O Catholic News Agency fez um vídeo sobre a questão da liberdade religiosa dentro da Igreja Católica. É um assunto complexo, envolve questões como:
1) Se a Igreja é a Verdade (Cristo) e tem obrigação de conduzir as pessoas para a salvação eterna, então Por que a Igreja não pode usar a força para levar as pessoas para Cristo?
2) Por que um estado católico não pode defender a fé católica?
3) Por que um estado não pode declarar o catolicismo como religião de estado?
Uma passagem da Bíblia é muito usada para este debate é Lucas 14:15-23, no qual Cristo conta uma parábola em que o senhor pede ao servo que "obrigue" as pessoas a participarem do banquete. Santo Agostinho usou esta passagem para defender o uso da força para a conversão de heréticos.
O vídeo tem a qualidade de mostrar diversos especialistas, mas é um vídeo realmente chato de assitir, porque nenhum especialista desenvolve completamente seu raciocínio.
Eu perdi minha noite ontem traduzindo o que estes (por vezes ótimos) especialistas diziam, na esperança de que houvesse uma conclusão interessante. Mas não mostra-se, são apenas pedaços do debate, soltos, sem conclusão. Mesmo quando os pensamentos dos especialistas são contraditórios, o vídeo deixa passar.
Eu só conhecia dois dos especialistas mostrados no vídeo: Thomas Storck (gosto muito do que ele escreve, já falei de textos dele no meu outro blog, como aqui) e George Weigel (renomado escritor católico, já falei dele aqui neste blog várias vezes, como aqui).
Na minha opinião, se o vídeo usasse só Thomas Storck, Thomas Pink e o padre John O'Mailley e deixasse eles concluirem, seria um excelente vídeo, muito melhor do que o aperesentado.
No vídeo, os que menos gosto são o padre jesuíta David Hollenbach e Massimo Fragioli. Achei que falta profundidade aos dois.
O foco do vídeo é a encíclica Dignitatis Humanae do Vaticano II. Os especialistas contrapõe esta encíclica que defende a liberdade religiosa com (supostamente) o pensamento da Igreja no século 19. Digo supostamente, porque o único argumento contra a liberdade religiosa dito pela Igreja no século 19 é uma frase do papa Gregório XVI que não acreditava em democracia. Eu fiquei louco que eles falassem mais sobre este tipo de argumento mas não veio.
Vou traduzir aqui em resumo o que dizem os especialistas:
Padre John O'Mailley: "Houve uma grande mudança na relação entre a Igreja e o estado a partir do imperador Constatino".
Daniel Philpott: "O papa Gelasius no século 5 trouxe a ideia de que há duas espadas: a espada temporal (do estado) e a espada espiritual (da Igreja). E desde este período mantém-se esta divisão na Igreja".
Massimo Fragioli: "Houve um progresso na Igreja, e viu-se que uso da violência não era evangélico".
Padre John O'Mailley:"Houve uma ruptura na época da reforma protestante, e decidiu-se que cada rei decidiria sua religião"
Robert Goerge: "A revolução francesa marcou a Igreja profundamente, a fez temer pela liberdade religiosa, pois percebeu que isto levava a indiferença para com a religião"
Padre David Hollenbach: "O papa Gregório XVI no século 19 disse que a liberdade de consciÊncia é uma insanidade, mas depois de 100 anos, no Vaticano II, defendia-se a liberdade religiosa no Diginitatis Humanae".
Thomas Storck: "É teologicamente complicado aceitar que a Igreja mudou de opinião com o tempo"
Padre David Hollenbach: "A Igreja disse que lê os sinais dos tempos sob a luz do evangelho. Então nunca se deve abandonar as escrituras. Mas o tempo mudou o pensamento da Igreja que jpa defendeu a escravidão e realizou torturas. As novas condições sociais iluminam o evangelho"
Thomas Pink: "Papas e bispos são pastores. Meu avô era pastor. Não se chega para um ovelha e pede-se para ela seguir um caminho, o que o pastor faz é usar a força para que a ovelha use o caminho adequado. Jesus aparece nas catacumbas levando uma ovelha nos ombros, usando a força. Por que a Igreja não pode usar a força para levar as pessoas para a salvação, se é formada por pastores?"
Padre John O'Mailley: "A Igreja rem obrigação de proteger seus fiéis e fazer com que outros se tornem católicos. Santo Agostinho defendeu que o estado obrigassem os heréticos donatistas a se tornarem católicos"
Daniel Philpott: "O cristianismo é de suma importância para a lberdade,d esde o pensamento de São Paulo que defendia a liberdade do pecado e que as pessoas se tornem cristãs pela livre e espontânea vontade".
Padre David Hollenbach: "A Igreja nunca defendeu a corção para converter, mas defendeu que os heréticos não divulgassem publciamente suas ideias, insistindo que o catolicismo é o melhor parav a sociedade. o Vaticano II liberou a divulgação pública das heresias, pois acho que libertar a liberdade era contra produtivo"
Padre John O'Mailley: " A segunda guerra mundial trouxe repercussões sobre a ideia de liberdade religiosa"
Robert George: "No século 20 passou-se a ver que liberdade religiosa não necesseriamente ao resultado da Revolução Francesa, por isso a Igreja passou a apoiar"
Massimo Fragioli: "O Vaticano II ficou mais próximo do evangelho na questão da liberdade religiosa, da comunidade de fiéis defendida por Cristo"
Thomas Pink: "Há uma difícil conciliação entre o que a Igreja pensava no século 19 e o Vaticano II, mas pode-se defender que o a Igreja nunca defendeuque o esatdo usasse a força para converter"
Padre John O'Mailley: "O discurso de Paulo VI na ONU em 1965 defendendo a liberdade ereligiosa seria inconcebível quatro anos antes"
Daniel Philpott:"Mesmo se o estado católico declarasse que o catolicismo é a religião do estado, deveria haver liberdade religiosa".
George Wegel: " A ideia de que o poder do estado deve defender a Igreja sugere que o evangelho não poder para converter".
David Schindler: "O estado não tem poder de tornar os cidadãos vurtuosos, por isso a Igreja e a família devem ser valorizadas pelo estado."
Thomas Storck: "Os americanos tendem a acreditar no livre mercado das religiões".
Padre David Hollenbach: " Se alguém quer voltar ao passado, ao século 19, eu respondo: olhem para o que acontece na África do Sul e na América Latina"
---
Não sei bem o que o padre David Hollenbach quer dizer com "olhem para a América Latina". Nossa região não é conhecida por seguir o evangelho, apesar de milhões se declararem católicos.
Espero que o vídeo seja interessante para vocês, como não foi para mim. Faltou muito, incluindo o contexto histórico (guerras durante o papado de Gregório XVI e o comunismo do século 20, por exemplo), mas salvam-se algumas declarações.
(Agradeço o vídeo ao site New Advent)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Certa vez, li uma frase em inglês muito boa para ser colocada quando se abre para comentários. A frase diz: "Say What You Mean, Mean What Say, But Don’t Say it Mean." (Diga o que você realmente quer dizer, com sinceridade, mas não com maldade).