Hoje, o historiador de Harvard Niall Ferguson (recomendo qualquer livro dele) escreveu um artigo no jornal The Australian sobre a possível decadência do império norte-americano. O artigo se chama Sun Could Set Suddenly on Superpower as Debt Bites (pode ser traduzido por: O Sol pode se por de repente sobre uma superpotência quando a dívida pública é significativa).
A dívida dos Estados Unidos está crescendo assustadoramente. Já vinha ocorrendo isto durante o governo Bush (o ex-presidente estava longe de ser um conservador quando se tratava de teoria econômica), mas o Obama acelerou o processo com diversas políticas públicas. E não mostra vontade política de reverter isso.
O déficit americano em 2010 deve alcançar 10% do PIB (1,5 trilhões de dólares). A dívida do governo federal nas mãos do público dobrou em 10 anos de 32% do PIB para 66% em 2011. Para 2020, a previsão é que alcance 90% do PIB, e em 2030, 146%. Os gastos com juros devem alcançar 20% da receita pública em 2020. Para alguns analistas, sob qualquer ângulo importante, a posição fiscal dos Estados Unidos já é pior do que a da Grécia.
Ferguson avalia que há vários exemplos na história de impérios que sofreram rápida decadência por causa de dívida nas mãos de estrangeiros: Bourbons, na França; Espanha, no século XVII; e Grã-Bretanha, depois da Segunda Guerra. Metade da dívida federal americana está nas mãos de estrangeiros e, dessa parte, 22% estão com os chineses. Eram 27% em julho do ano passado. Os chineses estão abandonando o dólar.
Nos Estados Unidos é provável que os gastos militares devam ser fortemente atingidos quando se pensar em cortar os gastos públicos. São gastos discricionários e não atingem a população, o que evita prejuízos políticos. Ao contrário de gastos vinculados com políticas de bem-estar social.
Ferguson finaliza, uma vez que está na Austrália, perguntando como será a situação se o império norte-americano der lugar ao chinês no continente asiático.
Muitos textos das relações internacionais são sobre esse assunto hoje em dia: o surgimento de novos impérios (China, Índia e mesmo Brasil) e a decadência norte-americana. Já vi vários textos e já conversei com muitos estudantes e professores que discutem o tema, mas eu nunca vi ninguém falar sobre o principal. Quem sabe um dia eu escreva sobre isso. Que princípios e doutrinas novas trazem esses possíveis novos impérios? Serão bons ou maus para a humanidade?
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Certa vez, li uma frase em inglês muito boa para ser colocada quando se abre para comentários. A frase diz: "Say What You Mean, Mean What Say, But Don’t Say it Mean." (Diga o que você realmente quer dizer, com sinceridade, mas não com maldade).