sexta-feira, 25 de junho de 2010

Férias

Depois do post sobre os odiados pela esquerda norte-americana e quase dois meses, o blog tira férias. Vou ver até quando continuar. Blog é divertido, mas dá trabalho, pois sou meio estressado em passar informação. Se é para informar, que a informação seja acurada.

Volto dia 19 de julho.

Os 100 Americanos mais odiados pela Extrema Esquerda

A revista Townhall publica esta semana a lista dos 100 americanos mais odiados pela extrema esquerda. Só houve duas condições para estar na lista: 1) Estar vivo, o que exclui Ronald Reagan e Bill Buckley Jr. e 2) Ser americano, o que deixou o Papa de fora da lista. Aqui vão os dez primeiros colocados.

Em primeiro lugar: Glenn Beck - apresentador da Fox News. Eu o considero o mais genial apresentador da televisão que eu já vi. Não só por ter idéias próximas de um conservador (ele se diz libertário, o que é diferente de ser conservador), mas porque ele conseguiu, em um programa de 5h da tarde, usar um quadro negro para explicar questões complexas e falar sobre os pais-fundadores dos Estados Unidos. Imaginem, um apresentador com quadro negro e um giz nas mãos falando sobre política, moral e história e ainda assim tendo a maior audiência do horário. Isso daria certo no Brasil?

Segundo lugar: Sarah Palin - ex-governadora do Alasca, ex-candidata a vice na chapa com John McCain, Palin tem destruído mitos da esquerda e se mostrado inteligente nas suas abordagens (apesar da esquerda a pintar como estúpida) e atualmente comenta política para a Fox News. Hoje o apoio de Palin para um candidato conservador é sinal de vitória dentro do partido. Dá pra ver porque a Fox News é odiada pela esquerda, os dois primeiros lugares trabalham na empresa.

Terceiro lugar: Rush Limbaugh - Comentarista de rádio que tem atacado as políticas de esquerda há décadas. Sua audiência é de aproximadamente 20 milhões, a maior do país. Obviamente isto tem forte impacto na política.

Quarto lugar: George W. Bush - Ex-presidente americano, que em termos de política fiscal não pode ser considerado um conservador, mas ele mostrou defender outras políticas conservadoras, especialmente relacionadas à moral e à defesa das leis. Além disso, tem uma abordagem mais belicista contra o terrorismo. Para a extrema esquerda, é o culpado por tudo que o Obama está passando. Outro dia, eu vi uma charge que mostrava o Obama sentado à mesa presidencial falando com um assessor e uma placa dizia: “blame Bush first, then speak” (primeiro culpe o Bush, depois fale).

Quinto lugar: Ann Coulter – Comentarista de política para diversas mídias. Qualquer publicação dela é best seller garantido e qualquer texto na internet estará entre os mais acessados. Ela é brilhante, tem um texto recheado de humor inteligente e mortífero. Precisa andar com seguranças para não ser atacada por radicais da esquerda. Já ocorreram ataques a ela em palestras.

Sexto lugar: Michelle Malkin – Outra comentarista de política. É odiada pela extrema esquerda especialmente por ter se especializado em mostrar a corrupção dos liberais.

Sétimo lugar: Ativistas do Tea Party – Tea Party é movimento que começou nos Estados Unidos preocupado com a gastança governamental, por isso suas críticas também se referem a George W. Bush, mas hoje aderiu a outras políticas conservadoras como a defesa das fronteiras e dos valores americanos.

Oitavo lugar: Dick Cheney – ex-vice presidente dos Estados Unidos durante a gestão de Goerge W. Bush. Durante a presidência do Obama, Cheney tem se destacado na crítica `a política de defesa nacional e ao comportamento do Obama frente aos países que financiam o terrorismo.

Nono lugar: Bill O’Reilly – Apresentador do The Factor, também da Fox News, o programa de maior audiência na TV a cabo norte-americana no horário nobre. O’Reilly costuma ser um crítico mais moderado, mas recentemente com o caos da administração Obama na economia, nas fronteiras, na guerra do Afeganistão e no vazamento de óleo do golfo, O’Reilly tem sido mais severo com o Obama. Além disso, ele é reconhecido por sua luta contra o aborto, a extrema esquerda odeia os “pro-life”.

Décimo lugar: Michelle Bachmann – Deputada republicana por Minnesota, destacou-se recentemente com sua luta contra a reforma de saúde que Obama passou no congresso. Ela tem se aproximado do movimento Tea Party.

Em toda lista há problemas, esquecimento ou má colocação dos nomes. Recentemente comprei um dicionário de filosofia da Universidade de Cambridge que esqueceu Emile Durkheim e Santo Agostinho. Da lista da Townhall, não consigo ainda saber quem eles esqueceram, também não tenho tanto conhecimento sobre a política americana. Mas acho que Thomas Sowell merecia uma posição melhor (está em trigésimo sétimo lugar). Ele, para mim, escreve o melhor texto sobre política e economia dos Estados Unidos. Os textos dele são imperdíveis.

Da lista, destaco ainda, além do 11º, 12º e 13º lugares (Karl Rove, Sean Hannity e Matt Drudge, respectivamente), Laura Ingraham (17º), Clarence Thomas (19º), John Bolton (40º) e o general David Petraeus (59º) que o Obama acabou de nomear como chefe da guerra no Afeganistão e tinha tido sucesso na guerra do Iraque durante a presidência de Bush.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

E Isner ganhou.

Depois de mais 1 hora de jogo, Isner ganhou com os incríveis 70 a 68.
Parabéns aos dois: Mahut e Isner. Inacreditável. Foram 980 pontos, 215 aces e 183 games.

Recordes batidos:

1) A partida mais longa da história (11 horas e 6 minutos. Quase o dobro da segunda colocada que tem 6 horas e 33 minutos);
2) O set mais longo já registrado;
3) O maior número de games já jogados;
4) O maior número de aces por um jogador em uma partida;
5) O maior número de aces em uma partida.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

59 a 59, depois de 10 horas

Hoje aconteceu um fato esportivo histórico. Um francês (Nicolas Mahut) e um norte-americano (John Isner) disputaram uma partida de tênis em Wimbledon (Quadra 18) por 10 horas. Isso mesmo 10 horas!!! A maior partida de tênis da história. Nunca se chegou nem perto disso. O jogo tinha começado ontem quando foi interrompido por falta de luz natural após o término do quarto set. Hoje, Isner e Mahut começaram a jogar já no quinto set, que durou nada menos do que 7h06min, depois das 2h54min disputadas ontem.

Mas não era os Estados Unidos contra a França. Era um homem contra o outro, em uma partida inacreditável, em que os dois jogavam bravamente, com respeito ao adversário e às regras. Sensacional.

O esporte muitas vezes é usado pela política em qualquer país do mundo. As pessoas pegam as bandeiras de seus países nas olimpíadas e na copa do mundo. É incrível e deve continuar assim.

Mas não devemos esquecer que é apenas esporte. Há coisas muito mais importantes para serem vencidas. Se esporte significasse desenvolvimento, Cuba estaria muito bem.

Quem ganhou a partida de tênis? Ninguém. Jogo adiado depois de empate 59 a 59 no último set. Quem ganhará a partida depois será o Mahut ou o Isner e o tênis.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Petrobras, Obama e George Soros

Hoje a assembleia geral extraordinária de acionistas da Petrobrás aprovou aumento de capital da estatal. Esse aumento de capital deve fortalecer a posição dos acionistas majoritários, especialmente o governo brasileiro. Os acionistas minoritários pretendem entrar na justiça contra esse aumento, pois eles terão dificuldade para manter a proporcionalidade de suas ações dentro do aumento de capital.

Interessante é que ontem, no Programa Glenn Beck Show da Fox News, nos Estados Unidos, o assunto foi justamente a Petrobras. Quando vi, fiquei muito surpreso. O Glenn Beck é um crítico mordaz do governo Obama, o que ele estaria falando da Petrobras?

