sexta-feira, 30 de julho de 2021

Papa Francisco como Pai Abusivo - Disso Eu Entendo, Infelizmente

 


Li ontem no site One Peter Five um texto chamado Can We Love Pope Francis? (É Possível Amar o Papa Francisco?). O autor, Kennedy Hall, argumenta que Francisco é como um pai abusivo, e assim a solução para lidar com isso é simplesmente não se importar com o que ele diz e se afastar dele.

Infelizmente, eu tenho muita experiência com pai abusivo. Este meu post será muito pessoal. Mas acho que pode ajudar a entender sobre como lidar com Francisco. O que vou dizer aqui pode parecer agressivo, mas peço ao leitor que tome como verdade dita por uma pessoa que sabe exatamente o que está dizendo.

Vou descrever meu pai, vocês podem substituir pelo Papa Francisco para ver se faz sentido.

Meu pai, durante a minha infância foi um não-pai, e durante a minha juventude e vida adulta foi um anti-pai. Agiu abertamente contra minha pessoa e contra minhas irmãs. Agiu contra aqueles que deveria cuidar.

Meu pai detestava ser pai e mesmo ser avô. Desprezava tudo isso.

Ele era completamente ignorante e obtuso, não era possível conversar com ele sobre qualquer coisa que envolvesse uma raciocínio mínimo. Só aceitava pessoas que concordassem com ele. 

Sofri muito durante toda a minha vida e ainda sofro. Seu último ato, que descobri depois de sua morte foi um um crime financeiro contra mim e minhas irmãs. Até hoje, quase dez anos depois de sua morte, ainda não consegui resolver isso. O mal de um pai abusivo se estende.

Meu pai em vida me disse palavras agressivas e de abandono. Teve muitas chances de se redimir, mas, pelo contrário, ficou pior no tempo.

Um pai não pode ser substituído, uma mãe não pode fazer a parte de pai. No meu caso, me tornei, nas palavras de minha mãe, o pai de minha mãe. Meu apoio na juventude veio com meu avô, da melhor forma que um avô pode ser, mas sem conseguir substituir um pai. Outro apoio, foi a religião católica, nunca a abandonei, nem com sugestão de pessoas que eu amava sugerindo outra coisa,

Sofri muito e sofro por conta do fato que tive um pai abusivo? "You bet" (pode acreditar que sim)

Me senti muito perdido na vida em vários momentos? You bet.

Tive que recomeçar várias vezes? You bet.

Fiz besteira na vida por conta de completo abandono? You Bet

A dor que senti vai passar e vou superar isso? Não, "these tears are going nowhere". Apenas aprendi a conviver, aprendi a aceitar que se leva lágrimas no coração.

O que meu pai me fez em ajudou como pessoa? Não. Não mesmo. Como diz repetidamente a filósofa católica Elizabeth Anscombe, de um mal não se pode gerar um bem. Certa vez, meu pai me disse que o mal que ele me fez foi o que levou a ter sucesso. Reagi fortemente e neguei isso. Meu sucesso se deve a Deus, a mim e àqueles que me ajudaram. Ele foi um peso que ainda carrego.

Cheguei ao fundo do poço na vida? Sim.

Como eu consegui superar? Justamente depois de chegar ao fundo do poço, em um momento que não conseguia nem sentar no banco da igreja, sentava no chão a implorar  a Nossa Senhora das Graças para interceder por mim. A partir daí, depois de um bom tempo, cheguei a finalmente me sentir bem na vida.

O que eu fiz diante de um pai abusivo? Me afastei dele, mesmo contra as recomendações de minha própria mãe. 

Sofri sem apoio dele?  Sim, muito, mas ele nunca me deu apoio, como podia esperar por isso?

Venci na vida (pelos critérios humanos)? Sim, fiz coisas que não poderia imaginar nem nos melhores sonhos de juventude.

Lutei contra meu pai abusivo? Sim, até hoje luto, mesmos depois dele morto. 

Essa luta me fez bem? Sim, especialmente quando protegia a mim mesmo, a minha mãe e a minhas irmãs. Era muito claro que ele era anti-pai, era lutar ou me destruir.

Eu rezo pela alma de meu pai? Sim. E rezo também pelas almas de meu avô e de minha avó. 

Meu pai merece minhas orações?  Não é uma questão de merecer. 

Há uma diferença óbvia com papa Francisco, no entanto.  Os cardeais podem tirar Francisco de lá.





quinta-feira, 29 de julho de 2021

A Corrupção Moral e Financeira na Igreja: Dois Cardeais


Finalmente, o laicizado ex-cardeal Theodore McCarrick, acusado por muitos, incluindo arcebispo Viganò, como pedófilo e abusador sexual de seminaristas, foi criminalmente acusado. Francisco era muito próximo de McCarrick o tinha nomeado para lidar com as questões chinesas. Foi avisado por Viganò em 2013 das tantas acusações contra McCarrick, mas Francisco não fez nada, até que em 2019, ficou impraticável para Francisco diante das acusações públicas contra McCarrick e ele foi laicizado. Mas o caso McCarrick não pega só Francisco, há muito se sabe dos crimes dele, São João Paulo II e Bento XVI muito provavelmente estavam cientes de muita coisa.

No vídeo, Dr. Marshall nos diz que ao laicizar McCarrick, Francisco se livrou de ter de julgá-lo, pois ele é o único que pode julgar cardeais. Isso também evitou as penalidades canônicas contra McCarrick. Francisco fez o mais fácil e menos problemático para ele: laicizou McCarrick.


Dr. Marshall documentou todo o caso McCarrick em seu livro Infiltration.

McCarrick foi arcebispo de Washington, vivia junto do poder, é comum ver fotos de McCarrick com Bush ou Obama (aliás, desconfio que está havendo uma limpa de fotos comprometedoras dele na internet, pois existe uma foto clássica de McCarrick nos jardins da Casa Branca com Obama, e não consegui achar de maneira nenhuma. Outro dia também fiquei muito tempo procurando um registro muito conhecido de Francisco, como cardeal Bergoglio na Argentina, celebrando missas junto pessoas vestidas de mickey mouse e não achei de maneira nenhuma).

 McCarrick é aquele tinha o mais alto cargo na hierarquia católica a ser acusado criminalmente por pedofilia nos EUA.



Cardeal Angelo Becciu começou a julgado nesta semana por gigantesca corrupção financeira com dinheiro dos fiéis. Consideram o julgamento dele o julgamento do século. Francisco era próximo dele, o nomeou para cargos, depois os retirou do cargo, retirou a capacidade dele como cardeal, depois fez oração junto com ele (sinalizando proximidade), depois se mostrou contra (em suma, atos peronistas de Francisco, aquelas ações confusas, que tem base para qualquer julgamento). O Cardeal Becciu se diz inocente e diz que continuará fiel a Francisco. Tem até mulher envolvida.

Rezemos. Que tudo veja a luz. Há muitos terríveis pecados escondidos em batinas.


quarta-feira, 28 de julho de 2021

Associação - O Guardião dos Guardiães (Custos Custodes Custodiet)

O Padre John Zuhlsdorf (Padre Z) anunciou ontem a formação de um associação informal chamada "Custos Traditionis" (Guardião da Tradição). Esta associação informal é feita para oração e penitência dedicada a duas petições oferecidas à Bem-aventurada Virgem Maria, que são:

  • o amolecimento dos corações daqueles que interpretam o Traditionis Custodes (bispos, oficiais da Congregação Romana);
  • a anulação, reversão ou alteração importante do Traditionis Custodes.

