Ontem no jornal The Telegraph, Mark Hart, chefe do Corrientes Advisors, um fundo hedge de investimentos, disse que a China será a fonte de nova crise financeira.
Hart apresentou as seguintes razões:
Percepção do Mercado: O mercado acredita que o governo chinês tem amplos recursos para salvaer os bancos, em caso de crise. Mas a dívida do governo em relação do PIB é de 107%, cinco vezes maior do que mostra os números oficiais. O número real pode chegar a 200%.
Matéria Prima: A produção chinesa está acima da capacidade. Isto pode ser visto com o cimento ou o aço.
Construção civil: Há um excesso de terrenos para construção. Há 3,3 bilhões de metros quadrados para ser construídos.
Preços das propriedades: A relação preço/aluguel em oito principais cidades chinesas é de 39,4. Nos Estados Unidos, esse número foi de 22,8 antes da bolha imobiliária. Isto é, as casas estão excessivamente caras.
Setor bancário: Há muitos créditos de má qualidade para o mercado imobilário nos bancos. Na China são companhias locais que pegam dinheiro dos bancos para investir em ativos fixos que possuem a grande parte desses créditos.
Hart considera que em vez de ser a máquina que leva a economia mundial, a China é um grande risco.
Ele está tão convencido em sua teoria que ele diz que o fundo China Opportunity está preparado para jogar fora 20% do caixa dele todo ano até sua teoria estar provada.
Ainda no mesmo jornal, mostra-se que a inflação chegou de vez nas paragens chinesas. Os alimentos são a face mais visível disso. No último mês, os alimentos tiveram aumento de 10%.
O efeito das ações monetárias chinesas para conter a inflação (aumento de juros, aumento do abastamecimento pelo governo) pode prejudicar o mercado de commoditites, com consequências para toda a economia mundial.
Não sei se haverá crise com fonte chinesa, pela simples razão que eu não consigo responder a uma pergunta: Podemos confiar nos númemros divulgados pelo governo chinês? Hart diz que não.
Além disso, merece todo cuidado essa análise de Hart por outra simples razão: crise na Irlanda, Portugal ou Espanha é nada frente a uma crise na China.
Curiosidade:
ResponderExcluirComo se calcula a relação preço/aluguel ?
Existe algum valor considerado,digamos,"mais justo" ,considerando uma situação econômica estável?
ps:tenho acompanhado o Blog diariamente,Parabéns.
Caro Francisco,
ResponderExcluirA palavra "justo" não se aplica para a economia. Podemos usar caro ou barato. O justo em economia é uma questão de condições de mercado.
Não sou especialista, mas creio que uma análise entre a relação do preço de imóvel e o aluguel dele pode ser feito usando um retorno do mercado qualquer.
Por exemplo, um fundo investimento no Brasil paga mais ou menos 10% ao ano. Se uma pessoa vender o imóvel e pegar o dinheiro e aplicá-lo, irá receber 10% de rentabilidade. Assim, se o dono de um apartamento alugar seu imóvel e receber mais que 10% ao ano, terá feito um bom negócio, e o aluguel está caro, ou acima do mercado financeiro.
No caso da China, o analista Mark Hart, afirma que os investidores estão investindo em imóveis porque eles estão tendo uma rentabilidade bem acima das opções do mercado. Isto é, os imóveis estão valorizando mais do que uma taxa básica de investimentos. Por exemplo, você compra um imóvel e deixa ele parado por um ano, sem alugar mesmo, e no final do ano você consegue vendê-lo com um lucro bem maior se tivesse investido seu dinheiro no mercado financeiro.
A procura na China por investimentos em imóveis é tanta que os preços estão subindo demais (lei da oferta e da demanda). O problema, para os investidores, é que depois têm de encontrar compradores para os imóveis.
Será que expliquei ou só compliquei?
Abraço,
Pedro Erik