terça-feira, 16 de dezembro de 2014

150 Anos do Sílabo dos Erros e o Problema da Popularidade


Na semana passada, dever-se-ia comemorar os 150 anos do Sílabo dos Erros (ou Syllabus dos Erros) elaborado pelo Papa Pio IX em 1864. Mas não vi nada no Vaticano. Vi apenas alguns sites católicos relembrando a data e um texto do Padre Alexander Lucie-Smith no jornal inglês The Catholic Herald.

Talvez a razão do silêncio seja o último erro descrito pelo Sílabo, o erro 80, que condena aqueles que dizem que a Igreja deve se guiar pelo progresso humano e pelo liberalismo.  O Papa Francisco é um representante orgulhoso do Vaticano II, que procurou muitas vezes se guiar por este erro. A celebração levantaria certamente esta questão. Ou do erro 3, que condena quem diz que razão humana sozinha pode encontrar Deus, não se precisa da graça divina. O Papa Francisco disse que a “consciência” sozinha podia. Ou dos erros 4, 5 e 6..., que acham que a Revelação Divina precisa da razão humana para se aperfeiçoar. Ou do erro 11, que diz que a Igreja deve se afastar da filosofia. Ou do erro 12 que diz que a Igreja impede o avanço da ciência. Ou dos erros 15 e 16, que defendem o relativismo religioso. Leiam todo o Sílabo.

Guiar-se pelo progresso humano é uma tentativa de tornar a Igreja mais popular, mais democrática. Mas isso abre as portas para heresias e para o abandono do próprio Cristo.

A busca da popularidade é um perigo. Escraviza. Aquele que possui popularidade muitas vezes faz qualquer para mantê-la.

Recentemente, eu vi uma pesquisa depsicologia que mostra justamente isso. Os mais populares, aqueles que dizem sim, bonzinhos, são mais propensos a cometer atrocidades, do que aqueles que estão prontos para dizer não.

Certa vez, eu fui incluído sem pedir em um grupo de amigos do whatssapp. Eram amigos de infância, há muito tempo não os vejo, não sei como está a vida deles, teria em prazer em me aproximar de alguns. Então, de princípio, aceitei participar do grupo e comecei uma pequena interação pelo whatsapp.

Mas meu celular começou a apitar inúmeras vezes durante o dia e mesmo durante a madrugada e a imensa maioria das mensagens eram inúteis, como o “kkkkkkk” para dizer que estava rindo. Outras eram redundâncias em cima do mesmo tema. E pior, eu percebi que não conseguia me comunicar com ninguém, pois as mensagens eram adicionadas e se perdia o fio da conversa. Então, eu disse que queria sair com apenas três dias de participação do grupo. Eu tinha sido uma pessoa até certo ponto popular na minha infância, início da adolescência, mas há muitos anos, eu tinha percebido como tinha cometido erros no processo, e há muito tempo eu tinha aprendido o valor do não. Justifiquei minha saída de forma sincera. Disse que eu estava recebendo muitas mensagens, que não gostava disso, por isso não participava de facebook ou do twitter.

Espero que a Igreja exalte o valor do Sílabo dos Erros do Papa Pio IX.

E reconheça o perigo da popularidade. As revistas Time ou Rolling Stone não impulsionam a Doutrina Católica, pelo contrário. E que a Igreja relembre que ela não é uma democracia.


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Certa vez, li uma frase em inglês muito boa para ser colocada quando se abre para comentários. A frase diz: "Say What You Mean, Mean What Say, But Don’t Say it Mean." (Diga o que você realmente quer dizer, com sinceridade, mas não com maldade).