Os exemplos disso são inúmeros. Mesmo se você pegar uma escola de pensamento conservadora inteira verá que ela não consegue entrar nesses dois ambientes. Por exemplo, a escola austríaca de economia é fantástica e tem ótimas respostas para os problemas econômicos, mas veja se você encontra algum professor no Brasil que defenda ou que pelo menos saiba o que esta escola defende. Nós, no Brasil, temos até três disciplinas de marxismo em cursos de ciência econômica e nenhuma sobre von Mises ou Carl Menger. Quantos são os estudantes de economia que sabem quem foi von Mises, mesmo no exterior?
O que é engraçado é que as pessoas em geral são bem mais conservadoras que a imprensa e que os professores universitários. Compare, por exemplo, a porcentagem de conservadores nas universidades americanas. Pesquisas apontam que não passa de 15%. O tamanho dos conservadores na população está por volta de 40%. Isso nos Estados Unidos, em que os esquerdistas na população não chegam a 20%. Em países europeus ou latino americanos em que certamente a população com idéias esquerdistas é bem maior que 20%, em que padres são comunistas, acho que os conservadores nas universidades não deve chegar a 5%.
Além disso, outro fato interessante, é que tem grande de fazer sucesso na imprensa aquele que tem idéias mais conservadoras. Ser esquerdista vai na contramão do sucesso. No Brasil, nenhuma revista vende mais que a Veja e a Rede Globo, apesar de ser muito parecida com a BBC ou CNN, está a frente de qualquer emissora, mesmo sendo mais conservadora que qualquer concorrente. Nos Estados Unidos, ninguém chega nem próximo da Fox News e o jornal de esquerda New York Times está falido.
Há também reação das pessoas contra a doutrinação esquerdista na imprensa e nas escolas. No Brasil, como sugerido por um leitor do jornal The Telegraph (thanks, peartree), temos a Escola Sem Partido que mostra inúmeros casos de doutrinação ideológica.
Chesterton disse certa vez: "Eduque-se, caso contrário poderá levar muito a sério pessoas educadas."
Eu me eduquei, diria que cheguei ao nível máximo da formação acadêmica, mas tenho extrema dificuldade de lidar com os meus colegas. Talvez porque eu acho que São Paulo está certo (1 Corintíos 1,26-28), é a fraqueza que é o forte, é o que é não importante que é importante, o que é sábio parece estúpido:
“Portanto, irmãos, vós que recebestes o chamamento de Deus, vede bem quem sois: entre vós não há muitos intelectuais, nem muitos poderosos, nem muitos da alta sociedade. Mas Deus escolheu o que é loucura no mundo, para confundir os sábios; e Deus escolheu o que é fraqueza no mundo, para confundir o que é forte. E aquilo que o mundo despreza, acha vil e diz que não tem valor, foi isso que Deus escolheu para destruir o que o mundo pensa que é importante.”
Os professores universitários são muito "sábios" para mim, acham que têm todas as respostas. Quantos são os líderes mundiais que tenham feito grandes avanços para humanidade depois de terem tido sucesso na academia ou da imprensa? Eu não conheço nenhum. Churchill não faria carreira sucesso na academia, Thatcher era ridicularizada. Hoje é a Sarah Palin que é ridicularizada.
Uma jornalista do Washington Post resolveu que estava cansada de insultar Sarah Palin (acho que o problema dela é que ninguém dava atenção ao que ela dizia) e decidiu fazer uma campanha para ninguém falasse de Sarah Palin por um mês. Que imbecilidade!! O jornal The Telegraph, para reagir a essa estupidez, resolveu fazer de fevereiro o Mês Sarah Palin. Hoje temos o excelente texto de James Delingpole que mostra porque a Palin é tão odiada pela esquerda.
Com a crise do Egito também temos claramente quem é quem na imprensa e nas universidades. Ontem, nos Estados Unidos, o principal programa de Bill O'Reilly, que é o de maior audiência no horário nobre na TV americana, reagiu a um jornalista da ABC, Sam Donaldson, que elogiou a TV Al Jazeera pela sua cobertura da crise no Egito. Donaldson disse que a imprensa americana deveria aprender com a Al Jazeera.
Reilly mostrou que a Al Jazeera faz campanha contra tudo que é a favor dos Estados Unidos ou de Israel, como pode um jornalista americano defender que os americanos devem raciocinar como Al Jazeera?
