São Tomás de Aquino, o "Doutor Angélico", certa vez, diante de um crucifixo em Nápoles, ouviu estas palavras de Jesus: “Bem tem você escrito sobre Mim, Tomás, o que devo te dar em recompensa?" São Tomás respondeu: “Nada senão a Ti mesmo, meu Senhor". Em latim, São Tomás disse: Nil, Nisi Te, Domine. Em inglês: Naught save Thyself, O Lord.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Paquistão - Amigo ou Inimigo
Reportagem de hoje do Wall Street Journal alega que a agência de inteligência do Paquistão está manobrando para que o Talibã não deixe de combater os americanos e seus aliados. Militantes talibãs capturados ou convencidos com emprego ou dinheiro a abandonar as armas alegam que a ISI (Serviço de Inteligência do Paquistão) está pressionando para que os militantes não se rendam.
O Paquistão recebe bilhões de dólares em ajuda militar e econômica dos Estados Unidos, mas tem extrema dificuldade de controlar seus militares e mesmo sua população em favor dos americanos. Em um post anterior, eu citei uma pesquisa que mostrava bem isso. Apenas 2% dos paquistaneses acreditam que foi a al-Qaeda que atacou as torres gêmeas em Nova York. Com uma mentalidade dessa na população, um político deve ser muito forte em termos de seus princípios para defender a posição de aliado aos Estados Unido, além de precisar de um forte apoio militar. Talvez a única fonte de apoio aos Estados Unidos seja justamente a grana que o país envia. As classes políticas e militares são alimentadas pela ajuda econômica.
A posição política de Obama também não é confortável. Ele quer sair o mais rápido possível da guerra, deseja ter o trunfo de encontrar Osama Bin Laden, está sofrendo forte queda nas pesquisas de popularidade, as eleições de novembro sinalizam para maioria republicana na câmara e possivelmente também no senado, e não pode confiar no aliado mais importante na guerra contra o Talibã. Obama já declarou que é no Paquistão que está o "câncer" da guerra, é de lá que sai apoio em termos militares e de inteligência para que o Talibã resista aos ataques dos aliados. Mas também reconhece que sem o Paquistão não é possível vencer a guerra.
O general David Petraeus, chefe do comando militar no Afeganistão disse que Hamid Karzai, presidente do Afeganistão, também considera que o principal problema que ele enfrenta é com os santuários que o Talibã e o Haqqani (outro grupo de insurgentes muito ligado ao Talibã) têm dentro do Paquistão.
No passado, a ISI já tinha ajudado o Talibã a tomar o poder nos anos 90, mas depois do ataque às torres gêmeas, supostamente o Paquistão abandonou seu apoio ao grupo de insurgentes. Aparentemente, no entanto, na melhor das hipóteses, o comando da ISI não consegue ter domínio sobre os seus comandados.
Outro problema, é que o Paquistão militarmente tem uma primeiríssima preocupação: Índia. O foco militar do país sempre foi conter a Índia. Eles alegam que têm receio de um regime no Afegão muito próximo do governo indiano. Esse medo é factível, há sérios probelmas de fornteira entre os Paquistão e Índia, mas o Paquistão sofre internamente de ataques terroristas que são alimentados por insurgentes. Se ele continuar sendo um paraíso para qualquer grupo de terrorista afegão ou não, isso poderá trazer uma instabilidade ainda maior do que uma relação conflituosa com a Índia, que talvez possa resolvida diplomaticamente.
Em resumo: há uma grande problema de confiança entre os aliados para que tenham sucesso em destruir o Talibã, que é um grupo terrorista perigoso e habita a região que possivelmente esconde Osama Bin Laden. O coração dessa crise de confiança está nos militares e no serviço de inteligencia do Paquistão.
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Certa vez, li uma frase em inglês muito boa para ser colocada quando se abre para comentários. A frase diz: "Say What You Mean, Mean What Say, But Don’t Say it Mean." (Diga o que você realmente quer dizer, com sinceridade, mas não com maldade).