John Rist (foto acima), grande filósofo inglês, especialista em ética clássica (autor de inúmeros livros sobre ética e moral), é um dos mais renomados signatários da carta de teólogos e estudiosos que acusou o Papa Francisco de heresia.
Ele deu uma entrevista para o National Catholic Register,e nessa entrevista ele responde a muitas perguntas que devem estar na sua cabeça sobre essa carta.
Muito interessante é que ele ver o momento atual muito parecido com a disputa sobre a heresia do arianismo do século IV que levou muito tempo e muita dor para ser resolvida.
Relato abaixo o que ele disse.
1) Rist disse que houve muitas tentativas vãs de pedidos para o Papa corrigir seus erros e ambiguidades, não sobrou outra alternativa a não ser uma acusação contra ele;
2) Ele acha que a carta não alcançará seu objetivo a curto prazo, pois o papa sempre pode se abrigar atrás do silêncio, e há uma mentalidade servil entre o episcopado (e muitos outros, até mesmo os comentaristas conservadores), que ficam cheios de escrúpulos para criticar um papa. Tais comentaristas conservadores adotaram a ideia de que se deve defender o que o Papa diz e não o que a Igreja defende há milênios;
3) Ele diz que não organizou a carta, talvez trocasse um ou outro termo usado, Mas aceitou a abordagem geral da carta e viu que era essencial neste momento. Ele duvida que um documento possa ser escrito, no qual todos concordariam com todo o texto: isto é, a menos que fosse tão insípido a ponto de ser inútil;
4) Para as críticas de que a carta foi agressiva, ele responde que quem diz isso só pode querer desviar a atenção das principais preocupações: que o papa esteja deliberadamente usando a ambiguidade para mudar a doutrina e que a atitude que ele adota em sua nomeações indica que está fora de compaixão ( para dizer o mínimo) com ensinamentos católicos tradicionais sobre toda uma série de assuntos. Debate sobre "extremismo", etc parece brincar enquanto Roma queima; o que isso mostra é que mesmo muitos conservadores não querem entender a gravidade de uma situação em que o papa parece inclinado a transformar a Igreja em uma ONG vagamente espiritualmente saborosa.
5) Sobre a crítica de que os signatários não estão em posição de acusar o papa de heresia, pois não são bispos, Rist responde que o que a carta faz é justamente conclamar os bispos. Os signatários não estão em condições de condenar um papa de heresia; eles estão em posição de "processar" a acusação, e nós julgamos que era nosso dever fazê-lo. A carta é primária e imediatamente um desafio para os bispos agirem em vez de ignorar ou lavar as mãos.
6) Sobre a crítica de que ainda não é possível condenar o papa de heresia formal, apenas seria possível de acusá-lo de promover heresias ou de ter tendências heréticas, Rist responde os bispos são conclamados a avaliar, que ele não é canonista, nem juiz. Mas ele é alguém que acha que o Papa pode reconhecer uma heresia intencional nas suas palavras e suas ações confirmam essas heresias.
7) Sobre a crítica de que os signatários não são graduados em eclesiologia e que eles não conseguiram provar que o Papa é um "herético obstinado", Rist lembrou que Santa Caterina de Siena (que é famosa por critica veemente um papa) tem apenas doutorado "honorário" pela Igreja e que os apóstolos não tinha formação universitária nenhuma.
8) Sobre a questão de que a carta pode estimular o sedevacantismo, Rist responde isso seria realmente um triste efeito, mas não justifica a inação. A eleição do Papa Francisco parece que não foi canônica (pelo uso de combinação de votos da máfia St. Gallen), mas no passado também houve eleições desonestas. Não há justificativa para o sedevacantismo.
9) Rist foi perguntado sobre qual período da história da Igreja, ele acha que o atual momento mais lembra. Ele disse que à primeira vista, pode parecer haver semelhanças específicas entre a situação atual e a rebelião de Lutero. Em ambos os casos, tivemos uma ênfase excessiva em uma versão tendenciosa do ensino tradicional. Lutero falou erroneamente sobre sola fides (salvo somente pela fé) - ao invés dos tradicionais fides caritate formata (fé expressada através do amor) - enquanto os teólogos alemães e romanos atuais lidam com sola misericordia (salvo apenas pela misericórdia) sem atenção para o fato que Jesus chamou para a conversão. Mas em nosso caso atual, uma desconsideração deliberada dos ensinamentos registrados de Jesus sobre o “novo casamento” enquanto um cônjuge ainda está vivo implica ou que Jesus realmente não disse o que é relatado sobre ele ou que seus ensinamentos passaram a data de validade. Isto estaria de acordo com alguma explicação hegeliana da verdade; entretanto, esse cenário implica uma negação da autoridade de ensino de Cristo e, portanto, de sua divindade. O que nos leva ao paralelo mais óbvio com a situação atual: o conflito ariano do quarto século.
Na medida em que a atual teologia germano-romana implica ou sugere a autoridade diminuída de Cristo, ela é ariana, não no sentido de um subordinationismo direto, já que agora a subordinação não surge da teologização dogmática, mas indiretamente da teologia moral. Além disso, enquanto Lutero foi logo expulso da Igreja, no nosso caso, assim como os arianos, é um assunto interno: bispo contra bispo, bispo contra papa (como Libério esteve por algum tempo nos tempos arianos). Como [o cardeal John Henry] Newman observou, o mundo acordou e se viu ariano. O que vamos encontrar quando acordarmos?
