Apesar das previsões em contrário, que eu mesmo expus aqui em vários posts, a bolsa Dow Jones de Nova York deve fechar setembro com o melhor resultado em 70 anos. Subiu 8,2%. O resultado é muito bom, mas não animou muito os investidores, não. As perspectivas para outubro são vacilantes. O dólar continua perdendo valor, queda de 4,3% em Setembro, e o ouro atingiu preços recordes em setembro, sinal que os investidores não confiam no futuro da economia.
Os pacotes de estímulos do governo e o chamado "quantitative easing" (juros baixos, aumento da base monetária) do banco central americano não têm funcionado.
Hoje, Dan Henninger do Wall Street Journal fala sobre os resultados econômicos e sobre as perspectivas políticas. Geralmente, ler um texto que combine as duas coisas é muito mais interessante e mais próximo da realidade do que os relatos de mercado. Mas quem quiser um simples relato de mercado leia em http://www.cnbc.com/id/39430155
Henninger argumenta que o modelo keynesiano (gastos públicos para incentivar a economia) não vai funcionar, mas que os republicanos da oposição não devem focar apenas no controle de gastos para vencer as eleições. O foco deve ser crescimento econômico. É isso que o povo desejar ouvir e ver executado. É a velha tática da "é a economia, estúpido".
Realmente, o crescimento econômico tem um efeito devastador sobre a política, o povo e o mercado não olham as cores do gato, se o gato oferece crescimento econômico. A China sabe muito bem disso.
No entanto, não é apenas o crescimento econômico que é fator primordial para o desenvolvimento de um país. Nem acho que seja o mais importante. Para mim, o estado de direito é bem mais firme como alicerce de uma nação. Muitos ditadores providenciaram crescimento econômico ao povo junto com a destruição institucional, por vezes, completa. Exemplo clássico: Hitler.
São Tomás de Aquino, o "Doutor Angélico", certa vez, diante de um crucifixo em Nápoles, ouviu estas palavras de Jesus: “Bem tem você escrito sobre Mim, Tomás, o que devo te dar em recompensa?" São Tomás respondeu: “Nada senão a Ti mesmo, meu Senhor". Em latim, São Tomás disse: Nil, Nisi Te, Domine. Em inglês: Naught save Thyself, O Lord.
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
"Se tivesse explodido, nós não estaríamos conversando"
Bob Woodward, famoso jornalista americano que detonou a saída de Richard Nixon da presidência no início dos anos 70, lançou um livro sobre as guerras que o Obama está empreendendo para derrotar o terrorismo islâmico. O jornalista teve acesso a várias reuniões de gabinete e pode, assim, mostrar o que pensa Obama e seus generais.
Ontem em entrevista a Bill O'Reilly, Woodward disse que a grande diferença entre Bush e Obama em matéria de guerra, é que Bush sentia que tinha uma obrigação moral de libertar o povo sob o jugo de ditadores ou seitas islâmicas (Saddam Hussein e Talibã), enquanto o foco do Obama são as questões domésticas, ele deseja sair o mais rápido possível de qualquer guerra. Gosta de estabelecer datas para saída de tropas. A minha posição é que em guerra não se pode determinar tempo e que o Estados Unidos devem derrotar os ditadores que alimentam o terrorismo também por uma questão de segurança doméstica.
Um detalhe do acompanhamento das reuniões com Obama e que está levantando muita discussão nos Estados Unidos, é que em certo momento Obama diz que os Estados Unidos podiam "absorver" um ataque terrorista até maior que o de 11 de setmebro de 2001 porque o país é forte e tem uma população resistente. Foi uma frase realmente infeliz, ninguém, muito menos um presidente, pode dizer isso.
Mas como estratégia de guerra, o livro de Woodward confirma o que muitos analistas dizem: o problema está no Paquistão, país aliado dos Estados Unidos.
No início de maio, um cidadão norte-americano nascido no Paquistão chamado Faisal Shahzad tentou explodir uma bomba na Times Square em Nova Iorque. A bomba não explodiu, mas os Estados Unidos consideram que o ataque terrorista foi um sucesso pois nem a inteligência americana nem a paquistanesa previram ou inibiram o ataque. Por isso, o general James L. Jones disse em meados de maio ao presidente paquitanês Asif Ali Zardari que "se bomba estivesse explodido, eles não estariam tendo aquela conversa". Isto é, os Estados Unidos teriam entrado com força total sobre os terroristas que estão se abrigando no Paquistão.
Bob Woodward disse que a administração Obama reconhece que um dos grande problemas para derrotar o terrorismo , considerado o "cancer", é que o Paquistão não é confiável como aliado. A corrupção e a adesão de muitos militares e agentes de inteligência do país ao Talibã e a al-Qaeda evitam o sucesso das ações militares norte-americanas. Os próprios paquistaneses estão fornecendo abrigo aos terroristas.
Grupos terroristas ligados ao Talibã, como o Tehrik-e-Taliban (TTP) e Lashkar-e-Taiba (LeT), estão sendo protegidos por membros da inteligência paquistanesa e estão planejando ataques aos Estados Unidos, por meio de pessoas que têm passaportes com fácil trânsito dentro dos Estados Unidos.
Obama pediu quatro coisas ao governo paquistanês: plena entendimento entre os serviços de inteligência, mais cooperação em ações com o terrorismo, rapidez na aprovação de visto de americanos para atuar no Paquistão e acesso a listas de passageiros de aviões.
Por outro lado, Zardari (e o próprio Estados Unidos também) tem que lidar com uma população que não gosta dos Estados Unidos. A população, em geral, acredita que foram os Estados Unidos que planejaram os ataques de 11 de setembro.
Ontem, no jornal Wall Street Journal, Bret Stephens mostrou uma pesquisa da Universidade de Maryland que mostra que apenas 2% dos paquistaneses acreditam que foi a al-Qaeda que atacou as torres gêmeas em 11 de setembro de 2001.
Os Estados Unidos está atacando por meio de bombas teleguiadas algumas regiões do Paquistão, com autorização do país, para derrotar algumas células terroristas. Mas ainda há bastante fragilidade e a conclusão dos generais é de que é necessário "some boots on the ground" (exército nas regiões) para finalizar a guerra no Afeganistão contra o Talibã e reduzir as chances de ataques terroristas da al-Qaeda.
Interessante é que hoje há um ótimo texto no Washington Post sobre a guerra contra o terrorismo, que menciona que há relatórios que dizem os paquistaneneses não têm o mesmo senso de urgência dos Estados Unidos, pois o país já sofreu vários ataques terroristas e não entendem por que um simples ataque nos Estados Unidos é visto de forma tão traumática.
Isso mostra realmente uma diferença de civilização!
Ontem em entrevista a Bill O'Reilly, Woodward disse que a grande diferença entre Bush e Obama em matéria de guerra, é que Bush sentia que tinha uma obrigação moral de libertar o povo sob o jugo de ditadores ou seitas islâmicas (Saddam Hussein e Talibã), enquanto o foco do Obama são as questões domésticas, ele deseja sair o mais rápido possível de qualquer guerra. Gosta de estabelecer datas para saída de tropas. A minha posição é que em guerra não se pode determinar tempo e que o Estados Unidos devem derrotar os ditadores que alimentam o terrorismo também por uma questão de segurança doméstica.
Um detalhe do acompanhamento das reuniões com Obama e que está levantando muita discussão nos Estados Unidos, é que em certo momento Obama diz que os Estados Unidos podiam "absorver" um ataque terrorista até maior que o de 11 de setmebro de 2001 porque o país é forte e tem uma população resistente. Foi uma frase realmente infeliz, ninguém, muito menos um presidente, pode dizer isso.
Mas como estratégia de guerra, o livro de Woodward confirma o que muitos analistas dizem: o problema está no Paquistão, país aliado dos Estados Unidos.
No início de maio, um cidadão norte-americano nascido no Paquistão chamado Faisal Shahzad tentou explodir uma bomba na Times Square em Nova Iorque. A bomba não explodiu, mas os Estados Unidos consideram que o ataque terrorista foi um sucesso pois nem a inteligência americana nem a paquistanesa previram ou inibiram o ataque. Por isso, o general James L. Jones disse em meados de maio ao presidente paquitanês Asif Ali Zardari que "se bomba estivesse explodido, eles não estariam tendo aquela conversa". Isto é, os Estados Unidos teriam entrado com força total sobre os terroristas que estão se abrigando no Paquistão.
Bob Woodward disse que a administração Obama reconhece que um dos grande problemas para derrotar o terrorismo , considerado o "cancer", é que o Paquistão não é confiável como aliado. A corrupção e a adesão de muitos militares e agentes de inteligência do país ao Talibã e a al-Qaeda evitam o sucesso das ações militares norte-americanas. Os próprios paquistaneses estão fornecendo abrigo aos terroristas.
Grupos terroristas ligados ao Talibã, como o Tehrik-e-Taliban (TTP) e Lashkar-e-Taiba (LeT), estão sendo protegidos por membros da inteligência paquistanesa e estão planejando ataques aos Estados Unidos, por meio de pessoas que têm passaportes com fácil trânsito dentro dos Estados Unidos.
Obama pediu quatro coisas ao governo paquistanês: plena entendimento entre os serviços de inteligência, mais cooperação em ações com o terrorismo, rapidez na aprovação de visto de americanos para atuar no Paquistão e acesso a listas de passageiros de aviões.
Por outro lado, Zardari (e o próprio Estados Unidos também) tem que lidar com uma população que não gosta dos Estados Unidos. A população, em geral, acredita que foram os Estados Unidos que planejaram os ataques de 11 de setembro.
Ontem, no jornal Wall Street Journal, Bret Stephens mostrou uma pesquisa da Universidade de Maryland que mostra que apenas 2% dos paquistaneses acreditam que foi a al-Qaeda que atacou as torres gêmeas em 11 de setembro de 2001.
Os Estados Unidos está atacando por meio de bombas teleguiadas algumas regiões do Paquistão, com autorização do país, para derrotar algumas células terroristas. Mas ainda há bastante fragilidade e a conclusão dos generais é de que é necessário "some boots on the ground" (exército nas regiões) para finalizar a guerra no Afeganistão contra o Talibã e reduzir as chances de ataques terroristas da al-Qaeda.
Interessante é que hoje há um ótimo texto no Washington Post sobre a guerra contra o terrorismo, que menciona que há relatórios que dizem os paquistaneneses não têm o mesmo senso de urgência dos Estados Unidos, pois o país já sofreu vários ataques terroristas e não entendem por que um simples ataque nos Estados Unidos é visto de forma tão traumática.
Isso mostra realmente uma diferença de civilização!
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Pesquisa Politico e GW University
O site Politico (http://www.politico.com/) é considerado um dos melhores sites sobre política dos Estados Unidos. Eu prefiro ler o Wall Street Journal, mas não deixo de ler o que vai no site, é importante.
Ontem Poltico e a George Washington University anunciaram uma pesquisa sobre as preferências dos eleitores americanos sobre três aspectos:
1) Governo Obama;
2) Candidatos a Presidência; e
3) Mídia
Os resultados são realmente péssimos para as perspectivas de Obama.
Aqui vão alguns resultados (para ver todos, acessem: http://www.politico.com/static/PPM156_bg_41_questionnaire.html):
- Você acha que o país está na direção certa atualmente?
Direção certa fortemente............18%
Direção mais ou menos certa......12%
Direção mais ou menos errada......8%
Direção totalmente errada......55%
- Se a eleição fosse hoje em qual partido você votaria?
Republicanos....45%
Democratas......40%
- Qual a sua aprovação do governo Obama?
Aprovo Fortemente............35%
Desaprovo Fortemente...45%
Aprovo..............................11%
Desaprovo...........................6%
- Avalie os seguintes possíveis candidatos republicanos.
