segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Francisco: "Eu tenho Dogma Pessoal. Gosto de Imaginar que o Inverno está Vazio".

 


O apresentador diz a Francisco: "É difícil imaginar o Inferno, imaginar um pai que condena para a eternidade".

Papa Francisco respondeu: "“O que vou dizer não é um dogma de fé, mas algo que defendo pessoalmente, que gosto: gosto de pensar que o Inferno é vazio, é um prazer. Espero que seja realidade.”

Quem foi mesmo que ressaltou muito a possibilidade do inferno???? Ah, sim...Cristo.

Eu estou escrevendo um livro sobre a masculinidade nas palavras de Cristo. Nisso estudo cada palavra dita da boca de Cristo.  E olha, vejo um Cristo bem forte  e mesmo agressivo em suas palavras. Não tem nada de manso, e a palavra inferno ou "gehena" estão muito presentes.

O que seria o cristianismo sem o inferno? Bom, eu diria que sem o livre arbítrio e a possibilidade de inferno podemos jogar a Bíblia no lixo.

Sem falar que para termos inferno vazio, Deus teria que obrigar que as almas saíssem de lá, pois algumas querem justamente o inferno, renunciam a Deus.

Essa ideia de que o inferno está vazio é uma heresia chamada "universalismo", condenada pela Igreja. Um dos mais conhecidos proponentes dessa heresia é o teólogo suíço Hans Urs von Balthasar. Atualmente um que chamou atenção para essa pensamento de Balthasar é o bispo Robert Barron, que foi nomeado bispo pelo papa Francisco. Barron nega que ele ou mesmo Balthasar sejam "universalistas", ele costuma relativar o pensamento em torno da palavra "esperança", haveria uma esperança que todos foram salvos. Mas não vou discutir isso aqui, basta que saibam da heresia. 

O papa, pelo o que ele disse, se diz defensor do universalismo. 

Outra coisa, um papa tendo "dogma" para si mesmo? Não é isso que se diz que um papa deva fazer ou pensar ou desejar.

Por que alguém levanta essa heresia em uma época tão pecaminosa como a nossa? 


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Francisco ressaltou que o que pensa "não é dogma". Sim, claro que não, pois os dogmas da Igreja Católica sobre inferno são muito claros. No Catecismo da Igreja Católica as explicações sobre o dogma do Inferno como condenação eterna estão entre os capítulos 1033 e 1037.

Aqui vão:

1033. Não podemos estar em união com Deus se não escolhermos livremente amá-Lo. Mas não podemos amar a Deus se pecarmos gravemente contra Ele, contra o nosso próximo ou contra nós mesmos: «Quem não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia o seu irmão é um homicida: ora vós sabeis que nenhum homicida tem em si a vida eterna» (1 Jo 3, 14-15). Nosso Senhor adverte-nos de que seremos separados d'Ele, se descurarmos as necessidades graves dos pobres e  dos pequeninos seus irmãos (629). Morrer em pecado mortal sem arrependimento e sem dar acolhimento ao amor misericordioso de Deus, significa permanecer separado d'Ele para sempre, por nossa própria livre escolha. E é este estado de auto-exclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados que se designa pela palavra «Inferno».

1034. Jesus fala muitas vezes da «gehena» do «fogo que não se apaga» (630) reservada aos que recusam, até ao fim da vida, acreditar e converter-se, e na qual podem perder-se, ao mesmo tempo, a alma e o corpo (631). Jesus anuncia, em termos muitos severos, que «enviará os seus anjos que tirarão do seu Reino [...] todos os que praticaram a iniquidade, e hão-de lançá-los na fornalha ardente»(Mt 13, 41-42), e sobre eles pronunciará a sentença: «afastai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno» (Mt 25, 41).

1035. A doutrina da Igreja afirma a existência do Inferno e a sua eternidade. As almas dos que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente, após a morte, aos infernos, onde sofrem as penas do Inferno, «o fogo eterno» (632). A principal pena do inferno consiste na separação eterna de Deus, o único em Quem o homem pode ter a vida e a felicidade para que foi criado e a que aspira.

1036. As afirmações da Sagrada Escritura e os ensinamentos da Igreja a respeito do Inferno são um apelo ao sentido de responsabilidade com que o homem deve usar da sua liberdade, tendo em vista o destino eterno. Constituem, ao mesmo tempo, um apelo urgente à conversão: «Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta e espaçoso o caminho que levam à perdição e muitos são os que seguem por eles. Que estreita é a porta e apertado o caminho que levam à vida e como são poucos aqueles que os encontram!» (Mt 7, 13-14):

«Como não sabemos o dia nem a hora, é preciso que, segundo a recomendação do Senhor, vigiemos continuamente, a fim de que, no termo da nossa vida terrena, que é só uma, mereçamos entrar com Ele para o banquete de núpcias e ser contados entre os benditos, e não sejamos lançados, como servos maus e preguiçosos, no fogo eterno, nas trevas exteriores, onde "haverá choro e ranger de dentes"» (633).

1037. Deus não predestina ninguém para o Inferno (634). Para ter semelhante destino, é preciso haver uma aversão voluntária a Deus (pecado mortal) e persistir nela até ao fim. Na liturgia eucarística e nas orações quotidianas dos seus fiéis, a Igreja implora a misericórdia de Deus, «que não quer que ninguém pereça, mas que todos se convertam» (2 Pe 3, 9):

«Aceitai benignamente, Senhor, a oblação que nós, vossos servos, com toda a vossa família, Vos apresentamos. Dai a paz aos nossos dias livrai-nos da condenação eterna e contai-nos entre os vossos eleitos» (635).


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Tem gente dizendo que não tem nenhum problema com o que o disse Francisco, pois mesmo na Bíblia há profeta que disse que Deus não deseja que pessoas fossem para o inferno.

Hummm...são coisas completamente diferentes. Certamente, Deus convida a todos para a salvação e deseja que todos se salvem, pois estabelece graças em todos para que possam se salvar, mas muitos recusam a salvação livremente. 

Eu mesmo desejo que todos os brasileiros sejam ótimas pessoas, isso não quer dizer que eu ache que os presídios estão vazios ou mesmo quer dizer que eu deseje que os presídios estejam vazios (prefiro que eles existam, na verdade, pois creio no pecado original).


Um comentário:

  1. Vejamos isso:

    “O que vou dizer não é um dogma de fé, mas algo que defendo pessoalmente, que gosto: gosto de pensar que o Inferno é vazio, é um prazer. Espero que seja realidade.”

    Humm... Isso não parece perigoso? Porque se ele "defende pessoalmente" que o inferno não existe, então ele é capaz de não acreditar no sacramento da Extrema Unçao. Sei não! Mas isso dá medo. Acho tudo isso muito perigoso.

    E aí? Se na posição de papa ele não acredita no inferno, então qual a consequência disso para para o Sacremento da Extrema Unção? Ou para os católicos em situação de casamento irregular ou praticantes da homessexualidade ou mesmo para os fornicadores?

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Certa vez, li uma frase em inglês muito boa para ser colocada quando se abre para comentários. A frase diz: "Say What You Mean, Mean What Say, But Don’t Say it Mean." (Diga o que você realmente quer dizer, com sinceridade, mas não com maldade).