Bento XVI disse que quando a história intelectual do século XX for contada Dietrich von Hildebrand será destacado como um dos mais brilhantes intelectuais. São João Paulo II disse à esposa de Hildebrand que ele era uma dos mais importantes eticistas do século XX. O Papa Pio XII disse que Hildebrand era o doutor da Igreja do século XX.
Na próxima semana será lançado um livro (que já pode ser comprado pelo Kindle) com coleção de textos de Hildebrand contra o nazismo.
Doino Jr disse que o livro sobre o nazismo cobre os acontecimentos políticos e culturais da década de 1920 e 30. Os escritos de von Hildebrand descrevem uma sociedade sendo transformada gradualmente a partir de ideais judaico-cristãos para o relativismo e o secularismo. Racismo e anti-semitismo estavam em alta. O que o horrorizou mais foi a aceitação desses males, entre tantos cristãos. Como ele descreve, leigos um após o outro foram capitulando ao Terceiro Reich, e até mesmo clérigos dobraram seus joelhos a Hitler e seus capangas. Nós sentimos sua angústia e indignação moral. A "correção fraterna", ele deixa claro, é uma parte vital do cristianismo, especialmente durante uma crise moral ou político. No coração dos ensaios de von Hildebrand estão três crenças: a necessidade dos cristãos se protegerem contra o mal; a disponibilidade dos crentes para resistir a ela; e a obrigação da Igreja em defender os ensinamentos de Cristo, independentemente da situação.
E não é só o livro. A rede de televisão católica americana EWTN está lançando uma série sobre Dietrich von Hildebrand, chamada He Dared to Speak the Truth. (Ele Desafiou em Falar a Verdade).
Mas quem foi Dietrich von Hildebrand?
Ele próprio respondeu. Nasceu em Florença na Itália em 1889, filho de pais alemães e ateus. Mas já aos cinco anos Hildebrand começou a amar Cristo, apesar de serem ateus, os pais dele permitiram que este amor se desenvolvesse. Aos 17 começou a cursar filosofia na Universidade de Munique. Lá se tornou presidente de associação filosófica. Converteu ao catolicismo sobre influência do filósofo Max Scheler. Scheler foi um importantíssimo filósofo, que foi tema de tese de doutorado do Papa João Paulo II. Hildebrand diz que apesar da influência de Scheler sua conversão ao catolicismo só ocorreu em 1914 quando assistiu a eucaristia dada a uma de suas irmãs nas catacumbas de São Calisto em Roma.
Na Primeira Guerra, Hildebrand trabalhou como ajudante de cirurgião, tratando de feridos, militares e civis, na guerra.
Conheceu Friedrich Foerster, e foi influenciado pela crítica de Foerster contra o nacionalismo alemão, que viria a ser a base do nazismo.
Hildebrand publicou então diversos livros entre 1923 e 1933, muitos condenando este nacionalismo. Com a ascensão de Hitler, os livros de Hildebrand foram proscritos. Passou a escrever sob o nome Peter Ott e publicar pela Suiça.
Hildebrand disse que um dos grandes privilégios da vida dele foi o contato próximo com o Núncio na Alemanha, o Cardeal Pacelli, o futuro papa Pio XII. Ele teve a oportunidade de discutir várias questões com ele, seja em seu palácio ou em fazer caminhadas. Hildebrand disse que Pacelli era uma dessas personalidades que na sua espiritualidade sublime parece estar livre do peso da matéria.
Hildebrand, de 1924 a 1930, fazia reuniões em casa em que se discutia temas religiosos, com a participação de teólogos, filósofos e até membros da família real. Em 1930, havia quase 200 pessoas reunidas
Em 1921, declarou que a invasão da Alemanha na Bélgica na Primeira Guerra foi um crime atroz. O Partido Nazista colocou Hildebrand na lista negra. Teve que abandonar Munique durante a tentativa de golpe de Hitler na cidade em 1923 (Hitler Putsch) . Com ascensão de Hitler fugiu da Alemanha para a Itália em 1933. Depois foi para Áustria.
Na Áustria, fundou um jornal católico para lutar contra o totalitarismo, chamado Der Christliche Staendestaat.