Pois é, o assunto relaciona George Soros, megamilionário norte-americano, ex-chefe do ex-presidente do Banco Central brasileiro, Armínio Fraga, e que se tornou de extrema esquerda com fortes vínculos com a administração Obama e ONGs de esquerda. George Soros, judeu húngaro, ficou riquíssimo no mercado financeiro, mas hoje advoga o fim do capitalismo. Diz que o sistema quebrou e que precisa ser reconstruído com apoio de um grande governo.

O assunto também envolve a administração do Obama, que neste momento enfrenta o maior desastre ambiental da história americana, por causa do vazamento de óleo da BP no Golfo do México. Obama venceu a eleição com amplo apoio da esquerda americana que tem ojeriza `a indústria de petróleo, mas, em março, antes do vazamento, liberou mais áreas na costa americana no Atlântico, no Alasca, e mesmo no Golfo do México onde houve o vazamento, para a perfuração de petróleo.

Os Estados Unidos ainda possuem mais áreas de reserva de petróleo na costa e também na área de refúgio silvestre no Ártico (Arctic National Wildlife Refuge). O país precisa produzir mais, pois apesar de ser o terceiro maior produtor de petróleo cru do mundo (atrás apenas da Arábia Saudita e da Rússia), é o maior importador líquido de petróleo do mundo. O país produz 330 megatoneladas de petróleo, mas é importador líquido de 570 megatoneladas (dados de 2008 da Agência Internacional de Energia). Além disso, a maior produção ajudaria a evitar a importação de países párias como Irã e Venezuela. Mas a pressão de ambientalistas e a falta de detalhes mais claros sobre a capacidade dessas reservas não exploradas atrapalham a liberação das áreas. E o lobby dos produtores das novas fontes de energia está crescendo. O Obama não cansa de declarar seu apoio a estas novas fontes.

A liberação de novas áreas de exploração por Obama, apesar de na campanha ele ter sido contra isso, foi lido pelos jornais como uma tentativa de conseguir apoio dos conservadores para a aprovação da nova lei de energia, que procura incentivar as novas fontes de energia (eólica, etanol, solar, etc.) e conter a mudança climática. Mas irritou e irrita os ambientalistas.

Agora, com o maior vazamento de petróleo da história, os ambientalistas estão novamente pressionando para que o Obama “seize the moment” e force a aprovação da nova lei de energia.

E a Petrobras?

Pois é, diante desse desastre e da crítica à indústria de petróleo, a administração do Obama resolveu emprestar para a Petrobras e parece que Soros sabia previamente que ele iria fazer isso.

Soros fundou em 2003 junto com John Podesta, chefe da equipe de transição de Obama e ex-assessor de Bill Clinton, o Centro para o Progresso Americano (Centre for American Progress). A palavra “progresso” aqui tem um sentido especial, progressista no sentido de busca pelo socialismo, pela ampliação do poder do governo, pela eliminação das idéias conservadoras. Pesquisem: http://www.americanprogress.org/aboutus. O Centro foi relacionado como um dos grandes responsáveis pela vitória de Obama.

A administração de Obama emprestou 2 bilhões de dólares para a Petrobras em 2009 para que esta procurasse petróleo em águas profundas e Soros está investindo fortemente na companhia desde então. Obama ajuda os investimentos da Petrobrás e Soros ganha dinheiro com a ampliação da capacidade da empresa. Mesmo proibindo a busca de petróleo em profundidades acima de 1.500 metros, por achar perigoso, o Obama investe em uma companhia que recupera petróleo a mais de 2.700 metros. Será que houve conflito de interesse? Será que Obama está pagando pelo apoio de Soros?

O que os acionistas minoritários pensam disso? Acho que apesar de reclamarem da nova capitalização, eles não estariam muito preocupados com isso, afinal a companhia é quem lucra com isso e a ética não é assunto de mercado.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Santos Thomas More e John Fisher

Não consigo entender a reverência que a Inglaterra faz ao rei Henrique VIII. Este rei casou seis vezes, decapitou duas de suas esposas, mudou a religião do país, se colocou com chefe da nova igreja, roubou as terras da Igreja Católica e a distribuiu entre compadres políticos, deixou o país endividado, e entregou o país a um menino de 12 anos (seu filho) que morreu com 15 anos. O seu legado deixou um rastro de mortes que se estandeu até a Rainha Elizabeth I, mais de 50 anos depois de sua morte.

A imagem do Rei Henrique VIII é muito comum na Inglaterra. Quadros dele estão em muitos lugares públicos e em universidades. Outro dia vi o quadro em programa de televisão que mostrava a Academia Real de Ciências inglesa.

Amanhã é dia de se celebrar dois santos ingleses que foram decapitados por este rei: São Thomas More e São João Fisher (St John Fisher).

O primeiro foi nomeado pelo papa João Paulo II como o patrono dos políticos e dos estadistas por sua firmeza de convicção durante a reforma religiosa na Inglaterra. Thomas More era filósofo, jurista e político e alcançou um dos mais altos postos dentro do governo de Henrique VIII, mas não aceitou a ruptura com a igreja Católica feita pelo rei. O rei queria casar de novo com Ana Bolena e precisava anular seu casamento com Catarina de Aragão. A Igreja não aceitou e, então, ele resolveu criar sua própria igreja: Igreja Anglicana e se colocou como chefe da igreja. Depois acusou Bolena de traição e a decapitou.

São João Fischer era doutor em teologia e bispo de Rochester. Fisher tinha se formado na Universidade de Cambridge. Ele se tornou membro da universidade e mais tarde foi patrono e vice-chanceler dela.  Sob sua influência, dois colleges da universidades foram fundados: St. John College e Christ's College. Fisher tinha como política arregimentar financiamento para atrair professores da Europa para a Universidade. Logo que chegou ao poder, Henrique VIII entrou em conflito com Fisher, pois a mãe do rei tinha deixado recursos para a Universidade. Henrique VIII queria dispor deles.

Quando Henrique VIII quis se separar de Catarina de Aragão para se casar com Bolena, Fisher ficou do lado da rainha e disse na justiça que estava disposto a morrer pela indissolubilidade do casamento.

Posteriormente, Jonh Fisher não aceitou fazer um juramento que aceitava o Rei Henrique VIII e a Rainha Ana Bolena, por isso foi preso. Depois foi condenado e decapitado. Foi canonizado pela Igreja Católica junto com Thomas More e eles mantem o mesmo dia para celebração: dia 22 de junho, dia da decapitação de Fisher no ano de 1535. More foi decapitado no dia 6 de julho do mesmo ano.
Winston Churchill escreveu em "História do Povo de Língua Inglesa" que as resistências de More e Fisher contra a supremacia real foram nobres e heróicas, eles odiavam e temiam o nacionalismo agressivo que destruía a unidade do cristianismo ("The resistance of More and Fisher to the royal supremacy in Church government was a noble and heroic stand...they hated and feared the aggressive nationalism which was destroying the unity of Christendom).

G K. Chesterton disse que Thomas More foi o maior personagem da história inglesa. E o próprio Thomas More disse que não conhecia nenhum homem capaz de rivalizar em sabedoria, conhecimento e virtude com John Fisher.

domingo, 20 de junho de 2010

Velhas e Novas Moedas

O Marco Alemão foi a moeda oficial na Alemanha até a introdução do Euro em 2002. Mas agora o portal Börsennews de mercado de bolsa de valores na Alemanha vai disponibilizar os preços das ações em Marco Alemão, além de em Euro. O portal justificou a medida dizendo que 39% dos usuários do portal entrevistados esperam que o Euro seja abandonado na Alemanha e que o país volte a usar o Marco. O portal tem mais de 300 mil usuários.