O nome da associação lembra um provérbio de Juvenal, "Quis custodiet ipsos custodes?  (Quem nos protege do protetor? Ou quem nos guarda dos guardiães?). 

"Custos" é singular de "custodes", em latim, e significar guardião.

Quem vigia os clérigos são os leigos, muitas vezes na história vimos isso, devemos ser custos dos custodes.

Os membros da associação devem:

  • recitar a bela e poderosa oração Memorare DIARIAMENTE;
  • fazer um ato de penitência física ou material pelas duas intenções acima UMA VEZ POR SEMANA

Tenho apenas noções básicas de latim, mas arrisquei no "custos custodes custodiet" do título, hehehe.

Para participar da associação informal visite o site do Padre Z. Padre Z está fazendo um trabalho excelente neste momento tão triste da Igreja Católica. Merece todo apoio.

Padre Z oferece botons, canecas e camisas com o nome da assciação e com a Memorare. A camisa vem com a Memorare nas costas escrita em várias línguas. Mas vou reclamar lá, pois tentei comprar uma camisa e não consegui. Não havia opção para envio para o Brasil. Vamos ver se Padre Z me responde.

Talvez, alguém diga: "lá vai um americano tentando ganhar dinheiro usando a crise na Igreja". Bom, ah se todos tentassem ganhar dinheiro em apoio a Igreja. Outra coisa, quando eu estive em Fátima, vi que havia muitas lojas de material religioso. Daí, achei que ia comprar um linda camisa de Fátima. Fui em várias lojas e só me decepcionei. Camisas feias e de péssima qualidade. Mesmo assim comprei duas. Uma delas já joguei fora, não aguentou nem uma lavagem. A outra quase não uso.

Achei a camisa do Custos Traditionis bem cara para a taxa de câmbio brasileira. Fica por volta de 200 reais. Pode-se comprar outras coisas, no entanto, em apoio. 

Aqui vai a oração Memorare, em português e latim. 

Em Português

Lembrai-vos, ó piíssima Virgem Maria,
que nunca se ouviu dizer
que algum daqueles que têm recorrido à vossa proteção,
implorado a vossa assistência,
e reclamado o vosso socorro,
fosse por Vós desamparado.
Animado eu, pois, com igual confiança,
a Vós, ó Virgem entre todas singular,
como à Mãe recorro, de Vós me valho e,
gemendo sob o peso dos meus pecados,
me prostro a vossos pés.
Não rejeiteis as minhas súplicas,
ó Mãe do Verbo de Deus humanado,
mas dignai-Vos de as ouvir propícia,
e de me alcançar o que vos rogo.
Amém.

Em Latim

MEMORARE, O piissima Virgo Maria,
non esse auditum a saeculo,
quemquam ad tua currentem praesidia,
tua implorantem auxilia,
tua petentem suffragia,
esse derelictum.
Ego tali animatus confidentia,
ad te, Virgo Virginum, Mater, curro, ad te venio,
coram te gemens peccator assisto.
Noli, Mater Verbi, verba mea despicere;
sed audi propitia et exaudi.
Amen.


terça-feira, 27 de julho de 2021

Documentário: A Missa de Todas as Eras (The MASS OF THE AGES)


Lindo vídeo sobre uma trilogia que será lançada sobre a missa tridentina. Fantástico. Documentário terá sua premiere no próximo dia 15 de agosto nos EUA.

Descobri isso hoje vendo o último vídeo do Dr. Marshall que entrevistou Cameron O'Hearn que faz parte da produção da trilogia. É um ótimo vídeo também porque Marshall discute a importância da "TLM" (traditional latim mass), tanto no "T", como "L", como "M", que traz diferente significado do que chamar de "extraordinary form" (forma extraordinária). 

Hoje também eu li que pesquisa recente mostra crescimento da missa latina nos EUA. Tenho a impressão que Francisco tentou colocar um dilúvio em um copo de papel, como diz aquela música "Don't Dream it's Over" do grupo Crowded House (aliás, essa parte da letra da música foi parar no título de artigo que escrevi sobre o Islã, hehehe).

A pesquisa foi apresentada pela revista The Crisis Magazine, que fez entrevistas antes e depois do documento de Francisco.


Viva Cristo Rei!!

ICXC NIKA


Vídeo: Burke e Muller Comentando sobre Traditionis Custodes.


Muito interessante e importante entrevista aos cardeais Muller e Burke.

Destaco uma parte que é debatida a partir do 7 minutos do vídeo, que trata do fato de que o documento de Francisco diz que a sua decisão é baseada em pesquisa entre os bispos do mundo que teriam respondido a um questionário criticando a missa em latim.

O entrevistador (Raymond Arroyo) relata que uma jornalista descobriu que apenas 30% dos bispos responderam a tal questionário e que a maioria dos bispos que responderam tinham posição neutra ou favorável à missa em latim, apesar de que o questionário tinha um viés contra a missa em latim.

Não tem como documento de Francisco ficar pior, além de cruel e errado teologicamente e historicamente (como dizem os cardeais no vídeo), ainda é mentiroso.

Para quem não entende inglês, resumo o que os cardeais disseram, abaixo:

1) Cardeal Muller falou que a Igreja sempre teve diversas formas de liturgia;

2) Cardial Burke diz que a liturgia do Vaticano II não é a que nós vemos na Novo Ordo, era bem mais tradicional, defendendo o latim e estabelecendo os tipos de instrumentos musicais que podem ser usados;

3) Cardeal Burke diz que há muito amor e fé entre os fiéis que participam da missa latim no mundo todo, que não entende a agressão do documento contra a missa em latim. 

4) Fala-se do questionário, que mencionei acima;

5) Cardeal Burke e Muller não veem nenhuma razão em suprimir a missa latina, que nunca foi condenada pela Igreja;

6) Cardeal Muller diz que os extremistas, sejam do Novo Ordo ou da missa latina, não podem condenar as formas de liturgia.

7) Cardeal Burke diz que há muitos problemas canônicos com o Traditionis Custodes. A começar com o fato do documento dizer que o que ele ordena deve ser executado "imediatamente", uma coisa absurda.

8) Cardeal Burke também diz que não é possível que a missa do Vaticano II sejaa única missa possível, como diz Francisco no documento. Não é possível canonicamente. Burke simplesmente diz que não entende essa parte do documento, diz que "isso não pode ser verdade".

9) Cardeal Burke diz que o documento é muito cruel e revolucionário ("harsh", que pode ser traduzido como duro, grosseiro, e "revolutionary").

