Costuma-se dizer quando alguma novidade não presta que o que há de bom nela já é velho e o que há de novo nela não presta.
No caso da Igreja Católica Progressista chefiada pelo Papa Francisco é pior. Não há nada de novo nela, tudo que é propagado por ela já foi propagado por vezes há milênios e já foi inclusive condenado pela própria Igreja diversas vezes.
Li hoje um excelente texto do padre Jerry Pojorsky publicado no Catholic Culture que fala disso ao tratar da tentativa da Igreja Católica Progressista de Francisco de aprovar métodos contraceptivos.
O texto ainda traz excelentes frases do gigante escritor católico Evelyn Waugh.
O texto se chama Dèja Vu All Over Again (Dèja Vu de Novo e de Novo).
Traduzo abaixo o texto:
Déjà vu de Novo e de Novo
Por Pe. Jerry Pokorsky (bio-artigos-e-mail) | 01 de agosto de 2022
O cáustico e sempre divertido romancista britânico Evelyn Waugh observou:
"É melhor ser tacanho do que não ter mente, manter princípios limitados e rígidos do que nenhum. Esse é o perigo que tantas pessoas enfrentam hoje – não ter opiniões ponderadas sobre qualquer assunto, tolerar o que é perdulário e prejudicial com a desculpa de que há “bom em tudo” – o que na maioria dos casos significa a incapacidade de distinguir entre o bem e o mal."
O uso ressurgente pseudo-sofisticado de “mudanças de paradigma” na teologia moral contemporânea mina o ensino católico ortodoxo sobre atos intrinsecamente maus, obscurecendo a distinção entre o bem e o mal.
A Pontifícia Academia para a Vida divulgou os resultados de uma conferência de 2021 sugerindo uma “mudança de paradigma” na teologia moral. Analistas sugerem que o relatório pode se tornar a base de uma encíclica papal que redefine efetivamente o mal intrínseco da contracepção e outros pecados. O arcebispo Vincenzo Paglia, presidente da academia desde 2016, descreve a “mudança de paradigma” na teologia moral. Ele diz que a mudança é: “tanto descritiva quanto conceitual, pois segue um padrão que é tanto argumentativo quanto narrativo, teórico e sapiencial, fenomenológico e interpretativo”. O novo paradigma promete usar grandes palavras.
Aqui vamos nós novamente.
Muitos de nós reconhecem o “novo paradigma” como uma repetição do velho, dissidente e descartado paradigma do proporcionalismo. O livo Human Sexuality – publicado por Anthony Kosnik em 1977 sob os auspícios da Catholic Theological Society of America – representa a mesma “mudança de paradigma” que ocorreu logo após o Vaticano II. Parece a cartilha de tudo o que aconteceu nos últimos 50 anos. Mons. George Kelly citou várias afirmações perturbadoras em seu antigo livro, Battle for the American Church. (Os seguintes pontos foram retirados desse livro, páginas 105-106):
- “No que diz respeito à revelação, nós [assim dizem os autores] não podemos garantir as palavras exatas de Jesus” (p. 19) e “a Escritura nem mesmo se preocupa com a sexualidade como tal” (p. 30).
- “A questão da contracepção artificial ainda não encontrou uma solução definitiva na Igreja” (p. 126). Portanto, o uso de contracepção pode ser uma decisão moralmente correta.
- “A esterilização, como a da contracepção, ainda está longe de ser uma resolução universalmente aceitável e definitiva na Igreja” (p. 134). Portanto as opções de esterilização ficam com os interessados.
- A inseminação artificial com sêmen de outro homem que não seja o marido não pode ser proibida (p. 139).
- Embora a “troca de companheiro” não seja ideal do ponto de vista bíblico, a palavra final sobre esse assunto não foi dita (p. 149).
- As relações adúlteras geralmente ofendem a qualidade da fidelidade, “mas ocasionalmente podem surgir exceções” (p. 151).
- A relação sexual pré-marital pode ser justificada se representar “um relacionamento amoroso e alguma medida de compromisso natural antes do envolvimento sexual” (p. 166).