A crise européia tem derrubado o Euro frente às outras moedas. Atualmente, 1 Euro equivale a 1,19 dólar, valor mais baixo em quatro anos. No ano passado, o Euro valia por volta de 1,5 dólar. E a União Européia, que em seus tratados não permite socorro financeiro aos seus membros, está usando um artigo sobre desastres naturais para ajudar a Grécia (Artigo 122 do Tratado de Lisboa). Neste momento, apenas o pacote de ajuda de 750 bilhões de euros tem evitado a total falência do Euro. E a Alemanha contribuiu com a maior fatia do bolo de resgate (147 bilhões de euros), o que irritou profundamente os alemães e derrubou a popularidade de Angela Merkel.

Mas o dólar também não oferece esperanças de estabilidade ou apreciação no futuro próximo, como mostramos no post abaixo, chamado“Mudança Tectônica“ na Política Fiscal, no qual discutimos a opinião de Alan Greenspan. E por isso, o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, disse ontem que o país dele deseja que a sua moeda, Rublo, seja considerada como reserva de valor, como o Dólar e o Euro.

Moeda reserva de valor é aquela que é mantida pelos governos (bancos centrais) como parte de suas reservas estrangeiras. Ela tende a precificar os bens internacionais, como petróleo ou ouro. E permite que o país que emite esta moeda pague uma taxa menor de juros para financiar suas dívidas.

A economia russa teve uma queda abrupta no ano passado por causa da forte redução nos preços das commodities. O PIB retraiu 7,9%, a pior queda desde 1991. Mas Medvedev disse que ele visualiza uma nova hierarquia econômica que permite países como a Rússia e a China estabeleçam a agenda global. A Rússia, para ele, será co-fundadora de uma nova ordem econômica. Medvedev acha que o mundo precisa de pelo menos umas seis mais moedas reservas.

O presidente do Banco Central israelense, Stanley Fischer, lembrou que para que uma moeda seja considerada reserva, o país deve possuir um mercado de capital no qual se possa comprar e vender facilmente. O país deve oferecer um centro financeiro internacional, o que não é o caso da Rússia, no momento. Fischer disse ainda que uma nova moeda reserva não surge por ordem de autoridade (“New reserve currencies don’t emerge by fiat”).

Emitir uma reserva de valor pode reduzir consideravelmente a taxa de juros que um país paga para refinanciar sua dívida, mas o país deve possuir um mercado financeiro de ponta e manter um controle ainda mais apurado sobre a emissão de moeda e sobre a inflação. Além de usar taxa de câmbio livre. Não me parece que nem China, nem Rússia estejam preparadas agora para oferecer estas características.

Por outro lado, se a Alemanha voltar a usar o Marco Alemão será o fim do Euro, a França não irá sozinha continuar financiando crises fiscais nos países membros da União Européia, mas o Marco Alemão poderá facilmente constituir-se em reserva de valor.

sábado, 19 de junho de 2010

18/06/1940: Churchill e De Gaulle

No dia 18 de junho de 1940, durante a segunda grande guerra, dois discursos históricos unem dois grandes homens: Winston Churchill e Charles De Gaulle.

Neste dia, Churchill fez seu primeiro pronunciamento no Parlamento como primeiro-ministro. Ele tinha 65 anos. A França já tinha sido ocupada no dia 14 de junho e os nazistas iam começar a Batalha da Grã-Britanha (ataques constantes de aviões alemães no território inglês). Esta última batalha se estendeu de julho de 1940 até outubro do mesmo ano e, apesar de grande destruição das cidades na Inglaterra, Hitler não conseguiu subjugar a força aérea britânica. Antes de 18 de junho, no período de 27 de maio a 4 de junho de 1940, havia ocorrido o resgate de Dunkirk (França), quando mais de 330 mil soldados aliados na cidade de Dunkirk (França) foram salvos (escrevi sobre isso em um post de maio).

O discurso de Churchill no dia 18 de junho de 1940 é o mais celebrado de sua carreira. Esse discurso é conhecido como “The Finest Hour” (A Hora mais Sublime). Que historiador poderá negar que a presença de Churchill e a força inglesa durante a segunda guerra foram a hora mais sublime do país?

Na última parte do discurso, Churchill diz (em tradução livre, depois segue a versão original entre parênteses): “O General Weygand disse que a Batalha da França acabou, eu espero que a Batalha da Grã-Bretanha esteja perto de começar. Desta batalha depende a sobrevivência da civilização cristã. Desta batalha depende a vida britânica e a continuidade de nossas instituições e de nosso império. Toda a fúria e poder de nosso inimigo devem vir sobre a gente. Hitler sabe que ele tem de derrotar esta ilha ou perderá a guerra. Se nós pudermos nos levantar contra ele, toda a Europa pode ficar livre e a vida do mundo pode mover-se para frente em um caminho amplo e ensolarado. Mas se falharmos, então todo o mundo, incluindo os Estados Unidos, incluindo tudo que nós conhecemos e nos importamos, afundará em um abismo de uma nova Era Negra ainda mais sinistra e talvez mais prolongada, por causa das luzes de uma ciência pervertida. Então, vamos nos agarrar às nossas obrigações e ficarmos firmes, pois se o império britânico e Comunidade Britânica de Nações durar mais mil anos, os homens irão dizer que essa é a nossa hora mais sublime” (What General Weygand called the Battle of France is over. I expect that the Battle of Britain is about to begin. Upon this battle depends the survival of Christian civilization. Upon it depends our own British life, and the long continuity of our institutions and our Empire. The whole fury and might of the enemy must very soon be turned on us. Hitler knows that he will have to break us in this island or lose the war. If we can stand up to him, all Europe may be free and the life of the world may move forward into broad, sunlit uplands. But if we fail, then the whole world, including the United States, including all that we have known and cared for, will sink into the abyss of a new Dark Age made more sinister, and perhaps more protracted, by the lights of perverted science. Let us therefore brace ourselves to our duties and so bear ourselves that, if the British Empire and its Commonwealth last for a thousand years, men will still say, 'This was their finest hour.').

Neste mesmo dia, o general Charles De Gaulle fez a sua primeira transmissão de Londres via BBC para os seus compatriotas franceses. Havia quatro dias que os nazistas tinham ocupado Paris e o governo francês tinha fugido para a cidade Bordeaux. Ele apelou para que os “franceses livres”, entre eles os soldados franceses que tinham escapado em Durkirk,  se juntassem sob seu comando e pediu que a França continuasse resistindo (a França assinaria, no entanto, um armistício no dia 22 de junho, e pior, depois o governo de Vichy iria colaborar com os alemães.)

Infelizmente, o pronunciamento de De Gaulle não foi gravado. Ele ficou furioso e no dia 22 de junho fez novo pronunciamento, dessa vez sendo gravado. E este último chegou a muito mais franceses do que o anterior.

Ele disse (em tradução livre): “ É verdade, nós fomos surpreendidos pelas forces mecânicas, de terra e ar do inimigo...Mas a última palavra foi dita? Nossas esperanças acabaram? É a derrota final? Não! Acreditem em mim... nada está perdido para a França... A França não está só!...Aconteça o que acontecer, a chama da resistência francesa não deve se apagar e não se apagará. Amanhã, como hoje, eu falarei no rádio de Londres.”

Os pronunciamentos de De Gaulle moveram a resistência francesa e foram importantes para mostrar aos aliados que a França ainda se importava com a defesa do mundo livre.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

"Mudança Tectônica" na Política Fiscal

Alan Greenspan, ex-presidente do Banco Central norte-americano (recordista de permanência no cargo, de 1987 a 2006) diz hoje no Wall Street Journal que os Estados Unidos devem fazer uma "mudança tectônica" na sua política fiscal, conter os gastos abruptamente, para evitar rápida elevação das taxas de juros motivadas pela percepção que o país está exageradamente endividado.

