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Todo ano o FBI, a polícia federal americana, divulga estatísticas dos crimes de ódio nos Estados Unidos. São crimes cometidos porque a vítima era negra, branca, judia, muçulmana, mulher, gay, heterossexual, hispânico, índio...este tipo de coisa. É a primeira vez que vejo estas estatísticas, e achei-as bem interessante, apesar de achar bem complicado a medição delas, sujeitas ao politicamente correto e à própria raça, credo e sexo do estatsitico. Mas esqueçamos estes detalhes (importantes) e observemos os números.
Ontem, foi o divulgado o Relatório de 2011.
Em 2011, ocorreram 6.222 incidentes de crime de ódio, destes quase a metade é crime contra a raça (46,9%), em segundo lugar são crimes relacionados ao sexo (20,8%), depois aos crimes por causa do credo (19,8%), depois relacionais a etnia (11,8%) e contra os portadores de deficiência (0,8%).
As estatísticas desmitificam muita coisa.
1) O crime de ódio que é mais cometido é de longe contra o negro. Dos 6.222 casos, os negros sozinhos sofreram 33,4% deles. Os ataques contra os brancos estão no quarto lugar geral com 8,1%, depois dos negros, judeus e gays.
2) Não há a chamada islamofobia nos Estados Unidos.Depois dos negros, os que mais sofrem são os judeus. Do total de casos, os judeus sofreram 12,4%. Dos 1.233 ataques relacionados ao credo, 62,5% foram ataques de anti-semitismo, os muçulmanos sofreram 12,7% dos ataques e os católicos 5,4%. Dos três credos, o único que teve aumento significativo de ataques sofridos foram os católicos, tiveram 4,4% de ofensas sofridas em 2010, e agora 5,4%. Os judeus sofreram 67,1% em 2010 e os muçulmanos ficaram no mesmo patamar, com 12,1% em 2010. Em suma, os americanos devem se concentrar nas afensas contra os judeus e não contra os muçulmanos e observar com preocupação a crescente perseguição a católicos.Você pode acessar os dados de 2010 e outros anos clicando aqui.
3) Entre as raças, como já foi dito, a que mais sofre é a raça negra. Das 2.917 ofensas, os negros sofreram 71,2% delas. Em segundo lugar vem os brancos com 17,3%. Um detalhe que escapa às estatísticas é que raça foi algoz. Em geral, quem mata negro nos Estados Unidos são também negros.Mas é preocupante o número de ataques considerados racistas contra negros.
3) Em relação ao sexo, as estatísticas me parecem confusas, pois elas dividem entre ataques a gays masculinos, a gays femininos, à gays em geral. Mas dos 1.293 ataques, a maioria das ofensas é contra gays masculinos (58%), em segundo lugar estão os gays de forma geral (27,8%), as lésbicas receberam 10,6% das ofensas, os bissexuais receberam 1,6% das ofensas e os heteros, 1,2%.
No Brasil, nós não conseguimos catalogar ainda nem a quantitade de assassinatos, imagina fazer uma descrição por crime de ódio. Mas não creio que os judeus sofram ataques como sofrem nos Estados Unidos, nem os católicos, claro. Talvez tivéssemos uma concentração maior de ataques aos negros, gays e deficientes físicos e mentais.
(Agradeço a indicação das estatísticas do FBI ao site PewSitter)
Os negros até podem ser mais discriminados que os brancos, mas também não deixa de ser verdade que hoje em dia, e cada vez mais, o racismo não ocidental tende a ser um tabu, como se não houvesse brancos que são vítimas de racismo. Então no Ocidente, terra natal dos brancos, são cada vez mais frequentes os casos em que os próprios nativos são vítimas de racismo por parte dos imigrantes. O racismo é sempre condenável, mas que se condene todo o racismo e não apenas o racismo ocidental.
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