Sarah Palin - Favorável (44%), Desfavarável (49%)
Mitt Romney - Favorável (45%), Desfavarável (28%)
Mike Huckabee - Favorável (49%), Desfavarável (25%)
Newt Gingrich - Favorável (39%), Desfavarável (39%)
- Avalie o movimento Tea Party
Favorável 43% (fortemente - 25%, mais ou menos 18%)
Desfavorável 35% (fortemente - 9%, mais ou menos 26%)
- Reeeleição de Barack Obama
Votará a favor...................38%
Votará em outra pessoa.....57%
- Sarah Palin vs Barack Obama
Sarah Palin...... 42%
Obama............51%
- Defina Obama ideologicamente
Conservador................5%
Pouco Conservador.....5%
Moderado..................19%
Liberal........................24%
Muito Liberal............. 42%
- Qual fonte de notícias você usa para se informar?
Canais de notícias na TV a Cabo.....81% (sim), 19% (não)
Canais de notícias na TV aberta.......71%(sim), 29% (não)
Jornais.............................................71% (sim), 28% (não)
Websites e Blogs ............................39% (sim), 61% (não)
- Dentre os canais na TV a Cabo, quais você mais assiste?
CNN.........30%
FOX..........42%
MSNBC....12%
- Como você avalia esses comentaristas políticos da TV?
Sean Hannity .......35% (positivamente) 25% (negativamente)
Glenn Beck...........38% (positivamente) 32% (negativamente)
Bill O'Reilly............49% (positivamente) 32% (negativamente)
John Stewart.........34% (positivamente) 22% (negativamente)
Rush Limbaugh......36% (positivamente) 52% (negativamente)
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Custo das Políticas de Combate à Mudança Climática
É muito comum, no Brasil, para quem acredita em mudança climática antropogênica (gerada pelo homen), se considerar a energia hidrelétrica como limpa e renovável. Diz-se que ela é limpa por não emitir dióxido de carbono. No entanto, a hidrelétrica emite muito metano ao inundar áreas de vegetação. O metano é 23 vezes mais poluente do que o carbono. Além disso, a hidrelétrica pode prejudicar a fauna e a flora nativa, além das populações próximas a usina. O fato de ser renovável é relacionado ao regime de chuvas, mas o regime de chuvas é instável, como sabemos ao ver todo ano as preocupações com a falta ou o excesso de chuvas nas hidrelétricas.
Em todo caso, o Brasil deve perseguir o uso de hidrelétrica pois esse é o seu maior potencial de geração de energia.
O meu argumento é que todo país deve valorizar o potencial mais barato de obter energia, observando os custos ambientais entre todos os custos, mas, em primeiro lugar, observando o custo social (desemprego, queda na qualidade de vida).A preocupação com as pessoas deve ser a prioridade.
Christopher Booker (recomendo o site dele na minha lista abaixo) é um dos ativos escritores e articulistas que escrevem contra as medidas governamentais que procuram incentivar a chamada energia renovável sem observar os custos delas. Eu, assim como ele, não sou contra a adoção de fontes de energia que poluem menos o meio ambiente, mas temos de olhar o custo dessa polìticas para evitarmos a bancarrota dos países com seus elevados custos sociais.
Booker geralmente escreve um texto sobre isso nos fins de semana no jornal The Telegraph. No dia 18, escreveu um artigo mostrando os custo das energias renováveis para o Reino Unido. O artigo se chama
Britain's energy policy is in crisis (A Crise da Política Energética na Grã-Bretanha). Ele discute a meta da União Européia de gerar 1/3 de sua energia por fontes renováveos até 2020.
Vejamos alguns exemplos dados por Booker:
1) O custo dos subsídios de painéis solares é altíssimo em relação a energia gerada. Os consumidores têm de pagar de três a oito vezes mais pela energia gerada;
2) Os carros elétricos até agora têm sido um desastre de vendas e de consumo de energia. O Nissan Leaf, próximo lançamento, custará 23 mil libras e fará apenas 100 milhas (260 km) antes de precisar recarregar as baterias, e esse carregamente depende da geração de energia por meio de combustíveis fósseis (petróleo), diminuindo a redução de emissão de carbono;
3) O custo de estabelecer 2 milhões de bombas de calor para produzir energia ultrapassará em 13 milhões de libras os benefícios em 2030, e pouquíssimas dessas bombas podem ser realmente consideradas renováveis;
4) O governo desistiu da geração de energia por ondas porque seu custo é 10 vezes maior do que uma usina nuclear, que é livre de carbono.
Em um outro artigo, Booker falou sobre a energia eólica (The Thanet wind farm will milk us of billions ), o governo dará 1,2 bilhão de subsídios a um empresa sueca que produzirá energia eólica, quando uma estação de usina nuclear, que é limpa, poderia produzir 13 vezes mais de energia com muito maior confiabilidade (os ventos são erráticos).
O Reino Unido promete cortar 80% do seu carbono até 2050, a um custo de 80 bilhões de libras por ano, ou 734 bilhões no total. Para cumprir a meta, provavelmente a economia britância teria de parar.
O país deve rever suas metas, para o bem de sua população. Os outros devem observar os erros britânicos para não rasgarem dinheiro.
domingo, 26 de setembro de 2010
Bilderberg Conference - Esfriamento Global
Cadê o aquecimento global? Aquele gerado pela ação humana ao emitir dióxido de carbono? A ciência está com extrema dificuldade de provar a relação entre carbono e aquecimento e as temperaturas médias do planeta estão caindo desde 1998.
A Conferência de Bilderberg de junho deste ano incluiu em sua pauta o Esfriamento Global.
Essa conferência ocorre desde 1954, a portas fechadas, tem seu nome refletindo a primeira reunião que ocorreu em um hotel chamado Bilderberg na Holanda e é formada por reconhecidos líderes empresarias, políticos e acadêmicos do mundo. Por exemplo, esse ano os participantes incluíram Henry Kissinger (professor e ex-secretário de estado norte-americano), Bill Gates (homem mais rico do mundo), Niall Feerguson (reconhecido historiador britânico), Ribert Holbrooke (repreentante americano no Afeganistão e Paquistão), John Micklethwait (editor da The Economist) e John Elkann (chefe da FIAT). Vejam a lista completa em: http://www.bilderbergmeetings.org/participants_2010.html
Eis os temas que foram discutidos na reunião (percebam a abrangência): Reforma financeira, Segurança, Tecnologia cibernética, Energia, Paquistão, Afeganistão, Alimentação no mundo, Esfriamento Global, Rede de Relacionamento Global, Ciência Médica e Relações entre Estados Unidos e Europa.
São 130 participantes que se reúnem por três dias.
Esses participantes, como diz James Delingpole, sabem para onde os ventos sopram.
Delingpole, no entanto, e eu reforço o pedido, acha que aqueles que propagam e propagaram uma grande mudança de comportamento global para combater o suposto aquecimento global devem explicações.
Entre esses estão Al Gore, Barack Obama, Rajendra Pachauri, o próprio Bill Gates, Yvo de boer e George Soros. O lobby e as ações políticas deles envolveram milhões de recursos pagos pelos cidadãos de todo o mundo e muitos desses recursos foram parar em bolsos nada preocupados com o meio ambiente ou com a produção científica isenta de pressões políticas ou financeiras. Al Gore e Pachauri, por exemplo, enriqueceram enormemente, recebendo recursos públicos e privados.
sábado, 25 de setembro de 2010
Briga entre Irmãos
Hoje será decidido quem será o novo líder do Partido Trabalhista inglês. A disputa será entre os irmãos Ed Miliband e David Miliband (na foto acima Ed está na direita).
Muitos analistas associam Ed com Gordon Brown, último primeiro ministro trabalhista, e David, com Tony Blair, antecessor também trabalhista. Blair e Brown hoje são desafetos políticos. Recentemente, Blair lançou uma autobiografia em que ataca Brown, apesar da longa amizade dos dois e do convívio durante o inteiro período de governo Blair.
Os dois levaram o país a quase falência com as suas políticas de expansão do governo. A atual coalizão esdrúxula entre conservadores e liberais (extrema esquerda inglesa), que está no poder, está de forma vacilante tentando reduzir as várias agências governamentais criadas pelos dois e procurando cortar as despesas em geral.
O The Telegraph, no entanto, diz que os irmãos candidatos do Partido Trabalhista ainda estão tentando refazer a história e não admitem a falência do modelo Blair/Brown.
As perspectivas políticas na Inglaterra realmente não são boas. Os trabalhistas insistem no modelo equivocado e o atual governo é uma anomalia política. Ninguém se entende em termos de qual modelo econômico adotar, além da necessidade de reduzir as despesas minimamente. Basta ver o secretário de comércio Vince Cable (indicação dos liberais) que resolveu atacar banqueiros e empresários, usando aquela linguagem usada no Brasil pelo PSTU, dentro de um governo que procura reforçar a capacidade da economia inglesa, sinalizando redução de impostos. O restante do governo tenta se afastar das declarações dele.
A população não distingue mais quem é de direita e quem é de esquerda. Isso não é bom nem para a política nem para a economia.
No Brasil, diferentemente da Inglaterra, pelo menos até agora, nós temos decidido que o modelo econômico não é o do Vince Cable. Mas temos uma tendência de adotar um modelo econômico a lá Blair/Brown, com muitos ministérios, muitas agências governamentais e muito presença do governo na economia.
Na política, a gente há muito convive com a não distinção entre direita e esquerda, todos parecem ser de um mesmo partido de esquerda. Acho que todos os partidos brasileiros poderiam ser considerados Partidos Trabalhistas do tipo inglês. Nós não temos um Partido Republicano, como nos Estados Unidos.
A Inglaterra costumava ter, mas o atual primeiro ministro, David Cameron, não passa de um Tony Blair que quer reduzir um pouco os gastos.
PS: Por uma pequeníssima margem, Ed Miliband acabou ganhando. Sinalizando um partido mais esquerdista ainda, no viés deixado por Gordon Brown, que foi um desastre como primeiro ministro. Ed é conhecido como "Red Ed" por ser mais marxista que o irmão mais velho, David. O pai dos dois, Ralph Miliband, era um intelectual marxista. A força da vitória de Ed veio dos sindicatos, ele não ganhou entre os parlamentares trabalhistas.
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Coréia do Norte e Cuba - Monarquias?
O comunismo foi um desastre político, econômico e principalmente humano. Quantas vidas foram destruídas? Milhões e milhões. E continua sendo em Cuba e na Coréia do Norte, últimos bastiões dessa lógica destruidora do homem.
No post anterior, falei sobre os princípios ocidentais e disse que o individualismo está presente nos três princípios que relatei. No comunismo, a primeira coisa que ocorre é a destruição do indivíduo. Você não existe individualmente, existe apenas para justificar um partido, um líder, um grupo ou um estado.
Mas apesar da destruição do individualismo, paradoxalmente, o comunismo sempre resulta no culto a um indivíduo. Se observamos todos os exemplos, veremos que isso é verdade: Stálin, Pol Pot, Lenin, Castro, Tito, Kim Il Sung, Kim Jong Il...Isso torna o regime comunista idêntico a qualquer outra ditadura. Há uma necessidade do culto à personalidade do líder para eliminar ou reduzir as críticas.
Aliás, este resultado do comunismo foi didaticamente mostrado por George Orwell no seu, pequeno em tamanho e enorme em explicações, livro chamado Revolução dos Bichos. O porco Napoleão de Orwell representa todos esses ditadores, que se estabelecem com o discurso de salvação de um povo, de formação de uma nova era, mas que elegem uma elite militar para silenciar os divergentes.