Greenspan discorda da opinião de muitos analistas (Noriel Roubini ou Timothy Geithner, por exemplo) de que uma retração na política fiscal agora traria riscos para a economia.

Greenspan argumentou que a crise na Europa atualmente tem facilitado o refinanciamento norte-americano, os juros para um título americano de 10 anos paga no momento por volta 3,2%, em abril o retorno era de 4,0%, apesar da dívida federal americana ter passado de $5,5 trilhões para $8,6 trilhões apenas nos últimos 18 meses. Esta dívida representa agora 59% do PIB. Antes da crise, estava por volta de 38%. Mas essa situação na Europa não deve perdurar, segundo Greenspan.

Apenas cortes no orçamento politicamente penosos, racionalização no sistema de saúde ou inflação podem fechar a conta do déficit. Greenspan não considerou a possibilidade de aumento nas taxas de juros, pois isso enfraqueceria a economia e reduziria a receita governamental.

Parece que a "irrational exuberance" (exuberância irracional), termo criado no passado por Greenspan para definir a irracionalidade do mercado em investimentos como os da bolha tecnológica da década de 90, também está presente no governo. Concordo com ele e acrescento que não é apenas os Estados Unidos que estao em risco, se o país mais rico do mundo sofrer pressão para aumentar os juros, o mundo todo sofrerá. Talvez seja isso que salve o país.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

O Socialista Obama

O vice-editor do Wall Street Journal, Daniel Henniger, escreve hoje no jornal um artigo chamado "The President’s Animosities" (As Aversões do Presidente, na falta de melhor tradução), que mostra a posição ideológica de Obama em relação ao setor privado. Os discursos do presidente norte-americano, por vezes, lembram aqueles de manifestantes do PSTU. Vejam o que ele disse recentemente na Carnegie Mellon University :


1. Obama ve os republicanos como lobistas para capitalistas e antiquados: "As November approaches, leaders in the other party will campaign furiously on the same economic arguments they've been making for decades" (Enquanto as eleições de novembro se aproximam, os líderes do outro partido farão campanha furiosamente baseados nos mesmos princípios econômicos que têm sido feitos por décadas). Obama esquece que foi teoria econômica clássica do sistema capitalista que trouxe riqueza para os Estados Unidos ;

2. Os capitalistas de Wall Street, Segundo Obama, lembram uma gangue: "if you're a Wall Street bank or an insurance company or an oil company, you pretty much get to play by your own rules, regardless of the consequences for everybody else" (Se você é um banqueiro de Wall Street ou uma companhia de seguro ou uma petroleira, você deseja usar suas próprias regras, sem considerar as consequências para os outros);

3. Quando Obama fala do setor privado, coloca o próprio setor como inimigo de si mesmo: Americans want to compete but can't "if the irresponsibility of a few folks on Wall Street can bring our entire economy to its knees." (Os americanos querem competir no setor privado, mas não podem pois a responsabilidade de alguns poucos em Wall Street pode colocar a economia inteira de joelhos). Obama aqui esquece que os investimentos feitos em Wall Street dão suporte para o dinamismo econômico dos Estados Unidos e são um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento do país mais rico do mundo;

4. E quem é o Salvador para o Obama?: "only government has been able to do what individuals couldn't do and corporations wouldn't do" (apenas o governo tem sido hábil para fazer o que os indivíduos não poderiam e corporações não fariam). Obama aqui não lembra que o welfare state (o estado do bem-estar social) nunca proveu riqueza para nenhum país. E que o governo historicamente mais atrapalha do que colabora com o desenvolvimento.

5. O que atrapalha, então, o futuro são os lobistas:...what stands in the way of "a better future." It's that "there will always be lobbyists for the banks or the insurance industry that don't want more regulation; or the corporation that would prefer to see more tax breaks . . ." (O que atrapalha um futuro melhor é que há sempre lobistas para bancos e companhias de seguro que não querem mais regulação ou firmas que preferem mais isenções fiscais). Parece pelo discurso do Obama que Wall Street não financiou Obama, que muitos banqueiros estão trabalhando na administração do Obama e que não há lobistas que defendem Obama (investidores em energia eólica, agricultores que produzem etanol, sindicatos, etc.)

Ainda se discute isso nos Estados Unidos, mas eu nunca tive dúvida: Obama é um marxista, sempre conviveu com marxistas durante sua vida acadêmica, frequentou igreja que professa marxismo (por incrível que pareça) e se cercou de marxistas na Casa Branca (alguns deles tiveram que pedir demissão, pois mostraram ainda mais ódio ao capitalismo que Obama), tem forte relação com sindicatos radicais norte-americanos (SEIU, Acorn) e nunca chegou nem perto de trabalhar no setor privado.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Domingo Sangrento de 72

No dia 30 de janeiro de 1972, um pelotão de pára-quedistas inglês matou 13 pessoas, sendo 7 jovens, que estavam em uma passeata da Northern Ireland Civil Rights Association (movimento pelos direitos dos católicos na Irlanda do Norte), na cidade de Londonderry, na Irlanda. Vinte e sete pessoas ficaram feridas. Uma décima-quarta pessoa morreu devido aos ferimentos quatro meses depois.

O massacre ficou conhecido como Domingo Sangrento (Bloody Sunday) e estimulou muito o recrutamento de voluntários para do Exército Republicano Irlandês (IRA). Mas até hoje o caso não foi resolvido na justiça.

Essa semana, no entanto, será apresentado o Inquérito Saville sobre o que ocorreu naquele dia. Esse inquérito substituirá um relatório que foi feito logo em seguida ao massacre, Relatório Widgery. Este relatório livrou o exército inglês das acusações, alegando que os manifestantes estavam armados. O que não foi comprovado pelos fatos. O Saville deve recomendar que os que atiraram nos manifestantes sejam processados, mas não é esperado que eles sejam presos. A Inglaterra libertou muitos dos membros do IRA, por isso a prisão de oficiais do exército inglês, que têm hoje por volta de 60 anos, não é defendida nem pelos parentes das vítimas. Os membros do exército acham que seria uma injustiça.

O Inquérito Saville foi formado em 1998. A expectativa era que ele terminasse em dois anos, mas levou 12 e custou 191 milhões de libras. Tem cinco mil páginas e vai custar 550 libras. O Inquérito contou com quase 1000 testemunhas, entre soldados, civis, políticos, especialistas forenses, jornalistas, padres e membros do IRA. Mas a decisão sobre o Domingo Sangrento ainda deve durar meses ou mesmo anos.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Rebaixamento da dívida Grega: Moody’s “catching up”

A agência de risco Moody’s rebaixou em quatro níveis o grau de crédito da dívida soberana da Grécia. O grau de risco grego passou a ser considerado especulativo. A Moody’s é considerada a mais conservadora para alterar o grau de risco, entre as principais agências. A Standard and Poor’s, outra agência de risco, já tinha colocado a dívida grega em grau especulativo em abril.

O mercado norte-americano (o rebaixamento foi feito depois que o mercado europeu estava fechado) não reagiu à notícia. A justificativa é de que o mercado já estava precificando a dívida grega como especulativa. A Moody’s estava apenas alcançando ("catching up") o que o mercado já fazia.

O problema é que as agências de risco não são pagas para “catching up”. Pelo contrário, devem sinalizar o que deve ocorrer no mercado futuro. Além disso, a Moody’s estava acompanhando a economia grega, ou não? Rebaixar ou subir o grau de risco em mais de um nível significa que a Moody’s aparentemente não sabia de nada em relação às políticas econômicas da Grécia.

