irã pelo seu apoio ao Hamas, mas o Hamas e o Irã também não se entendem como movimento religioso.
Enquanto houver essas divisões, a segurança de Israel está bem mais garantida.
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Certa vez, li uma frase em inglês muito boa para ser colocada quando se abre para comentários. A frase diz: "Say What You Mean, Mean What Say, But Don’t Say it Mean." (Diga o que você realmente quer dizer, com sinceridade, mas não com maldade).