terça-feira, 14 de maio de 2013

"Amar os Inimigos é Imperialismo"


Como disse no outro post, estou no Reino Unido para uma conferência, e depois vou para outra. As duas têm o mesmo tema: religião e terrorismo.

Hoje, eu apresentei meu trabalho e assisti às apresentações dos colegas. Foi bastante interessante ver como continua andando a academia: fora do mundo real.

Vou contar um caso que ocorreu.

A apresentação do professor renomado era sobre a Regra de Ouro ("trate os outros como gostaria que fosse tratado") e como esta regra poderia ser extrapolada para uma legislação internacional sobre a liberdade religiosa.

Antes da apresentação, eu me interessei pelo assunto pois eu li certa vez que a Regra de Ouro é muito comum em diversas religiões, menos no Islã, pois no Islã há forte diferença entre o fiel e o infiel, e o Alcorão diz várias vezes que Alá não "ama os pecadores" (inimigos). Assim, no Islã há diferentes pessoas, umas devem ser amadas outras não.

Além disso, apenas no Cristianismo nós encontramos a idéia de "amar os inimigos". Como dito pelo próprio Cristo (Mateus 5:43).

Daí, veio a apresentação.

Foi interessante ver que apesar do título do artigo, o autor só falou da Regra de Ouro no Cristianismo.

Quando ele acabou, eu perguntei a ele se ele tinha procurado ver a Regra de Ouro em outras religiões. Ele disse que sim. Então, perguntei se ele tem conhecimento que no Islã a aplicação da Regra de Ouro é problemática, pois Alá diferencia as pessoas e não ama os inimigos.

Ele concordou que no Islã não se pode aplicar a Regra de Ouro, mas disse que "forçar a aplicação do amor pelos inimigos seria imperialismo".

Eu fiquei abismado com a resposta, não consegui dizer mais nada.

Amar os inimigos seria imperialismo?
 
A resposta para esta pergunta é fácil, claro que não é imperialismo, mas tente dizer isto em uma conferência universitária hoje em dia. Além disso, se é imperialismo "amar os inimigos", do que chamaríamos a morte dos cristãos no mundo islâmico?

Este é o estado da academia no mundo hoje. O negócio é defender a diversidade cultural, mesmo que implique a morte daquele que não tem a mesma opinião,  como bem sabe os milhares de cristãos mortos no mundo islâmico.

Enquanto a academia continuar escrevendo para si mesma vai continuar irrelevante para a solução de problemas.


PS: Não costumo escrever sobre os meus artigos, mas um dia vou fazer isso. O artigo que apresentei chama-se Searching for Roots of Understanding: Islam, Terrorism and Religious Freedom.

4 comentários:

  1. Pedro, compartilhe seu texto, por favor.
    Abraço fraterno, Nik.

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  2. Caro Nik,

    Este é o terceiro texto que escrevo sobre Islã. O primeiro eu publiquei no livro Global Security

    (está disponível na Amazon:

    http://www.amazon.com/Global-Security-Flexibility-Against-Terrorism/dp/0615644376/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1368624356&sr=8-1&keywords=nubert+boubeka)

    O segundo deve sair este ano, também em livro.

    Estou tentando que este terceiro saia em um jornal acadêmico. Eu ainda nem fiz a revisão do inglês.

    Vou fazer da seguinte maneira: assim que eu tiver publicado em um jornal acadêmico, eu coloco o link no blog.

    Além disso, eu sempre me coloco a disposição para apresentar o trabalho. Faço isso de graça, bastando que me paguem a passagem e estadia.

    Obrigado pelo interesse,amigo.

    Abraço,
    Pedro Erik

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  3. Pedro, agradeço o aviso, próxima compra na Amazon e seu livro virá junto!

    Abraço e obrigado!

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  4. Obrigado, Nik.

    Eu vou apresentar meu artigo em Brasília em junho. Se morar por lá, me avise que dou os detalhes.

    Abraço,
    Pedro Erik

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Certa vez, li uma frase em inglês muito boa para ser colocada quando se abre para comentários. A frase diz: "Say What You Mean, Mean What Say, But Don’t Say it Mean." (Diga o que você realmente quer dizer, com sinceridade, mas não com maldade).