Acabei de chegar em casa. Estou morto de cansaço, mas tenho que me atualizar. Antes de começar a opinar, quero chamar a sua atenção para um fato que me aborreceu muito em Minas Gerais. No meu último dia de viagem, eu comecei a puxar papo com um taxista que nos levava para um restaurante. Não demorou muito e o assunto já era política. Eu estava disposto a ter uma discussão amistosa, mas acho que não estava preparado para o que ele diria a seguir:
ResponderExcluir"Pois é, eu votei na Dilma. Não porque eu seja petista ou coisa parecida, mas é que eu não queria ver o Serra lá, sabe. Ele é paulista e paulista é tudo de direita, conservador. O último paulista que teve que foi presidente (FHC, suponho) ferrou com o país e depois o Lula teve que consertar. Eu até taria disposto a votar nesses tucano se eles indicassem alguém mais decente."
Foi mais ou menos isso (um detalhe: ele não usou a palavra "ferrou"). Eu sei que você comenta sobre política internacional, mas seria interessante ouvir a sua opinião sobre o assunto. Acho que é desnecessário dizer que depois disso eu me descontrolei com o cara.
Bom, eu vou dormir um pouco, mas depois eu volto para comentar sobre este artigo em particular.
Abraços, AVNC.
Caro AVNC,
ResponderExcluirBom, eu já passei por isso algumas vezes. O pior é quando o cara vê todos os erros petistas e simplesmente diz: "Ah, mas votar no Serra, né? Não dá." Não apresenta nenhuma justificativa.
O taxista que você encontrou é petista, e diz que não é, simplesmente isso.
Eu acho que o FHC é o melhor presidente da história do Brasil. Apesar de não concordar com muita coisa do que ele diz.
Ele é um esquerdista, tem posições sociais e morais muito ruins para o meu gosto. E isso para mim explica por que o PSDB é tão frouxo no combate ao petismo. Eles são idênticos em termos morais, são todos esquerdistas. A diferença é apenas que o PSDB é melhor administrador.
Se o cara pensar bem, Lula é tudo que a esquerda sempre odiou: ditador nas decisões, agregado com as oligarquias, corrupto e defensor de corrupto, e aquele que usa o populismo para dominar os pobres.
O Lula significou o retrocesso que a maioria dos brasileiros não sabe porque não entende a importância das instituições para um país, que estão sendo destruídas pelo lulismo, do SESI ao STF. Brasileiro não sabe o que é estado de direito. O próprio Lula não conseguiria fazer uma redação sobre o assunto.
Grande abraço,
Pedro Erik
Excelente análise. Eu mesmo não me consideraria um tucano, pelo menos não em princípios. É claro que me disponho a votar neles porque representam o que restou da direita neste país. Mas do jeito que as coisas estão rumando, todas essas disputas internas do partido, toda essa demagogia estúpida do Aécio Neves de "cooperação para o bem da nação", eu me sinto extremamente isolado na conjuntura política atual.
ResponderExcluirMas chega de Brasil! Não percamos nosso tempo com essa escatologia política. Em primeiro lugar, eu gostaria de chamar a sua atenção para um livro excelente que eu andei lendo ultimamente. O próprio nome já diz tudo: "Freedomnomics". O economista John R. Lott Jr. escreveu esta obra-prima como resposta ao Freakonomics, já que os autores deste, Steve Levitt e Stephen Dubner, mostravam profunda descrença na economia de mercado e defendiam explicitamente a regulação estatal. Neste livro, Lott desmente passagens do Freakonomics e demostra por que a economia do livre-mercado é a melhor.
Por que eu citei este livro? Porque há um trecho bem interessante que condiz com a sua avaliação da imprensa. Foi feita uma pesquisa entre os jornalistas americanos para saber a proporção de liberais e conservadores neste meio. Os resultados são estarrecedores. Bom, o livro está na casa da minha tia, mas a minha memória é boa. Lá vai:
Conservadores - de 4% a 7%
Liberais - de 22% a 34%
Eu não consigo lembrar outros dados da pesquisa, mas quando eu tiver novamente acesso ao livro eu vou colocar aqui. É uma verdadeira monstruosidade. Existem cerca de 5 vezes mais liberais que conservadores infiltrados na imprensa americana.
Eu vou ver se depois eu consigo publicar mais dados dessa pesquisa e também vou colocar a declaração de Margaret Sanger na íntegra, na qual ela afirma que é contra o aborto. Antes de me despedir, eu gostaria de fazer uma última observação. Quando você mencionou o jornalista Sam Donaldson, eu sabia que já ouvira esse nome em algum lugar. Fucei um pouco no YouTube e achei isto:
http://www.youtube.com/watch?v=RRUbwnkEPqc
Trata-se do mesmo fazendo uma perguntinha besta ao nosso presidente americano favorito. Preste atenção na resposta de Reagan. Você vai adorar. Divirta-se!
