São Tomás de Aquino, o "Doutor Angélico", certa vez, diante de um crucifixo em Nápoles, ouviu estas palavras de Jesus: “Bem tem você escrito sobre Mim, Tomás, o que devo te dar em recompensa?" São Tomás respondeu: “Nada senão a Ti mesmo, meu Senhor". Em latim, São Tomás disse: Nil, Nisi Te, Domine. Em inglês: Naught save Thyself, O Lord.
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
China - Duas Notícias Reveladoras
Ontem, recebi um email de uma amiga chamada Carmen Lícia que passou uma temporada na China. Ela tem um blog que apresenta suas viagens dentro país e conta várias histórias interessantes. Recomendo a visita ao site dela, cliquem aqui. A foto acima é da Carmen.
Por coincidência, hoje praticamente só li sobre China. Duas histórias publicadas no Wall Street Journal revelam a economia e a política chinesa:
1) Vice-primeiro-ministro chinês admite que a China manipula os números do PIB;
2) Arsenal nuclear da Coréia do Norte deve ter sido montando pelos chineses;
O primeiro fato foi revelado pelo Wikileaks e não é nenhuma novidade, como boa parte do que o site revelou. Mas é interessante para mim, porque, quando eu comecei minha formação acadêmica, muita gente falava disso. Diziam que os números da economia chinesa não eram confiáveis. Com o tempo, isso foi esquecido, ninguém falava mais e o mundo, incluindo FMI e Banco Mundial, tratam os números da economia chinesa sem questionar.
Mas a declaração do atual vice-primeiro ministro Li Keqiang lembra de novo que devemos ter bastante cautela ao analisar a economia chinesa. No post que escrevi no dia 30 de novembro sobre uma possível crise chinesa, o analista Mark Hart também fala da falta de confiabilidade dos números econômicos.
Em reunião com o então embaixador dos EUA em Pequim, Clark T. Randt Jr., Li Keqiang teria dito que os dados do PIB da China "são 'manufaturados' . Depois de admitir que os dados do PIB não são confiáveis, ele disse que ao avaliar a economia da cidade dele (Liaoning), Keqiang focaliza três dados: 1) consumo de eletricidade; 2) volume de carga nas ferrovias, que é bastante exato, porque as tarifas são cobradas por unidade de peso; e 3) volume de empréstimos concedidos, que também tende a ser bastante preciso, dados os juros cobrados. Olhando para esses três números, Li disse que pode medir com relativa precisão a velocidade do crescimento econômico. Todos os outros números, especialmente as estatísticas do PIB, são 'apenas para referência'.
A outra notícia é bem mais reveladora do que aquelas do Wikileaks.
O cientista de energia nuclear Siegfried Hecker, que visitou por quatro vezes as fábricas de energia nuclear da Coréia do Norte, relata que ficou impressionado com a modernidade das centrífugas e da sala de controle. Os norte-coreanos disseram que era tudo fabricação doméstica. Mas, obviamente, ninguém acreditou nisso. Daí surgiu a pergunta, quem poderia ter fornecido aquilo ao país? Resposta mais provável: Chinal, pela proximidade dos países e pelo histórico chinês.
Um dos cientistas que analisaram a argumentação de Hecker, chamado Thomas Reed, disse que, desde 1982, os chineses decidiram apoiar ativamente a proliferação nuclear no terceiro mundo, especialmente no mundo islâmico e marxista. Na década seguinte, Deng Xiaoping treinou cientistas para transferir tecnologia, vendeu sistemas e construiu infraestrutura nuclear.
Em 2002, descobriu-se que China trabalhou junto com o Irã na formação da fábrica nuclear em Isfahan e também foi relatado que o país vendeu materia nuclear para a Coréia do Norte.
A China é parte do problema para a crise entre as Coréias e mesmo nos conflitos relacionados ao mundo islâmico.
Na economia, o mundo deve olhar com ceticismo os números da economia chinesa e exigir maior transparência e melhor formulação dos dados. Na política, o mundo deve colocar a China do outro lado da mesa.
Importantes colocações. Estas questões deveriam ser levada para sala de aula pelos professores, nas universidades, mas o que me espanta é que, com raríssimas exceções, continua, em grande parte, aquele "festival de chavões" e de considerações de cunho ideológico.
ResponderExcluirUma coisa que ainda estou tentando assimilar é o que ouvi de um colega ontem à tarde: ele defendia a censura na China e, quando contei que as notícias sobre o Nobel da Paz foram todas censuradas por lá ele me respondeu: "os chineses estão certos, devem fazer isto mesmo". Confesso a vc que até hoje ainda estou chocada... Ingenuidade minha?
Claro que não, Carmem.
ResponderExcluirEstupidez do cara, apenas.
Um escritor que mudou meu modo de pensar foi G.K.Chesterton. Eu comprei uma blusa com uma frase dele que diz: "Wihtout education we are in horrrible and deadly danger of taking educated people seriously".
Muita gente na academia não passa de um idiota educado. No Brasil, então, é a vasta maioria. Você sabe muito bem disso.
Beijo e obrigado pelo comentário no meu blog. Fiquei honrado.