Um dos primeiros posts que fiz com a chegada do Pontificado do Papa Francisco era sobre participação do novo Papa na Sociedade Chestertoniana da Argentina. O Papa Francisco seria chestertoniano, para minha grande alegria.
Mas eu não via naquela época, muito menos hoje, traços de Chesterton no Papa. Aliás, não vejo nada chestertoniano nele, vejo muito mais dos inimigos de Chesterton.
Então fiquei encucado com isso. Até que um dia desse, não faz nem um mês, eu estava lendo o site de Sandro Magister que discutia as eleições na Argentina e o peronismo. Magister colocou um texto de um argentino que para minha imensa surpresa igualou o peronismo com Chesterton. Peron teria sido chestertoniano.
Para mim isso é um completo absurdo, o cara parece ter lido que as críticas de Chesterton tanto ao socialismo como ao capitalismo seriam idênticas à doutrina econômica de Peron.
Peron estimulava culto a sua personalidade, dominou sindicatos com benesses, não trouxe desenvolvimento econômico para a Argentina (pelo contrário), acolheu nazistas depois da Segunda Guerra, maltratava sua esposa Evita e tem até caso de pedofilia.
Como alguém com esse perfil pode ser chestertoniano? Culto à personalidade, para começar, é o avesso de Chesterton. Desrespeito à mulher é ofensa a Chesterton. Comprar sindicato com dinheiro público é roubo para Chesterton.
Mas o texto me fez entender que talvez tenha sido essa leitura equivocada de Chesterton que atraiu o Papa Francisco, ele não se cansa de atacar o capitalismo e pedir que o Estado provenha casa, trabalho e terra à todos. Além disso, o Papa Francisco também alimenta um culto à sua personalidade.
Por que estou falando disso?
Porque meu amigo Nik, comentarista aqui do blog, traduziu um excelente artigo de Chesterton para o seu site O Homem Eterno. Eu dei uma pequeníssima ajuda a ele. Parabéns, grande Nik. Todos os brasileiros deveriam ler e entender o que significa heresia no passado e também atualmente.
Como Chesterton diz na tradução de Nik: "Nos tempos modernos estamos cercados com uma nova e mais ignorante classe de hereges, que sabe tão pouca história que não conhece sequer sua própria história; ou a história de suas próprias ideias."
O Papa Francisco, por sinal, não se revela um conhecedor da Doutrina da Igreja em suas palavras. Aliás, o título do site do Nik, que nos remete ao livro de Chesterton "The Everlastin Man" também é desacreditado pelo Papa Francisco.
O Papa costuma dizer que Cristo, "na sua misericórdia", precisa ser adaptado no tempo. Cristo parece não ser "O Homem Eterno".
Ele parece não acreditar nem em Chesterton nem nas palavras de São Paulo em Hebreus 13:8-9, abaixo:
8. Jesus Cristo é sempre o mesmo: ontem, hoje e por toda a eternidade.
9. Não vos deixeis desviar pela diversidade de doutrinas estranhas. É muito melhor fortificar a alma pela graça do que por alimentos que nenhum proveito trazem aos que a eles se entregam.
Obrigado, Pedro. Mas, verdade seja dita, se tu não desata uns nós daquela minha tradução inicial, esse artigo do Gilbert nunca teria, por minhas mãos, ido ao ar. Que todos se aproveitem bem da lição contida nele.
ResponderExcluirO problema da heresia é sempre este do caso indicado pelo Magister: ela contém um pouco, um pedaço da verdade; ou então os homens não a aceitariam! Ou ainda, como escreve no artigo o querido Gilbert:
"A coisa estranha sobre o herege é esta. Todos nós sabemos que a heresia na verdade é escolher e selecionar".
Abraço, Nik.