segunda-feira, 31 de maio de 2010

Gaza - Piscina Olímpica ou Crise Humanitária

Qualquer morte em enfrentamento militar, seja causa justa ou não, é uma perda para a humanidade. Podemos, no entanto, ser mais calmos que as diplomacias do Irã e da Turquia e fazer uma pequena digressão sobre a morte de aproximadamente 9 pessoas que estavam em uma frota de oito barcos que continham 750 pessoas, levando 10 mil toneladas de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza.

A primeira coisa que me veio à mente é: 750 pessoas?!!! Como controlar 750 pessoas em navios diferentes? Todos pacifistas desarmados?

Outra pergunta é: esse comboio era desconhecido? Não, não era desconhecido. Melanie Phillips quarta-feira passada, em seu blog, já falava do comboio (http://www.spectator.co.uk/melaniephillips/6034520/the-worlds-first-gourmet-starvation-experience.thtml). E a própria organização que levava a ajuda anunciou a frota na terça-feira passada. Além disso, essa é a nona vez que o movimento tenta levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza. Em cinco dessas nove vezes, Israel permitiu o acesso, mas desde janeiro com o recrudescimento dos problemas com o Hamas, Israel não tem permitido.

O comboio partiu da Turquia. Israel mantém relações cada vez mais complicadas com esse país. A Turquia tradicionalmente tem sido um aliado do Ocidente, mas mais recentemente tem aprofundado relações com os países islâmicos e se aproximado do Irã. Israel acusa os tripulantes de manterem relação com uma ONG turca chamada IHH, que, segundo os israelitas, tem ligação com grupos terroristas.

Outra questão relevante é: que crise humanitária é essa da Faixa de Gaza? É maior ou comparável aos países da África ou se assemelha a problemas de pobreza do Brasil, Bolívia, Argentina, e bairros pobres de qualquer cidade grande no mundo?

Para essa última questão, eu tenho duas respostas.

1) Greta Berlin do movimento que levou a carga e as pessoas (Free Gaza Movement), disse terça-feira passada que eles iam tentar quebrar o bloqueio de Israel a Gaza para salvar da fome 1,5 milhão de Palestinos.( http://www.guardian.co.uk/world/2010/may/25/gaza-flotilla-aid-attempt)

2) Tom Cross ressaltou, no entanto, que há um grande exagero na crise humanitária da Faixa de Gaza. Há pobreza na região, mas os palestinos dessa região também convivem com shoppings lotados, restaurantes chiques, piscinas olímpicas e competição de barcos a vela. Uma descrição que lembra países nórdicos. (http://fullcomment.nationalpost.com/2010/05/25/fancy-restaurants-and-olympic-size-pools-what-the-media-won%E2%80%99t-report-about-gaza/)

Não gosto da análise que tenta ficar no meio, mas parece-me que a Palestina está longe de ser um país nórdico e também de ser uma Etiópia da década de 90. Além disso, há meios legais para enviar ajuda humanitária por meio da ONU. Então, por que o enfrentamento? Não me pareceu justificado, quando li Greta Berlin no jornal "The Guardian".

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Certa vez, li uma frase em inglês muito boa para ser colocada quando se abre para comentários. A frase diz: "Say What You Mean, Mean What Say, But Don’t Say it Mean." (Diga o que você realmente quer dizer, com sinceridade, mas não com maldade).