Hoje, as duas resistências comunistas estão às voltas com problemas de sucessão, especialmente na Coréia do Norte. Nas duas, o efeito do individualismo comunista estabelece uma monarquia hereditária para a transição de poder. Em Cuba, Fidel Castro vai aos poucos passando o poder para seu irmão Raul Castro e na Coréia, ainda não se sabe para qual dos filhos Kim Jong Il passará o poder.
Mas, na Coréia do Norte, ninguém sabe de nada. Não se sabe nem se Kim Jong Il está vivo (há livros que contam que ele já morreu em 2003 de diabetes. O que parece na televisão é apenas sósia.). Há ainda chances de que o cunhado de Kim Jong Il, Chang Sung Taek, assuma.
Essa é outra característica dos regimes comunistas: o segredo. Ninguém sabe de nada. Tudo é feito às escondidas e com extremo controle da informação. É o próprio medo do outro que faz com que muitos regimes comunistas e ditatoriais se tornem monarquias hereditárias.
No dia 28 de setembro próximo era para ocorrer a primeira reunião em 30 anos dos membros do Partido dos Trabalhadores Coreanos (KWP) que iria decidir qual dos filhos iria suceder Kim Jong Il. Mas a reunião foi adiada sem qualquer explicação. A maior possibilidade é que o filho mais novo, Kim Jong Un que é filho da segunda mulher de Kim Jong Il, seja declarado o novo líder. Pois o filho mais velho já deu problemas diplomáticos com o Japão e a China e é filho da primeira esposa. Supostamente, a segunda esposa é mais querida pelo pai.
Na Coréia do Norte, há um extremismo exacerbado no culto à personalidade.
Kim Il Sung, que esteve no poder desde a fundação da nação em 1948 até a sua morte em 1984, é chamado de Grande Líder. Seu filho, atual líder, Kim Jong Il, é o Querido Líder. A mãe do fundador, Kang Ban Suk, é a Mãe da Coréia, a esposa dele, Kim Chong Suk é a Mãe da Revolução, e o seu irmão, Kim Chol Ju é o Guerreiro Revolucionário. A foto acima, do site da revista britânica The Economist, mostra uma visão idealizada de Kim Il Sung no cavalo com o filho Kim Jong Il e seu irmão Kim Chol Ju.
Como será chamado o novo Deus na terra comunista?
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Terror em Família
Ontem, foi anunciado que há possibilidade não remota de que ocorram ataques aos Estados Unidos piores do que ocorreu no dia 11 de setembro de 2001. Esses ataques seriam feitos por cidadãos norte-americanos. Grupos ligados a al-Qaeda estão arregimentando americanos e cidadãos ocidentais em geral para atacar seus próprios países ou outros países do ocidente.
O diretor do FBI Robert S. Mueller II, a Secretária do Interior Janet Napolitano e o Chefe Nacional Contra-Terrorismo Michael Leiter (foto acima do site da ABC News) deram depoimentos no Senado americano confirmando que cidadãos americanos estão sendo recrutados por grupos terroristas e poderão executar ataques ao próprio país.
Mueller dsise: "Parecer que extremismo doméstico e radicatlização estão se tornando mais profundos nos números de incidentes" ( It appears domestic extremism and radicalization appears to have become more pronounced based on the number of disruptions and incidents)
Janet Napolitano afirmou que terroristas nativos representam uma nova faceta das ameaças terroristas (Homegrown terrorists represent a new and changing facet of the terrorist threat....To be clear, by homegrown, I mean terrorist operatives who are U.S. persons, and who were radicalized in the United States)
Leiter declarou que os ataques terroristas são agora mais complexos e a grande variedade de possibilidades testam nossa habilidade de resposta a eles, torna difícil uma previsão de onde será o próximo ataque (The attack threats are now more complex, and the diverse array of threats tests our ability to respond, and makes it difficult to predict where the next attack may come)
Os recentes incidentes incluem: a tentativa de ataque ao metrô de Nova York executada po Najibullah Zazi, que é naturalizado norte-americano; o ataque ao Forte Hood Texas por um major das forças armadas norte-americanas que resultou em 13 mortes e a tentativa de ataque a Times Square em Nova York por Faisal Sahhzad, outro cidadão norte-americano.
Nos útlimos 3 anos, 60 americanos foram presos ou indiciados sob acusações de ações terroristas.
Ao que parece, e Leiter comentou isso, a percepção de que os membros das células de terror são vítimas e a glorificação do martírio pelo islamismo estão seduzindo muitos cidadãos ocidentais.
Os princípios ocidentais estão frágeis no coração de alguns e isso pode levar a destruição do ocidente por dentro.
O que são princípios ocidentais? Acredito que Livingstone sintetiza muito bem em seus três Cs: Cristianismo, Capitalismo e Civilização (estado de direito).
Para mim, o individualismo está presente nos três princípios.
O Cristianismo prega uma relação individual entre você e Deus, no qual Ele cobra que você deve servir aos outros, e prega que o Reino de Deus não é deste mundo (neste sentido, o Cristianismo não tem pretensões políticas terrenas). Não há no Cristianismo um pensamento de grupo, de comunidade ou de estado. É uma construção de fé individual, entre você e Deus. O Capitalismo é o egoísmo individual a serviço dos outros. Para se ganhar dinheiro é necessário servir aos outros, prover bens que os outros acham necessários. E o estado de direito só existe quando todos são individualmente iguais perante a lei, não há distinção alguma entre os seres humanos. A lei atinge você individualmente e não seu grupo, raça ou status social.
Bom, estes princípios estão, de certa forma, enraizados no ocidente, mas vivem sob constante ameaça e alguns cidadãos da região não os respeitam e lutam para derrotá-los. Ainda há bastante para defendê-los, mas temos que ficar atentos.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
O que Fazer Quando em Recessão: Reagan vs Obama
O jornal Wall Street Journal de hoje traz um relevante artigo que fornece bastantes dicas sobre como o que deve um país fazer para se recuperar de uma recessão econômica. O modelo adotado por Obama não tem surtido efeito (aliás, eu, junto com milhares de economistas, antevi isso), uma vez que o modelo keynesiano de usar gastos públicos para recuperar a economia não tem histórico de sucesso, apesar do esforço dos economistas keynesianos para mostrar que foi um sucesso antes da Segunda Guerra.
Tanto isso é verdade, que os economistas do governo Obama já começam a deixar seus cargos e aparentemente o secretário do Tesouro Tim Geithner é o próximo a sair. Hoje mesmo foi anunciada a saída de Lawrence Summers (professor de Harvard, ex-secretário do Teosuro na gestão Clinton) como chefe do Conselho Econômico Nacional. Antes dele, Christina Romer e Peter Orszag já haviam deixado a administração Obama.
O jornal faz uma comparação dos resultados econômicos do Obama com os de Regan.
A recessão de Obama durou 18 meses, segundo o National Bureau of Economic Research - NBER. Começou em dezembro 2007 e terminou em julho de 2009. Mas há controvérsias se já acabou ou se vem uma nova recessão no futuro próximo. A de Reagan durou 16 meses, também segundo NBER. Iniciou em julho de 1981 e finalizou em dezembro de 82.
O que salta aos olhos de qualquer um é a fraqueza da recuperação em Obama frente a recuperação feita nos anos de Reagan. Como mostra o gráfico acima.
Em 1983, a recuperação superou o pico do PIB anterior rapidamente. O crescimento foi de 4,5% em 1983, 7,2% em 1984, 4,1% em 1985 e continuou crescendo nos anos 80. O mais extraordinário, para mim, é o crescimento de 1984, elevadíssimo para um país desenvolvido e mesmo para um subdesenvolvido.
Com Obama, o PIB permenece 1,3% abaixo do pico anterior (quarto trimestre de 2007). Houve um crescimento de 5% no quarto trimestre de 2009 mas ocorreu uma forte desacelaração em 2010 para 1,6% no segundo trimestre deste ano.
Reagan em 1983 cortou tributos, reduziu a carga das regulações, reduziu juros. Com Obama, não há como reduzir mais juros, eles já estão em praticamente 0%, mas os tributos estão aumentando e novas regulamentações chegando.
São situações econômicas diferentes é certo, elas nunca são idênticas, mas as perspectivas do modelo Obama nunca foram boas, pois é o mercado privado que consegue alavancar com segurança a economia e não o governo, e agora, depois de muito tentar, com a persistência das altas taxas de desemprego, Obama começa a abandonar o seu modelo econômico.
Voltem para as pranchetas keynesianos e, principalmente, para os livros de economia e história!!
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Silêncio da Al-Qaeda
O site de inteligência Stratfor fez um interessante texto sobre a relação entre as celebrações de 11 de setembro e o grupo terrorista al-Qaeda.
Regularmente, nos anos anteriores, a mídia relacionada a al-Qaeda lançava várias manifestações dos líderes do grupo para reafirmar a posição deles em relação aos ataques ao World Trade Center de Nova York em 11 de setembro de 2001 . Em 2010, no entanto, ouviu-se o silêncio desses líderes e eles não apareceram nas imagens dos vídeos. O que será que está ocorrendo com os terroristas?
No primeiro ano dos ataques em 2002, a al-Qaeda soltou muitas mensagens. Essas mensagens incluem um vídeo chamado The Nineteen Martyrs (Os Dezenove Mártires), para lembrar os 19 terroristas dos aviões que derrubaram as torres gêmeas, um livro de al-Ansar contando as histórias dos ataques, um fita de áudio de Ayman al-Zawahiri, uma declaração do "escritório" da al-Qaeda, uma declaração do "porta-voz" do grupo Abu Ghaith e no dia 7 de outubro o próprio Osama bin Laden enviou uma mensagem ao público americano para atacar a invasão do Afeganistão pelos Estados Unidos.
Em setembro de 2003, foi liberado, via a rede de televisão Al Jazeera, um vídeo de bin Laden e al-Zawahiri andando nas montanhas e fazendo homenagens aos ataques de 11de setembro.
No outro ano, em 2004, uma mensagem de áudio de al-Zawahiri foi disponibilizada no mesmo dia de uma ataque à embaixada da Austrália em Jacarta, Indonésia. Além de um vídeo sobre o "martírio" de al-Ghamdi
Em setembro de 2005, uma mensagem de vídeo do americano Adam Gadahn, americano que fala pela al-Qaeda, no qual ele ameaça atacar Los Angeles e Melbourne. Al-Zawahiri também apareceu em um vídeo que continha o "martírio" de Mohammad Sidique Khan, líder dos ataques ao metrô de Londres no dia 7 de julho daquele ano.
Em setembro de 2006, tanto Gadahn e Zawahiri apareceram em um vídeo (foto acima). As-Sahab, um ramo de jornalístico da al-Qaeda, também fez um mensagem de vídeo intitulado Knowledge is for Acting Upon: The Manhattan Raid (podemos traduzir por "Para Conhecimento: O Ataque a Mahanttan"), uma entrevista com al-Zawahiri, além de um vídeo que mostrava bin Laden planejando os ataques de 11 de setembro.
Em setembro de 2007, um vídeo foi disponibilizado pelo As-Sahab que mostrava bin Laden flando e se chamava The Solution, além de um áudio com uma mensagem de bin Laden e outra de Abu Musab al-Shehri preparando os ataques de 11 de setembro.
Em 2008, mostrou-se um vídeo de al-Zawahiri criticando o Irã (?) por ajudar os americanos no Iraque e no Afeganistão. Outro vídeo chamado Results of 7 Years of the Crusades (Resultados de 7 Anos dos Cruzados) e outra mensagem de al-Zawahiri.
No ano passado, As-Sahab soltou um vídeo que continha uma gravação e apenas uma foto de bin Laden dirigindo uma mensagem ao povo norte-americano. Além de um vídeo chamado The Path of Doom (A Trajetória para a Dwestruição) de al-Zawahiri.
