terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Cientificismo - Os Cientistas Ateus e suas Superstições



Conheço muitos acadêmicos ateus, a imensa maioria não estuda religião, nem mesmo filosofia. Acho que muitas vezes eles são ateus por preguiça e por inércia, pois a maioria é ateu nas universidades e ser religioso na academia pode provocar a ira dos ateus ou a perda de postos de comando. Eles não conseguem justificar seu ateísmo, quando tentam ou atacam a Igreja Católica ou falam no sentido de dizer que a ciência pode responder às questões da humanidade. 

Austin L. Hughes, é "Distinto Professor" de ciências biológicas da Universidade da Carolina do Sul. Isto é, ele próprio é um cientista renomado, mas, ao contrário de muitos de seus colegas, consegue ver a idiotice do ateísmo. Ele escreveu um texto genial sobre o cientifismo, a idéia de que a ciência pode responder a todas as questões da humanidade, não precisaríamos de disciplinas consideradas não científicas, como filosofia, sociologia, nem de religião ou de Deus.

É difícil resumir um texto tão bem escrito e complexo. No texto, por exemplo, ele discute a teoria dos múltiplos universos de Stephen Hawking,  à luz da teoria da contingência de Tomás de Aquino, destruindo a argumentação de Hawking. Também discute, com mais propriedade ainda, por ser um biólogo, a teoria de Darwin sobre evolução e a capacidade disto explicar as coisas.

Eu diria que duas mensagens saem do texto:

1) Ei, cientistas, estudem pelo menos filosofia, o que vocês dizem sobre assuntos fundamentais da humanidade como se fosse novidade, já foi discutido há muito tempo por filósofos. E na grande maioria das vezes descartado.

2) Ei, cientistas, muito do que vocês dizem sobre assuntos fundamentais da humanidade não passam de superstições não tem fundamento científico.

Eu acho que tudo pode ser resumido também dizendo que o que o cientifistas pensam é apenas ateísmo, a busca de derrotar Deus, loucamente, sem nem mesmo base científica.

O texto se chama "The Folly of Scientism" (A Estupidez do Cientifismo). É longo, tem 14 páginas impressas. Recomendo fortemente a leitura completa do texto, vou traduzir aqui apenas algumas parágrafos, para vocês terem uma idéia da argumentação de Hughes. São parágrafos soltos sem muita conexão entre eles.  Não traduzo a parte de Hawking ou Darwin pois isto exigiria a tradução de muitos parágrafos, acessem o texto.

Abaixo tradução de alguns parágrafos.

A estupidez do cientificismo

Austin L. Hughes


Quando decidi por uma carreira científica, uma das coisas que mais me atraiu sobre ciência era a modéstia de seus praticantes. O cientista típico parecia ser uma pessoa que conhecia um pequeno canto do mundo natural e sabia-o muito bem, melhor do que a maioria dos outros seres humanos vivos e ainda melhor do que a maioria dos que já viveram. Mas fora de suas áreas circunscritas de experiência, os cientistas hesitavam em expressar uma opinião abalizada. Esta atitude era atraente precisamente porque estava em nítido contraste com a arrogância dos filósofos da tradição positivista, que alegavam para a ciência e seus praticantes uma ampla autoridade com que muitos cientistas praticantes estavam desconfortáveis.

Se a filosofia é considerada como uma disciplina legítima e necessária, então pode-se pensar que um certo grau de formação filosófica seria muito útil para um cientista. Os cientistas devem ser capazes de reconhecer como muitas vezes questões filosóficas surgem no seu trabalho - isto é, questões que não podem ser resolvidas por argumentos que tornam a recorrer exclusivamente à inferência e observação empírica. Na maioria dos casos, esses problemas surgem porque cientistas praticantes, como todas as pessoas, são propensas a erros filosóficos. Para dar um exemplo óbvio, os cientistas podem ser propenso a erros de lógica elementar, e estes muitas vezes pode passar despercebidos pelo processo de revisão por pares e ter um grande impacto na literatura - por exemplo, confundindo correlação e causalidade, ou confundindo implicação com uma bicondicional. A filosofia pode fornecer uma maneira de entender e corrigir esses erros. Ele aborda um conjunto grande parte distinta de perguntas que a ciência natural sozinha não pode responder, mas que deve ser respondida pela ciência natural sendo bem conduzida pela filosofia.

Essas questões incluem a forma como definir e compreender a própria ciência.

Em parte, filósofos devem culpar a si mesmos pelo desprezo da disciplina, graças especialmente à corrente positivista que tem dominado a filosofia.

Talvez nenhuma área da filosofia tem sofrido maior esforço de apropriação pelos defensores do cientificismo do que a ética. Muitos deles tendem para uma posição de relativismo moral. De acordo com esta posição, a ciência lida com o objetivo e factual, enquanto que as declarações de ética meramente representam os sentimentos das pessoas subjetivas, não pode haver nenhum direito universal ou errado. Não surpreendentemente, há filósofos que codificam esta opinião. Em seu livro Inventing Right and Wrong (1977), o filósofo J.L Mackie foi ainda mais longe, afirmando que a ética é fundamentalmente baseada em uma falsa teoria sobre a realidade. 

De todas as modas e manias na longa história da credulidade humana, o cientificismo em todas as suas formas variadas - desde a cosmologia fantasiosa até a epistemologia evolutiva e ética - parece entre as mais perigosas, tanto porque finge ser algo muito diferente do que ele realmente é e porque ela foi concedida para a adesão generalizada e acrítica. Insistência sobre a competência universal da ciência servirá apenas para minar a credibilidade da ciência como um todo. O resultado final será um aumento de ceticismo radical que questiona a capacidade da ciência para tratar até mesmo as questões legitimamente dentro de sua esfera de competência. Deve-se anseiar por um novo Iluminismo para derrotar as pretensões deste última superstição. 


(Agradeço a indicação deste texto ao site The American Catholic)

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Certa vez, li uma frase em inglês muito boa para ser colocada quando se abre para comentários. A frase diz: "Say What You Mean, Mean What Say, But Don’t Say it Mean." (Diga o que você realmente quer dizer, com sinceridade, mas não com maldade).