10) Cardeal Muller argumenta que o documento trouxe um contradição entre papas. Diz que é preciso voltar e elaborar uma teologia adequada ("sound theology").




sábado, 24 de julho de 2021

Juan Manuel de Prada usou GK Chesterton para Combater Francisco. Outros Padres e Teólogos Também Criticaram Francisco

Vi hoje um site chamado New Liturgical Movement, que traz uma lista de artigos sobre o Traditionis Custodes de Francisco

O melhor site para clérigos acompanharem os acontecimentos, acho que é o do Padre John Zuhlsdorf, que traz testemunhos e reações de padres e bispos até no twitter, como o excelente depoimento do bispo Reed sobre o amor de sua mãe pelo missal em latim e a reação do bispo Tobin, que disse que Francisco usou uma motoserra contra a missa tridentina. Se era para tirar os radicais, bastava um bisturi. Disse que ainda é necessário entender o que quer Francisco, enquanto se mantém a missa tridentina para os fiéis. Vejam abaixo:


De todos os artigos que li, o melhor que vi até agora foi o da FSSPX, de Dom Davide Pagliarini. Esse sim não faz nenhuma cortesia a Francisco, seu foco é dizer que vai lutar até a morte pela Missa de Cristo.

Depois deste, vem o texto de Cardeal Burke, pois ele esclarece um ponto central que muitos falham. Burke deixou claríssimo que Francisco não tem poder para abolir a missa tradicional. Coloquei a tradução do texto do Burke aqui no blog.

Todos os outros textos deveriam levar isso como ponto de partida. Por exemplo, Edward Feser, um filósofo que respeito muito, fez um bom texto sobre o documento de Francisco, mas falhou na conclusão ao não entender esse ponto de Burke.

Da lista de artigos trazidos pelo New Liturgical Movement, eu gostei muito do de Juan Manuel de Prada, um renomado escritor espanhol.

Ele usou uma frase de Chesterton para combater o documento de Francisco. Chesterton disse que "a Igreja nos pede para tirar o chapéu e não a cabeça para se entrar nela".

Juan Manuel de Prada disse que Francisco está nos pedindo que tiremos nossas cabeças. Isso não se pode aceitar!!

Palmas para esse grande escritor!

Leiam o texto de Juan Manuel, clicando aqui.

Hoje eu também li um apelo de um fiel contra o documento de Francisco. O apelo foi publicado no Wall Street Journal.

A lista do New Liturgical Movement traz outros artigos muito bons e me parece que está sendo acrescida a medida que se tem mais artigos interessantes e importantes.


sexta-feira, 23 de julho de 2021

Cardeal Burke: Francisco Não Tem Poder sobre a Liturgia de Cristo.


Em um texto excelente, cardeal Burke responde passo a passo sobre o documento Traditionis Custodes em que Francisco quer acabar com a liturgia da missa milenar anterior ao Concílio Vaticano II. 

Leiam o original, clicando aqui. Traduzo abaixo muito rapidamente, usando google translate, pode ser que não sai tudo corretamente.

Declaração sobre o Motu Proprio  «Traditionis Custodes»
Cardeal Burke
EM 22 DE JULHO DE 2021

Muitos fiéis - leigos, ordenados e consagrados - expressaram-me a profunda angústia que Motu Proprio  «Traditionis Custodes» lhes trouxe. Aqueles que estão apegados ao Usus Antiquior (Uso Mais Antigo) [UA], o que o Papa Bento XVI chamou de Forma Extraordinária, de Rito Romano estão profundamente desanimados com a severidade da disciplina que o Motu Proprio impõe e ofendidos pela linguagem que ele emprega para descrevê-los, suas atitudes e sua conduta. Como fiel, que também mantém um vínculo intenso com a UA, compartilho plenamente dos seus sentimentos de profunda dor.

Como Bispo da Igreja e como Cardeal, em comunhão com o Romano Pontífice e com a responsabilidade particular de assisti-lo na sua pastoral e governo da Igreja universal, apresento as seguintes observações:

1. A título preliminar, deve-se perguntar por que o texto latino ou oficial do Motu Proprio ainda não foi publicado. Pelo que sei, a Santa Sé promulgou o texto nas versões italiana e inglesa e, posteriormente, nas traduções alemã e espanhola. Visto que a versão em inglês é chamada de tradução, deve-se presumir que o texto original está em italiano. Se for esse o caso, existem traduções de textos significativos na versão inglesa que não são coerentes com a versão italiana. No Artigo 1, o importante adjetivo italiano, “unica”, é traduzido para o inglês como “único”, em vez de “apenas”. No Artigo 4, o importante verbo italiano, "devono", é traduzido para o inglês como "deveria", em vez de "deve".

2. Em primeiro lugar, é importante estabelecer, nesta e nas duas observações seguintes (nn. 3 e 4), a essência do conteúdo do Motu Proprio. Resulta da severidade do documento que o Papa Francisco emitiu o Motu Proprio para abordar o que ele percebe ser um grave mal que ameaça a unidade da Igreja, ou seja, a UA. De acordo com o Santo Padre, aqueles que adoram de acordo com esse uso fazem uma escolha que rejeita “a Igreja e suas instituições em nome do que é chamado de 'Igreja verdadeira'”, uma escolha que “contradiz a comunhão e alimenta a tendência divisionista ... contra o qual o apóstolo Paulo reagiu tão vigorosamente ”.

3. É claro que o Papa Francisco considera o mal tão grande que agiu imediatamente, não informando os Bispos com antecedência e nem mesmo prevendo a habitual vacatio legis, período de tempo entre a promulgação de uma lei e sua entrada em vigor. A vacatio legis proporciona aos fiéis e especialmente aos Bispos tempo para estudar a nova legislação relativa ao culto a Deus, aspecto mais importante da sua vida na Igreja, com vista à sua implementação. A legislação, de fato, contém muitos elementos que requerem estudo quanto à sua aplicação. 

4. Além disso, a legislação impõe restrições à UA, o que assinala a sua eliminação definitiva, por exemplo, a proibição da utilização de uma igreja paroquial para o culto segundo a UA e o estabelecimento de determinados dias para esse culto. Em sua carta aos Bispos de todo o mundo, o Papa Francisco indica dois princípios que devem guiar os Bispos na implementação do Motu Proprio. O primeiro princípio é “prover o bem daqueles que estão arraigados na forma anterior de celebração e precisam retornar no tempo devido ao rito romano promulgado pelos santos Paulo VI e João Paulo II”. O segundo princípio é "interromper a construção de novas paróquias pessoais ligadas mais ao desejo e desejos de padres individuais do que à necessidade real do‘ santo povo de Deus ’.”

5. Aparentemente, a legislação visa a correção de uma aberração atribuível principalmente à “vontade e vontades” de certos sacerdotes. A este respeito, devo observar, especialmente à luz do meu serviço como Bispo diocesano, não foram os sacerdotes que, pela sua vontade, exortaram os fiéis a solicitarem a Forma Extraordinária. De facto, estarei sempre profundamente grato aos numerosos sacerdotes que, não obstante os seus já pesados ​​compromissos, serviram generosamente os fiéis que legitimamente solicitaram a UA. Os dois princípios não podem deixar de comunicar aos fiéis devotos que têm um profundo apreço e apego ao encontro com Cristo através da Forma Extraordinária do Rito Romano que eles sofrem de uma aberração que pode ser tolerada por um tempo, mas deve ser finalmente erradicada.

6. De onde vem a ação severa e revolucionária do Santo Padre? O Motu Proprio e a Carta indicam duas fontes: primeiro, “os desejos expressos pelo episcopado” através de “uma consulta detalhada dos bispos” conduzida pela Congregação para a Doutrina da Fé em 2020, e, segundo, “a opinião de a Congregação para a Doutrina da Fé. ” Sobre as respostas à “consulta detalhada” ou “questionário” enviado aos bispos, o Papa Francisco escreve aos bispos: “As respostas revelam uma situação que me preocupa e entristece e me convence da necessidade de intervir”.