Este ano, foi disponibilizado apenas um vídeo da As-Sahab que continha um gravação com uma foto de al-Zawahiri. O vídeo foi chamado A Victorious Ummah, a Broken Crusade: Nine Years after the Start of the Crusader Campaign (Um Umã Vitorioso, Uma Cruzada Lançada: Nove Anos depois do Começo da Campanha das Cruzadas).
A história dos vídeos e mensagens mostra um declínio na investida da al-Qaeda à mída. E a mensagem deste ano não trouxe nenhuma posição ou ameaça novas do grupo, foi uma montagem do passado. Além disso, já faz um ano que não se vê vídeo com um líder da al-Qaeda.
Stratfor aponta alguns fatores para a queda nas mensagens da al-Qaeda. Pode ser: 1) Eles estão preparando um ataque, mas já ocorreram pronunciamentos em anos de ataques como em Madri (2004) e em Londres (2005); 2) Ações de Hackers que inibem a exibição dos pronunciamentos. Pode ser, mas há ainda sites abertos que propagam a al-Qaeda; 3) As inundações no Paquistão, mas as mensagens são geralmente feitas em diferentes períodos; 4) Ataques dos Estados Unidos ao Paquistão e às fronteiras do Afeganistão desde agosto de 2008, usando UAVs (unmanned aerial vehicles - armas aérias não-pilotadas). Mais de 1000 pessoas já morreram nestes ataques, incluindo líderes da al-Qaeda. Stratfor acha que esta é a melhor explicação. Mas ressalta, que pode ser a confluência dos fatores.
Em todo caso, ainda há tempo, infelizmente, para novas mensagens e vídeos ameaçadores da al-Qaeda.
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
John Henry Newman
O Papa beatificou ontem na Inglaterra o cardeal John Henry Newman. Newman foi um importante clérigo da Igreja Anglicana, membro de uma das mais prestigiadas universidades do mundo (Universidade de Oxford), que causou forte debate na Inglaterra quando se converteu ao catolicismo em 1845. A conversão ocorreu depois de intenso debate público e extrema meditação pessoal. Newman é autor de vários livros teológicos que mostram o processo de sua conversão.
E´essa meditação que o Papa reforçou durante sua homilia de beatificação. Bento XVI reafirmou que a busca pela verdade teológica não é prerrogativa dos membros de igrejas, mas de todos. Nas palavras do sumo pontífice:
"His (Newman) insights into the relationship between faith and reason, into the vital place of revealed religion in civilised society, and into the need for a broadly based and wide-ranging approach to education were not only of profound importance for Victorian England, but continue today to inspire and enlighten many all over the world. I would like to pay particular tribute to his vision for education, which has done so much to shape the ethos that is the driving force behind Catholic schools and colleges today. Firmly opposed to any reductive or utilitarian approach, he sought to achieve an educational environment in which intellectual training, moral discipline and religious commitment would come together.
And indeed, what better goal could teachers of religion set themselves than Blessed John Henry’s famous appeal for an intelligent, well-instructed laity: “I want a laity, not arrogant, not rash in speech, not disputatious, but men who know their religion, who enter into it, who know just where they stand, who know what they hold and what they do not, who know their creed so well that they can give an account of it, who know so much of history that they can defend it” (The present Position of Catholics in England, ix, 390). On this day when the author of those words is raised to the altars, I pray that, through his intercession and example, all who are engaged in the task of teaching and catechesis will be inspired to greater effort by the vision he so clearly sets before us."
Sempre que converso sobre religião (é um assunto delicado, mas não deve ser proibido), eu ressalto que Teologia é uma disciplina maravilhosa, mãe de tantas ciências e da filosofia, que merece que todos estudem. O conhecimento, além da fé, também nos leva a Deus. Só com conhecimento teológico e historico, como diz Newman, o cristão pode defender sua religião.
O Papa geralmente apenas canoniza, mas Bento XVI preferiu ele mesmo beatificar o cardeal Newman, para mostrar o caráter universal da importância da vida dele.
Eu só fiquei um pouco triste com um detalhe. O Papa escolheu o dia 9 de outubro (dia da conversão de Newman) como o dia da festa do novo beato. Poderia ter escolhido o dia seguinte, dia do meu aniversário.
Para informações completas sobre a visita do Papa a Inglaterra quando beatificou Newman, acesse:
http://www.catholicherald.co.uk/breaking/2010/09/19/the-definitive-guide-to-the-papal-visit-2010/
domingo, 19 de setembro de 2010
Bronzeado John Boehner
Caso se confirmem as previsões, os republicanos devem conseguir ampla maioria na Câmara dos Deputados do Congresso norte-americano, o que fará com que John Boehner (foto acima da Reuters) assuma como novo Speaker (presidente do Congresso).
Toby Harnden do jornal The Telegraph ficou interessado no político depois que o Presidente Obama, o porta-voz Robert Gibbs e o jornal New York Times, elegeram Boehner como inimigo público n.1 e o descreveram como "bronzeado, elitista, jogador de golfe e relacionado a lobistas". Harnden resolveu visitar a cidade de origem de Boehner para conferir.
Eu também fiquei intrigado com a acusação de bronzeado. Obama disse em um discurso: "He is a person of colour, although not a colour that appears in the natural world" (Ele uma pessoa de cor, embora não é um cor que parece ser do mundo natural). Não entendi o que ele quis dizer. Talvez queira relacionar Boehner àquelas pessoas que ficam se bronzeando ao sol, ou se está tentando relacionar a cor da pele ao fato de Boehner jogar golfe, que é um esporte ao ar livre. Sobre esse último aspecto, Obama deveria evitar o relacionamento de golfe com elitismo, pois Obama já saiu de férias várias vezes para fazer aulas de golfe.
Harnden, em sua pesquisa, não descobriu um elitista, mas sim uma pessoa que começou como zelador, teve que trabalhar em vários empregos para se graduar, entrou uma companhia de plásticos e se tornou presidente dela. Boehner é de uma família pobre de origem alemã e irlandesa e tem 11 irmãos, dividia seu quarto quando criança com 5 irmãos e uma das irmãs ainda mora na casa dos pais e trabalha no restaurante fundado pelo pai Andy Boehner, apesar da família já ter vendido o restaurante.
Nas pesquisas sérias não se conseguiu provar o relacionamento pernicioso de Boehner com lobistas, apenas que ele parece bronzeado e joga golfe. Sua irmã disse que os cabelos pretos e a cor da pele de Boehner vêm de sua mãe.
Quem desejar ver a descrição de Harnden acesse: http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/northamerica/usa/8009943/John-Boehner-the-second-of-12-kids-from-Ohio-who-is-Barack-Obamas-elitist-target.html
E também em, que tem a foto da casa onde morou Boehner: http://blogs.telegraph.co.uk/news/tobyharnden/100054239/so-is-john-boehner-really-the-elitist-fat-cat-democrats-say-he-is/
Esqueçam o Aquecimento Global
O consultor científico de Obama, John Holdren (foto) disse que as pessoas deveriam deixar de usar o termo "aquecimento global" e passar a usar "global climate disruption". Talvez possamos traduzir esse termo por "ruptura global do clima".
Obama não conseguiu aprovar a legislação sobre mudança climática e não há aquecimento global desde 1998. Desde esse ano, as médias de temperaturas caem. Ao retirar o termo "aquecimento" e colocar ruptura, Holdren deixa aberto a possibilidade de que a mudança climática pode ser esfriamento, mas continua reforçando a necessidade de uma legislação ampla que gerencie as crises supostamente provocadas pelo clima que também é supostamente perturbado pelo homem.
Para que se trate o problema da mudança climática, além da alteração climática, deve-se provar que essa alteração é provocada pelo homem. Os dois fatos são muito difíceis de provar cientificamente. A ciência está longe de ser estabelecida.
Há uma descrença generalizada no mundo em relação a idéia de mudança climática, especialmente nos países desenvolvidos que pagarão a conta de qualquer política global sobre o clima. Uma mudança de nome não altera as razões da descrença.
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
O Papa na Inglaterra e São Bento
Não gosto da BBC. Acho que o canal é ótimo em documentários sobre a natureza, aparentemente tem os melhores equipamentos e os usa muito bem para realizar esses documentários. Mas considero que a BBC é muito esquerdista em suas abordagens políticas e econômicas. No entanto, o canal apresentou um ótimo programa sobre o Papa, chamado Trials of a Pope.
O documentarista, Mark Dowd, inclusive, escreveu um excelente artigo no maior jornal inglês católico, Catholic Herald, chamado "How I Changed My Mind About the Pope" (Como eu Mudei Meu Pensamento Sobre o Papa). Para quem desejar ler, acesse: http://www.catholicherald.co.uk/features/2010/09/10/how-i-changed-my-mind-about-the-pope/
No artigo e no documentário, Dowd mostrou que a preocupação do Papa com a liturgia da Igreja sempre esteve presente com ele, mesmo antes de ingressar no sacerdócio.
Ao sair do campo de prisioneiros de guerra na Segunda Guerra Mundial, depois de andar por mais de 100 km, Joseph Ratzinger encontrou a igreja de sua cidade celebrando o Sagrado Coração. Ele sabia que sua mâe e sua irmã estavam na igreja naquele momento, e estava sedendo para reencontrá-las, mas não entrou na igreja para não perturbar a liturgia.
Ao sair do campo de prisioneiros de guerra na Segunda Guerra Mundial, depois de andar por mais de 100 km, Joseph Ratzinger encontrou a igreja de sua cidade celebrando o Sagrado Coração. Ele sabia que sua mâe e sua irmã estavam na igreja naquele momento, e estava sedendo para reencontrá-las, mas não entrou na igreja para não perturbar a liturgia.
Mas importante, o documentário mostra a extrema formação intelectual do Papa, que é membro de várias academias científicas da Europa e detentor de vários doutorados honoríficos. O Papa é capaz de discutir qualquer assunto com qualquer filósofo, como já vez várias vezes. Quem já leu qualquer um dos livros de Bento XVI sabe da sua mente aberta e da sua forte defesa do cristianismo em qualquer esfera intellectual.
O documentário, claro, também discute a atitude do papa frente ao homossexualismo e aos abusos da Igreja. E destrói muitos mitos de que ele estaria acobertando esses abusos.
O que me assusta, muitas vezes, é o desconhecimento da biografia de Ratzinger mesmo por parte dos padres, seja no Brasil ou na Inglaterra. Eu mesmo já cheguei a emprestar o livro Jesus de Nazaré do Papa para um padre brasileiro que dizia que não entendia esse papa e que gostava mais do João Paulo II.
Para entendê-lo, sugiro começar pelo nome que ele escolheu: Bento.
São Bento de Núrsia é o padroeiro da Europa, os seus mosteiros foram os grandes responsáveis pela manutenção da cultura Latina e grega na Europa com as invasões bárbaras na Idade Média e pela evangelização da região. São Bento era também preocupado com o comportamento dos membros da Igreja, estabeleceu a Regra de São Bento para os mosteiros.
São Bento de Núrsia é o padroeiro da Europa, os seus mosteiros foram os grandes responsáveis pela manutenção da cultura Latina e grega na Europa com as invasões bárbaras na Idade Média e pela evangelização da região. São Bento era também preocupado com o comportamento dos membros da Igreja, estabeleceu a Regra de São Bento para os mosteiros.
Em qualquer discurso, o Papa mostra preocupação com a manutenção da herança cristã na Europa e no mundo e é extremamente preocupado com o comportamento dos sacerdotes, neste mundo da internet.
Acima, mostro a medalha de São Bento.