Abraços, AVNC.
Caro AVNC,
ResponderExcluirMuito boa sua dica de leitura. Já ouvi várias críticas ao Freakeconomics. Não sei se a intenção dos caras é muito séria, mas eles juntaram alhos com brugalhos para provar nada. Além disso, eu não confio muito em econometria.
Ainda sobre Minas, o seu taxista além de ser influenciado pelo petismo, ele é influenciado pelo Aécio que inventou a grande bobagem da "Hora de Minas" e de que deve-se ser contra os paulistas. Uma bobagem que levou à vitória esmagadora de Dilma em Minas e ele sabe disso. Jamais votarei no Aécio.
Grande abraço,
Pedro Erik
Quase ia esquecendo de comentar ainda, AVNC, valeu pelas informações sobre os jornalistas americanos. Não sei quando foi feito essa pesquisa do seu livro, mas acho que o sucesso da Fox deve estar mudando esses números.
ResponderExcluirVou olhar o grande Reagan versus o imbecil do Donaldson.
Abraço,
Pedro Erik
Pois é. Estou aqui vistoriando a National Review Online e, eu tenho que dizer, eles realmente estão fazendo uma excelente cobertura do centenário. Acabei de dar uma olhada em alguns artigos sobre o legado de Reagan escritos por Steven F. Hayward, Deroy Murdock e Jonah Goldberg.
ResponderExcluirHayward e Goldberg analisaram o impacto do governo de Reagan nos liberais. Incrivelmente, eles estão tentando usar Reagan para seus propósitos medíocres, retratando-o como um "cripto-liberal". Você já deve ter visto isso antes. Barry Goldwater e Bill Buckley foram os últimos alvos deste pensamento. Aparentemente, eles se tornaram símbolos de como os conservadores eram "decentes" antes de virarem esses "animais" de hoje. Essa cínica tendência dos liberais poderia ser resumida nesta frase de Goldberg: "Para a Esquerda, o único conservador bom é um conservador morto".
Já Deroy Murdock desmente outro mito liberal sobre o Gipper. De acordo com a mitologia democrata, Reagan era um palerma carismático que só servia para fazer discursos, enquanto quem realmente governava eram seus assessores. Algo bem parecido com Lula, só que, obviamente, com Lula ERA verdade. Murdock chama a atenção para o trabalho de Martin e Annelise Anderson, que destrincharam milhares de documentos da Era Reagan. Segundo eles, Reagan estava longe de ser o idiota pintado pela mídia democrata e estava mais próximo de ser um brilhante pensador.
Há ainda muito mais! Um artigo que o próprio Reagan escreveu para a revista logo após as eleições de 1964, em que lembra aos conservadores seu papel depois daquela humilhante derrota (como você deve saber, naquele ano Barry Goldwater foi massacrado pelo demagogo populista Lyndon Johnson), artigos especiais de Bill Buckley e Margaret Thatcher, análises de Richard Brookhiser e Victor Davis Hanson e, é claro, diversos vídeos históricos sobre este grande homem.
Eu não tive tempo de ler tudo e estou começando a ficar com sono agora. Vou deixar para amanhã. Antes que eu me esqueça, a Fox News vai transmitir ao vivo todos os eventos do centenário. Que vontade de estar lá! Falando em Fox News, eu fiquei sabendo que o Glenn Beck chamou a Dilma de ex-comunista e ex-terrorista.
Não se esqueça, já é amanhã o grande dia! Seria muito bacana se você preparasse uma coisa especial.
Abraços, AVNC.
Caro AVNC,
ResponderExcluirO site townhall.com também está preparando um especial e Peggy Noonan escerveu um texto bem interessante no Wall Street Journal.
Você sabe tudo sobre o Gipper e sabe reconhecer quando jornalistas "spin" a história dele para torná-lo até liberal ou despreparado. Outro dia, eu li uma debate sobre o mito que Jesus Cristo não existiu. Uma tremenda bobagem de gente que odeia o cristianismo. Imagina com o Reagan que não é Cristo.
Tenho um convite para você. Escreva o texto sobre o Reagan que eu publico no blog com o seu nome. Fique a vontade se não puder escrever. Mas tenho certeza que será um ótimo texto e e honrará o blog.
Abraço,
Pedro Erik