A Moody’s justifica a demora dizendo que queria saber mais detalhes do programa de ajuste do país. Mas hoje disse que, apesar de apoio do FMI e da União Européia, os riscos do programa são substanciais, por isso rebaixou. Não diga. Só agora ela viu esses riscos como substanciais? Eu me lembro de ter visto na televisão um pessoal quebrando tudo nas ruas de Atenas.

domingo, 13 de junho de 2010

Obama e Ambientalistas

Interessante é observar o comportamento das ONGs, sejam elas ligadas a proteção do direito de minorias ou à defesa do meio ambiente. Elas regularmente apresentam o padrão dois pesos, duas medidas.

Durante a campanha para presidente dos Estados Unidos e mesmo depois, a ex-governadora Sarah Palin, que foi candidata a vice na chapa com o senador McCain, sofreu violentos ataques que não pouparam nem seus filhos. O caso mais conhecido é o do apresentador de talk show David Letterman que fez uma brincadeira grosseira contra a filha de Palin. Apenas depois da forte reação de Palin e de outros jornalistas, ele teve de se retratar. Cenas da filha de Palin, que deve ter por volta de quatro anos, brincando com o irmão recém-nascido que tem sídrome de down foram tratadas como jogada política. O fato da filha jovem ter engravidado, foi usado para atacar Palin, que é contra o aborto. Nada escapou ao ataque dos adversários. E esses ataques foram sumariamente aceitos entre as ONGs de defesa da mulher. Por quê? A resposta deve estar nos fatos de que Palin é de direita, republicana, pro-life, cristã, além de ser bonita. As ONGs mostraram que os princípios são apenas para uma parte da população.

Agora imaginem se a maior catastrófe ambiental da história norte-americana acontecesse sob o governo de Bush ou outro republicano? Pois é, o Obama está passando por isso sem ouvir nenhuma crítica das inúmeras ONGs ambientalistas do seu país. Cadê aqueles se vestindo de pelicanos, peixes e gaivotas sujos de lama em frente à Casa Branca?

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Sanções contra o Irã: Obama pior do que Bush.

Obama, durante a campanha, apontou que os Estados Unidos estavam agindo unilateralmente nas decisões internacionais. Para ele, o país precisa agir mais com o apoio da comunidade internacional, utilizar mais as Nações Unidas para exercer diplomacia e convencer aliados e mesmo inimigos. Chegou a dizer, durante um debate com o senador McCain, que gostaria de se sentar à mesa com o presidente do Irã, Ahmadinejad, para tentar parar o enriquecimento de urânio no Irã,que as próprias resoluções da ONU não foram capazes de parar.

À exceção da última Resolução contra o Irã, do dia 9 de junho passado, Resolução 1929, todas as outras resoluções contra o Irã foram feitas durante o governo Bush. E em todas elas houve maior aprovação do Conselho de Segurança. Com Obama, a aprovação teve Turquia, Brasil e Líbano votando contra (os dois primeiros) ou se abstendo (Líbano).

À parte os cinco países: China, Estados Unidos, Reino Unido, Rússia e França, o restante dos 10 países membros do Conselho de Segurança é rotativo. A primeira Resolução pedindo que o Irã parasse o enriquecimento do urânio, Resolução 1696, de 31 de junho de 2006, foi aprovada por 14 países, apenas o Catar votou contra. Na segunda resolução também de 2006, Resolução 1737, de 23 de dezembro de 2006, depois que o Irã descumpriu a anterior, foram aplicadas sanções ao Irã e o Catar votou a favor. A Resolução foi aprovada de forma unânime. Argentina e Peru faziam parte do Conselho em 2006.

Em 2007, ampliaram-se as sanções com a Resolução 1747, de 24 de março. Foi também aprovada de forma unânime. Catar continuava como membro do Conselho, e a Indonésia (país de maioria islâmica) entrou. O Irã continuava a enriquecer urânio e tinha recusado uma oferta da ONU de incentivos econômicos e ajuda para a produção de energia nuclear para fins pacíficos.

Em 2008, último ano do governo Bush, com a sua popularidade aos frangalhos dentro e fora dos Estados Unidos, a ONU aprovou duas Resoluções contra o Irã. Em 3 de março, a Resolução 1803 estendeu as sanções contra o Irã. Foi aprovada com 14 votos a favor e uma abstenção (Indonésia). A Líbia e o Vietnã faziam parte do Conselho em 2008. Em 27 de setembro, três meses antes de Bush deixar a presidência, a ONU aprovou a Resolução 1835 que reafirmou a Resolução anterior e novamente pediu que o Irã parasse de enriquecer urânio. A Resolução foi aprovada por unanimidade.

Sabemos que o mundo mudou. Também devemos reconhecer que a Turquia está se bandeando para o mundo islâmico sob o primeiro-ministro Recep Erdogan, e que o Brasil tomou uma atitude mais ideológica nas suas relações exteriores, mais à esquerda, abandonando a independência que o Itamaraty sempre representou.

Mas os resultados das sanções mostram que um governo americano forte é muito importante para ações contra o Irã. O Obama levou 16 meses para levar um acordo de sanções para o Conselho de Segurança. Pergunto-me se é só os Estados Unidos que vêem o perigo de um Irã nuclear. Todos os outros países ficam esperando os Estados Unidos reagirem. A Europa só me decepciona nesse aspecto. Os Estados Unidos são o único país que mantém firmeza no cumprimento das sanções. A nova Resolução, que é a mais forte delas contra o Irã, já começa a ser fragilizada pelos próprios membros permanentes do Conselho, como a Rússia.

No caso da Resolução 1929, parece-me que as ações do Brasil e da Turquia tentando alcançar um acordo com o Irã, no qual o Irã mantinha o enriquecimento do urânio, aceleraram a aprovação das sanções.

Mas a abordagem diplomática do Obama, tentando levar os Estados Unidos para a mesa de negociação com um país reincidente no descumprimento de acordos internacionais mostra inexperiência do Obama e dá apenas mais força para os inimigos, que percebem a chance de manter suas políticas agora com o apoio norte-americano. Antes da aprovação das sanções, o Obama enviou cartas ao Irã tentando levar o país a negociar. O que será que o Irã fez com estas cartas?

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Divisões que Promovem a Paz no Oriente Médio

George Friedman escreveu ontem um artigo no site Stratford.com sobre árabes e Israel, mostrando como as divisões entre os árabes mantêm Israel como líder da região e mais seguro. Ele não cita todas as fragmentações da região, apenas as mais importantes. Vamos a elas:

1) A divisão entre o Hamas e o Fatah. Os dois partidos palestinos são inimigos mortais, literalmente, já andaram matando uns aos outros. O Fatah é mais antigo, é um partido secular, formado nos anos 60 com ideologia socialista, aliava-se à antiga União Soviética. Era o partido dominante na Organização para Libertação Palestina (OLP). Yasser Arafat dominava o Fatah e a sua burocracia Essa grande burocracia, como não poderia deixar de ser, favoreceu a corrupção. Essa corrupção deu apoio popular à formação do Hamas. O Hamas não é secular, é um partido formado no movimento islâmico. A libertação da Palestina não é apenas um imperativo nacional, mas uma questão religiosa. Entre os Islâmicos, o Hamas é sunita. E isso provoca conflitos entre os outros movimentos islâmicos. Depois das eleições de 2006, por ter conseguido maioria de cadeiras no Parlamento, o Hamas expulsou pela força o Fatah de Gaza. Hoje, cada facção controla uma parte do território da Palestina;

2) O Egito tem como líder Hosni Mubarak, desde 1981. O país, assim como Israel, não gosta da influência do Hamas e fecha sua fronteira, com receio que esse movimento insufle a Irmandade Muçulmana, que é a mais velha força política religiosa na região. Foi fundada em 1928 no Egito por Hassan al-Banna. Mubarak tem procurado conter fortemente esse movimento dentro do país. Recentemente, com a nova crise entre Hamas e Israel, por pressões externas e internas, o Egito abriu as fronteiras. O efeito disso pode ser bastante severo para o país. O Egito tem um acordo de paz com Israel.