7. Quanto às fontes, deve-se supor que a situação que preocupa e entristece o Romano Pontífice existe geralmente na Igreja ou apenas em alguns lugares? Dada a importância atribuída à “consulta detalhada” ou “questionário”, e a gravidade do assunto que se trata, parece imprescindível que o resultado da consulta seja tornado público, juntamente com a indicação do seu caráter científico. Da mesma forma, se a Congregação para a Doutrina da Fé fosse de opinião que tal medida revolucionária deveria ser tomada, ela aparentemente teria preparado uma Instrução ou documento semelhante para abordá-la.

8. A Congregação conta com a perícia e a longa experiência de alguns funcionários - primeiro, servindo na Pontifícia Comissão Ecclesia Dei e depois na Quarta Seção da Congregação - que foram encarregados de tratar das questões relativas à UA. Deve-se perguntar se a “opinião da Congregação para a Doutrina da Fé” refletiu a consulta daqueles com maior conhecimento dos fiéis devotos da UA?

9. A respeito da percepção do grave mal constituído pela UA, tenho uma vasta experiência ao longo de muitos anos e em muitos lugares diferentes com os fiéis que regularmente adoram a Deus de acordo com a UA. Com toda a franqueza, devo dizer que esses fiéis, de forma alguma, rejeitam "a Igreja e suas instituições em nome do que é chamado de 'Igreja verdadeira'." Nem os descobri fora da comunhão com a Igreja ou divisivos dentro da Igreja. Pelo contrário, eles amam o Romano Pontífice, seus Bispos e sacerdotes, e, quando outros fizeram a escolha do cisma, eles quiseram permanecer sempre em plena comunhão com a Igreja, fiéis ao Romano Pontífice, muitas vezes à custa de grande sofrimento. Eles, de forma alguma, atribuem a uma ideologia cismática ou sedevacantista.

10. A Carta que acompanha o Motu Proprio afirma que a UA foi permitida pelo Papa São João Paulo II e posteriormente regulamentada pelo Papa Bento XVI com “o desejo de favorecer a cura do cisma com o movimento de Mons. Lefebvre. ” O movimento em questão é a Fraternidade São Pio X. Embora ambos os Romanos Pontífices desejassem a cura do cisma em questão, como deveriam todos os bons católicos, eles também desejavam manter em continuidade a UA para aqueles que permaneceram na plena comunhão do Igreja e não se tornou cismático. O Papa São João Paulo II demonstrou caridade pastoral, de várias maneiras importantes, para com os fiéis católicos ligados à UA, por exemplo, concedendo o indulto para a UA, mas também estabelecendo a Fraternidade Sacerdotal de São Pedro, uma sociedade de vida apostólica para padres ligados à o UA. No livro, Último Testamento em suas próprias palavras, o Papa Bento XVI respondeu à afirmação: “A reautorização da Missa Tridentina é muitas vezes interpretada principalmente como uma concessão à Fraternidade São Pio X,” com estas palavras claras e fortes: “ Isso é absolutamente falso! Foi importante para mim que a Igreja fosse uma só consigo mesma interiormente, com seu próprio passado; que o que antes era sagrado para ela não está de alguma forma errado agora ”(pp. 201-202). De fato, muitos que atualmente desejam adorar de acordo com a UA não têm experiência e talvez nenhum conhecimento da história e da situação atual da Sociedade Sacerdotal de São Pio X. Eles são simplesmente atraídos pela santidade da UA.

11. Sim, existem indivíduos e mesmo certos grupos que defendem posições radicais, mesmo como é o caso em outros setores da vida da Igreja, mas eles não são, de forma alguma, característicos do número cada vez maior de fiéis que desejam adorar Deus de acordo com a UA. A Sagrada Liturgia não é uma questão da chamada “política da Igreja”, mas o encontro mais completo e perfeito com Cristo para nós neste mundo. Os fiéis em questão, entre os quais numerosos jovens adultos e jovens casais com filhos, encontram Cristo, através da UA, que os aproxima cada vez mais de si através da reforma da sua vida e da cooperação com a graça divina que brota da sua glória. Coração perfurado em seus corações. Eles não precisam fazer um julgamento sobre aqueles que adoram a Deus de acordo com o Usus Recentior (o Uso Mais Recente, o que o Papa Bento XVI chamou de Forma Ordinária do Rito Romano) [UR], promulgado pela primeira vez pelo Papa São Paulo VI. Como um padre, membro de um instituto de vida consagrada, que serve a estes fiéis, me disse: Eu regularmente me confesso a um padre, de acordo com a UR, e participo, em ocasiões especiais, da Santa Missa de acordo com a UR. Ele concluiu: Por que alguém me acusaria de não aceitar sua validade?

12. Se houver situações de atitude ou prática contrária à sã doutrina e disciplina da Igreja, a justiça exige que sejam abordadas individualmente pelos Pastores da Igreja, pelo Romano Pontífice e pelos Bispos em comunhão com ele. A justiça é a condição mínima e insubstituível da caridade. A caridade pastoral não pode ser servida, se as exigências da justiça não forem observadas.

13. Um espírito cismático ou cisma real são sempre gravemente maus, mas não há nada na UA que fomente o cisma. Para nós que conhecemos a UA no passado, como eu, trata-se de um ato de culto marcado por uma bondade, verdade e beleza seculares. Eu conhecia sua atração desde a minha infância e de fato me apeguei muito a ela. Tendo tido o privilégio de assistir o sacerdote como servidor da missa desde os meus dez anos de idade, posso testemunhar que a UA foi uma grande inspiração da minha vocação sacerdotal. Para os que vêm pela primeira vez à UA, a sua rica beleza, sobretudo porque manifesta a ação de Cristo renovando sacramentalmente o Seu Sacrifício no Calvário, por meio do sacerdote que age em Sua pessoa, os aproximou de Cristo. Conheço muitos fiéis para os quais a experiência do Culto Divino segundo a UA inspirou fortemente a sua conversão à Fé ou a busca da plena comunhão com a Igreja Católica. Além disso, numerosos sacerdotes que voltaram à celebração da UA ou que a aprenderam pela primeira vez me disseram como ela enriqueceu profundamente sua espiritualidade sacerdotal. Isso sem falar nos santos ao longo dos séculos cristãos para os quais a UA alimentou uma prática heróica das virtudes. Alguns deram suas vidas para defender a oferta desta mesma forma de adoração divina.

