O jornal inglês The Telegraph usou o filme Don Jon (foto acima e trailler abaixo) para discutir a destruição que a pornografia tem provocado nas relações sexuais, especialmente entre os homens, com inclusive impacto cerebral.
Com a vastidão pornográfica disponível na internet, na televisão, nos cinemas, nas revistas, etc, muitos homens estão passando a gostar mais da masturbação do que do sexo com a parceira, e fazem do sexo um ato de masturbação. O cérebro masculino deles se adapta a isso e eles não conseguem envolver a parceira no sexo.
No filme, pela descrição do jornal, é exatamente assim que se comporta a personagem do Jon. Ele idolatra seu corpo, seu carro, sua vidinha entre os amigos, a Igreja e a família e especialmente sites de pornografia, até ele descobrir que o vício pela pornografia tem feito ele fazer péssimo sexo.
Vejam trailler do filme:
The Telegraph dá algumas estatísticas e, interessante, diz que o país de língua inglesa que mais vê pornografia é um país muçulmano. Diz o jornal (em azul):
97% dos meninos e 80% das meninas que responderam a um estudo da Universidade de East London com idade entre 16 e 20 anos disseram ter visto pornografia. Nos Estados Unidos, uma em cada três mulheres assistem regularmente pornô e 70% dos homens com idade entre 18 a 24 visitam sites pornográficos pelo menos uma vez por mês . (E o ocidente de língua Inglês não é o mercado mais entusiástico de pornografia - esta honra vai para o Paquistão.)
No Brasil, não é possível acessar nenhum site de jornal que não tenha pornografia. Acessem o site do UOL, da Globo, da Veja (com seu blogueiro da Playboy Ricardo Setti), nem assistir televisão basicamente em qualquer horário que se estimule o sexo. Mesmo quando tento ler notíciais de economia, aparece logo abaixo da notícia alguma bunda, quando eu tento ler notícias esportivas,então, aparecem várias.
Mas continua o jornal sobre o impacto da pornografia (em azul):
"É uma desconexão com o que realmente está na frente de você", diz Gordon-Levitt, que dirigiu o filme. "Ao invés de se envolver com o outro e ouvir o que o outro tem a dizer, neste exato momento, colocamos as pessoas em caixas com rótulos. Objetivamos o outro."
As conseqüências disso são piores do que você imagina. Em seu livro, The Brain que Changes Itself (O Cérebro que Muda a Si Mesmo), a psiquiatra Norman Doidge escreve sobre um fenômeno que começou a notar entre seus pacientes do sexo masculino em meados de 1990. Eles assistiram pornô, porque "todo mundo faz isso", e estavam experimentando uma " crescente dificuldade em ficar excitados por suas parceiras sexuais reais." Eles se viram obrigados a fantasiar as cenas pornôs para ficar excitados.
Isso porque, junto com um grande número de usuários pornográficos, eles tinham religados os caminhos de excitação em seus cérebros . "Pornografia satisfaz cada um dos pré-requisitos para a mudança neuroplástic", - isto é, a capacidade do cérebro para formar novo circuito neural. A condição mais importante é a liberação de dopamina, o neurotransmissor que nos dá uma sensação de prazer emocionante, que o pornô desencadeia. Quanto mais vezes você assiste pornografia e começar a cair dopamina, mais a atividade se torna entrelaçada em seu cérebro.
Um problema relacionado é o que os especialistas em dependência chamam de "tolerância" , em outras palavras, a necessidade de mais estimulante (pornô mais e mais estranho ), para a mesma quantidade de dopamina. No final, o resultado é o que Doidge polidamente chama de "problemas de potência ". Usuários de pornografia compulsivos tornam-se incapazes de manter ereções.
Mesmo entre os usuários mais casuais , a pornografia está causando estragos no quarto. No ano passado, a colunista de sexo da americana GQ, Siobhan Rosen, queixou-se dos "sexos pornificados" que homens pareciam esperar.
O jornal coloca o vídeo de uma executiva de publicidade chamada Cindy Gallop que falou sobre isso. Homens que fazem do ato sexual uma masturbação. No vídeo, Gallop fala especialmente de homens ejaculam no rosto das mulheres. Ela fundou o site Make Love Not Porn.
Achei interessante o que faz Gallop, mas como é de costume e talvez com receio de "perder clientes" (já que lida com publicidade), ela diz que não quer condenar a indústria pornográfica, não quer fazer nenhuma condenação a quem gosta de pornô, quer apenas melhorar o sexo. Em suma, ela precisa avançar mais nas suas críticas e descobrir porque o mundo valoriza tanto o prazer sexual e destrói o relacionamento amoroso, destrói as famílias.
O jornal The Telegraph também menciona que os homens estão mais agressivos na abordagem com as mulheres, pois a educação sexual que encontram é pornográfica. Diz o jornal:
A psicóloga, Catherine Steiner -Adair, entrevistou mil crianças com idades entre quatro e 18 para seu novo livro, The Big Disconnect. Entre suas descobertas foi uma tendência marcada entre os meninos de abordar as meninas de uma maneira sexualmente agressiva.
"Os meninos estão muito confusos sobre como abordar as meninas ", diz ela . "A educação sexual é pornografia . E é um pornô muito misógino e violento." Pornografia tornou-se mais extrema ao longo das duas últimas décadas , provavelmente por causa de seus usuários que pediam mais, o efeito "tolerância " tem aumentado rapidamente com a onipresença das conexões de internet. Catherine teve conversas com os meninos que queriam saber por que as mulheres gostavam que eles urinassem nelas.
Os jovens não têm a experiência que lhes permitam diferenciar um desempenho sexual extremo do sexo normal, alguns deles "são surpreendidos quando as meninas não querem repetir as cenas de pornô. O resultado é infelicidade mútua, frustração e decepção.
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É um intessante artigo do jornal, mas faltou ir mais fundo no problema. Faltou discutir o impacto do vazio da pornografia na alma humana.
(Agradeço a informação do The Telegraph ao site Culture War Notes)
Caro Pedro, esse assunto é super atual e delicado! Num mundo em que a incitação à sexualidade é extremamente motivada de todos os lados(tv, internet, propagandas), a pornografia aparece como algo normal, corriqueiro e natural! Camufla-se o mal que ela provoca! Também mistura-se à questão da castidade! Aqui falo com conhecimento de causa, infelizmente. Esse é um 'problema' que me afasta da Eucaristia a mais de 2 anos. Não à pornografia propriamente dita, mas mais com respeito ao meu noivado. Enfim, sem entrar em detalhes(afinal, seu post sobre redes sociais alerta pra isso, ehehehe), mas, creio que assim como eu, essa chaga atinge muita gente. Pelo menos pra mim, é uma chaga que atinge fundo, machuca e deixa a impressão de indignidade e sujeira! Se possível, ore por mim! :)
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho santificante desse blog. Um forte abraço e que o Cristo te sustente! Salve, Maria!
Muito obrigado, Duddu.
ResponderExcluirEu também falo de conhecimento de causa, amigo. Sei o quanto custa para um jovem superar os estímulos sexuais da vida atual.
Conheço gente muito jovem tão viciada em pornografia que já usa Viagra para se excitar no sexo real.
Rezarei por você, claro.
ICXC NIKA.
Abraço,
Pedro Erik