quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Quando foi que seu Padre falou contra Aborto, Casamento Gay ou Contracepção na Homilia? Eu não lembro.


Sobre a entrevista do Papa Francisco, eu ontem ví um vídeo bem interessante no blog Creative Minority Report. É um vídeo da TV Church Militant, em que Michael Voris comenta a entrevista do Papa, mostrando um entendimento dos problemas dentro da Igreja Católica embutidos na entrevista.

O vídeo é muito bom e nos leva a questionar as homilias que ouvimos semanalmente nas missas.

Vou traduzir o vídeo para vocês, abaixo em azul:



Todos discutem a entrevista do Papa Francisco. 

Uma coisa importante para ser dita é que há uma tensão em viver a fé católica. Há muitos paradoxos: a Trindade (um Deus em três), duas naturezas em uma pessoa (Jesus Cristo), a imaculada concepção, Jesus Cristo na Eucaristia, a vitória na morte (cruz), etc.

Estas coisas são paradoxos, não contradições, um estudo bem detalhado usando a razão e a leitura sagrada pode entendê-los, com dificuldade pois temos uma mente finita.

Haveria também um conflito entre a abordagem pastoral e a abordage doutrinal da Igreja, seria um conflito entre os católicos fiéis a Doutrina e os católicos que defendem celebrações festivas do catolicismo. Muitos dizem que haveria uma contradição entre ser doutrinário e defender com amor e a alegria a fé católica.

Mas Cristo nos ensinou em  João 14:15-17


"Se me amais, guardareis os meus mandamentos.E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco.É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós."

A primeira parte: "Se me amais, guardareis os meus mandamentos", é doutrinal.

A segunda parte: "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco.É o Espírito da Verdade...", é pastoral.

Esta suposta contradição tem trazido muita confusão na Igreja.

Este erro no ensinamento católico tem levado muita gente a dizer que Deus é amoroso então muito pouca gente vai para o inferno, então se pode levar uma vida imoral sem muito problema.

Haveria uma oposição entre a misericórdia de Deus e sua justiça.

É esta tensão entre pastoral e doutrinal que vemos na entrevista do Papa Francisco. A mídia adora ver esta tensão, pois muitas vezes estes jornalistas não seguem os princípios da Igreja, vivem vidas imorais, e eles não querem mudar este modo de vida.

Então, ao ler as palavras do Papa, eles dizem: "Estão vendo? Até o Papa concorda comigo, parem de ser tão obcecados contra aborto ou casamento gay".

Aqueles católicos que defendem os princípios da fé ficam frustrados ao ler as palavras do Papa que se aproximam do entendimento da mídia. 

A impressão que se tem das palavras do Papa é que a Igreja fica falando todo tempo sobre aborto, contracepção e casamento gay. 

Será?

Quando foi que seu padre falou contra aborto, casamento gay ou contracepção na homilia?

É a mídia que diz que a Igreja fica todo tempo falando disso [O Papa se entregou a este entendimento errado].

É a mídia (e até membros da Igreja) que leva a ideia de que não é "pastoral" falar destas doutrinas da Igreja.

Mas, por exemplo, a campanha "40 Dias pela Vida" em que os cristão ficaram na entrada de clínicas de aborto pregando a vida. Eles estavam sendo obcecados contra o aborto? Estavam sendo doutrinários? Ou seria tanto doutrinal como pastoral se preocupar com a  vida de um inocente e também com a condenação de quem pratica o aborto?

E os pais que estão preocupados com seus filhos para que ele não seja  homossexual? Os pais estão sendo doutrinários? Ou estão sendo doutrinários e pastorais ao se preocupar com o pecado do ato homossexual em seu filho?

Eles estão sendo ambos, há uma falsa dicotomia entre doutrinal e pastoral. Estas coisas não podem ser separadas.

Logo após a entrevista do Papa, que foi entendida como liberando o aborto, o Papa falou contra o aborto em Roma.


2 comentários:

  1. Por acaso vi o vídeo ontem, também. O assunto está rendendo muito, Pedro. De alguma forma todos me aprecem ter alguma razão. A tensão está em nós. Eu não sei se devo me ocupar e me preocupar tanto com assuntos eclesiais e da Santa Sé. Todavia, sei que não escapo do pároco que irá nos aconselhar e, ainda pior, do que será confessor e conselheiro dos meus filhos e netos. Impossível ignorar e não pensar e não sofrer. A tensão é típica de grandes vésperas, e isso é um sentimento equivocado, não é verdade? Evocam-se profecias, leigos se digladiando na internet, o clima é de visível e insuportável divisão. É essa divisão, por si, que as palavras do Papa deveriam a qualquer custo evitar, mas me parece que vêm acentuando. É uma questão de escolha? Vou preterir estes àqueles; vou promover este e transferir aquele. Desagradável saber que há tempo em tantas cabeças para isso, que poderíamos estar consumindo este tempo, por exemplo, em catequese.

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  2. Caro Nik,

    Na verdade, se observamos a história da Igreja, comparando com algumas épocas, vivemos tempos bem calmos.

    E o debate sempre esteve presente, basta lembrar que São Paulo deu um pito em São Pedro (incidente de Antioquia).

    Então, devemos ter calma, e sempre procurar ouvir e ler quem mais importa: Jesus Cristo. A Verdade está com ele.

    Abraço,
    Pedro Erik

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Certa vez, li uma frase em inglês muito boa para ser colocada quando se abre para comentários. A frase diz: "Say What You Mean, Mean What Say, But Don’t Say it Mean." (Diga o que você realmente quer dizer, com sinceridade, mas não com maldade).