quinta-feira, 28 de março de 2013

Filhos de Casais Gays são...


Eu já falei aqui no blog bastante sobre casamento gay. Por exemplo, apresentei um texto de Brandon Vogt que resume o debate sobre casamento gay e mostra as razões por que deve-se ser contra esta união e também apresentei um texto de Dale Ahlquist que explica por o casamento gay não é "gay", nem é casamento.

Mas o assunto está na ordem do dia nos Estados Unidos, porque a suprema corte do país está discutindo o assunto. E também no Brasil por conta do pastor Feliciano no Congresso.  Dado que este é o assunto em pauta no momento tanto nos Estados Unidos como no Brasil, eu li ontem muitos textos interessantes sobre o assunto. Vou destacar aqui dois textos que têm foco não nos gays, mas nos filhos de gays.

O primeiro é um estudo de Water Schumm qque mostra que 58% dos filhos das lésbicas se consideram gays e 33% dos filhos de gays também se consideram gays.Além disso, o número pode ser mais alto pois quem se recusou a revelar sua preferência sexual foi considerado hétero.

Geralmente se diz que a percentagem de gays na sociedade é menos de 5%. Toda gritaria contra a homofobia, especialmente de atores e atrizes, é que faz parecer que este número é maior do que 50%. O estudo mostra que aumento de casais de lésbicas ou gays irá extrapolar esta participação de 5% de gays. Além disso, mostra que o fator familiar é um fortíssimo componente para a formação de uma gay, como a percepção popular já sabia, quando o povo diz que "filhos criados por avós" ou "filhos sem pais" são mais propensos a serem gays.

Importante mencionar que Schumm é um conhecido defensor do casamento gay, a pesquisa não foi feita por um opositor. Também destaco que Schumm encontrou evidências que filhas de casais de lésbicas têm muito mais chance de serem lésbicas, porque "as lésbicas têm um ódio intenso aos homens".

O outro texto que destaco é uma carta recebida pelo Dr.Gregory Popcak. Dr. Gregory é um terapeuta familiar que se dedica a defender os ensinamentos católicos para o casamento.

Ele recebeu um carta de uma menina que perguntava por que Dr. Gregory odiava tanto os gays, pois o pai "saiu do armário", se declarou gay, se divorciou de sua mãe, mas ela ainda ama muito seu pai e considera que ela tem uma família muito feliz. Mandou até uma foto da família para Dr. Greg.

Dr. Gregory responde à carta da menina e a resposta dele é bem interessante, mostra o ponto de vista de um psicólogo sobre o efeito do divórcio sobre os filhos. Meus pais são divorciados, e eu concordo com a análise do Dr. Gregory.

Vale a pena ler todo texto, a carta da menina e a resposta do Dr. Greg, mas vou destacar aqui apenas os parágrafos mais importantes que achei da resposta dele (em azul).

Obrigado por enviar sua imagem da família. Parece que todos se amam. Eu acho que é maravilhoso e exatamente como deveria ser. Eu também acho que é maravilhoso que você ame o seu pai.

Dito isso, eu sou um terapeuta familiar que trabalha com muitas famílias divorciadas. Uma das coisas que tanto a minha experiência e todos os dados sobre crianças de divórcio mostram é que o divórcio tende a causar as crianças a se tornarem "parentificadas." Isso significa que, mais do que os jovens criados em famílias intactas, filhos do divórcio (o filho mais velho especialmente como você) tendem a ser muito bons em tomar conta de outras pessoas e não tão bons em deixar que outras pessoas cuidem deles. A criança de divórcio, ocupando a sua posição (o mais velho) na família, muitas vezes acaba sendo obrigado, pelas circunstâncias, a tentar manter a família unida, cuidar mais de seus irmãos mais novos do que deveriam, e até mesmo cuidar de defender a mãe e o pai, ambos contra raiva um do outro, bem contra quaisquer críticos fora da família.

Normalmente, uma das crianças acaba por assumir o papel de quase-pai para os irmãos e até mesmo para os pais que simplesmente não estão à altura da tarefa emocional de estar lá para seus filhos do jeito que deve ser. O fato de que você tomou a atitude para si para me escrever para defender seu pai diz muito sobre tanto o seu grande coração e seu grau de parentificação. Sua mãe e seu pai é que devem defender você  e não você defendê-los. Você tem a sua própria vida para viver e não deveria tentar construir o seu próprio futuro, olhando constantemente para trás para ver se sua mãe e o seu pai ainda precisam de sua ajuda. Eles são adultos. Deixe-os lutar suas próprias batalhas. 

As crianças têm o direito a serem criadas em um ambiente onde eles se sentem cuidadas, não onde eles se sentem obrigados pela imaturidade emocional de seus pais de terem de cuidar de si mesmos, de seus irmãos, e até de seus pais. Você é forte, mas para ser honesto, as circunstâncias o obrigaram a ser mais forte do que deveria ser. Eu sinto muito por isso. 

Veja, o que estou dizendo é que eu não tenho qualquer problema com o seu pai ser gay. Mas eu acho que o casamento deve ser uma instituição que garante às crianças o direito de serem capazes de contar com seus pais e mães. Eu tenho grandes problemas com seu pai ou algum homem que faz promessas para alguém, tem filhos com que alguém, e depois não segue essas promessas, para que eles mesmos possam perseguir  "o que os tornam felizes". Crianças não pedem para nascer. Os pais é que as fazem. Isso implica a promessa, "Eu vou estar sempre aqui.Você pode contar comigo.  E não " eu vou estar aqui até eu descobrir o que realmente me faz feliz "
 

Você sabe, é possível ter opiniões diferentes de alguém sem odiá-los. Isso é algo que pode ser difícil de entender, mas é verdade. Talvez você e eu temos opiniões diferentes sobre as coisas. Esse fato não me faz menos do que você, mais ignorantes do que você, ou um "inimigo".
 

Da mesma forma, se por um lado todo mundo tem direito a ter opinião, por outro lado lado nem toda opinião é bem-informada pela razão e pelo pensamento saudável. É muito importante aprender a avaliar a força de um argumento ou uma opinião que se basea na lógica e na razão,  e não em mero sentimentalismo e emoção, que muitas vezes podem levar as pessoas a justificar toda uma série de coisas injustificáveis.




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Certa vez, li uma frase em inglês muito boa para ser colocada quando se abre para comentários. A frase diz: "Say What You Mean, Mean What Say, But Don’t Say it Mean." (Diga o que você realmente quer dizer, com sinceridade, mas não com maldade).