Os Estados Unidos, segundo o próprio governo, enfrentam o maior desastre ambiental da sua história: vazamento de óleo no Golfo do México.
Charles Krauthammer escreveu o melhor artigo que já li sobre assunto. O artigo está no jornal Washington Post de ontem. Ele detectou todos os culpados pelo vazamento e fez uma análise da ação do goveno federal e do que é ser presidente dos Estados Unidos.
O culpado mais direto, claro, é a British Petroleum (BP), por seus erros e pela falta de planos de contingência, mas existem outros.
Mas o articulista lança também a seguinte questão: por que a BP está procurando óleo a 5.000 pés de profundidade? A pergunta serve para encontrar outro culpado: o exagero do ambientalismo. A produção no Golfo declina e as empresas vão cada vez mais fundo na busca do óleo, em parte, por causa do sucesso dos ambientalistas em deixar de fora da produção de petróleo áreas do Pacífico e do Atlântico e por banir a perfuração de petróleo no Ártico. Ele diz que sempre haverá grandes chances de vazamento de petróleo e pergunta: mas onde você prefere que ocorra? No Golfo do México onde moram milhares de pessoas ou no Ártico onde não há praticamente ninguém?
A partir daí, Krauthammer critica a atitude do governo Obama de sair atacando a BP e procurando culpados. Isso não ajuda, especialmente porque depois do vazamento a BP tem todo o incentivo do mundo para contê-lo, cada dia mais de vazamento implica altos custos e multas.
O Obama procurou os culpados de sempre: governo Bush. Mas não convenceu e teve de admitir que a sua administração relaxou no controle de medidas de segurança e foi lenta no combate ao problema.
Mas Krauthammer nos lembra uma característica interessante de qualquer presidente americano. Há um culto à personalidade do presidente, os americanos esperam que ele aja como Superman. O Obama é tão responsável pelo vazamento do óleo quanto o Bush foi pelo Katrina, mas, mesmo assim, está sendo penalizado politicamente, pois a BP não em tido sucesso em estancar o vazamento.
O problema, ressalta Krauthammer, é que o Obama nunca foi modesto sobre seus poderes. Ele já declarou que a sua chegada a presidência será lembrada pela história como o momento em que nosso planeta começou a se curar (the moment when "our planet began to heal"), como o momento em que as águas dos oceanos começaram a baixar ("the rise of the oceans began to slow.").
Eu acrescentaria ao texto de Krauthammer o ridículo que é às vezes ouvir o Obama nas Conferências de Imprensa. Ele tem uma mania de tentar ser um cara simpático, de ser legal (cool). Nessa tentativa, ele usa parte de suas argumentações para dizer, por exemplo, que a sua filha foi falar com ele quando ele estava no banheiro e perguntou se ele já tinha fechado o buraco do óleo (“did you plug the hole yet, Daddy?). Além disso, diante do maior desastre ambiental da história americana, o Obama ainda usa a Conferência para fazer política e atacar a Sarah Palin, quando disse: “eu pelo menos não digo perfure, meu bem, perfure” (“drill, baby, drill”). Frase usada por Sarah Palin em outro contexto: para defender a busca por petróleo no Pacífico e no Ártico.
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Certa vez, li uma frase em inglês muito boa para ser colocada quando se abre para comentários. A frase diz: "Say What You Mean, Mean What Say, But Don’t Say it Mean." (Diga o que você realmente quer dizer, com sinceridade, mas não com maldade).