14. Para mim e para outros que receberam tantas graças poderosas através da participação na Sagrada Liturgia, segundo a UA, é inconcebível que agora possa ser caracterizada como algo prejudicial à unidade da Igreja e à sua própria vida. A este respeito, é difícil compreender o significado do artigo 1 do Motu Proprio: “Os livros litúrgicos promulgados por São Paulo VI e São João Paulo II, em conformidade com os decretos do Concílio Vaticano II, são os únicos (unica, na versão italiana que aparentemente é o texto original) expressão da lex orandi do Rito Romano. ” A UA é uma forma viva do Rito Romano e nunca deixou de sê-lo. Desde o momento da promulgação do Missal do Papa Paulo VI, em reconhecimento da grande diferença entre a UR e a UA, a continuação da celebração dos Sacramentos, segundo a UA, foi permitida para certos conventos e mosteiros e também para certos indivíduos e grupos. O Papa Bento XVI, na sua Carta aos Bispos do Mundo, que acompanha o Motu Proprio «Summorum Pontificum», deixou claro que o Missal Romano em uso antes do Missal do Papa Paulo VI, «nunca foi juridicamente revogado e, consequentemente, em princípio , sempre foi permitido. ”

15. Mas o Romano Pontífice pode revogar juridicamente a UA? A plenitude do poder (plenitudo potestatis) do Romano Pontífice é o poder necessário para defender e promover a doutrina e a disciplina da Igreja. Não é um “poder absoluto” que incluiria o poder de mudar a doutrina ou erradicar uma disciplina litúrgica que está viva na Igreja desde o tempo do Papa Gregório o Grande e até antes. A interpretação correta do Artigo 1 não pode ser a negação de que a UA é uma expressão sempre vital da "lex orandi do Rito Romano". Nosso Senhor, que deu o maravilhoso dom da UA, não permitirá que seja erradicado da vida da Igreja.

16. É preciso lembrar que, do ponto de vista teológico, toda celebração válida de um sacramento, pelo próprio fato de ser um sacramento, é também, para além de qualquer legislação eclesiástica, um ato de culto e, portanto, também um ato de culto. profissão de fé. Nesse sentido, não é possível excluir o Missal Romano, segundo a UA, como expressão válida da lex orandi e, portanto, da lex credendi da Igreja. É uma questão de uma realidade objetiva da graça divina que não pode ser mudada por um mero ato da vontade mesmo da mais alta autoridade eclesiástica.

17. O Papa Francisco declara em sua carta aos Bispos: “Em resposta aos seus pedidos, tomo a firme decisão de revogar todas as normas, instruções, permissões e costumes que precedem o presente Motu proprio, e declaro que os livros litúrgicos promulgados pelo os santos Pontífices Paulo VI e João Paulo II, em conformidade com os decretos do Concílio Vaticano II, constituem a única [única] expressão da lex orandi do Rito Romano ”. A revogação total em questão, na justiça, requer que cada norma individual, instrução, permissão e costume sejam estudados, para verificar se ela “contradiz a comunhão e alimenta a tendência divisiva ... contra a qual o apóstolo Paulo tão vigorosamente reagiu”.

18. Aqui, é necessário observar que a reforma da Sagrada Liturgia realizada pelo Papa São Pio V, de acordo com as indicações do Concílio de Trento, foi bem diferente do que aconteceu depois do Concílio Vaticano II. O Papa São Pio V essencialmente ordenou a forma do Rito Romano como ele já existia há séculos. Da mesma forma, alguma ordenação do Rito Romano foi feita ao longo dos séculos pelo Pontífice Romano, mas a forma do Rito permaneceu a mesma. O que aconteceu após o Concílio Vaticano II constituiu uma mudança radical na forma do Rito Romano, com a eliminação de muitas das orações, gestos rituais significativos, por exemplo, as muitas genuflexões, e os frequentes beijos no altar, e outros elementos que são ricos na expressão da realidade transcendente - a união do céu com a terra - que é a Sagrada Liturgia. O Papa Paulo VI já lamentou a situação de forma particularmente dramática pela homilia que proferiu na festa dos Santos Pedro e Paulo em 1972. O Papa São João Paulo II trabalhou durante todo o seu pontificado e, em particular, durante os seus últimos anos, para discursar abusos litúrgicos graves. Tanto os Pontífices Romanos, como também o Papa Bento XVI, se esforçaram para conformar a reforma litúrgica aos ensinamentos atuais do Concílio Vaticano II, uma vez que os proponentes e agentes do abuso invocaram o “espírito do Concílio Vaticano II” para se justificar.

19. O artigo 6 do Motu Proprio transfere a competência dos institutos de vida consagrada e das sociedades de vida apostólica consagradas à UA à Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. A observância da UA está no âmago do carisma desses institutos e sociedades. Embora a Congregação seja competente para responder às questões relativas ao direito canônico para tais institutos e sociedades, não é competente para alterar seu carisma e constituições, a fim de acelerar a eliminação aparentemente desejada da UA na Igreja.

Existem muitas outras observações a serem feitas, mas estas parecem ser as mais importantes. Espero que possam ser úteis a todos os fiéis e, em particular, aos fiéis que cultuam segundo a UA, na resposta ao Motu Proprio «Traditionis Custodes» e à Carta aos Bispos que o acompanha. A severidade desses documentos gera naturalmente uma profunda angústia e até mesmo uma sensação de confusão e abandono. Oro para que os fiéis não cedam ao desânimo, mas, com a ajuda da graça divina, perseverem no amor à Igreja e aos seus pastores e ao amor pela Sagrada Liturgia.

A este respeito, exorto os fiéis a rezar com fervor pelo Papa Francisco, pelos Bispos e pelos sacerdotes. Ao mesmo tempo, de acordo com o cân. 212, §3, “[a] segundo o saber, a competência e o prestígio que possuem, têm o direito e mesmo às vezes o dever de manifestar aos sagrados pastores a sua opinião sobre assuntos que digam respeito ao bem da Igreja e dar a conhecer a sua opinião aos restantes fiéis cristãos, sem prejuízo da integridade da fé e da moral, com reverência para com os seus pastores e atenta ao bem comum e à dignidade das pessoas ”. Finalmente, em gratidão a Nosso Senhor pela Sagrada Liturgia, o maior dom de Si mesmo para nós na Igreja, que eles continuem a salvaguardar e a cultivar o antigo e sempre novo Uso Mais Antigo ou Forma Extraordinária do Rito Romano.


Raymond Leo Cardeal Burke
Roma, 22 de julho de 2021
Festa de Santa Maria Madalena, Penitente



quinta-feira, 22 de julho de 2021

Dr. Kwasniewski: "É o Pior Documento de um Papa na História da Igreja. Indigno. Mesquinho. Ideológico. Erro que Carece de Legitimidade".

Dr. Peter Kwasniewski, teólogo e compositor de música sacra, autor de diversos livros católicos, diz que nunca viu nada pior na história da Igreja do que o Traditionis Custodes do Papa Francisco, que tenta eliminar a missa tradicional e silenciar os críticos do Vaticano II. Disse que o documento é indigno, mesquinho e embaraçoso pela falta de conhecimento mostrada. Além disso, o teólogo diz que Francisco parece não conhecer as regras básicas da psicologia humana (isso é chamar alguém de estúpido em palavras mais diretas)

Nem sei se concordo com o teólogo sobre ser o pior documento de Francisco e ainda pior da história. Francisco já assinou documentos obviamente heréticos  contra o próprio Deus cristão. Claro está que Francisco, certamente, se não for o pior, está entre os três piores pontífices da história da Igreja. 

A palavra que mais leio na Internet sobre o documento de Francisco é que ele foi "cruel".

Mas vejamos a entrevista dele do Dr. Kwasniewski. Sabe muito. Traduzo abaixo.

Dr. Kwasniewski sobre o  Traditionis Custodes: Pior Documento Papal da História

Entrevista para Gerhard Eger

Gerhard Eger: Estou muito grato, Dr. Kwasniewski, por você estar disposto a dedicar seu tempo para responder às minhas perguntas.  Qual é a sua avaliação geral dos Custódios Traditionis do motu proprio?

