Achei muito bom, a começar por colocar nos seu devido lugar a ideia de populismo. A esquerda, incluindo o Papa Francisco. tenta associar o populismo com ideias da direita ou de Trump. Na verdade, eu sempre associei politicamente o populismo com a esquerda, pois é ela que se sustenta na ideia de prometer facilidades financeiras para o povo, como bolsa família, saúde de graça, enfim, todo o paraíso terreno. Mas eu aceito que haja sim populistas de direita, politicos que se dizem contra o aborto ou em favor da meritocracia apenas para se eleger, o que não aceito é a associação com um lado só ideológico.
A análise de Burke se centra na ideia óbvia e milenar da ética filosófica e da religião cristã: o amor (a caridade) deve estar associada à verdade.
Traduzo abaixo os parágrafos que considerei mais importantes da análise:
"Algumas das palavras, como “pastoral”, “misericórdia”, “escuta” e “discernimento” têm um lugar na tradição doutrinal e disciplinar da Igreja, mas agora estão sendo usadas com um novo significado e sem referência ao Tradição. Por exemplo, o cuidado pastoral agora é regularmente contrastado com a preocupação com a doutrina, que deve ser seu fundamento. A preocupação com a doutrina e a disciplina é caracterizada como farisaica, por querer responder com frieza ou até violência aos fiéis que se encontram em situação irregular moral e canonicamente. Nesta visão errônea, a misericórdia se opõe à justiça, a escuta se opõe ao ensino e o discernimento se opõe ao julgamento.
Outras palavras são de origem secular, por exemplo, “acompanhamento” e “integração”, e são usadas sem fundamentar-se na verdade da fé ou na realidade objetiva de nossa vida na Igreja. Por exemplo, a integração é divorciada da comunhão que é o único fundamento da participação na vida de Cristo na Igreja.
Esses termos são freqüentemente usados em um sentido mundano ou político, guiados por uma visão da natureza e da realidade em constante mudança. A perspectiva da vida eterna é eclipsada em favor de um tipo de visão popular da Igreja na qual todos devem se sentir “em casa”, mesmo que sua vida diária seja uma contradição aberta com a verdade e o amor de Cristo. Em qualquer caso, o uso de qualquer um desses termos deve estar firmemente fundamentado na verdade, juntamente com sua expressão tradicional de nossa incorporação ao Corpo Místico de Cristo por uma fé, uma vida sacramental e uma disciplina ou governo.
A questão é complicada porque a retórica costuma estar ligada à linguagem usada pelo Papa Francisco de maneira coloquial, seja em entrevistas concedidas em aviões ou em veículos de comunicação, seja em comentários espontâneos a diversos grupos. Assim sendo, quando alguém coloca os termos em questão no contexto próprio do ensino e da prática da Igreja, pode ser acusado de falar contra o Santo Padre. Como resultado, somos tentados a permanecer calados ou a tentar explicar doutrinariamente uma linguagem que confunde ou mesmo contradiz a doutrina.
A maneira como entendi o dever de corrigir uma retórica populista sobre a Igreja é distinguir, como a Igreja sempre fez, as palavras do Papa das palavras do Papa como Vigário de Cristo. Na Idade Média, a Igreja falava dos dois corpos do Papa: o corpo do homem e o corpo do Vigário de Cristo. Com efeito, a tradicional vestimenta papal, sobretudo a mozeta vermelha com a estola representando os Apóstolos Santos Pedro e Paulo, representa visivelmente o verdadeiro corpo do Vigário de Cristo quando expõe o ensinamento da Igreja.
O Papa Francisco escolheu falar frequentemente em seu primeiro corpo, o corpo do homem que é Papa. De fato, mesmo em documentos que, no passado, representaram um ensino mais solene, ele afirma claramente que não está oferecendo um ensino magistral, mas seu próprio pensamento. Mas aqueles que estão acostumados a uma maneira diferente de falar papal querem fazer de alguma forma cada declaração sua parte do Magistério. Fazê-lo é contrário à razão e ao que a Igreja sempre entendeu.
Fazer a distinção entre os dois tipos de discurso do Romano Pontífice não é, de forma alguma, desrespeitar o ofício petrino. Muito menos, constitui inimizade do Papa Francisco. De fato, ao contrário, mostra respeito último pelo ofício petrino e pelo homem a quem Nosso Senhor o confiou. Sem a distinção, alguém facilmente perderia o respeito pelo papado ou seria levado a pensar que, se não concorda com as opiniões pessoais do homem que é o Romano Pontífice, deve romper a comunhão com a Igreja
Em todo caso, quanto mais tal retórica é usada sem corretivo, isto é, sem relacionar a linguagem com o ensinamento e a prática constante da Igreja, mais confusão entra na vida da Igreja. Os canonistas têm uma responsabilidade particular de esclarecer qual é a doutrina e a disciplina correspondente da Igreja. Por isso, em particular, julguei importante esclarecer a finalidade do Direito Canônico."
Em observação rápida nos anos que Francisco está sentado no Trono de São Pedro, percebo: Francisco saiu rapidamente do "dizer" para o "fazer". No início dizia "quem sou eu para julgar..." Hoje abençoa os que defendem, justificam e promovem o tenebroso pecado da prática homossexual. Hoje nada diz sobre a Tradição, mas pratica desprezos contra. E o faz publicamente, de forma contundente e ofensiva.
ResponderExcluirMas, e quanto ao cardeal Burke? O que tá fazendo, isto é, o que tá PRATICANDO de enfático? Como não acompanho o apostolado dele, desejo que ele esteja produzindo documentos oficiais.
Bom, se Francisco está ATACANDO, como ele afirma, a Doutrina da Igreja, logo Francisco NÃO É PAPA. Deve portanto ser confrontado na PRÁTICA. Se Francisco, como ele afirma, está ATACANDO a Igreja então já NÃO AGE COMO PAPA, mas como um inimigo da Igreja e, portanto, do próprio papado. Cardeal Burke vai apenas escrever artigos sobre o papel do Direito canônico, elogia fatos históricos dos que se foram e continuar chamando um homem que ATACA A DOUTRINA DA IGREJA de papa? Não deveria, portanto, ele USAR O PRÓPRIO DIREITO CANÔNICO para combater aquele que sendo "papa" ataca a Doutrina da Igreja que, aliás, pela mesma o colocou no papado?
Acho tudo isso muito contraditório. Melhor: acho esse tipo de discurso mais político que uma ação eclesiástica firme de defesa da Doutrina da Igreja. Se vai escrever sobre a DEFESA DA DOUTRINA DA IGREJA, Ele deveria trocar o saudosismo por João Paulo II por algo mais PESADO, como São Roberto Belarmino. Bater em Francisco com João Paulo II? Tá de brincadeira? Quer fazer Francisco e seu clero darem risadas? Pô! Bate em Francisco com coisa pesada!
Enquanto isso liberal dentro da Igreja vai aumentando: creio que não estamos mas na "fase" da (FALSA) Igreja "católica" Conciliar, mas num novo estágio: uma Igreja Sinodal; num processo revolucionário.
Eu fico pensando cá com meus botões, que Francisco está mostrando realmente a que veio, e é terrível perceber isso em quem deveria defender a Igreja com unhas e dentes.
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