10) Sobre o que mais preocupa a ele depois da carta, Rist disse que o que mais é a contiunada ambiguidade do Papa que o faz escapar de acusações de heresias. O contínuo ato de fazer comentários ambíguos e contraditórios sobre questões fundamentais para a Igreja. Se tais ambiguidades / contradições fossem ocasionais, elas poderiam ser atribuídas - de acordo com o princípio canônico de benignidade - a “mera” confusão. A ambiguidade prolongada nessa escala exige que se chegue a uma conclusão mais triste: que existe um objetivo a ser alcançado com furtividade, o que não poderia ser alcançado por decretos abertos e inequivocamente não-católicos.
11) Rist terminou a entrevista com uma citação de Santo Agostinho do livro Cidade de Deus que diz que “Nós tendemos a evitar nossa responsabilidade quando devemos instruir e advertir [os malfeitores], às vezes até mesmo com severas críticas e censuras, seja porque a tarefa é cansativa ou porque temos medo de ofender, ou pode ser que nos afastemos incorrendo em sua inimizade, por medo de que eles possam nos atrapalhar e nos prejudicar em assuntos mundanos, em respeito ao que nós ansiosamente buscamos alcançar, ou do que nós fracamente tememos perder ”
Vejam toda a entrevista clicando aqui.
John Rist é muito competente e correto, ótimas intenções e um exemplo de tudo isso apenas dele aqui dá-nos a dimensao dos problemas desse pontificado, diivulgado a partir da boca do proprio papa Francisco:
ResponderExcluir«Penso em dizer algo que, de repente pode parecer uma insensatez, ou possivelmente uma heresia».
Bem, o que o papa Francisco realmente disse teria sido até pior. Segue-se uma tradução mais precisa das palavras em espanhol:
«E vem-me à mente dizer algo que pode ser uma insensatez, ou talvez uma heresia, não sei.»
Spanish: «Y me viene a la mente decir algo que puede ser una insensatez, o quizás una herejía, no sé.»
Ele não diz somente que as suas palavras poderiam parecer heréticas, mas que o que dirá poderia de fato ser heresia. Ele não sabe e não nem quer saber; acaso teria comprovado malícia ou heresia formal?
No «Y me viene a la mente decir algo que puede ser una insensatez, o quizás una herejía, no sé.», logo em sua lingua materna, expressando-se a fundo.
Ele não diz somente que as suas palavras podem parecer heréticas, mas que o que ele irá dizer pode de fato ser heresia?
Comprovaria malícia ou heresia formal, cujo dever é ele estar bastante bem informado acerca dessas questões para nao gerarem confusão na mente dos fieis?
A pausa por cerca de cinco segundos após dizer a palavra «insensatez», mesmo antes de declarar «ou talvez heresia» não seria um mero acidente.
Teria sido o Senhor Deus usado para provar ainda mais a malícia herética do papa Francisco?
Isso nao deixaria as pessoas que o defendem e o seguem em tudo sem desculpa alguma para se condenarem? Isso não demonstraria a deliberação dele antes de reconhecer o que dirá poderia ser heresia?
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ResponderExcluirÉ. Parece que o teólogo John Rist e os críticos da Carta estão em dois campos realmente divergentes: o dr. Rist está com o pé na Tradição e no rigor lógico que a natureza e o pensamento coerente seguem. Por outro lado, os críticos da Carta insistem em ficar no conforto da irresponsabilidade de NÃO serem rigorosos na defesa da fé Católica. Tais críticos desenvolveram um estado mental alimentado por puro sentimentalismo: no imaginário deles o Catolicismo e a Tradição são coisas bonitinhas escritas em livros que só servem para serem lembradas em homilias, vídeos, livrinhos e conversas de aconselhamentos, tipo blá-blá-blá.
ResponderExcluirChama-me a atenção esse pequeno fragmento da tradução acima: “Diz o teólogo John Riste "...é a continuada ambiguidade do Papa que o faz escapar de acusações de heresias."
Realmente. Inclua-se nisso a real manifestação interna de toda pessoa diante do mundo: o comportamento de uma pessoa é o espelho de sua alma, do que há de mais interno. São suas ações que impedem que ela viva na mentira ou seja mau sem que ninguém o perceba. Ora, o papa Francisco é uma pessoa e, como tal, ele não pode fugir dessa realidade tão natural.
Muitas e muitas vezes todo o mundo (via as tecnologias áudio-visuais) viu a ambiguidade das ações do papa. Muitas vezes também se viu o papa Francisco manifestando uma linguagem carregada de ideologias anticristã. Elementos oriundos do marxismo, do liberalismo e do politicamente correto sempre brotaram em muitas falas do papa. Essas correntes antes de serem ideias políticas são sementes espirituais do próprio Maligno: O Catolicismo é singular: de uma mesma fonte não podem jorrar água doce e amarga ao mesmo tempo
Todavia, no atual tempo, quem vai ler essa carta com um coração realmente aberto? E quem ouvirá os sábios que a escreveram? No Brasil esse tema é praticamente nulo, uma vez que os conservadores foram literalmente expulsos dos grandes meios de comunicação, o que dificulta que esse assunto produz um grande impacto em nossa sociedade. Papa Francisco sabe disso e, certamente, sabe que liberais, progressistas e marxistas dominam praticamente a retórica do “bom mocismo” e do “não ofender”. Estamos cercados de mágicos e ilusionistas usando suas armas psicológicas para ludibriar. A verdade é luz e poderosa: só os que amam abrem as portas da alma e do coração para ela.
Os tempos são difíceis e outros: o passado do papa Francisco por si só seria suficiente para impedi-lo de chegar ao papado. Esse fato é uma é uma evidência inquestionável de dias atuais são difíceis
Mas o teólogo John Rist deixa um aviso: "...o momento atual é muito parecido com a disputa sobre a heresia do arianismo do século IV que levou muito tempo e muita dor para ser resolvida".