Em 1935, se tornou professor da Universidade de Viena. Ameaçado de morte pelo nazismo teve fugir novamente para Tchecoslováquia. Ele teve "a honra" de ser o primeiro da lista dos nazistas para serem presos em Vienna. Da Tchecoslováquia, foi para a Suiça, ensinou um pouco por lá até ser convidado para ser professor da Universidade de Toulouse.
Depois veio o colapso da França. Ele disse que nunca esqueceu a nossa situação desesperada: "Estávamos em uma rua em Bayonne, na chuva, na fronteira espanhola hermeticamente fechada, o exército alemão deveria chegar a qualquer momento, sem trens funcionando, e todas as estradas foram barrada por cordões de Gendarmerie. De repente, um oficial francês abordou o meu filho. Eu o reconheci como um dominicano que serviu como tenente no exército. Uma hora antes, ele havia retornado de avião da Noruega. Ele conseguiu nos colocar no carro da Cruz Vermelha da sua empresa, que estava se mudando para a zona desocupada de Pau." Depois foi salvo pelo futuro ministro francês da Justiça de Charles De Gaulle, Edmond Michelet.
Daí passou por Lisboa e pelo Brasil, até chegar aos Estados Unidos, onde foi lecionar na Fordham University.
No final de sua descrição de sua vida, Hildebrand diz:
"Ao olhar para trás na minha vida, eu encontro muitas razões para gratidão a Deus, não só por ter a oportunidade de ser associado com tantas personalidades profundamente espirituais e por ter tido tantos deles como amigos; eles foram e ainda são um modelo e incentivo para mim. Eu também tenho sido concedida a graça de testemunhar muitas conversões, minhas cinco irmãs, dois irmãos-de-lei, e inúmeros amigos e parentes, num total de cerca de cem pessoas. Misericordias Domini in aeternum cantabo. (cantarei sempre as misericórdias de Deus)"
Hildebrand faleceu em 1977, depois de publicar 30 livros e centenas de artigos.
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Finalmente cabe dizer que existe o Hildebrand Project, que tenta manter viva a memória de Dietrich.
Eu vou comprar tanto o livro, como o DVD.
Hildebrand é extremamente importante para a guerra cultural (espiritual e doutrinária) e também para a guerra física contra cristãos no mundo.
Além de comprar os produtos, sigam o site do Hildebrand Project.
Que história incrível! Nunca tinha ouvido falar dele.
ResponderExcluirTenho descoberto tantos filósofos católicos e bons padres, graças ao seu blog, com os quais aprendo muito para o meu crescimento espiritual e intelectual.
A pŕimeira vez que ouvi falar de G.K. Chesterton foi pelo Olavo de Carvalho, mas foi sua "propaganda" que me fez ler "Ortodoxia", li também "O Homem que foi Quinta-Feira". Não tenho lido mais por estar me dedicando a outros livros.
Andei sem comentar por causa da faculdade e achando você pessimista demais com o Papa Francisco, vendo só o lado negativo, não tenho muita experiência sobre os pontificados...
Abração, que Deus continue te ajudando no bom trabalho que tem feito com seu blog.
Muito obrigado, avmss. E amem, que Deus me de saude.
ResponderExcluirFico muito lisonjeado e estimulado para prosseguir com o blog, tenho cada vez menos tempo.
Eu tambem fiquei muito impressionado com Hildebrand, jah tenho planos para aprofundar meu conhecimento sobre ele, alem de comprar o livro e o dvd.
Se acha que estou errado ou pessimista com o Papa Francisco, fique livre em me criticar.
Grande abraco,
Pedro Erik
Alias, avmss, Olavo de Carvalho conhece e elogia muito Dietrich von Hildebrand
ResponderExcluirPedro, entrevista com a esposa dele, Alicia, indicada pelo professor Angueth (http://angueth.blogspot.com.br/):
ResponderExcluirhttp://www.montfort.org.br/entrevista-com-alicia-von-hildebrand-sobre-a-crise-na-igreja-2/
Obrigado, Nik.
ExcluirGrande abraço
Pedro Erik