Há 739 anos, neste dia, morria o maior doutor da Igreja, São Tomás de Aquino, depois de ouvir o Cântico dos Cânticos, que para a Igreja Católica, fala do relacionamento de Cristo com a Igreja ou de Cristo com a alma humana.O Padre Ryan Erlenbush, do blog The New Theological Movement, celebra este dia mostrando como São Tomás dividia o Novo Testamento.
Um dos maiores problemas de hoje, com relação à leitura da Bíblia, e gerador de inúmeras denominações cristãs, é que se lê a Bíblia como se cada parte fosse isolada do todo. São Tomás dividiu a Bíblia mostrando a importância da unidade. Ele mostrou isso usando o Novo Testamento, com a graça divina sendo o preceito que fundamenta a unidade.
O objetivo da divisão é mostrar lógica no encadeamento das escrituras, identificando o principal tema de cada livro, subdivindo verso por verso.Fazendo com que os livros não possam ser entendidos de forma isolada, é necessário a observação dos outros livros.
É bem interessante. Vou mostrar aqui o que diz padre Erlenbush (em azul):
No seu exame final que lhe rendeu o título de Doutor em Teologia, São Tomás diise:
"O Novo Testamento, que é ordenado para a vida eterna, não só através de preceitos, mas também através dos dons da graça, é dividido em três partes. Na primeira, a origem da graça é tratada, nos Evangelhos. No segundo, vemos o poder da graça, nas epístolas de Paulo, portanto, ele começa no poder do Evangelho, em Romanos 1:16, dizendo: Porque não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. No terceiro, a execução das virtudes acima mencionadas é tratada, e isso no resto dos livros do Novo Testamento."
Assim, vemos o Novo Testamento dividido em três partes:
- Os Evangelhos: A fonte da graça, o próprio Cristo
- As Cartas de São Paulo: a graça de Cristo em si mesmo
- O resto: A execução do poder da graça na Igreja
A fonte de toda a graça: Cristo nosso Salvador
É claro que Cristo é a fonte de toda a graça, mas em Cristo há duas naturezas: humana e divina. Por isso, João escreveu, principalmente, da sua natureza divina, enquanto os outros evangelistas focaram principalmente na sua natureza humana.
Mas, na Sagrada Humanidade de nosso Salvador, podemos ver uma dignidade tripla: Porque ele é sacerdote, profeta e rei. Assim, Mateus escreveu de sua dignidade real e mostra no início como ele descendia de reis e foi adorado pelos Reis Magos, Marcos fala de sua dignidade profética, começando que a pregação de Cristo do Evangelho e ao chamado de arrependimento, e Lucas mostra nosso Salvador como um padre, começando e terminando com o Templo.
I. A fonte da graça, o próprio Cristo
A. Divindade: John
B. Humanidade
1. Sacerdote: Lucas
2. Profeta: Marcos
3. Rei: Mateus
A graça de Cristo
A divisão da letra do corpus paulino é bastante complicado. Padre Erlenbush apenas declara a primeira divisão e, então, reproduz o contorno.
Consideramos a graça de Cristo em três aspectos: Como ela é na Cabeça do Corpo Místico, comoela é no próprio Corpo, e como ela é nos membros fundamentais desse Corpo. O esquema a seguir (retirado do comentário de São Tomás sobre a Carta de São Paulo aos Romanos):
I. A graça de Cristo em si mesmo
A. Graça, tal como existe na
cabeça, o próprio Cristo (Hebreus)
B. Graça, tal como existe no
próprio Corpo Místico
1. A graça de Cristo em si mesmo
(Romanos)
2. Graça em relação aos sacramentos
a. A natureza dos sacramentos (1
Coríntios)
b. Os ministros dos sacramentos (2
Coríntios)
c. Sacramentos supérfluos
(Gálatas)
3. Graça em relação à unidade que produz na
Igreja
a. A criação da unidade eclesial
(Efésios)
b. Sua consolidação e progresso
(Filipenses)
c. Sua
defesa
i. Sua defesa contra os erros
(Colossenses)
ii. Sua defesa contra
perseguições
- Contra perseguições presentes (1
Tessalonicenses)
- Contra perseguições futuras (2
Tessalonicenses)
C. Graça, tal como existe nos
membros fundamentais
1. Membros
Espirituais
a. Estabelecendo, de preservando e governando a
unidade eclesial (1
Timóteo)
b. Resistência contra perseguidores (2
Timóteo)
c. Defesa contra os hereges
(Tito)
2. Membros Temporais fundamentais (Filemon)
O poder da graça na vida da Igreja
Agora, o poder da graça é mostrado no progresso da Igreja. Neste pretendemos fazer três distinções. Para considerarmos o início da Igreja, a sua evolução, e também o fim da Igreja na conclusão dos tempos.
O início da Igreja é mostrado no livro dos Atos dos Apóstolos, mas seu progresso é mostrado nas epístolas canônicas. Enquanto toda a Escritura termina com o livro do Apocalipse, em que a Igreja é apresentada como esposa de Cristo que irá partilhar a sua glória por toda a eternidade.
III. O poder da graça na vida da Igreja 1. O início da Igreja: Atos dos Apóstolos 2. O progresso da Igreja: As epístolas canônicas 3. A glória final da Igreja: Apocalipse
Leitura as Escrituras
Este método de leitura da Bíblia é mais útil na medida em que detém a totalidade da Escritura juntos como um único unitária e orgânica "todo". De fato, um dos grandes problemas na abordagem mordenista de hoje é que versos individuais e livros são separados do resto das Escrituras. Assim, a Palavra Sagrada torna-se apenas uma letra morta.
O Espírito Santo, que é o principal autor de todas as Escrituras e que dirigiu a cada um dos autores humanos, de modo que a Bíblia se reúne em um todo unificado, este mesmo espírito de Cristo dá a vida.
Dizem os entendidos que Cristo poderá não ter dito as coisas exactamente da mesma maneira como constam na Bíblia. Na verdade nem é muito difícil nós repararmos nisso. Basta compararmos por exemplo os Evangelhos de Marcos e de Mateus onde podemos ver que um mesmo dito de Jesus foi escrito com palavras diferentes pelos evangelistas.
ResponderExcluirSinal do lado humano da Bíblia, Firehead, o Espírito Sano deixou o homem falar também. As diferenças, pela graça divina, em nada retiram a mensagem de Cristo.
ResponderExcluirAbraço,
Pedro Erik
Boa tarde Pedro,
ResponderExcluirporque dentro da Igreja se houve tantas interpretações completamente antagônicas do mesmo livro do Apocalipse? A Igreja, em dois mil anos, ainda não estabeleceu um Magistério a respeito?
Sds, Jairo.
Não sou especialista nisso, meu caro. O livro do Apocalipse é complexo, mas creio que a Igreja já estabeleceu sim um magistério sobre o assunto.
ExcluirAbraço, amigo.
Pedro