segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Baloquistão (ou Baluchistão)





Esse assunto é complexo. Mas se tiverem paciência talvez eu consiga explicar o que eu aprendi.

Geralmente, o mundo costuma pensar que os países da OTAN estão no Afeganistão para derrotar o Talibã, grupo terrorista muçulmano. E essa guerra será vencida quando esse grupo for derrotado. No entanto, a complexidade da região que envolve Índia, Paquistão, Afeganistão e Irã é enorme. Nenhum dos países da região terá paz com a saída dos Talibãs, há muitas diferenças internas nos países e extrema desconfiança com os vizinhos. Sem falar que dos quatro países, dois tem armas nucleares (Índia e Paquistão) e outro está na iminência de ter (Irã).

Aqui, apresento as semelhanças étnicas relevantes entre Paquistão e Afeganistão. Estas semelhanças não ajudam no cenário de guerra. Muitos grupos étnicos desejam se separar dos países que se encontram, para formar um outro país supostamente mais homogêneo.

O Paquistão foi criado em 1947, a partir de uma divisão da antiga Índia que era colônia britânica. A criação do Paquistão respeitou um Linha estabelecida entre essa antiga Índia e o Afeganistão, chamada Linha Durand, que foi formada em 12 de novembro de 1893 entre o líder do Afeganistão, Abdur Rahman Shah e Sir Mortimer Durand, secretário do exterior do governo da colônia britânica na Índia, que deu nome a Linha. Hoje, o Afeganistão não aceita essa demarcação com o Paquistão.

Por que eu expliquei isso? Por que essa linha separa os países, mas não os povos. O  Afeganistão tem  maioria da população formada pela etnia Pashtuns que é o segundo maior grupo étnico do Paquistão.  A etnia Pashtun por sua vez tem duas grandes tribos: os Durrani e os Ghilzai, esta última é muito relacionada ao Talibã. Além dos Pashtuns, há ainda outras tribos e povos. 

Um desses povos é o do Baloquistão (ou Baluchistão ou Baluquistão), que está presente também tanto no Paquistão como no Afeganistão. Acima mostro a bandeira da região do Baloquistão no Paquistão

Eles são o assunto desse post porque o presidente do Partido Nacionalista do Baloquistão, Sardar Akhtar Mengal, denunciou ontem para o chefe da União Européia em Bruxelas que está ocorrendo limpeza étnica, tortura e eliminação de líderes políticos e estudantis na região do Baloquistão. Uma descrição dos problemas também foi enviada ao Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon.

Richard North discute, de forma bem detalhada, os movimentos nacionalistas dos Pashtuns e dos do Baloquistão. Se os Pashtuns desejarem formar um novo país tomarão boa parte do Afeganistão e do Paquistão. E a região do Baloquistão é a maior do Paquistão,  os povos desssa etnia também atravessam para o Afeganistão. Se eles também desejarem formar um novo país, será praticamente o fim tanto do Afeganistão quanto do Paquistão. Obviamente, os comandos políticos e militares dos países não querem nem ouvir falar do assunto, mas também costumam não respeitar a Linha Durand. E os países da região certamente reagirão a qualquer movimento brusco nas fronteiras.

Em suma, a OTAN ainda não conseguiu estabelecer um calendário, mas quer deixar o Afeganistão o mais rápido possível. No entanto, se o mundo esperar que a derrota do Talibã signifique paz, estará sendo ingênuo em excesso. Qual é a solução, então?  Os militares, políticos e membros da ONU que estão lá parecem não saber, quem sou eu, então, para ter alguma idéia.

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Certa vez, li uma frase em inglês muito boa para ser colocada quando se abre para comentários. A frase diz: "Say What You Mean, Mean What Say, But Don’t Say it Mean." (Diga o que você realmente quer dizer, com sinceridade, mas não com maldade).