3) A Jordânia costuma não confiar no Fatah ou na OLP. Em 1970, a OLP tentou gerar uma revolução na Jordânia, país formado em grande parte por palestinos. O Rei Hussein atacou as milícias do Fatah matando milhares de palestinos. O conflito durou até 1971 e terminou na expulsão da OLP. O Hamas, com sua ideologia islâmica, também não é bem visto na região. A Jordânia também tem seus problemas com a Irmandade Islâmica. O país também tem um acordo de paz com Israel.

4) A Síria está bem mais interessada em conquistar o Líbano do que nos assuntos da Palestina. O país estimula junto com o Irã os avanços do Hezbollah no Líbano. O Hezbollah, partido libanês paramilitar, é anti-Israel , mas não é um movimento palestino. O partido é xiita e não sunita como o Hamas. Então a Síria apóia o Hezbollah que não tem relação muito próxima dos sunitas da Palestina, mas também mantém relações com os movimentos palestinos;

5) Os sauditas e os países da península arábica têm receio da influência palestina em seus governos. Em geral, mantêm uma boa relação com o Ocidente e consideram a OLP um movimento desastabilizador dos seus regimes.

6) O Irã está a mais de 1.600 km de distância. É um país xiita que tenta se aproximar dos sunitas palestinos e tenta enviar armas para que esses ataquem Israel. O Fatah não confia no Irã pelo seu apoio ao Hamas, mas o Hamas e o Irã também não se entendem como movimento religioso.

Enquanto houver essas divisões, a segurança de Israel está bem mais garantida.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Experiência de Obama

Imaginem se o Brasil debatesse e exigisse que seus políticos, ministros e presidentes tivessem experiência em algum cargo executivo, de preferência no setor privado, antes de assumirem suas funções. Quem sobraria? É assim nos Estados Unidos. E eles estão corretos nisso.

Obama, antes de assumir o cargo, tinha apenas gerenciado uma revista sobre temas jurídicos (Harvard Law Review). Por isso, sempre tinha de responder sobre a sua falta de experiência executiva. Em todos os momentos, ele ressaltava que gerenciava a sua campanha, que contava com mais de 2.500 empregados. Chegou a comparar sua campanha com a cidade da Sarah Palin (Wasilla) que tinha apenas 50 servidores, desconsiderando que Palin governava o estado do Alaska que tinha muito mais que 2.500 servidores. A sua campanha era a resposta para a sua falta de experiência.

Mas, no atual momento de sua presidência, novamente a falta de experiência veio à tona. Obama está lidando muito mal com o vazamento de óleo no Golfo do México. Nem mesmo conversou com o chefe da British Petroleum (empresa responsável) pelo vazamento e o seu governo foi lento e desastroso, inclusive, atrapalhando as decisões de governadores dos estados mais afetados pelo vazamento. Além do que Obama se mostrou desinformado quando a chefe do Serviço de Mineração (Elizabeth Birnbaum ) pediu demissão. Diante do maior desastre ambiental da história americana, os Estados Unidos têm um péssimo gerente.

Um fato muito revelador do efeito da falta de experiência do Obama é a própria constituição de seu gabinete. Mais de 90% dos nomeados não têm nenhum experiência no setor privado. Em forte contraste, mesmo com outros governos liderados pelo Partido Democrata, que geralmente convoca menos pessoas que têm experência no setor privado. Por volta de 19% da população americana trabalha no setor público. Se retirássemos os que trabalham nos estados e municípios, fica uma parte bem menor, e é dessa pequena parte que Obama formou seu gabinete. O pessoal deve se conhecer.

Vejam o gráfico abaixo de um relatório do JP Morgan, que foi divulgado nos Estados Unidos. Ele mostra a porcentagem de oficiais que têm experiência prévia no setor privado nas administrações norte-americanas desde 1900. Administração do Obama, nesse aspecto, é um desastre.

Experiência no Setor Privado de Nomeados para o Gabinete Presidencial - 1900 -2009


terça-feira, 8 de junho de 2010

Imigração na Inglaterra

Durante a campanha para o cargo de primeiro-ministro inglês, depois de questões econômicas, eram os problemas relativos ao aumento no número de imigrantes que mais mexiam com os eleitores. Mas o que foi frustrante foi que tanto economia como imigração foram pouco debatidos pelos candidatos. Havia um medo no ar de que qualquer deslize nos temas acima poderia ser fatal.

A economia inglesa exige forte corte nos gastos públicos, o país não pode conviver com os elevados custos dos seus diversos programas sociais. Mas os políticos tinham receio de dizer isso com medo da reação dos eleitores que dependiam desses programas. O debate foi paupérrimo em economia. Todos dizendo que o país deveria conter o seu déficit, atacando os banqueiros (especialmente Gordon Brown), falando que era necessário maior regulação do sistema financeiro e que era preciso dar empregos para os britânicos.

Emprego para os britânicos? Pensei. É verdade, os britânicos estão desempregados, os imigrantes, não. Estes últimos estão nos restaurantes, barbearias, cafés, postos de gasolina. Dar empregos para britânicos significa criar empregos que demandam elevada formação profissional.

A imigração líquida para a Inglaterra explodiu na década. Saiu de mais ou menos 41 mil por ano para 233 mil em 2007. Em 2008, foi de 163 mil, apenas porque houve muitas saídas. Jill Matheson, da Estatística Nacional (the National Statistician) prevê que em 20 anos a população passará de 61 milhões para 70 milhões, sendo três quartos do aumento formado por imigrantes. Atualmente 1 em 10 morando no Reino Unido nasceu no estrangeiro.

Gordon Brown fugia de discutir imigração como o diabo foge da cruz. O partido trabalhista que estava no poder desde 1997 foi o grande responsável pela imigração em massa. Documentos mostram que foi uma política deliberada. A idéia era “dinamizar” o país com a “vibração” da imigração. Mas o número de imigrantes trouxe sérios problemas e Gordon Brown evitava a todo custo discutir o assunto. No entanto, acabou encurralado por uma senhora nas ruas (Mrs. Gillian Duffy), que reclamava do número de poloneses no país. Brown tentou responder calmamente, mas deu azar e entrou no seu carro com o microfone ligado. Todo mundo viu como ele reagia ao assunto: chamou a mulher de fanática e pediu a cabeça do assessor que o deixou naquela situação. Depois teve de se desculpar, mas isso foi a pá de cal na campanha dele.

Agora com os trabalhistas na oposição, o assunto deixou de ser tabu no partido. Eles querem colocar a pecha de racistas na coalizão que está a frente do governo. Mas, o país tem de reduzir a entrada de imigrantes, tanto pelo convívio social, como por questões econômicas.

Além dos problemas econômicos, os mais sérios para mim, são os problemas culturais. Na grande maioria dos casos não se vê dinamismo, nem vibração, mas indiferença e muita dificuldade para manter a tradição do país. Durante a campanha, a Igreja Católica lançou um panfleto lembrando a formação cristã do país, que está ameaçada por mudanças nas leis que tornam o país mais laico. Melanie McDonagh, no seu artigo de ontem no The Telegraph, disse que a imigração tornou mais difícil o ensino do cristianismo nas escolas. Ela disse também que encontrou uma paquistanesa católica e esta lhe disse que no país dela a elite freqüentava as escolas católicas, mas que as aulas de religião para católicos e muçulmanos eram dadas em salas diferentes. Não se pode imaginar que cristãos e muçulmanos concordem sobre religião, por exemplo. Qualquer um minimamente conhecedor das duas religiões saberá que elas são muito diferentes. A Inglaterra pode ter de fazer o mesmo daqui a alguns anos.

domingo, 6 de junho de 2010

O Euro pode acabar em 5 anos

Uma pesquisa entre 25 economistas renomados que trabalham na City londrina feita pelo jornal The Telegraph revelou que doze acham que o Euro acabará em 5 anos, oito disseram que o Euro resistiria à crise e cinco estavam indecisos. Dos oito que previram a permanência do Euro, dois disseram que isso aconteceria com o custo de ver pelo menos um dos países membros em default de sua dívida pública. Quatro economistas disseram que, apesar da Grécia estar entre os que poderão deixar a zona do Euro, o país mais provável para abandonar o uso do Euro é a Alemanha. Outros dizem que três ou quatro países podem deixar de usar o Euro.