São Bento sofreu tentações de satanás, por isso sua medalha procura afastar as investidas do demônio. Aqui vai uma explicação para as iniciais:
▪ Na frente da medalha:
"Ejus in obitu nostro praesentia muniamur" = Sejamos protegidos pela sua presença na hora de nossa morte.
▪ No verso:
CSPB = Crux Sancti Patris Benedicti (Cruz do Santo Pai Bento)
CSSML = Crux Sacra Sit Mihi Lux (A Cruz Sagrada Seja a Minha Luz)
NDSMD = Non Draco Sit Mihi Dux (Não seja o demônio o meu guia)
VRS = Vade retro, satana! (Para trás, satanás!)
NSMV = Nunquam Suade Mihi Vana (Nunca seduzas minha alma)
SMQL = Sunt Mala Quae Libas (São coisas más que brindas)
IVB = Ipse Venena Bibas (Bebas do mesmo veneno)
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Economia Iraniana - Fundo do Poço
Hossein Askari professor da Universidade George Washington fez um excelente texto sobre economia iraniana, ontem no jornal Asia Times. Ele mostrou o resultado, em termos econômicos, da revolução islåmica de 1979. Quem desejar ler o artigo no original acesse: http://atimes.com/atimes/Middle_East/LI15Ak01.html
Desde a revolução islâmica, o Irã teve principalmente dois problemas para se desenvolver: a guerra contra o Iraque (que provocou mais mortes no lado iraniano e destruiu parte de sua infra-estrutura) e as sanções norte-americanas, que está relacionada à política externa da revolução. Porém, Askari resume seu texto dizendo: "To say that Iranian economy has underperformed since the Shah's overthorw em 1979 would be an understatemet" (Dizer que a economia iraniana se desenvolveu abaixo do esperado desde a queda do Xá em 1979 seria uma subestimação).
Vamos aos números:
1) Em 1970, a economia iraniana era a 27a do mundo, em 1980 era a 19a, mas em 2005 ficou em 31a;
2) De 1980 a 2005, o crescimento da renda per capita foi de 0%;
3) Depois de 2005, a renda per capita cresceu movida pelo grande aumento dos preços do petróleo, mas isso foi insignificante diante de 30 anos após a revolução;
4) Em 1975, Irã produzia 5,35 milhões de barris por dia (mbd) e a Arábia Saudita, 7,1 mdb. Em 2009, o Irã produziu 4,0 mbd e a Arábia Saudita, 8,3 mdb.
5) Para gás natural, Irã e Catar têm o mesmo nível de reservas, mas enquanto o Catar é líder em exportação de gás natural liqüefeito (LNG), o Irã não exporta nada;
6) De acordo com o FMI, o Irã é o primeiro entre os países em desenvolvimento em fuga de cérebros. Pelo menos, 150 mil iranianos deixam o país todo ano, aproximadamente 25% de todos os iranianos com educação secundária vivem no exterior;
7) A receita tributária do governo central é quase exclusivamente sobre petróleo e gás (80%);
8) Hoje, 65% dos empregos estão no governo.
Depois da revolução de 1979, o governo iraniano realizou uma série de nacionalizações e colocou associados ao novo regime para gerir as indústrias. O resultado foi a destruição das indústrias que o governo respondia com mais proteção tarifária.
No regime do Xá a corrupção estava presente no país, mas muito limitada aos membros da família real e oficiais do governo. Hoje, a corrupção é generalizada.
Na administração Ahmadinejad, a Guarda Revolucionária Islâmica foi reforçada e está em todos os ramos da atividade (com vários casos de corrupção). Ahmadinejad faz uma política populista com as receitas do petróleo, aumentando os gastos públicos e mantendo taxa e juros negativas e taxa de câmbio praticamente fixa. Mesmo assim a taxa de desemprego deve estar por volta de 25%. Para aliviar a pressão da queda no desenvolvimento, o governo também usa subsídios para alimentos e petróleo, que hoje representam de 25 a 30% do PIB. Esses gastos prejudicam os aportes para educação e saúde.
Quando mais carente, mais o povo tem dificuldade de eleger um representante, as necessidades de sobrevivência são mais prementes do que a defesa das instituições, e isso é reforçado pela fuga de cérebros. Por isso tenho bastante dificuldade de ver solução interna para o Irã.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Tea Party mostra sua força de novo
Logo no início do governo Obama, ficou claro que a administração iria aumentar a presença do governo em muitas instâncias da sociedade. Obama usa um modelo de administração da extrema esquerda. Na economia, adota o keynesianismo, que usa os gastos públicos para incentivar o crescimento econômico. Nas questões sociais tem um discurso populista, incentiva a formação de uma sociedade secularizada, estimula a participação dos sindicatos e ONGs para a defesa de seu governo e procura estabelecer os inimigos de sempre da esquerda: imprensa e grupos da sociedade civil não ligados a sindicatos.
No ramo da imprensa, Obama, muitos membros do seu staff e parlamentares do partido democrata elegeram a Fox News, Rush Limbaugh e o Drudge Report como seus inimigos, especialmente a Fox News pelo alcance da programação da emissora. Dentro da Fox News, os inimigos declarados são Bill O'Reilly e Glenn Beck, que são os apresentadores de maior audiência do país em seus respectivos horários.
Entre o grupos da sociedade civil, como inimigo, ninguém é mais destacado do que o Tea Party. Tea Party é um movimento popular iniciado em abril do ano passado depois de uma série de protestos contra o governo Obama, porque percebeu que Obama pretendia aumentar o tamanho do estado e estava avançando sobre as liberdades individuais. O Tea Party tem esse nome para lembrar uma ação do colonos americanos contra a "taxação sem representação" da Inglaterra em 1773 em Boston. Eles também definem o TEA como "Taxed Enough Already" (já taxados demais), para ressaltar sua preocupação com o avanço estatal.
O Tea Party logo conseguiu apoio de alguns apresentadores e políticos, com especial destaque para Sarah Palin que foi vice na chapa do senador McCain, derrotado por Obama. O grupo ficou tão forte que domina os noticiários quando dá apoio a algum político em campanha.
Ontem, o grupo mostrou força novamente ao eleger dois candidatos dentro das primárias do partido republicano.
Christine O'Donnell derrotou o candidato Mike Castle em Delaware que foi nove vezes eleito parlamentar entre os republicanos. A vitória dela é creditada ao Tea Party e ao apoio de Sarah Palin, pois ela teve de lutar contra a direção do próprio partido que apoiava Castle. Não se sabe agora se esses apoios vão ser suficientes para derrotar o candidato democrata Christopher Coons nas eleições de novembro.
Em Nova York, nas primárias para o governo do Estado, Carl Paladino derrotou Rick Lazio e vai enfrentar Andrew Cuomo em novembro. A vitória de Paladino também é creditada ao Tea Party.
Os sindicatos e ONGs de esquerda são muito mais presentes como movimentos da sociedade civil tanto nos Estados Unidos como qualquer lugar do mundo. Mas a sociedade americana, diferentemente de qualquer outra, consegue também estabelecer movimentos conservadores que não são financiados pelo Estado e se tornam tão influentes que dominam o debate político. Esses grupos fazem muita falta em qualquer país. Eles melhoram em muito o nível do debate, fazem a sociedade avançar e contém o ímpeto absolutista de qualquer governo.
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Corrida Armamentista no Oriente Médio
Em meio às negociações de paz entre o Fatah e Israel, à ameaça de bomba nuclear iraniana, à saída de tropas do Iraque e ao interminável conflito no Afeganistão, os Estados Unidos anunciaram hoje uma grande venda no valor 30 bilhões de dólares de jatos F-15 e helicópteros Apache, Black Hawks e Little Birds para a Arábia Saudita.
A venda pode ajudar a diminuir a taxa de desemprego nos Estados Unidos e, assim, colaborar com os democratas (partido de Obama) na próxima eleição de novembro, mas também pode acelerar a corrida armamentista no Oriente Médio.
Para evitar preocupações de Israel e possível lobby israelita no Congresso, a venda não inclui equipamentos como sistemas de armas de longo alcance, para manter a superioridade de Israel na região.
Bom, Israel realmente deve se preocupar, é cercado de inimigos e a Turquia está se tornando uma fonte de preocupação, mas os Estados Unidos quer reforçar os armamentos dos países islâmicos considerados moderados, como a Arábia Saudita e os Emirados Arábes, que também devem se reforçar militarmente comprando armas dos americanos. Além de Israel, esses dois países árabes não querem nem ouvir falar em um Irã nuclear. Qualquer país sério também não.
domingo, 12 de setembro de 2010
Britânicos querem deixar UE
A União Européia atravessa uma crise de apoio. Menos da metade dos cidadãos dos países membros acreditam que a UE é uma coisa boa. Apenas 19% acham que a UE é democrática. No Reino Unido esse número cai para 10%.
Em uma pesquisa do Yougov da semana passada, observou-se que a maioria dos britânicos preferem que o Reino Unido abandone a União Européia - UE (47%), contra 33% que desejam que o país permaneça. Se excluirmos aqueles que não votariam e aqueles que não sabem, 59% dos britânicos querem deixar o grupo europeu. O desejo de sair é maior entre as mulheres e entre os mais velhos.
Entre os eleitores conservadores, mantendo os que não votariam e os que não sabem, 63% abandonariam a UE, mas entre os eleitores trabalhistas e liberais, a maioria ainda quer permanecer (46% e 56% respectivamente).
O interessante e revelador do futuro é que hoje o governo do país é uma coalizão formada por conservadores e liberais, os dois extremos. O que é uma anomalia política e ideológica. Assim, a chance de um referendo para decidir a questão é bastante remota, ocorreria com elevadíssimo risco do governo cair.
Mas há muita pressão para um referendo e o atual primeiro-ministro, David Cameron, chegou a defender veemente isso no passado. No entanto, cada vez que ficou mais próximo de se tornar primeiro-ministro foi abandonando a idéia. Hoje, seu governo nem fala disso, muito pelo contrário, dá sinais que apóia a permanência UE.
Muitos que o apoiaram Cameron no passado o abandonaram porque ele deixou de apoiar publicamente o referendo para deixar a UE. Mas um caso interessante é o do parlamentar conservador da UE Daniel Hannan, que ataca a UE mesmo sendo parlamentar dela, sempre defendeu o referendo, mas continua dando apoio a Cameron. Pobre Hannan. Está fazendo o papel de bobo da corte, sofrendo sarcasmo tanto de conservadores como de esquerdistas.
PS: Esse é o meu post de número 100. Não sei até quando vou conseguir tempo para escrevê-lo, mas estou bastante feliz com o blog. Aprendo bastante quando escrevo e quando recebo comentários.
Em uma pesquisa do Yougov da semana passada, observou-se que a maioria dos britânicos preferem que o Reino Unido abandone a União Européia - UE (47%), contra 33% que desejam que o país permaneça. Se excluirmos aqueles que não votariam e aqueles que não sabem, 59% dos britânicos querem deixar o grupo europeu. O desejo de sair é maior entre as mulheres e entre os mais velhos.
Entre os eleitores conservadores, mantendo os que não votariam e os que não sabem, 63% abandonariam a UE, mas entre os eleitores trabalhistas e liberais, a maioria ainda quer permanecer (46% e 56% respectivamente).
O interessante e revelador do futuro é que hoje o governo do país é uma coalizão formada por conservadores e liberais, os dois extremos. O que é uma anomalia política e ideológica. Assim, a chance de um referendo para decidir a questão é bastante remota, ocorreria com elevadíssimo risco do governo cair.
Mas há muita pressão para um referendo e o atual primeiro-ministro, David Cameron, chegou a defender veemente isso no passado. No entanto, cada vez que ficou mais próximo de se tornar primeiro-ministro foi abandonando a idéia. Hoje, seu governo nem fala disso, muito pelo contrário, dá sinais que apóia a permanência UE.