- Os cristãos “homossexuais têm os mesmos direitos ao amor, intimidade e relacionamentos que os heterossexuais” (p. 214) “e também a receber a Sagrada Comunhão” (p. 215).
- A masturbação não é objetiva e seriamente errada (p. 228).
- A bestialidade é patológica “quando existem saídas heterossexuais” (p. 230).
- Terapeutas e pacientes podem desfrutar de relações sexuais, se de fato “resultar em tornar o paciente completo” [sem citação].
Mons. Kelly escreve: “A maneira pela qual este estudo foi concebido, organizado, avaliado e publicado durante a presidência de cinco teólogos da CTSA (John Wright, S.J., de Berkeley; Richard McBrien, do Boston College; Luke Salm, F.S.C., do Manhattan College; Avery Dulles, S.J., da Universidade Católica; e Agnes Cunningham, S.S.H.M., do Seminário Mundelein) sugere que tudo, menos os rigorosos cânones da erudição científica, foi seguido. (pág. 107)
A Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé condenou o livro em 1979. Aqui está um trecho da declaração do Vaticano:
"Os autores quase sempre encontram uma maneira de permitir o crescimento integrativo por meio da negligência ou destruição de algum elemento intrínseco da moralidade sexual, particularmente sua ordenação procriativa. E se algumas formas de conduta sexual são reprovadas, é apenas por causa da suposta ausência, geralmente expressa na forma de dúvida, de “integração humana” (como no swing, na troca de parceiros, na bestialidade), e não porque essas ações se opõem à natureza da sexualidade humana. Quando alguma ação é considerada completamente imoral, nunca é por razões intrínsecas, com base na finalidade objetiva, mas apenas porque os autores não vêem, por sua vez, qualquer maneira de torná-la assim para alguma integração humana. Essa sujeição dos argumentos teológicos e científicos à avaliação por critérios derivados principalmente da experiência atual do que é humano ou menos que humano dá origem a um relativismo na conduta humana que não reconhece valores absolutos. Diante desses critérios, não é de admirar que este livro dê tão pouca atenção aos documentos do Magistério da Igreja, cujos ensinamentos claros e normas úteis de moralidade na área da sexualidade humana muitas vezes contradiz abertamente.
Ao mesmo tempo, a Congregação não pode deixar de notar sua preocupação de que uma distinta sociedade de teólogos católicos tenha providenciado a publicação deste relatório de forma a dar ampla distribuição aos princípios e conclusões errôneas deste livro e deste maneira fornecem uma fonte de confusão entre o povo de Deus.
Agradeço a Vossa Excelência por levar esta carta ao conhecimento dos membros da Conferência Episcopal."
[assinado] Franjo Cardeal Šeper, Prefeito
Em um trabalho inicial, Evelyn Waugh profetizou:
"Todo esforço foi feito para encorajar as crianças nas escolas públicas a “pensar por si mesmas”. Quando deveriam ter levado palmadas e serem ensinadas dos paradigmas gregos, foram postos a discutir sobre controle de natalidade e nacionalização. Suas pequenas opiniões grosseiras eram tratadas com respeito. Os pregadores na capela da escola, semana após semana, confiavam o futuro em suas mãos. Não é de surpreender que eles fossem bolcheviques aos 18 anos e entediados aos 20."
No mínimo, não precisamos tratar com respeito as opiniões grosseiras de mudança de paradigma da Pontifícia Academia para a Vida.
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Pe. Jerry Pokorsky é um padre da Diocese de Arlington que também atuou como administrador financeiro na Diocese de Lincoln. Formado em negócios e contabilidade, ele também possui um Mestrado em Divindade e um Mestrado em Teologia Moral. O padre Pokorsky foi cofundador da CREDO e da Adoremus, duas organizações profundamente engajadas na autêntica renovação litúrgica. Ele escreve regularmente para vários sites e revistas católicas.
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Certa vez, li uma frase em inglês muito boa para ser colocada quando se abre para comentários. A frase diz: "Say What You Mean, Mean What Say, But Don’t Say it Mean." (Diga o que você realmente quer dizer, com sinceridade, mas não com maldade).