Um problema que aponta no horizonte é a capacidade dos governos e dos bancos de se refinanciarem. A dívida dos dezesseis países da Zona do Euro deve alcançar 88,5% do PIB em 2011 (aproximadamente 8,3 trilhões de euros).

Os países pegaram empréstimos da ordem de 800 bilhões de euros em 2009. Parte desses recursos foi para socorrer o sistema bancário, em uma roda viva em que os bancos compram dívida soberana para depois receber ajudar dos governos.

Os bancos europeus podem enfrentar uma crise de crédito enquanto competem com os governos por recursos. O Banco Central Europeu (BCE) disse na semana passada que os bancos devem refinanciar aproximadamente 800 bilhões de euros em dívidas até o fim de 2012 e que eles estarão competindo com os governos no mercado de títulos pelos recursos. Atualmente, o BCE refinancia os bancos, comprando os títulos públicos de suas tesourarias, mas deseja parar de refinanciá-los. As crises de dívida na Grécia, Portugal e Espanha, no entanto, adiaram os planos do Banco.

O Euro sob forte pressão tem maior impacto sobre aqueles governos que têm capacidade de defender a moeda. Os contribuintes desses países devem acreditar na importância da moeda. Angela Merkel na Alemanha sabe que não é esse o caso. Na França também há forte desconfiança em relação à moeda. O presidente da República Tcheca, Václav Klaus, é um respeitado economista. Ele escreveu um artigo para o Wall Street Journal na semana passada e disse que o Euro falhou em prover estabilidade e crescimento para os países que adotaram a moeda, e que o país dele fez a coisa certa em não aderir à zona do Euro.

No post que tem título "Europa e David Landes", em maio, falamos da importância da fragmentação entre cidades-estados para a formação da civilização européia. A fragmentação foi importante tanto para o desenvolvimento como para a defesa desta civilização. A zona do Euro vai na direção contrária e os países podem se convencer que estão indo na direção errada.

sábado, 5 de junho de 2010

Israel - Extrema esquerda (como os nazistas) adora odiar.

O raciocínio de muitos pacifistas que se opõem a Israel se assemelha ao que pensa Helen Thomas (na foto acima com o Obama). Helen Thomas é uma jornalista que trabalha para a Hearst Newspapers. Ela cobre as conferências de imprensa da Casa Branca há muito tempo e representa coerentemente o pensamento da extrema esquerda norte-americana.

No vídeo abaixo da Breibart, ela diz que os israelenses "têm de sair da Palestina, porra" ("get the hell out of Palestine"). Quando o repórter pergunta para onde eles deveriam ir, ela responde: "pra casa" ("go home"). Que casa? Insiste o repórter. Ela, então, cita Polônia,  Alemanha e mesmo os Estados Unidos.

Incrível como a extrema esquerda "love to hate" Israel baseada em argumentos rasteiros. Eles desprezam completamente o fato que os israelenses habitavam a região da Palestina há muito mais de dois mil anos e também esquecem o que aconteceu há não mais de 70 anos quando os israelenses eram cidadãos da Alemanha e da Polônia. No geral, o discurso da extrema esquerda é muito semelhante ao que diziam os nazistas. Comprem ou aluguem um excelente documentário da BBC sobre Auschwitz e verão os depoimentos do soldados nazistas. No geral, eles diziam algo como: "os judeus provocarama a crise econômica", "eles são ladrões, agiotas", "eles dominam o estado" e "eles mataram Cristo".

O mundo conheceu abismado o resultado deste raciocínio nazista e esquerdista : 6 milhões de judeus mortos

Vejam a entrevista da Helen Thomas abaixo (em inglês) e também, em outro vídeo, a resposta que os membros da frota que tentou atracar na Faixa de Gaza no dia 31 de maio deram ao exército israelense. Eles dizem: "Go back to Auschwitz" (voltem para Auschwitz) e "Don't forget 9/11" (Não esqueçam os ataques de 11 de setembro). Você acha que eles são humanistas?

http://www.breitbart.tv/helen-thomas-tells-jews-get-the-hell-out-of-palestine-and-go-back-to-germany-poland

http://www.youtube.com/watch?v=pxY7Q7CvQPQ&feature=player_embedded#!

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Mídia Internacional e Israel

Não dá para negar que os participantes da frota que quis atracar na Faixa de Gaza são ativistas suicidas. Buscam a morte para levantar a mídia internacional contra Israel.

O vídeo abaixo da Midia Goliath, em inglês, retrata isso com perfeição e destaca o New York Times e a BBC:

http://www.youtube.com/watch?v=jV6DVk04HkM&feature=player_embedded

Terrorismo Somali e América Latina

Um avião da Aeromexico que ia de Paris para a Cidade do México foi desviado na segunda-feira (31) para o Canadá. O motivo foi a presença do somali Abdirahman Ali Gaall entre os passageiros. Ele faz parte de uma lista norte-americana de passageiros que não podem voar por relações com o terrorismo. Gaall tem relações com o grupo terrorista jihadista al Shabaab da Somália. Gaall foi retirado do avião e, ao que tudo indica, levado aos Estados Unidos. Mais uma vez um passageiro deste tipo de lista conseguiu embarcar. No natal passado, Umar Farouk Abdulmutallab (nigeriano) que fazia parte de uma lista britânica (UK watch list) quase explode uma bomba a bordo de uma avião da Northwest Arlines indo de Amsterdã para Detroit. O explosivo falhou.

A Somalia merece acompanhamento de perto. Tem um histórico bastante agitado em termos políticos e guerras com vizinhos, o que infelizmente é comum no continente africano, e não tem governo de fato, apenas de nome (Governo Federal de Transição, em inglês Transitional Federal Government (TFG)). A região norte e a região sul do país continuam em guerra civil e há forte presença de radicais islâmicos, especialmente no sul do país. Além disso, o que facilita o agenciamento de jihadistas, há elevado nível de desemprego e muita miséria. O país tem sido conhecio também por atos de pirataria em navio que passam próximo a sua fronteira.

Os somalis têm procurado refúgio em outros países para fugir da fome, mas tem trazido preocupações para esses países. Os países da América Latina, inclusive, também devem ficar atentos, apesar da distância territorial. O México em especial, por causa da fronteira com os Estados Unidos. O site stratford.com relatou que na semana passada outro somali com ligações com o al Shabaab tentou cruzar a fronteira entre México e Estados Unidos. Mas não só o México que tem de se preocupar. O mesmo site diz que uma corte distrital do Texas no dia 3 de março passado processou um somali chamado Ahmed Muhammed Dhakane, acusado de operar uma rede de tráficos de somalis para os Estados Unidos que tinha base no Brasil. Dhakane seria ligado a outro grupo com ligações terroristas: al-Itihaad al-Islamiya (AIAI). O AIAI é acusado de ter relações com a al-Qaeda.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Alemanha

Um assunto que passou completamente despercebido no Brasil foi a renúncia na segunda-feira do presidente alemão Horst Köhler. A renúncia ocorre no primeiro ano do segundo mandato de Köhler. A sua saída foi motivada por uma entrevista que ele deu depois ter ido visitar as tropas alemãs no Afeganistão.  Ele disse na entrevista (traduzido do inglês): "Um país com nosso tamanho, com o nosso foco em exportações e confiança no livre comércio, deve estar ciente que ações militares são necessárias em uma emergência para proteger nossos interessses, por exemplo, quando ocorre em rotas comerciais, ou, quando são feitas para prevenir instabilidades regionais que poderiam negativamente influenciar o comércio, o emprego e a renda".

