quinta-feira, 17 de março de 2011

Hipocrisia Européia com a Líbia



Tenho bastante simpatia por um partido inglês, o UKIP (UK Independent Party), apesar de não ser libertário, pois para mim falta os valores cristãos nessa vertente política. O que acaba aproximando-os daquilo que eles mais odeiam: comunismo. Mas é sempre muito bom ver Nigel Farage, parlamentar da União Européia, membro do UKIP, discursar e dessa vez não é diferente.

O último discurso que vi dele foi um em que ele mostra com perfeição a hipocrisia européia com relação a Líbia. Vejam o vídeo abaixo. Não vou traduzir todo o discurso, mas explico-o, em seguida.



Farage, no início do vídeo, pede que Herman van Rompuy, Presidente do Conselho Europeu, não incentive uma invasão militar na Líbia, dizendo que ele não deve seguir o que recomenda Guy Verhofstadt, líder dos esquerdistas, pois a União Européia não tem legitimidade para agir e entrar em uma guerra é fácil sair é que é difícil. Depois, Farage mostra a hipocrisia européia, exibindo uma  foto do próprio Rompuy todo sorrisos com Kaddafi. A foto é de dezembro passado e Farage diz que nunca viu Rompuy com sorriso tão largo.

O Deputado belga Derk van Eppink mostrou ainda outras fotos de líderes europeus abraçados com Kaddafi, inclusive o próprio Guy Verhofstadt, que deseja invasão ao país agora.


O jornalista Ed West também exibe a hipocrisia européia, dizendo que o filho de Kaddafi, Saif al-Islam, afirma que financiou a campanha política de Sarkozy, na França. Não se pode confiar nas palavras de Saif, mas é uma forte acusação e Sarkozy deveria respondê-la.

Eu encontrei os dois vídeos acima quando lia o blog de Daniel Hannan, que também é parlamentar na União Européia, mas mantém um blog no jornal The Telegraph. Em outro post, Hannan diz que há seis razões para a não invasão da Líbia: 1) Os rebeldes não querem; 2) Justificaria o discurso de Kaddafi contra as forças estrangeiras; 3) Se Líbia, por que não Zimbábue ou China; 4) A Europa não tem condições financeiras; 5) A Inglaterra não tem interesses em jogo; 6) A Europa deve é apoiar regimes que são realmente representativos no mundo árabe.

Eu discordo de praticamente todas as razões de Hannan. Meu Deus, se o mundo ocidental for esperar pelo apoio popular no mundo árabe para tirar um tirano ou esperar que o ditador não use o discurso contra os estrangeiros, ficará sentado para sempre. Os rebeldes não querem domínio político ocidental, mas eles querem apoio militar ocidental para sua causa. Outra coisa, quer dizer que só se houver interesses em jogo é que se deve intervir em um país?

Em suma, acho que o mundo ocidental deveria ter retirado Kaddafo há muito tempo. O cara é um terrorista há décadas, matou centenas de pessoas na Europa. E não devia ter ficado de beijos e sorrisos com ele nos últimos anos. Atualmente, o ocidente devia ter estabelecido um faixa de exclusão aérea  para evitar que os aviões de Kaddafi atacassem os rebeldes. Só assim, participando do conflito, é que o ocidente pode, de certa forma, exigir que a queda de Kaddafi não represente a subida de um outro "cachorro  louco" do Oriente Médio, como Reagan definiu Kaddafi.

Farage tem toda razão quando diz que a União Européia não tem legitimidade para declarar guerra e que entrar numa guerra no Oriente Médio é fácil, sair é que é complicado. Exatamente, por isso é que não se deve brincar de beijos e abraços com tiranos da região. O futuro irá cobrar o preço da hipocrisia. 

Finalmente, cabe dizer, que a hipocrisia em relação a Líbia ou qualquer tirano do mundo, não se restringe a Europa. Nos anos recentes, vimos vários líderes mundias chamando Kaddafi e outros ditadores de irmão, sorrindo com eles e beijando-os.

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Certa vez, li uma frase em inglês muito boa para ser colocada quando se abre para comentários. A frase diz: "Say What You Mean, Mean What Say, But Don’t Say it Mean." (Diga o que você realmente quer dizer, com sinceridade, mas não com maldade).