Muitos que o apoiaram Cameron no passado o abandonaram porque ele deixou de apoiar publicamente o referendo para deixar a UE. Mas um caso interessante é o do parlamentar conservador da UE Daniel Hannan, que ataca a UE mesmo sendo parlamentar dela, sempre defendeu o referendo, mas continua dando apoio a Cameron. Pobre Hannan. Está fazendo o papel de bobo da corte, sofrendo sarcasmo tanto de conservadores como de esquerdistas.
PS: Esse é o meu post de número 100. Não sei até quando vou conseguir tempo para escrevê-lo, mas estou bastante feliz com o blog. Aprendo bastante quando escrevo e quando recebo comentários.
sábado, 11 de setembro de 2010
O Efeito Maléfico de um Discurso de Kennedy
Amanhã, faz 50 anos que John Kennedy, então candidato a presidência, fez um importante discurso (escrito por Theodore Sorensen ) em Houston.
Kennedy foi o primeiro e até agora o único presidente católico dos Estados Unidos. No discurso, ele tenta refutar os ataques dos protestantes que diziam que a Igreja Católica não reconhecia separação entre Igreja e Estado, que Kennedy iria administrar os Estados Unidos monitorado pelo Papa, que ia transformar o país em América Latina, etc.
O candidato não podia ignorar esses ataques e marcou um discurso para um grupo de clérigos protestantes no Greater Houston Ministerial Association em 12 de setembro de 1960.
No discurso, Kennedy diz:
I believe in a President whose views on religion are his own private affair, neither imposed upon him by the nation or imposed by the nation upon him as a condition to holding that office….
Whatever issues may come before me as President, if I should be elected – on birth control, divorce, censorship, gambling, or any other subject – I will make my decision in accordance with these views, in accordance with what my conscience tells me to be in the national interest, and without regard to outside religious pressure or dictate. And no power or threat of punishment could cause me to decide otherwise.
(Eu acredito em um presidente em que suas posições religiosas são uma questão particular, nem impostas sobre ele pela nação ou impostas pela nação sobre ele como uma condição para mantê-lo na presidência...
Quaisquer problemas que cheguem a mesa presidencial, se eu for eleito – seja sobre aborto, divórcio, censura, jogo ou qualquer outro assunto – eu decidirei com essas posição, em acordo com o que minha consciência me diz ser o melhor para a nação, e sem considerar pressões religiosas ou ditames. E nenhum poder ou ameaça de punição pode me fazer decidir de outra forma)
Até hoje esse discurso é matéria de debate. Kennedy só queria ganhar a eleição, nada mais do que isso.
No entanto, eu concordo com alguns analistas católicos que o resultado do discurso foi pernicioso para os próprios católicos e mesmo para os crentes em geral. Hoje, políticos católicos como John Kerry votam a favor do aborto, dizendo que são contra na “vida privada” mas são a favor na “vida pública”.
O que é uma idiotice. A crença na vida não tem limites, não tem separações entre vida pública e privada. A fé no que é melhor para o ser humano, inclusive os não crentes, não deixa de existir ao entrar em um Congresso. Como disse, o periódico católico Ave Maria: “To relegate your conscience to your ‘private life’ is not only unrealistic, but dangerous as well.” (Relegar sua consciência para sua vida privada não é apenas não relatístico, mas também perigoso).
Além disso, enquanto a igreja não deva nunca coagir políticos, ela é livre para instruir os católicos como decidir publicamente sobre questões morais.
Como já falei neste blog, durante as eleições na Inglaterra, a Igreja Católica do país divulgou um panfleto dizendo como o católico deveria votar seja como cidadão ou membro do Congresso. Os católicos deveriam honrar sua fé também nos seus votos.
O discurso de Kennedy, apesar de ter ajudado a eliminar o fanatismo contra os católicos nos Estados Unidos, justifica hoje as decisões políticas erráticas dos católicos.
Kennedy foi o primeiro e até agora o único presidente católico dos Estados Unidos. No discurso, ele tenta refutar os ataques dos protestantes que diziam que a Igreja Católica não reconhecia separação entre Igreja e Estado, que Kennedy iria administrar os Estados Unidos monitorado pelo Papa, que ia transformar o país em América Latina, etc.
O candidato não podia ignorar esses ataques e marcou um discurso para um grupo de clérigos protestantes no Greater Houston Ministerial Association em 12 de setembro de 1960.
No discurso, Kennedy diz:
I believe in a President whose views on religion are his own private affair, neither imposed upon him by the nation or imposed by the nation upon him as a condition to holding that office….
Whatever issues may come before me as President, if I should be elected – on birth control, divorce, censorship, gambling, or any other subject – I will make my decision in accordance with these views, in accordance with what my conscience tells me to be in the national interest, and without regard to outside religious pressure or dictate. And no power or threat of punishment could cause me to decide otherwise.
(Eu acredito em um presidente em que suas posições religiosas são uma questão particular, nem impostas sobre ele pela nação ou impostas pela nação sobre ele como uma condição para mantê-lo na presidência...
Quaisquer problemas que cheguem a mesa presidencial, se eu for eleito – seja sobre aborto, divórcio, censura, jogo ou qualquer outro assunto – eu decidirei com essas posição, em acordo com o que minha consciência me diz ser o melhor para a nação, e sem considerar pressões religiosas ou ditames. E nenhum poder ou ameaça de punição pode me fazer decidir de outra forma)
Até hoje esse discurso é matéria de debate. Kennedy só queria ganhar a eleição, nada mais do que isso.
No entanto, eu concordo com alguns analistas católicos que o resultado do discurso foi pernicioso para os próprios católicos e mesmo para os crentes em geral. Hoje, políticos católicos como John Kerry votam a favor do aborto, dizendo que são contra na “vida privada” mas são a favor na “vida pública”.
O que é uma idiotice. A crença na vida não tem limites, não tem separações entre vida pública e privada. A fé no que é melhor para o ser humano, inclusive os não crentes, não deixa de existir ao entrar em um Congresso. Como disse, o periódico católico Ave Maria: “To relegate your conscience to your ‘private life’ is not only unrealistic, but dangerous as well.” (Relegar sua consciência para sua vida privada não é apenas não relatístico, mas também perigoso).
Além disso, enquanto a igreja não deva nunca coagir políticos, ela é livre para instruir os católicos como decidir publicamente sobre questões morais.
Como já falei neste blog, durante as eleições na Inglaterra, a Igreja Católica do país divulgou um panfleto dizendo como o católico deveria votar seja como cidadão ou membro do Congresso. Os católicos deveriam honrar sua fé também nos seus votos.
O discurso de Kennedy, apesar de ter ajudado a eliminar o fanatismo contra os católicos nos Estados Unidos, justifica hoje as decisões políticas erráticas dos católicos.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Modelo Cubano
Foto da AFP
Fidel declarou ao jornalista Jeffrey Goldberg da revista Atlantic que "“The Cuban model doesn’t really work for us any more.” (O modelo cubano não está realmente mais funcionando para nós).
Eu acho que esse "nós" só tem sentido histórico se se referir a ele e a seu grupo político, pois o povo desde sempre enfrentou tubarões para chegar no lado inimigo (Estados Unidos). Milhares morreram na travessia. Milhares foram presos ou mortos. Muitos atletas aproveitaram qualquer viagem paga pelo estado para fugir.
Muitos esquerdistas ainda mantém uma postura de que a culpa é dos Estados Unidos por manter o embargo econômico. Sempre que ouço isso, eu faço três perguntas: 1) Você sabe qual é o país que mais envia dinheiro para Cuba e que sem esse dinheiro a economia cubana estaria bem mais pobre?; 2) Você sabe qual é o país que mais tem negócio com Cuba, que mais vende produtos para os cubanos?; 3) O embargo econômico proibiu outros países de realizar negócios com Cuba ou só se refere aos Estados Unidos?
Bom, a resposta para as duas primeiras perguntas é "Estados Unidos" e para a terceira é "apenas os Estados Unidos".
Se o Fidel estiver se referindo à estatização da economia cubana que não está mais dando certo, ela nunca deu, e não há registro histórico de que o estado dominando a economia tenha gerado competitividade econômica. A China desde 1992 abandonou a estatização e viu a economia deslanchar. O Vietnã agiu da mesma forma e hoje é inclusive aliado militar norte-americano. Fidel, que está no poder há 50 anos, viu isso tudo passar. Talvez ainda achasse que o modelo fosse um dia triunfar, mesmo com todos os exemplos contra. Se esse foi o caso, o modelo cubano foi visto como se fosse um preceito religioso, defendia-se puranmente por fé, como é o "socialismo bolivariano" de Chávez.
Para mim, quem não percebeu que Cuba é um desastre político e econômico desde pelo menos 1989 é como aquela senhora do filme "Adeus Lênin" que era defensora do socialismo na Alemanha Oriental. Ela fica doente antes da queda do muro de Berlim, quando acorda e vê as pessoas na televisão pulando para o outro lado do muro, seus filhos dizem que na verdade as pessoas estavam pulando para o lado comunista para poder servir ao povo. Eles fazem isso preocupados com a saúde mental dela.
Temos de consultar a saúde mental das pessoas que defendem o modelo cubano.
O capitalismo é o único sistema econômico em que as pessoas não precisam de incenivos seja do estado ou religioso para servir aos outros. Como disse Adam Smith em 1776, a busca por riqueza incentiva a produção de bens e serviços mais baratos para todos, como prova a China todo santo dia.
Fidel declarou ao jornalista Jeffrey Goldberg da revista Atlantic que "“The Cuban model doesn’t really work for us any more.” (O modelo cubano não está realmente mais funcionando para nós).
Eu acho que esse "nós" só tem sentido histórico se se referir a ele e a seu grupo político, pois o povo desde sempre enfrentou tubarões para chegar no lado inimigo (Estados Unidos). Milhares morreram na travessia. Milhares foram presos ou mortos. Muitos atletas aproveitaram qualquer viagem paga pelo estado para fugir.
Muitos esquerdistas ainda mantém uma postura de que a culpa é dos Estados Unidos por manter o embargo econômico. Sempre que ouço isso, eu faço três perguntas: 1) Você sabe qual é o país que mais envia dinheiro para Cuba e que sem esse dinheiro a economia cubana estaria bem mais pobre?; 2) Você sabe qual é o país que mais tem negócio com Cuba, que mais vende produtos para os cubanos?; 3) O embargo econômico proibiu outros países de realizar negócios com Cuba ou só se refere aos Estados Unidos?
Bom, a resposta para as duas primeiras perguntas é "Estados Unidos" e para a terceira é "apenas os Estados Unidos".
Se o Fidel estiver se referindo à estatização da economia cubana que não está mais dando certo, ela nunca deu, e não há registro histórico de que o estado dominando a economia tenha gerado competitividade econômica. A China desde 1992 abandonou a estatização e viu a economia deslanchar. O Vietnã agiu da mesma forma e hoje é inclusive aliado militar norte-americano. Fidel, que está no poder há 50 anos, viu isso tudo passar. Talvez ainda achasse que o modelo fosse um dia triunfar, mesmo com todos os exemplos contra. Se esse foi o caso, o modelo cubano foi visto como se fosse um preceito religioso, defendia-se puranmente por fé, como é o "socialismo bolivariano" de Chávez.
Para mim, quem não percebeu que Cuba é um desastre político e econômico desde pelo menos 1989 é como aquela senhora do filme "Adeus Lênin" que era defensora do socialismo na Alemanha Oriental. Ela fica doente antes da queda do muro de Berlim, quando acorda e vê as pessoas na televisão pulando para o outro lado do muro, seus filhos dizem que na verdade as pessoas estavam pulando para o lado comunista para poder servir ao povo. Eles fazem isso preocupados com a saúde mental dela.
