sexta-feira, 6 de abril de 2012

Por Que Ex-Seminaristas Gostam de Dizer Que São Ex-Seminaristas?

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Uma entrevista do escritor Deonísio da Silva foi feita em três vídeos no blog do Augusto Nunes. No segundo vídeo, Deonísio diz sem que tenha sido lhe perguntado e sem qualquer relação com o assunto em debate, que foi seminarista pois "todos têm um passado inconfessável" e, por ter sido ex-seminarista, "ele aprendeu a confessar".

Mas por que o tal Deonísio me chamou atenção? Primeiro, permitam-me discutir o fato dele ter lembrado que foi ex-seminarista.

Sempre me perguntei por que ex-seminaristas dizem com orgulho que foram seminaristas. Cabe uma análise psicológica e até institucional. Para mim, é mais um fato que mostra a força do Espírito Santo na Igreja. É a força da Igreja na mente das pessoas. Geralmente, ao falar que foi seminarista, a pessoa quer dizer que é uma pessoa melhor que as outras ou que conhece as entranhas da Igreja. Meu Deus, já vi ex-seminaristas que não são bom exemplo nem na vida pessoal nem durante o trabalho. E também há inúmeros padres que não deveriam ser padres, eles simplesmente não conhecem ou não seguem a doutrina da Igreja ou cometem os maiores pecados mortais.  

Então, desconfio até de padres que seguiram todo o seminário. Ex-seminarista para mim não me traz nenhum fato elogioso em si, pelo contrário, geralmente precede uma afirmação contra a Igreja. É exatamente o que aconteceu com o Deonísio.

Na terceira parte da entrevista, depois de ter dito que foi ex-seminarista, o que supostamente dá apoio a qualquer análise teológica que faça, ele diz que o livro dele que mistura história e ficção é como os quatro evangelhos da Bíblia, pois para Deonísio não haveria qualquer prova de que Cristo existiu além do quatro evangelistas. Cristo pode ser uma ficção. 

Bom, isto é balela das grossas. Além dos quatro evangelistas, ainda no século I, Flávio Josefo, historiador judeu, falou sobre a história de Cristo, seus milagres e sua crucificação. No século II, o historiador romano Tácito também falou sobre os cristãos e sobre Cristo e disse que Cristo morreu sob Poncio Pilatos. Além disso, qualquer historiador sério considera os quatro evangelhos como fontes históricas importantes para pesquisa, valem como registro histórico.

Eu já falei aqui do mito de que Cristo não existiu. Leiam o que escreveu o físico e historiador James Hannam sobre este mito. Hannam diz uma coisa muito interessante, muitos personagens históricos não têm qualquer registro histórico, pesquisem por exemplo sobre Aníbal, rei de Cartago. Jesus Cristo tem, mesmo sendo um judeu liderando uma seita minúscula, que morreu no método dedicado aos piores membros da sociedade, dentro de uma região que os romanos não davam muita atenção.

A Cruz que era símbolo dos piores seres humanos, depois de Cristo virou símbolo de vitória contra a morte.


4 comentários:

  1. Ok.
    Fui seminarista interno entre 1965-1973 em Campinas-SP.
    Seu comentário parece abrangente e então me tocou.
    Eu gosto de dizer que sou ex-seminarista e não é por me sentir superior a ninguém.
    Contrariando sua tese, há centenas de ex-seminaristas ocupando cargos importantes, professores de Universidades e se você for ler o currículum deles, todos omitem que estudaram em Seminário.
    O Seminário Tridentino, foi sim, uma grande instituição de elevado grau de ensino.
    Agora, no mundo, há Homens e homens, Caráteres e caráteres, se me entende, então não vamos generalizar aí seu pensamento.
    José Cláudio Grego - Limeira-SP
    veja nosso site ex-seminaristas:
    http://sites.google.com/site/exsicampinas

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  2. Caro José Cláudio Grego,

    Muito obrigado pelo seu comentário.

    Eu não disse, e jamais generalizaria sobre todos os ex-seminaristas ou sobre qualquer profissão ou pessoa. As pessoas são muito diferentes, graças a Deus.

    O que falo é de um fato comum: ex-seminaristas que ao querer se colocarem como superiores em matéria de teologia, afirmam que são ex-seminaristas.

    Como digo no texto já vi muito padre e até bispo dizer as maiores asneiras em matéria de teologia, doutrina social da Igreja, história da Igreja e sobre o Cristo histórico. Então respeito muito ex-seminaristas por ter seguido a fé e por querer se tornar um servo de Deus por um perído de sua vida. Mas também não espero muita coisa em matéria de conhecimento da religião.

    Sobre o assunto do post, você deve conhecer a Bíblia de Jerusalém, ela já serve para rebater os argumentos do ex-seminarista Deonísio. Mas, se você consegue ler em inglês, recentemente me recomendarm um livro de Robert Voorst, chamado Jesus Outside the New Testament. É sobre as fontes históricas sobre Jesus que não são cristãs.

    Muito obrigado. Espere que continue meu leitor.

    Grande abraço.
    Pedro Erik

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  3. Obrigado pela sua atenção...
    No nosso grupo temos uma leva de ex-padres também e o "pau quebra", no bom sentido...e numa dessas acabei
    de receber o livro Jesus, Aproximação Histórica de José Antonio Pagola, que já deu alguma dor de cabeça para o Vaticano...você conhece? Pelo título está na linha do seu JONT....
    E de livro em livro a gente chegará ao limbo....rs...rs...
    abç

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  4. Caro,

    Não conheço o livro não, infelizmente.

    Eu aproveito que consigo ler em inglês então só costumo ler livros sobre Teologia em inglês. Acho que quem escreve em inglês está mais sujeito a críticas. O mundo inteiro pode rebatê-lo, quem escreve em português, não.

    E Teologia deve ser estudada profundamente e abertamente, assim deve-se escrever em inglês. Como fazia São Tomás, por exemplo, escrevia na língua universal da época (latim).

    Mas há alguns bons autores como William Craig (que não é católico) ou Peter Kreeft (que é católico) que têm livros traduzidos para o português. Eles são renomados internacionalmente, e estão sempre em debates públicos. Os dois têm blogs também.

    Mas muito obrigado pela dica. Qual é o ponto do livro?

    Parabéns por manter a discussão teológica.

    Abraço,
    Pedro Erik

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Certa vez, li uma frase em inglês muito boa para ser colocada quando se abre para comentários. A frase diz: "Say What You Mean, Mean What Say, But Don’t Say it Mean." (Diga o que você realmente quer dizer, com sinceridade, mas não com maldade).