Não, não estou falando diretamente sobre o Morro do Alemão no Rio. Como sabe quem me acompanha, procuro deixar os assuntos brasileiros para ótimos comentaristas como Augusto Nunes ou Reinaldo Azevedo ou Demétrio Magnoli. Mas o assunto é bastante relacionado. Estou falando da guerra contra o tráfico que está ocorrendo na fronteira do México com os Estados Unidos.
Mais 18 corpos foram encontrados segunda-feira passada no estado de Chihuahua, na cidade de Palomas (veja mapa acima do estado, que Palomas está na fronteira). Desde 2006, ocorreram mais de 30 mil mortes neste estado ligadas a venda de drogas. Horas antes de se encontrar os corpos, por meio de confissão dos presos, uma chefe de polícia do mesmo estado, chamada Hermila Garcia, foi assassinada.
A violência radical dos cartéis da droga começaram em 2006, quando o presidente Felipe Calderon mandou tropas para combater o tráfico. O México, que é o grande fornecedor de drogas para os Estados Unidos, está sob pressão dos americanos para que ele derrote os cartéis da droga. Os americanos que vivem na fronteira com México temem que a imigração ilegal se torne ainda mais relacionada ao tráfico de drogas. Os Estados Unidos, claro, têm de fazer a sua parte: derrotar a demanda por droga no seu próprio país, que afinal sustenta os cartéis.
Em relação ao Rio de Janeiro, espero que os cariocas não esperem um vitória fácil e rápida. Porque, para começar, a população também tem de se tornar mais ordeira e derrotar o consumo de drogas. Vi no Jornal Nacional que depois que a polícia invadiu a casa de um traficante, a população saqueou a casa dele na frente da polícia. Esse não é o caminho correto, roubar ladrão não leva a cem anos de perdão, torna-se apenas mais um ladrão. Como no México, o mercado de drogas no Rio tem uma longuíssima tradição, há uma rede de fornecedores e consumidores extensa, para derrotá-la exige-se persistência e solidez ética da população, do governo e das polícias.
Pode ser pedir demais, mais é o único caminho.
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