Temos de consultar a saúde mental das pessoas que defendem o modelo cubano.
O capitalismo é o único sistema econômico em que as pessoas não precisam de incenivos seja do estado ou religioso para servir aos outros. Como disse Adam Smith em 1776, a busca por riqueza incentiva a produção de bens e serviços mais baratos para todos, como prova a China todo santo dia.
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Islâmicos Moderados
Um pastor da Flórida deseja queimar o livro Alcorão no dia 11 de setembro e um imã islâmico deseja construir uma mesquita a dois quarteirões do local das Torres Gêmeas que foram derrubadas por radicais islâmicos. Aqueles que odeiam o cristianismo ou os judeus são contra o pastor e a favor da mesquita.
Reinaldo Azevedo, em um post sensacional hoje, mostrou onde está a verdade dessa posição: "Fomos seqüestrados pelo Maomé de Osama Bin Laden!" (http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/somos-agora-todos-suditos-dos-radicais-islamicos/#comment-1175616).
Isto é, o Ocidente se preocupa com o que o Islã vai pensar de nós, enquanto muitos países islâmicos não apenas queimam bandeiras ocidentais e bíblias mas também os próprios cristãos, com a condescendência dos governos.
Se eu tivesse que decidir diria não para as duas coisas, gostaria que não queimassem o Alcorão e não permitiria a afronta da mesquita perto das Torres Gêmeas. Aliás, é bom que se diga, e o Reinaldo Azevedo se esqueceu de mencionar, essa minha posição que é idêntica a do Reinaldo, é também a posição dos norte-americanos. Não devemos confundir a posição dos americanos, com a posição do governo dos Estados Unidos. Obama é recorrente em tomar posição contrária a maioria da população. Foi assim no caso da aprovação da reforma da saúde, nos ataques a lei de imigração do estado do Arizona ou quando tentou implementar uma nova lei de energia. Os americanos na sua grande maioria (por volta de 70%) não querem a mesquita. Não conheço nenhuma pesquisa sobre a queima do Alcorão, mas a maioria também seria contra, pois a ação conseguiria agregar adversários conservadores e liberais.
Mudando um pouco de assunto, há duas semanas, o jornal Wall Street Journal, fez uma pergunta a 5 especialistas em islamismo, sobre a existência do chamado Islã Moderado. Será que existe aqueles que sigam o islamismo, mas que não queiram destruir as religiões e o próprio povo do Ocidente?
Recomendo a leitura do artigo, vou apresentar aqui apenas algumas frases dos 5 especialistas. O resumo dos argumentos é que existe um Islã Moderado, mas ele foi derrotado pelo extremismo e são imensas as dificuldades para que os defensores de uma convivência pacífica dominem aqueles que querem uma jihad (guerra santa) contra os cristãos ou judeus.
Quem desejar ler o artigo do Wall Street Journal acesse em: http://online.wsj.com/article/SB10001424052748703369704575461503431290986.html.
Aqui vão algumas frases interessantes dos especialistas:
The tyrants and oppressive regimes that have been the real impediment to peace and progress in the Muslim world must hear our unanimous condemnation. The ball is in our court. (Os tiranos e regimes opressivos que têm sido o impedimento real para a paz e o progresso no mundo muçulmano, eles devem ouvir a condenação unânime (dos islâmicos moderados ao extremismo). A bola está no nosso lado.) - autor: Anwar Ibrahim.
A form of moderation has been a central part of Islam from the very beginning. True, Muslims are nowhere commanded to love their neighbors, as in the Old Testament, still less their enemies, as in the New Testament. But they are commanded to accept diversity, and this commandment was usually obeyed. ( A moderação tem sido um parte central do Islã desde o começo. É verdade, muçulmanos não são guiados pelo amor ao próximo, como no Velho Testamento, muito menos amor aos inimigos, como no Novo Testamento. Mas eles são guiados para aceitar a diversidade, e essa obrigação é geralmente obedecida) - autor: Bernard Lewis.
I am fully Muslim and fully Western. Don't call me moderate—call me a normal Muslim. (Eu sou completamente Muçulmano e completamente Ocidental. Não me chame de moderado, me chame de muçulmano normal) - autor: Ed Husain.
Even in Turkey, where authoritarian secularism has changed the Muslim identity more profoundly than anywhere else in the Old World, a totally secularized Muslim would never call a non-Muslim citizen of the state a Turk. (Mesmo na Turquia, onde o secularismo autoritário tem mudado a identidade muçulmana mais profundamente que em qualquer outro lugar do Velho Mundo, um muçulmano totalmente secularizado nunca chamaria um não-muçulmano de cidadão do estado Turco) - autor: Reuel Marc Gerecht
Moderate Islam must not be passive. It needs to actively reinterpret the violent parts of the religious text rather than simply cherry-picking the peaceful ones.( Islã Moderado não deve ser passivo. Ele precisa ativamente reinterpretar as partes violentas dos textos religiosos e não simplesmente ficar escolhendo partes pacíficas) - autor: Tawfik Hamid.
Gostei bastante e achei muito explicativas todas as frases acima. E, para mim, o preceito "amai os vossos inimigos" faz toda a diferença entre cristãos e muçulmanos.
Reinaldo Azevedo, em um post sensacional hoje, mostrou onde está a verdade dessa posição: "Fomos seqüestrados pelo Maomé de Osama Bin Laden!" (http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/somos-agora-todos-suditos-dos-radicais-islamicos/#comment-1175616).
Isto é, o Ocidente se preocupa com o que o Islã vai pensar de nós, enquanto muitos países islâmicos não apenas queimam bandeiras ocidentais e bíblias mas também os próprios cristãos, com a condescendência dos governos.
Se eu tivesse que decidir diria não para as duas coisas, gostaria que não queimassem o Alcorão e não permitiria a afronta da mesquita perto das Torres Gêmeas. Aliás, é bom que se diga, e o Reinaldo Azevedo se esqueceu de mencionar, essa minha posição que é idêntica a do Reinaldo, é também a posição dos norte-americanos. Não devemos confundir a posição dos americanos, com a posição do governo dos Estados Unidos. Obama é recorrente em tomar posição contrária a maioria da população. Foi assim no caso da aprovação da reforma da saúde, nos ataques a lei de imigração do estado do Arizona ou quando tentou implementar uma nova lei de energia. Os americanos na sua grande maioria (por volta de 70%) não querem a mesquita. Não conheço nenhuma pesquisa sobre a queima do Alcorão, mas a maioria também seria contra, pois a ação conseguiria agregar adversários conservadores e liberais.
Mudando um pouco de assunto, há duas semanas, o jornal Wall Street Journal, fez uma pergunta a 5 especialistas em islamismo, sobre a existência do chamado Islã Moderado. Será que existe aqueles que sigam o islamismo, mas que não queiram destruir as religiões e o próprio povo do Ocidente?
Recomendo a leitura do artigo, vou apresentar aqui apenas algumas frases dos 5 especialistas. O resumo dos argumentos é que existe um Islã Moderado, mas ele foi derrotado pelo extremismo e são imensas as dificuldades para que os defensores de uma convivência pacífica dominem aqueles que querem uma jihad (guerra santa) contra os cristãos ou judeus.
Quem desejar ler o artigo do Wall Street Journal acesse em: http://online.wsj.com/article/SB10001424052748703369704575461503431290986.html.
Aqui vão algumas frases interessantes dos especialistas:
The tyrants and oppressive regimes that have been the real impediment to peace and progress in the Muslim world must hear our unanimous condemnation. The ball is in our court. (Os tiranos e regimes opressivos que têm sido o impedimento real para a paz e o progresso no mundo muçulmano, eles devem ouvir a condenação unânime (dos islâmicos moderados ao extremismo). A bola está no nosso lado.) - autor: Anwar Ibrahim.
A form of moderation has been a central part of Islam from the very beginning. True, Muslims are nowhere commanded to love their neighbors, as in the Old Testament, still less their enemies, as in the New Testament. But they are commanded to accept diversity, and this commandment was usually obeyed. ( A moderação tem sido um parte central do Islã desde o começo. É verdade, muçulmanos não são guiados pelo amor ao próximo, como no Velho Testamento, muito menos amor aos inimigos, como no Novo Testamento. Mas eles são guiados para aceitar a diversidade, e essa obrigação é geralmente obedecida) - autor: Bernard Lewis.
I am fully Muslim and fully Western. Don't call me moderate—call me a normal Muslim. (Eu sou completamente Muçulmano e completamente Ocidental. Não me chame de moderado, me chame de muçulmano normal) - autor: Ed Husain.
Even in Turkey, where authoritarian secularism has changed the Muslim identity more profoundly than anywhere else in the Old World, a totally secularized Muslim would never call a non-Muslim citizen of the state a Turk. (Mesmo na Turquia, onde o secularismo autoritário tem mudado a identidade muçulmana mais profundamente que em qualquer outro lugar do Velho Mundo, um muçulmano totalmente secularizado nunca chamaria um não-muçulmano de cidadão do estado Turco) - autor: Reuel Marc Gerecht
Moderate Islam must not be passive. It needs to actively reinterpret the violent parts of the religious text rather than simply cherry-picking the peaceful ones.( Islã Moderado não deve ser passivo. Ele precisa ativamente reinterpretar as partes violentas dos textos religiosos e não simplesmente ficar escolhendo partes pacíficas) - autor: Tawfik Hamid.
Gostei bastante e achei muito explicativas todas as frases acima. E, para mim, o preceito "amai os vossos inimigos" faz toda a diferença entre cristãos e muçulmanos.
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Novas Frases
Com o incentivo de Celso Arnaldo, que me deixou muito lisonjeado ao recomendar meu blog no site do brilhante Augusto Nunes, e da leitora Edda, eu vou começar a incluir novas frases na minha lista abaixo.
Hoje vou incluir duas frases do genial político e filósofo inglês Edmund Burke.
A primeira fala da diferença entre aqueles que são mais salientes em uma sociedade (políticos e intelectuais) e o povo. É uma lição de humildade para todos os analistas.
Aqui vai a frase:
“Because half a dozen grasshoppers under a fern make the field ring with their importunate chink, whilst thousands of great cattle, reposed beneath the shadow of the British oak, chew the cud and are silent, pray do not imagine that those who make the noise are the only inhabitants of the field; that, of course, they are many in number; or that, after all, they are other than the little, shrivelled, meagre, hopping, though loud and troublesome insects of the hour.”
Não vou traduzir ao pé da letra, mas a ela argumenta que não se deve achar que meia dúzia de gafanhotos (políticos e supostos intelectuais) são os únicos habitantes de um local só porque fazem mais barulho que um vasto rebanho bovino silencioso.
Daniel Hannan, que também gosta muito da frase, a sintetiza como: "o gado é mais sábio que os gafanhotos"
No entanto, Hannan argumenta isso observando o povo inglês. Acho que para que o povo faça escolhas sábias, a educação é essencial. Muitos países não provém educação adequada a seus cidadãos e estes fazem péssimas escolhas políticas. Daí, precisamos de outra frase de Burke:
“Education is the cheap defense of nations” (A Educação é o meio mais barato de se defender os países)
Hoje vou incluir duas frases do genial político e filósofo inglês Edmund Burke.
A primeira fala da diferença entre aqueles que são mais salientes em uma sociedade (políticos e intelectuais) e o povo. É uma lição de humildade para todos os analistas.
Aqui vai a frase:
“Because half a dozen grasshoppers under a fern make the field ring with their importunate chink, whilst thousands of great cattle, reposed beneath the shadow of the British oak, chew the cud and are silent, pray do not imagine that those who make the noise are the only inhabitants of the field; that, of course, they are many in number; or that, after all, they are other than the little, shrivelled, meagre, hopping, though loud and troublesome insects of the hour.”