 Dr. Kwasniewski: É o pior documento promulgado por um papa na história da Igreja Romana.  Ponto final.  Por que eu digo isso?  Porque embora os papas tenham mudado este ou aquele aspecto da legislação de seus predecessores, nenhum jamais tentou erradicar um dos maiores ritos litúrgicos da cristandade, colocando seus adeptos sob cerco e matando-os de fome até morrerem ou capitularem. É uma mentalidade de guerra aplicada aos membros do Corpo Místico.  Totalmente indigno de um sucessor do apóstolo Pedro, que, como o apóstolo Paulo com quem sempre é retratado na iconografia, teria nos aconselhado a “apegar-nos às tradições” (2 Tessalonicenses 2:15).

- O documento era esperado, mas não sua dureza.

 E essa dureza, essa mesquinhez de espírito, essa vontade de punir a todos pelos (supostos) pecados de alguns, cimentou a má fama do motu proprio.  Se a velha missa e especialmente seus defensores vocais - que também tendem a ser os oponentes de seu progressismo - são um espinho no lado do Papa Francisco, seu motu proprio é um espinho no lado de todos os bispos que, nos últimos quatorze anos, podem ter se sentido aliviados por encontrar um pouco de paz litúrgica em suas dioceses e em algumas comunidades crescentes de jovens, bem como de famílias que são generosas com a vida e zelosas na fé (e, não podemos esquecer, generosas na cesta de coleta).  A ação do papa insultou o episcopado ao sugerir que eles foram incompetentes em fazer seu trabalho (o que, infelizmente, muitas vezes é verdade, mas de uma forma contrária ao que Francisco tinha em mente) e que eles são, além disso, incompetentes para lidar com o problema de um  percebida falta de docilidade ao Magistério.  Pois devemos notar que o motu proprio dá aos bispos apenas o poder de destruir, não de construir: eles podem limitar ou eliminar os grupos da Missa em latim, mas não podem autorizar novos grupos, novas paróquias ou padres recém-ordenados a aprender a Missa.  é como amarrar as mãos de mais de 4.000 bispos e esperar que eles sejam gratos por isso.

Traditionis Custodes surge como uma vingança, revestido de acusações generalizadas que têm embaraçosamente pouca substância - um acerto de contas com os católicos conservadores e tradicionais, especialmente nos Estados Unidos, por sua resistência constante ao progressismo e modernismo do papa.

- Que consequências práticas isso pode ter na vida da Igreja?

 Isso nos levará de volta aos dias amargos da década de 1970.  Esta etapa remete todo o projeto de busca de uma “reconciliação interior” (como o expressou Bento XVI) cinquenta anos atrás.  Mas com esta diferença: agora existem milhões de católicos que amam ou apóiam o TLM, e muitas vezes são bem organizados e educados.  Portanto, a guerra civil que o papa desencadeou envolverá muito mais pessoas do que havia nos primeiros dias do tradicionalismo.  Naqueles primeiros dias após o Concílio, quando os fiéis ainda estavam nas garras de um ultramontanismo ingênuo, quase todos aderiram ao novo programa (ou, infelizmente, votaram com os pés e deixaram para trás a Igreja modernizante). 

Hoje, cinquenta anos depois, os católicos fiéis foram chocados tantas vezes por abusos e corrupção que não estão tão dispostos a ser seguidores cegos que simplesmente obedecem aos comandos do Grande Líder.

Na realidade, deve haver um tratado de paz o mais rápido possível, para mitigar as vítimas.  Os efeitos serão terríveis: muitos serão tentados ao desespero e ao desânimo;  alguns encontrarão um lar permanente entre os católicos de rito oriental ou mesmo os ortodoxos orientais;  um grande número pode ir para a FSSPX (não que eu os culpe!), efetivamente desistindo de um Vaticano que parece mais interessado em purgar seus próprios fiéis do que em purgar heresia, escândalo financeiro e abuso sexual.  Em todos esses casos, podemos ver como é hipócrita para o papa dizer que está fazendo tudo isso a serviço da unidade.  Ao contrário, está a serviço da uniformidade ideológica.

- É surpreendente que tenha entrado em vigor imediatamente, sem intervalo prudencial entre o anúncio e a sua entrada em vigor (vacatio legis).

 Sim: isso também não tem precedentes e pode acabar sendo uma das maneiras pelas quais esse movimento de Bergoglio é suicida, já que o mal tem uma maneira de se superar em suas ambições e cair na catástrofe.  É claro que a falta de vacatio legis foi devido aos temores sobre a saúde do papa: uma cirurgia séria apresenta o risco de um fim repentino do pontificado, e se um papa morrer durante a vacatio legis de uma lei, a legislação nunca será aprovada  efeito.

 Já estão fluindo relatórios de todos os lados de bispos que estão irritados e realmente zangados por terem recebido um documento tão difícil e draconiano no mesmo dia em que deveria entrar em vigor.  Um bispo disse que soube disso primeiro nas redes sociais!  A resposta geral tem sido dizer “as coisas não serão alteradas” ou “precisamos de mais tempo para estudar como implementar o documento”.  Ou seja, os bispos estão se dando uma vacatio legis - e quem sabe depois dessas “férias” muitos decidam não implementá-la, ou implementá-la da forma mais minimalista possível, para não ter mais turbulências e dores de cabeça burocráticas  em suas dioceses.

Devemos lembrar que não foram 99% dos bispos do mundo que pediram este motu proprio, mas talvez 1% que fervilhava de ódio pelo testemunho duradouro da missa tradicional em latim. Não acredito por um momento na afirmação do papa de que  os resultados da pesquisa do CDF foram predominantemente negativos, já que evidências contrárias estão abundantemente disponíveis, e a narrativa irresistivelmente lembra um de outros casos notórios de controle e supressão de informações.  A estratégia de “apenas confiar em nós” realmente ficou sem gás na Era de McCarrick.

- Isso é uma decepção para quem a liturgia tradicional é uma “justa aspiração” e que acreditam que ela traz uma grande riqueza para a Igreja?

Não, não é uma decepção.  É a causa da raiva justa, um escândalo, uma forma de abuso clerical de um pai que chutou seus filhos no estômago pelo "crime" de amar o que os santos amaram por tantos séculos, e que então espera por sua gratidão  retornar ao Novus Ordo.

 Sempre pensei que os jesuítas deviam ser inteligentes, mas este parece não conhecer as regras básicas da psicologia humana: (1) o oprimido sempre conquista a simpatia de muitos;  (2) táticas severas dirigidas contra as minorias atrairão muita atenção para sua causa;  (3) bens proibidos tornam-se mais desejáveis;  (4) se você tentar tirar algo que as pessoas amam tanto quanto a própria vida, você só terá sucesso em intensificar seu amor por isso e aumentar sua distância ou violência contra aqueles que querem tirá-lo. 

Se você quer que um homem mostre seu amor por sua família, tudo o que você precisa fazer é ameaçar sua esposa e filhos com o mal, e ele os levará para longe ou lutará até a morte.  Esta é a reação correta em um nível natural e sobrenatural.  Afinal, Santo Tomás de Aquino dizia que diante da injustiça “a falta de raiva é sinal de que falta o juízo da razão” (ST II-II.158.8 ad 3).

