terça-feira, 5 de outubro de 2010

Sursum Corda (Exalte seu Coração)



Se você gosta de ler, você sempre poderá responder à seguinte pergunta: que livro mudou sua vida?

Eu responderia dizendo que o Livro Ortodoxia de Gilbert Keith Chesterton (foto acima), de 1909, mudou minha vida completamente. Ele mudou meu jeito de raciocinar. No primeiro capítulo, ele mostra que só os loucos são completamente racionais. Eu não canso de dizer: Chesterton era Genial!!

Ontem, li que há um movimento no Reino Unido para beatificar Chesterton. William Oddie está escrevendo um livro que vai se chamar The Holiness of Chesterton, com lançamento para o fim do ano.

Chesterton não se enquadra na idéia que se tem de santo. Era um bonachão, gostava muito das delícias da mesa e não foi martirizado. Entretanto, sua eficácia na defesa do cristianismo dificilmente pode ser comparada, porque ele se aproximou das pessoas com uso de temas da vida, das personalidades do momento e das ideologias correntes. O modo que ele escrevia, sempre de forma brilhante, converteu e converte muitas pessoas, inclusive grandes personalidades.

Eu assino embaixo. Chesterton para mim é um santo. E fará muita honra no altar dos santos ingleses, que é conhecido por ser formado por grandes estudiosos, como por exemplo: São John Fisher, São Tomas More e o beato John Newman (recentemente beatificado pelo Papa)

Chesterton escreveu poesias, crítica literária, crítica de arte, biografias, estórias de suspense e livros sobre questões religiosas. O seu humor e sua sagacidade lhe renderam o título de  "príncipe dos paradoxos". Também é muito conhecido por sua valorização da vida, contra o pessimismo.
Falou assim de Schopenhauer (conhecido pelo seu pessimismo filosófico):

"'He did not realise'that the question of whether life contains a preponderance of joy or sorrow is entirely secondary to the fact that life is an experience of a unique and miraculous character, the idea of missing which would be intolerable.'" (Ele (Schopenhauer) não entendeu que a questão de se a vida é mais felicidade ou tristeza é inteiramente secundária em relação ao fato de que a vida é uma experiência única e de caráter miraculoso, a idéia de perdê-la seria intolerável)

Quando o Jornal The Times perguntou a várias personalidades o que há de errado com mundo na virada para o século XX, muitos escreveram tratados, ele simplesmente respondeu: I am (Eu). 

Com essa simples resposta, Chesterton mostrou que somos responsáveis pelo mundo. 

Um detalhe realmente importante sobre os livros e os textos de Chesterton: eles são tão profundos que se  você achar bobo é melhor ler de novo, você não entendeu. Não se deve preocupar em reler várias vezes o parágrafo, pois, geralmente, é bastante bonito e profundo. O que não há é pensamento rasteiro em Chesterton.

Ele escreveu mais de 80 livros e manteve discussões com os principais filósofos e personalidades da sua época, como Bernard Shaw. H.G. Wells e Schopenhauer. Depois de Ortodoxia, eu li São Tomás de Aquino (o maior especialista na filosofia de Aquino da época disse, quando leu o livro de Chesterton, que ficou assustado, pois um simples escritor tinha desvendado tudo em tão poucas páginas) e comprei os clássicos O Homem Eterno e a coleção sobre o Padre Brown (série de espionagem famosíssima já filmada no Cinema, com atores premiados, em que um padre desvenda mistérios de crimes).

Eu guardo um arquivo só com frases de Chesterton, aqui vão algumas:

It isn't that they can't see the solution. It is that they can't see the problem.  (Não é que eles não encontram a solução, é que eles não entendem o problema)

The people who are the most bigoted are the people who have no convictions at all(As pessoas que são mais fanáticas são aquelas que não têm nenhuma convicção)

The Bible tells us to love our neighbors, and also to love our enemies; probably because they are generally the same people.  (A Bíblia nos diz para amar nosso próximo e também amar nossos inimigos, provavelmente porque eles são a mesma pessoa)

Fallacies do not cease to be fallacies because they become fashions.  (Falácias não deixam de ser falácias porque elas se tornam comuns ou normais ou da moda).

Don't ever take a fence down until you know the reason it was put up.  (Nunca derrube uma cerca até você saber por que ela foi construída)


Conheça mais sobre Chesterton em:

http://www.gkchesterton.org.uk/default.html


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Certa vez, li uma frase em inglês muito boa para ser colocada quando se abre para comentários. A frase diz: "Say What You Mean, Mean What Say, But Don’t Say it Mean." (Diga o que você realmente quer dizer, com sinceridade, mas não com maldade).