Não vou traduzir ao pé da letra, mas a ela argumenta que não se deve achar que meia dúzia de gafanhotos (políticos e supostos intelectuais) são os únicos habitantes de um local só porque fazem mais barulho que um vasto rebanho bovino silencioso.
Daniel Hannan, que também gosta muito da frase, a sintetiza como: "o gado é mais sábio que os gafanhotos"
No entanto, Hannan argumenta isso observando o povo inglês. Acho que para que o povo faça escolhas sábias, a educação é essencial. Muitos países não provém educação adequada a seus cidadãos e estes fazem péssimas escolhas políticas. Daí, precisamos de outra frase de Burke:
“Education is the cheap defense of nations” (A Educação é o meio mais barato de se defender os países)
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Investigando Corrupção
O Jornal Wall Street Journal entrevistou Jules Kroll, ontem. Ele fundou, e era dono até 2004, da agência de investigação chamada Kroll. Essa agência ficou famosa por descobrir na década de 80 o paradeiro de milhões de dólares de corrupção do presidente das Filipinas Ferdinand Marcos e de sua esposa Imelda Marcos. Em 1990, em um contrato com o governo do Kuwait, a Kroll também descobriu onde estavam os ativos de Saddam Hussein roubados daquele país.
Jules Kroll criou agora uma nova companhia chamada Kroll Bond Ratings Agency. A sua idéia é desafiar o oligopólio que existe no mundo financeiro dominado por três companhias que fazem avaliação do risco de crédito de empresas, governos e títulos de crédito (Standard and Poor's, Moody's e Fitch).
Essas empresas geralmente são flagradas durante crises financeiras avaliando bem ativos ou governos que já estavam em processo de falência. Para evitar processos, elas sempre se posicionam dizendo que apenas emitem opiniões. Kroll achou a vida delas muito fácil: ganham muito dinheiro para emitir opiniões e não são responsabilizadas por seus erros.
Mas disse que seu intuito é procurar “onde há bagunça”. Ele argumenta que o governo federal norte-americano é geralmente limpo, mas nos municípios há muita discrepância de qualidade. Há bastante fonte de corrupção.
Ainda na entrevista, Kroll faz uma análise rápida de três países: Rússia, China e Índia.
1) Rússia - "the country is increasingly run by a clique of people who have no interest in a democratic form of existence. They have the same values that they had 20 and 25 and 30 years ago. They've just cleaned up a little bit." (o país está sendo cada vez mais dominado por um grupo de pessoas que não tem nenhum compromisso com a democracia. Eles têm os mesmos valores que tinham 20, 25 e 30 anos atrás. Eles estão apenas um pouco mais limpinhos”.
2) China – “China is "endlessly mercantile. I really don't know too many western companies that ever make any money there...and there really is no rule of law." (A China é de natureza mercantil. Eu realmente não conheço muitas companhias ocidentais que conseguiram fazer dinheiro lá...não existe estado de direito por lá”)
3) Índia – “They have a rule of law. Yes, there's a lot of corruption, but it really is a democracy, and it really does have a free press." (Eles seguem as leis. Sim, há muita corrupção, mas é uma democracia, e eles têm imprensa livre).
Ele não disse nada sobre o Brasil ou qualquer país da América Latina, nem foi perguntado. Isso sempre me dá a impressão de que os americanos ou conhecem muito bem a gente para perguntar, ou não tem o menor interesse, ou as duas coisas.
Mas o que diria Kroll sobre o Brasil? Duas coisas são garantidas: há bastante corrupção no Brasil e há grupos políticos que não respeitam a democracia. Acho também que não seria tão complicado encontrar os culpados, como foi no caso de Saddam Hussein ou Ferdinand Marcos. O problema é a fragilidade do nosso estado de direito. Nós não conseguimos punir.
Jules Kroll criou agora uma nova companhia chamada Kroll Bond Ratings Agency. A sua idéia é desafiar o oligopólio que existe no mundo financeiro dominado por três companhias que fazem avaliação do risco de crédito de empresas, governos e títulos de crédito (Standard and Poor's, Moody's e Fitch).
Essas empresas geralmente são flagradas durante crises financeiras avaliando bem ativos ou governos que já estavam em processo de falência. Para evitar processos, elas sempre se posicionam dizendo que apenas emitem opiniões. Kroll achou a vida delas muito fácil: ganham muito dinheiro para emitir opiniões e não são responsabilizadas por seus erros.
Mas disse que seu intuito é procurar “onde há bagunça”. Ele argumenta que o governo federal norte-americano é geralmente limpo, mas nos municípios há muita discrepância de qualidade. Há bastante fonte de corrupção.
Ainda na entrevista, Kroll faz uma análise rápida de três países: Rússia, China e Índia.
1) Rússia - "the country is increasingly run by a clique of people who have no interest in a democratic form of existence. They have the same values that they had 20 and 25 and 30 years ago. They've just cleaned up a little bit." (o país está sendo cada vez mais dominado por um grupo de pessoas que não tem nenhum compromisso com a democracia. Eles têm os mesmos valores que tinham 20, 25 e 30 anos atrás. Eles estão apenas um pouco mais limpinhos”.
2) China – “China is "endlessly mercantile. I really don't know too many western companies that ever make any money there...and there really is no rule of law." (A China é de natureza mercantil. Eu realmente não conheço muitas companhias ocidentais que conseguiram fazer dinheiro lá...não existe estado de direito por lá”)
3) Índia – “They have a rule of law. Yes, there's a lot of corruption, but it really is a democracy, and it really does have a free press." (Eles seguem as leis. Sim, há muita corrupção, mas é uma democracia, e eles têm imprensa livre).
Ele não disse nada sobre o Brasil ou qualquer país da América Latina, nem foi perguntado. Isso sempre me dá a impressão de que os americanos ou conhecem muito bem a gente para perguntar, ou não tem o menor interesse, ou as duas coisas.
Mas o que diria Kroll sobre o Brasil? Duas coisas são garantidas: há bastante corrupção no Brasil e há grupos políticos que não respeitam a democracia. Acho também que não seria tão complicado encontrar os culpados, como foi no caso de Saddam Hussein ou Ferdinand Marcos. O problema é a fragilidade do nosso estado de direito. Nós não conseguimos punir.
domingo, 5 de setembro de 2010
O Carpete de Obama
Obama resolveu mudar o carpete de sua sala na Casa Branca. No centro, está o selo presidencial, mas nas bordas há frases ditas pelos americanos.
Obama cometeu um erro grosseiro entre essas frases. Ele considerou ser uma frase de Martin Luther King Jr, mas, na verdade, um exame na Wikipédia mostraria que a frase é de Theodore Parker, um pastor reformista do século 19 que financiou e defendeu terrorismo contra os donos do escravo. Os escravos tinham, segundo ele, o direito de matar seus mestres.
Obama declarou ser a frase de Parker a preferida dele, em se tratando do que (supostamente) disse Martin Luther King. É verdade que King citava Parker em seus discursos. Talvez seja essa a fonte do erro, mas King dava crédito a Parker quando o citava.
Essas são as frases que estão na sala presidencial da Casa Branca. A de Parker está por último.
"Government is of the people, by the people and for the people" (governo é do povo, pelo povo e para o povo) - Abraham Lincoln no discurso de Gettysburg.
- "No problem of human destiny is beyond huamn beings" (Nenhum problema do destino humano estar além do ser humano) - John F. Kennedy.
- "The welfare of each of us is dependent fundamentally on the welfare of all of us" (O bem-estar de cada um de nós é dependente fundamentalmente do bem-estar de todos) - Teddy Roosevelt.
- "The only thing we have to fear is fear itself" – (A única coisa que devemos ter medo é do próprio medo) – Franklin Delano Roosevelt no discurso de posse.
- "The arc of the moral universe is long, but it bends toward justice" (O arco da moral do universo é longo, mas ele pende para a justiça) – Theodore Parker erradamente dada como de Martin Luther King Jr.
Das frases acima, a que menos gosto é justamente a última. Não podemos ser tão relativos em termos de moral. Abrimos as portas para o capeta. Também não gosto da frase de Teddy Roosevelt. Ela tende para o comunismo. A que mais gosto é de Kennedy, se bem que também não sei se é dele, ele usava muito os chamados escritores fantasmas.
Para mim, se Obama usasse apenas o lema da formação do país: "In God we trust" (Em Deus nós confiamos), seria bem melhor que as cinco frases.
Meu leitor pode argumentar: e daí? são apenas frases! Eu não diria isso, temos de ter cuidado com o que destacamos quando se trata de instituições.
No Brasil, é verdade, não valorizamos muito isso. Inclusive, acho que nada mais diferente para nós do que a frase de nossa bandeira: Ordem e Progresso. Temos muita dificuldade de mantermos a ordem (não gostamos de seguir leis) e temos sempre um progresso frágil e vacilante, especialmente em matéria institucional. Considero que a frase de nossa bandeira não nos inspira para reforçarmos a necessidade de seguir as leis e para que nosso progresso seja baseado no estado de direito, sem o qual não existe.
Obama cometeu um erro grosseiro entre essas frases. Ele considerou ser uma frase de Martin Luther King Jr, mas, na verdade, um exame na Wikipédia mostraria que a frase é de Theodore Parker, um pastor reformista do século 19 que financiou e defendeu terrorismo contra os donos do escravo. Os escravos tinham, segundo ele, o direito de matar seus mestres.
Obama declarou ser a frase de Parker a preferida dele, em se tratando do que (supostamente) disse Martin Luther King. É verdade que King citava Parker em seus discursos. Talvez seja essa a fonte do erro, mas King dava crédito a Parker quando o citava.
Essas são as frases que estão na sala presidencial da Casa Branca. A de Parker está por último.
"Government is of the people, by the people and for the people" (governo é do povo, pelo povo e para o povo) - Abraham Lincoln no discurso de Gettysburg.
- "No problem of human destiny is beyond huamn beings" (Nenhum problema do destino humano estar além do ser humano) - John F. Kennedy.
- "The welfare of each of us is dependent fundamentally on the welfare of all of us" (O bem-estar de cada um de nós é dependente fundamentalmente do bem-estar de todos) - Teddy Roosevelt.
- "The only thing we have to fear is fear itself" – (A única coisa que devemos ter medo é do próprio medo) – Franklin Delano Roosevelt no discurso de posse.
- "The arc of the moral universe is long, but it bends toward justice" (O arco da moral do universo é longo, mas ele pende para a justiça) – Theodore Parker erradamente dada como de Martin Luther King Jr.
Das frases acima, a que menos gosto é justamente a última. Não podemos ser tão relativos em termos de moral. Abrimos as portas para o capeta. Também não gosto da frase de Teddy Roosevelt. Ela tende para o comunismo. A que mais gosto é de Kennedy, se bem que também não sei se é dele, ele usava muito os chamados escritores fantasmas.
Para mim, se Obama usasse apenas o lema da formação do país: "In God we trust" (Em Deus nós confiamos), seria bem melhor que as cinco frases.
Meu leitor pode argumentar: e daí? são apenas frases! Eu não diria isso, temos de ter cuidado com o que destacamos quando se trata de instituições.
No Brasil, é verdade, não valorizamos muito isso. Inclusive, acho que nada mais diferente para nós do que a frase de nossa bandeira: Ordem e Progresso. Temos muita dificuldade de mantermos a ordem (não gostamos de seguir leis) e temos sempre um progresso frágil e vacilante, especialmente em matéria institucional. Considero que a frase de nossa bandeira não nos inspira para reforçarmos a necessidade de seguir as leis e para que nosso progresso seja baseado no estado de direito, sem o qual não existe.