- O julgamento negativo da massa tradicional e dos fiéis que ajudam em sua celebração parece totalmente injustificada. Além disso, fala de bispos tem que avaliar se os grupos de TLM não questionam a validade e legitimidade da reforma litúrgica, dos decretos do Vaticano II, e do Magistério dos Pontífices Supremos. 

O documento é (e não pode evitar de ser) vago sobre o que "adesão a" ou "aceitação" do segundo conselho do Vaticano significaria realmente, e depois de tantas décadas de discussão, ainda não é totalmente claro o que significa. Tome Dignitatis Humanae, por exemplo: os estudiosos têm discutido por décadas sobre o que diz e o que nos obrigou a fazer ou não fazer, e ainda assim o assunto está longe de ser claro. John XXIII e Paul VI disseram que o conselho ensinou nada fundamentalmente novo e apresentou a mesma fé católica ao mundo moderno. Há uma sala legítima para debate sobre como efetivamente e claramente essa fé foi de fato apresentada, mas certamente nenhum católico deve ser obrigado a receber o Vaticano II quando ensine o contrário do Vaticano I, Trent, os primeiros sete conselhos, ou qualquer aspecto do Magistério. É, portanto, arbitrário e ideológico (como Ratzinger observou mais de uma vez) isolar o Vaticano II como um "super-conselho", um teste de ortodoxia, quando alguém seria capaz de encontrar heresias em abundância no ambiente da Novus Ordo.

Meu ponto aqui é que a maneira como Francisco fala faz com que pareça que a adesão ao Vaticano II fosse de alguma forma mais importante do que a adesão ao Trent, desde o ensino de que um grande número de clero, religiosos e leigos dissentem ou distentia ou distentia. Estamos vendo, em suma, a arma do conselho. Nenhuma pessoa observadora pode deixar de observar a ironia que os católicos tradicionalistas aceitam o conteúdo "tradicional" do Vaticano II muito mais do que seus irmãos Novus Ordo tendem a fazer, especialmente entre acadêmicos e clero. Por esse padrão, o Papa Francisco deve ter uma ação contra o mundo da Novus Ordo, mas não pode, e ele não pode, devido a seus visores ideológicos.

O mesmo tipo de coisa poderia ser dito sobre transformar a reforma litúrgica em um medidor de ortodoxia.  A menos que haja uma contradição total entre a lex orandi do antigo rito romano e a lex orandi do rito moderno de Paulo VI, de tal forma que uma é ortodoxa e a outra herética - alguns defendem essa opinião, mas a grande maioria dos tradicionalistas  não - não há razão para que se pense que um católico que aceita um rejeita o conteúdo teológico do outro como tal.  Muitos (incluindo o próprio predecessor vivo de Francisco) criticaram as fraquezas e omissões dos novos livros litúrgicos, mas muito poucos questionam sua validade sacramental.  Além disso, nenhuma reforma litúrgica poderia ser "irreversível", uma vez que é inerentemente uma questão disciplinar sujeita a avaliação prudencial e modificação prática.

Portanto, os shibboleths impostos pelo papa parecem ter a ver com algo diferente de seu significado superficial.  Aqui, “Vaticano II” e “reforma litúrgica” representam outra coisa, algo que não pode ser dito abertamente.

 Mas sejamos honestos: discussões teológicas de alto nível não atraem a maioria dos fiéis.  Eles vão para o TLM porque amam sua reverência, sua beleza, sua orientação transcendente, suas orações ricas e sempre confiáveis ​​(a falta de “optionitis”), sua atmosfera de atemporalidade que nos puxa para fora e acima de nossa vida cotidiana, como  faz seu primo do Oriente, a Divina Liturgia Bizantina, que canta: “Vamos todos que representam misticamente os querubins e cantam o hino três vezes sagrado à Trindade criadora de vida, agora deixemos de lado todos os cuidados terrenos. ”  Veneráveis ​​liturgias como essas nos levam à beira do céu.  E o fazem de maneiras que não existem na liturgia reformada de Paulo VI ou encontram um lugar estranha e raramente.

   O  documento afirma que os livros litúrgicos promulgados pelos santos pontífices Paulo VI e João Paulo II, em conformidade com os decretos do Vaticano II, são a única expressão da lex orandi do rito romano.  Isso significa que o Missale Romanum de 1962 foi, de certa forma, abolido?

Seria impossível, em princípio, para um papa abolir o venerável rito romano, a Missa das Eras.  Expliquei o motivo em um artigo publicado no LifeSite News.  Assim como Paulo VI antes dele, Francisco neste motu proprio nunca ousa dizer “o rito em vigor antes da reforma litúrgica deve ser revogado”.  Em vez disso, ele anula o Summorum Pontificum e tenta excluir o antigo rito romano de ser uma lex orandi legítima da fé católica.  Isso é bizarro, insustentável e, em última análise, incoerente.  O documento está cheio de contradições e névoa mental.  Nunca menciona a liturgia do Ordinariato, que também faz parte do rito romano, mas tem uma lex orandi distinta, ou os vários usos do rito romano que também não são idênticos a ele (por exemplo, o dominicano ou o norbertino).

O espírito mordaz de Traditionis Custodes é traído por sua composição pobre - resultado da pressa, falta de inteligência e profunda ignorância da história litúrgica e da teologia.

Podemos acrescentar que as posturas teológicas flagrantemente contraditórias de seu predecessor são tão sensatas quanto serrar com vigor o galho em que se está sentado.  Isso desacredita o papa atual ou todos os papas.

 - Ao mesmo tempo, porém, afirma que os bispos diocesanos têm competência exclusiva para autorizar o uso do Missale Romanum de 1962 em suas dioceses, seguindo as instruções da Santa Sé.

 Certo: outra das contradições.  No domingo passado, quando assisti a uma missa em latim, não estava mais (de acordo com o motu proprio) rezando com a lex orandi da Igreja Romana.  E, no entanto, a missa era uma missa de rito romano oferecida por um sacerdote em boa situação e com total permissão da Igreja. 

Parece-me que o motu proprio é uma expressão perfeita do nominalismo e do voluntarismo, na medida em que pensa, aplicando os rótulos das palavras a certas realidades, fazemos com que essas realidades existam, e elas existem se quisermos, mas não existe  se nós não queremos.  Está em sintonia com a filosofia relativista que pode ser detectada em tantos atos deste pontificado, uma espécie de união de infidelidade e irracionalidade que parodia a harmonia católica de fé e razão.

 Na verdade, pode-se argumentar muito bem - comecei a argumentar naquele artigo da LifeSite - que este documento está tão cheio de erros, ambigüidades e contradições que carece de legitimidade jurídica. É ilícito desde o início.  Isso não impedirá que alguns hierarcas se sintam compelidos a colocá-lo em prática com uma velocidade que credita sua unidade de espírito com o pontífice reinante.  Basta lembrar, em contraste, como Ex Corde Ecclesiae de João Paulo II, o documento que tentou limpar o ensino superior católico, permaneceu quase universalmente não implementado.

