Vivemos uma guerra cultural severa, perversa, bárbara nos dias de hoje. Defensores do aborto, do casamento gay, do fim do celibato, do fim dos ensinamentos cristãos estão em todos os lugares, na imprensa, nos filmes, nas novelas, etc. Mas o Papa Francisco disse não saber quais são os "valores não negociáveis", na última entrevista que deu (em italiano, ele disse: Non ho mai compreso l’espressione valori non negoziabili.)
O jornalista Sandro Magister escreveu nesta semana que o Papa Francisco é o tipo de general que quer vencer a guerra sem lutar. Então, se este é o caso, eu diria que o Papa discorda daqueles que dizem "no pain, no gain" (sem luta, não há vitória) e daqueles que dizem "freedom is not free" (libertade tem preço).
Magister usou dois livros biográficos sobre o Papa Francisco para defender seu argumento. Um deles traz um texto do bispo argentino Víctor Manuel Fernández (muito próximo do Papa e que foi nomeado recentemente bispo por Francisco). Fernández disse no livro que o Papa Francisco, quando era arcebispo de Buenos Aires não gostava de aparecer em público, afastava-se do debate público.
O outro livro sobre o Papa Francisco mencionado por Magister é de autoria de Elisabetta Piqué. O livro se chama "Francesco, vita e rivoluzione".
Diz Sandro Magister sobre este livro, traduzo em seguida (em azul):
But to find out more about that tormented period of Bergoglio's life there is another book, released a few months ago in Argentina and Italy, written by the vaticanista Elisabetta Piqué, who is the best informed and most reliable biographer of the current pope: "Francesco, vita e rivoluzione".
On the side opposed to Bergoglio were the prominent Vatican cardinals Angelo Sodano and Leonardo Sandri, the latter being of Argentine nationality. While in Buenos Aires the ranks of the opposition were led by the nuncio Adriano Bernardini, in office from 2003 to 2011, with the many bishops he managed to get appointed, almost always in contrast with the guidelines and expectations of the then-cardinal of Buenos Aires.
On February 22, 2011, the feast of the Chair of St. Peter, Bernardini delivered a homily that was interpreted by almost everyone as a harangue in defense of Benedict XVI but in reality was a concerted attack on Bergoglio.
The nuncio placed under accusation those priests, religious, and above all those bishops who were keeping a “low profile” and leaving the pope alone in the public battle in defense of the truth.
"We have to acknowledge," he said, “that there has increased year after year, among theologians and religious, among sisters and bishops, the group of those who are convinced that belonging to the Church does not entail the recognition of and adherence to an objective doctrine.”
Because this was exactly the fault charged against Bergoglio: that of not opposing the secularist offensive, of not defending Church teaching on “nonnegotiable” principles.
And to some extent this was the case. The then-archbishop of Buenos Aires could not bear the “obsessive rigidity” of certain churchmen on questions of sexual morality. “He was convinced,” writes Elisabetta Piqué, " that the worst thing would be to insist and seek out conflict on these issues.”
There was one episode that exemplifies Bergoglio's approach:
"In 2010, at the height of the episcopate's battle of to block the legalization of marriage between persons of the same sex in Argentina, there emerged the idea of holding a prayer vigil [in front of parliament]. Esteban Pittaro, of the 'Università Australe of Opus Dei, sent an e-mail to the chancery of Buenos Aires, telling them about the event. The following day he saw that he had missed a phone call and realized that it was a number of the archdiocese. Esteban called back and Bergoglio answered in person. 'It seems like a wonderful thing to me that you should pray. But the fact that you want to spend all night in the plaza . . . It will be cold, go home, pray at home, as a family!” the cardinal told him. 'He supported the march, but he was right to discourage the vigil, because the following day there were demonstrations in fa for of homosexual marriage. And he wanted to avoid the contrast,' Pittaro recounts.”
Mas para saber mais sobre esse período atormentado da vida de Bergoglio há outro livro, lançado há poucos meses na Argentina e na Itália, escrito pela vaticanista Elisabetta Piqué, que é a biógrafa mais bem informada e mais confiável do papa atual: "Francesco, vita e rivoluzione".
Do lado oposto de Bergoglio estavam os proeminentes cardeais do Vaticano Angelo Sodano e Leonardo Sandri, sendo este último de nacionalidade argentina. Enquanto em Buenos Aires as fileiras da oposição foram conduzidas pelo núncio Adriano Bernardini, no escritório 2003-2011, com os muitos bispos que ele conseguiu que fossem nomeados, quase sempre em contraste com as orientações e expectativas do então cardeal de Buenos Aires.
Em 22 de fevereiro de 2011, na festa da Cátedra de São Pedro, Bernardini fez uma homilia que foi interpretada por quase todos como uma defesa de Bento XVI, mas na realidade era um ataque concertado contra Bergoglio.