Não é uma fala explosiva e a relação guerra e comércio não é nova nem é relacionada apenas a Alemanha. Mas a imprensa reagiu fortemente, em um país ainda marcado pelas dores da segunda guerra mundial.

A Alemanha sofreu por anos os efeitos da segunda guerra, ficou dividida, se reunificou, mas ainda sofre pela divisões e medos provocados pela guerra. A palavra guerra tem um estereótipo muito marcado, não se costuma mencionar a palavra, apesar do país estar no Afeganistão desde 2001, sempre se remete à OTAN para justificar a presença alemã.

As lembranças são pesadas, quando estive em Berlim, tentei visitar alguns pontos que lembravam a guerra, mas as pessoas não respondem, você tem de procurar na internet. É uma cidade linda, mas ainda está em construção para melhorar a Berlin oriental que foi consumida pelo comunismo. Eles mantiveram a ex-belíssima catedral da cidade como ficou depois da guerra (aos pedaços) para lembrar o passado. Há também grupos neo-nazistas. Tudo isso. Mas o politicamente correto asfixia o debate político. O país precisa se rearfirmar mostrando sua defesa da democracia, dos direitos humanos e sua luta contra o terrorismo.O país é o maior da Europa e é uma potência econômica e comercial.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Turquia

Por falar em "novos atores" no cenário internacional (post abaixo), Seth Cropsey, hoje no site da "The Weekly Standard", considera que a mundança importante nas relações internacionais do mundo de hoje está na Turquia. O incidente ocorrido nesta semana com a frota de ajuda humanitária diz muito mais sobre isso do que sobre Israel ou sobre a Faixa de Gaza.

A Turquia tradicionalmente era um aliado de Israel, especialmente para conter o avanço da antiga União Soviética no Oriente Médio. Os países já fizeram treinamento militar juntos. Mas, desde o fim da União Soviética, e especialmente, desde a eleição de Recep Erdogan (sete anos atrás) a Turquia tem se aproximado de países inimigos de Israel, chamado Irã de país amigo e feito exercícios miltares com a Síria (em 1998 esses dois países quase entram em guerra).

Crospey, então, faz uma séria de perguntas perturbantes:

1)  Uma entente entre Turquia, Irã e Síria, com apoio do Hamas e do Hezbollah signifcará o fim do Líbano?;

2) O que essa aliança significará para o futuro de Israel?;

3) Como a entente usará seu peso para propagar o Islamismo na Ásia Central afetando a Rússia e a China?;

4) Qual será o impacto de uma alinaça Turquia-Irã sobre os Curdos e sobre o Iraque?;

5) A Turquia deve permanecer como membro da OTAN?;

6) Qual será o impacto sobre a Grécia?, e por último;

7) Como o mundo deve reagir?

BRIC

Ontem, tive a chance de me reunir com três colegas de três países diferentes: Canadá, Cingapura e China. Eles me disseram sobre seus planos profissionais como professores e analistas das relações internacionais. Percebi que eles estão mais ou menos trabalhando sobre o mesmo tema: "nova ordem internacional", "ascendência dos países em desenvolvimento", "novos atores no cenário internacional" ou "a atuação dos BRICs".

BRIC é uma sigla internacional para Brasil, Rússia, Índia e China. Foi criada pelo analista Jim O'Neill do "Goldman Sachs" em 2001. A idéia é que esses populosos e territorialmente grandes países estão tendo mais poder no cenário internacional. O mundo da pesquisa acadêmica entrou nisso de cabeça e hoje há milhares, senão milhões, de textos sobre o assunto. E esses países também entraram na onda e hoje fazem reunião conjunta, apesar de não se conhecer nenhuma decisão do grupo ainda.

Disse aos meus colegas, que não vi muita semelhança entre os países, além do fato de serem grandes e populosos. Um dos meus colegas argumentou que a China tem grande relação comercial com o Brasil. E eu perguntei: com quem a China não tem grande relação comercial? Quais são as proximidades entre Brasil e Rússia? E com a Índia?

Outra coisa ainda me aflige nesse debate: a China tem grande preocupações com suas fronteiras, tem problemas com a Coréia do Norte, com Taiwan, com o Tibete e com a própria Índia. A Índia também se preocupa com seus vizinhos. Tem sérios problemas com o Paquistão, Bangladesh, Afeganistão e Sri Lanka. A Rússia não fica atrás, tem fontes de conflito com o Afeganistão, Geórgia e Ucrânia. E o Brasil não tem que se preocupar com seus vizinhos? Está tudo resolvido, como se o Brasil fosse os Estados Unidos e os países vizinhos fossem o Canadá?

Por último e para mim a questão central é: que valores esses “novos atores” trazem para o cenário internacional? Não conheço nenhum texto discutindo isso, mas sei que deve haver alguns entre os milhares sobre o assunto. Infelizmente, os artigos dos meus colegas nada falavam sobre isso.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Etiópia

Por falar em Etiópia (citei no post sobre Gaza abaixo), Abebe Gellaw, da Universidade de Stanford, no "Wall Street Journal" de hoje, nos mostra como está o país.

A Etiópia saiu de uma ditadura comunista sangrenta (de 1974 a 1991) para uma ditadura sangrenta que apóia o Ocidente (desde 1991). No mês passado, essa última ditadura, liderada por Meles Zenawi, que chegou ao poder depois de uma violenta guerra civil que durou 17 anos, fez uma eleição de araque e o governo conseguiu 544 das 546 cadeiras disponíveis do parlamento. As organizações internacionais denunciaram a eleição, mas o Ocidente (Europa e Estados Unidos) reagiu muito moderadamente, dizendo que a eleição não seguiu os padrões internacionais.

Gellaw reafirma que a Etiópia sob Meles, em termos de democracia, é a mesma que era sob Mengistu (o líder da época comunista): o estado e o partido no poder se confundem.

A única vez que a eleição foi mais ou menos aberta foi em 2005, o partido de Coalizão para a Unidade e Democracia foi muito bem, mas o governo reagiu rápido se declarando vencedor e atacando os oponentes. Forças de segurança abriram fogo em Addis Abada, matando 193 civis e ferindo aproximadamente 800. Líderes oposicionistas foram presos, acusados de traição e genocídio. Mas de 40 mil de apoiadores dos partidos de oposição foram presos em campos militares. Neste ano, Zenawi tomou medidas preventivas, fechando jornais e websites, proibindo passeatas, ameaçando organizações civis e fomentando divisões nos partidos oposicionistas. Alguns líderes oposicionistas foram presos também.

Enquanto isso, a nação continua muito pobre, extremamente dependente da ajuda comunitária internacional. E o Ocidente, na tentativa de manter um aliado contra o terrorismo, vai relaxando os princípios democráticos e a defesa dos direitos humanos.

É, foi tentativa de linchamento mesmo.

Meu amigo, Marcelo Ribas, me enviou um vídeo que mostra os "humanistas" a bordo do navio turco atacando militares do exército israelense. O vídeo mostra que os "humanistas" usaram barras, paus, pedras, cadeiras, etc. Incrível.

http://www.youtube.com/watch?v=gYjkLUcbJWo&feature=player_embedded

Hoje, James Corum (um coronel da reserva do exército americano) escreveu em seu blog no "The Telegraph":

"...whenever I hear that “peace people” are in the area I reach for my helmet and look for shelter – for violence and terrorism are almost sure to follow." (toda vez que ouço que "pacifistas" estão na área eu procuro meu capacete e um abrigo - pois certamente violência e terrorismo ocorrerão).

Ele está certo, mais uma vez.