sábado, 11 de agosto de 2012

O Plágio de Fareed Zakaria, editor (!) da Revista Time.

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Este caso de plágio foi noticiado ontem e está dando muito o que falar nos Estados Unidos.

Eu não canso de repetir aos meus alunos que plagiar é simplesmente roubar. Algumas vezes já me chatetei ao ver o que escrevo aqui no blog sendo copiado sem ao menos citar o meu nome, como se fosse o cara que tivesse escrito. Eu sempre agradeço às minhas fontes ao final de cada texto e nunca copio o texto ou o argumento de alguém sem mencionar o dono. Por vezes deixo de escrever sobre um assunto, pois acho que quem eu estou lendo já disse o que eu queria dizer. Já vi vários jornalistas usando o argumento de outros, se mostrando inteligentes, como se a posição deles fosse original. E também já vi alguns professores renomados serem pegos plagiando.

No Brasil, muita gente gosta dele, não é meu caso. E agora, ele foi pego plagiando um texto, mesmo sendo editor (!) da revista. Fareed Zakaria é um jornalista indiano que ficou mundialmente famoso com seus livros sobre um mundo pós-poderio americano, ganhou prêmios e hoje tem seu próprio programa na rede CNN (Farred Zakaria GPS), além de ser editor da revista Time.

Fareed resolveu escrever sobre direito ao porte de armas e plagiou um parágrafo inteiro de um texto de Jill Lepore, escrito para a revista New Yorker.

Vejam o que escreveu Jill Lepore em 23 de abril deste ano:

As Adam Winkler, a constitutional-law scholar at U.C.L.A., demonstrates in a remarkably nuanced new book, “Gunfight: The Battle Over the Right to Bear Arms in America,” firearms have been regulated in the United States from the start. Laws banning the carrying of concealed weapons were passed in Kentucky and Louisiana in 1813, and other states soon followed: Indiana (1820), Tennessee and Virginia (1838), Alabama (1839), and Ohio (1859). Similar laws were passed in Texas, Florida, and Oklahoma. As the governor of Texas explained in 1893, the “mission of the concealed deadly weapon is murder. To check it is the duty of every self-respecting, law-abiding man.

Agora vejam o que "escreveu" Fareed Zakaria em um texto liberado esta semana:

Adam Winkler, a professor of constitutional law at UCLA, documents the actual history in Gunfight: The Battle over the Right to Bear Arms in America. Guns were regulated in the U.S. from the earliest years of the Republic. Laws that banned the carrying of concealed weapons were passed in Kentucky and Louisiana in 1813. Other states soon followed: Indiana in 1820, Tennessee and Virginia in 1838, Alabama in 1839 and Ohio in 1859. Similar laws were passed in Texas, Florida and Oklahoma. As the governor of Texas (Texas!) explained in 1893, the “mission of the concealed deadly weapon is murder. To check it is the duty of every self-respecting, law-abiding man.”

Meu Deus, o cara é editor de uma revista conhecida no mundo inteiro!!

A Revista Time reconheceu o plágio e suspendeu Zakaria por um mês, além de soltar a seguinte nota (traduzo em azul):

Time accepts Fareed’s apology, but what he did violates our own standards for our columnists, which is that their work must not only be factual but original; their views must not only be their own but their words as well. As a result, we are suspending Fareed’s column for a month, pending further review. (A Time aceita as desculpas de Fareed, mas ele violou nossos padrões, que estabelecem que o trabalho deve ser não apenas factual mas original, as posições não apenas devem ser pessoais mas também escritas com as próprias palavras. Como resultado, nós suspendemos a coluna de Fareed por um mês, sujeito a nova revisão).

A CNN também o suspendeu dizendo:

 “He wrote a shorter blog post on CNN.com on the same issue which included similar unattributed excerpts. That blog post has been removed and CNN has suspended Fareed Zakaria while this matter is under review.” (Ele escreveu um post no site da CNN sobre o mesmo assunt no qual inclui também a passagem que é plágio. A CNN retirou o post do site e supsendeu Fareed Zakaria enquanto se revisa o assunto)


(Agradeço a indicação do assunto ao site Weasel Zippers)

5 comentários:

  1. Grande Pedro.
    Eu copio muitos textos seus, porque gosto, mas faço questão de colocar seu nome. É o correto a fazer. Abs
    Mais um pogrecista safado, um a menos a encher o saco, hehehe

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  2. Grande maisvalia,

    Além de amigo, você é um colaborador do blog, lembro muito bem da sua ajuda na história do Paul Krugman.

    Abraço,
    Pedro Erik

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  3. Pedro, como eu valorizo muito a sua opinião, gostaria de saber o que você acha do Paul Ryan, candidato a vice-presidente dos EUA.

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  4. Caro Martim,

    Acho que foi uma ótima escolha. Paul Ryan tem muita experiência e propostas para o orçamento público americano (que anda em frangalhos), além de (o que é mais importante) ser um católico com um histórico de defesa da vida.

    O ponto fraco dele, para mim, é justamente um dos pontos mais fortes. Os democratas vão acusá-lo de querer matar velhinhos e abandonar os doentes, porque Ryan quer reformar os programas sociais do país.

    A escolha foi sábia no sentido de que, como disse o blog Creative Minority Report, os esquerdistas da mídia estão discutindo a força de Ryan no debate econômico, esquecendo de atacá-lo no seu ótimo histórico na luta contra o aborto.

    Acho que Ryan será um ótimo ponto positivo para Romney, mas a batalha contra Obama vai ser muito dura.

    Grande abraço,
    Pedro Erik

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  5. De facto plagiar é roubar. É por isso que nos meus tempo da faculdade, eu tirava os textos da Internet e alterava umas coisas, ora substituíndo certas palavras pelos seus sinónimos, ora alterando a ordem das frases. Assim deixa de ser a mesma coisa, logo deixaria de ser plágio. :P

    Ainda hoje uso esse mesmo truque com o meu blogue, mas é claro que quando é necessário eu cito a fonte. Muitas vezes começando o texto com "segundo a fonte X" ou "de acordo com a fonte Y". :)

    Técnicas... :)

    Abraço.

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Certa vez, li uma frase em inglês muito boa para ser colocada quando se abre para comentários. A frase diz: "Say What You Mean, Mean What Say, But Don’t Say it Mean." (Diga o que você realmente quer dizer, com sinceridade, mas não com maldade).