Bernadini atacou sacerdotes, religiosos e, sobretudo, aqueles bispos que mantinham um "low profile" e deixavam o papa sozinho na batalha pública em defesa da verdade.
"Temos de reconhecer", disse ele , "que tem aumentado ano após ano, entre os teólogos e religiosos, entre irmãs e bispos, o grupo daqueles que estão convencidos de que pertencer à Igreja não implica o reconhecimento e a adesão a nenhuma doutrina objetiva".
Esta era exatamente a falta marcada contra Bergoglio: a de não se opor à ofensiva secularista, de não defender o ensinamento da Igreja sobre os princípios "não negociáveis ".
E, em certa medida, este foi o caso. O então arcebispo de Buenos Aires não podia suportar a "rigidez obsessiva " de certos homens da Igreja sobre questões de moralidade sexual. "Ele estava convencido ", escreve Elisabetta Piqué "que a pior coisa seria insistir e procurar conflito sobre estas questões."
Houve um episódio que exemplifica a abordagem de Bergoglio:
"Em 2010, no auge da batalha do episcopado de bloquear a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo na Argentina, surgiu a idéia de realizar uma vigília de oração [ em frente do parlamento ] . Esteban Pittaro , da" Università australe do Opus Dei, enviou um e-mail para a chancelaria de Buenos Aires, falando sobre o evento. No dia seguinte, ele viu que tinha uma chamada não atendida e percebeu que era um número da arquidiocese. Esteban ligou de volta e Bergoglio respondeu em pessoa. "parece uma coisa maravilhosa para mim que você deve orar. Mas o fato de que você quer passar a noite na praça ... Vai ser frio, ir para casa, rezar em casa, como uma família " o cardeal disse a ele. "Ele apoiou a marcha, mas desencorajou a vigília, porque no dia seguinte houve manifestações em favor do casamento homossexual. Ele queria evitar o contraste"' Pittaro relata . "
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Rezemos pelo Papa Francisco. Precisamos muito dele, a guerra é dura demais.
O site The American Catholic, que me fez chegar ao texto de Magister, disse que Deus usa os papas para dar lições positivas e negativas. Ele espera que Francisco nos ensine coisas positivas, mas está pessimista.
Boa noite, Pedro!
ResponderExcluirNão diretamente relacionado ao post, mas ainda dentro do contexto, te trago esse excelente artigo do 'Veritatis'! A chaga do aborto é uma das que mais me preocupa e consome grande parte das minhas poucas e miseráveis orações! Lutemos contra essa chaga!
Forte abraco!
E rezemos por Francisco!
http://www.veritatis.com.br/inicio/blog/9331-gravida-em-estado-de-morte-cerebral
Compartilho com você, Duddu, desta preocupação com a chaga do aborto. A guerra cultural é tão intensa com isso que costumo dizer que o divisor de águas da política americana entre os partidos é o aborto.
ResponderExcluirGrande abraço.
ICXC NIKA
Pedro Erik
Prezado Pedro, Salve Santíssima Imaculada Virgem Maria, Mãe de Deus, Co-Redentora, pois trouxe ao mundo O Redentor!!
ResponderExcluirComo sempre o senhor Bergoglio causando escândalos,lamentabili!!
Texto perfeito esse que você colocou em seu blog, prezado Pedro.
Esse texto me fez pensar e refletir nessas passagens da Sagrada Escritura:
15. Conheço as tuas obras: não és nem frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente!
16. Mas, como és morno, nem frio nem quente, vou vomitar-te.
Infelizmente a evidência prova que o bispo da "igreja" conciliar é um católico morno.E mais uma vez, será que o bispo da "igreja" conciliar não sabe que Cristo detesta católicos mornos?
Bergoglio, Tu és Mestre de Israel e não sabes isto?
Sancte Michael Archangele, defende nos in prælio; contra nequitiam et insidias diaboli esto præsidium. Imperet illi Deus, supplices deprecamur: tuque, Princeps Mlitiæ Cælestis, Satanam aliosque spiritus malignos, qui ad perditionem animarum pervagantur in mundo, Divina Virtute in infernum detrude. Amen.
Caro Leonardo,
ResponderExcluirRealmente, o Papa Francisco parece querer ficar no meio, como você bem apontou, diante da guerra cultural, sem defender nenhum lado. Isto é péssimo, ao meu ver.
Li muita gente falando sobe o Papa ontem, na comemoração do primeiro ano de pontificado. Um dos textos, do site inglês Catholic Herald, nas entrelinhas queria ressaltar que Bergoglio não era de esquerda. E colocou dois pontos: 1) Ele nunca recebeu as "mães de maio"; 2) Os jesuítas não gostavam dele.
Graças a Deus, parece ele não é assim tão devoto da teologia da libertação.
Mas acho que ele tem muito das fragilidades doutrinais de padres latino-americanos. E o fato dele fugir de debate público fez muito mal a ele. Basta ver o que ele diz nas entrevistas.
Abraço,
Pedro Erik