Podemos ver alguns sinais de esperança, no entanto: o bispo Paprocki de Springfield, Illinois, dispensou canonicamente sua diocese de alguns elementos do motu proprio; O Arcebispo Fisher de Sydney disse à sua diocese que o TLM vai continuar e os fiéis não precisam ter medo de perdê-lo. Ouvi falar de uma diocese onde o bispo em 24 horas havia concedido permissão renovada a 27 padres para continuarem a rezar a missa em latim. Relatos como este, que não param de chegar, indicam que o número de amigos de tradição, ou pelo menos parceiros diplomáticos, talvez seja maior do que imaginávamos. O motu proprio tirou muitos da toca. Ação ditatoriais têm uma maneira de fazer isso.

Em qualquer caso, independentemente do que diga o contrário do motu proprio, nenhum sacerdote precisa de permissão para oferecer a missa tridentina. Inevitavelmente e com prudência, a maioria dos padres desejará ser ou permanecer nas boas graças de seus bispos e buscará sua bênção (e até mesmo brincar de chamá-lo de "permissão"), mas é crucial lembrar que isso é apenas uma formalidade uma questão de política clerical.

- Embora a missa tradicional continue a ser permitida em certas circunstâncias, isso é um passo em direção à sua total supressão?

Os neo-modernistas de nosso tempo nada mais desejam do que isso, precisamente porque reconhecem a verdade do axioma lex orandi, lex credendi, lex vivendi. Os católicos tradicionais estão vacinados, de certa forma, contra a destruição e reconstrução do catolicismo que vem sendo perseguido há algum tempo, na "longa marcha pelas instituições". Esses católicos são os “iconófilos” de nosso tempo que reverenciam as imagens de Cristo e Seus santos - a imagem primária é a própria liturgia! - E que, portanto, fazem um lugar central para o ritual, a cultura, a memória, a história. Os iconoclastas livrariam a Igreja dessas coisas e as substituiriam por seus próprios substitutos humanísticos. A facção no poder agora, bêbada de sangue, tentará suprimir a velha massa por completo. É pior: eles querem a extinção do usus antiquior em sua totalidade - todos os ritos sacramentais, o Breviarium Romanum de Pio X, o Rituale Romanum, o Pontificale Romanum, todas as obras. Eles estão começando com a missa porque é a "fonte e o ápice", mas seu jogo final é ver o rito romano histórico confinado a verbetes de enciclopédia. Teremos que trabalhar e orar muito para nos opor aos seus esforços, e isso vai ficar muito confuso em muitos lugares.

- Para encerrar, há algum conselho que você gostaria de dar aos nossos leitores, Dr. Kwasniewski?

Nos três dias que se seguiram à publicação do motu proprio, percebi novamente a magnitude da guerra espiritual em que estamos engajados como católicos tradicionais. Não nos iludamos: esta é uma batalha pelas almas, uma batalha pelo clero e pelos religiosos, uma batalha pelo futuro da Igreja, pelos nossos descendentes. Estamos todos dentro - ou tudo acabou. Precisamos ser movidos pela fé, não pelo medo.

Minha esposa e eu decidimos nos comprometer com uma Hora Santa diária em uma capela de adoração perto de nossa casa, para rezar por uma resolução para esta crise, para rezar por todos os padres e leigos que ela afetará, por todos os bispos e, claro, para o papa. Eu exorto todos a darem alguns passos concretos, mesmo que seja tão simples como orar explicitamente diariamente no Rosário pela restauração da tradição ao seu devido lugar. Inscreva-se no Escapulário Marrom de Nossa Senhora do Monte Carmelo, se ainda não o fez. Escolha um dia ou dias para o jejum: Nosso Senhor diz que alguns demônios são expulsos apenas por meio da oração e do jejum. E, por fim, lembre-se de que essa crise provavelmente não se resolverá rapidamente. Podemos nem viver para ver resolvido, mas serão nossos filhos e netos que colherão os frutos do que hoje semeamos, com orações, laboratórios e sofrimentos que oferecemos. Tudo isso porque Deus merece nosso amor fiel e recompensa com a admissão à liturgia celestial.

Um amigo me lembrou recentemente de alguns versículos oportunos da Primeira Epístola de São Pedro: “Agora, quem pode prejudicá-lo se você for zeloso pelo que é certo? Mas mesmo se você sofrer por causa da justiça, você será abençoado. Não tenham medo deles, nem se preocupem, mas em seus corações reverenciem a Cristo como Senhor. Esteja sempre preparado para fazer uma defesa a qualquer um que o chame para prestar contas da esperança que há em você, mas faça-o com gentileza e reverência; e mantenha a sua consciência limpa, para que quando você for abusado, aqueles que ultrajam o seu bom comportamento em Cristo possam ser envergonhados. Pois é melhor sofrer por fazer o que é certo, se essa for a vontade de Deus, do que por fazer o que é errado ”(1 Pe 3: 13-17).

Que São Gregório Magno, São Pio V e todos os Santos Papas intercedam por nós!



quarta-feira, 21 de julho de 2021

Católicos Sofrem Mas Clérigos Revolucionários se Comerão



É uma regra invariável que revolucionarios se matam, comem um ao outro, como Saturno comendo seus filhos (retratado nos quadros de Rubens (o primeiro) e de Goya), por receio de ser destronado. Vide qualquer revolução na história.


Ele fala do caso do bispo de Fargo, na Dakota no Norte, James Sullivan. Sullivan era um bispo muito celebrado em vida e sua atuação foi exaltada pelos católicos. 

Depois de morto, em 2006, apareceram "acusações criveis" contra ele, que ele teria abusado de meninos 50 anos antes da morte dele. Sullivan foi condenado depois de morto e não pode se defender. O nome dele foi apagado das escolas e das placas.

Briggs se pergunta: quem irá defender Sullivan?

Os revolucionários é que não irão, e eles mesmos estão sujeitos a "acusações criveis" que não serão contraditadas pelos lideres revolucionários da Igreja.  Para estes a revolução é mais importante que a Igreja.

Os que dispostos a  morrer pela Igreja e que dependeriam Sullivan e o clero são chamados de tradicionalistas e perseguidos pela Igreja revolucionária. 

Não poderão proteger Sullivan em nome da Igreja.

Católicos terão calvário diante da Igreja revolucionária.

Mas como eu costumo dizer: o erro vai dar errado.

Revolucionários não passarão!

Icxc Nika!


domingo, 18 de julho de 2021

Padre David Nix: "A Culpa é de Bento XVI, o Hegeliano que Bifurca"

Texto excelente do Padre David Nix. Acho que católicos que exaltam Bento XVI não vão gostar, mas vale muito a reflexão que ele nos trouxe, inspirado por palavras do arcebispo Viganò.

Francisco cruelmente quis destruir de uma vez por todas a liturgia tradicional da missa católica. A culpa de tudo isso, segundo padre David Nix, deve ser colocada em Bento XVI, por conta do hegelianismo deste papa "emérito". 

Vou traduzir o que disse o padre Nix. mas permitam-me ilustrar a posição dele sobre Bento XVI, primeiro.

Eu estou relendo o livro "My Battle Against Hitler" de Dietrich von Hildebrand (livro maravilhoso que foi traduzido para o português pela Editora Ecclesiae), por conta de um texto que estou escrevendo. No livro, Hildebrand, que viveu o nazismo muito de perto em Munique, disse que o que mais atraia os intelectuais mais sofisticados alemãespara serem simpáticos a Hitler. Não era o antisemitismo, nem era o racismo, nem o nacionalismo. O que mais atraia era o "coletivismo Hegeliano", dinamismo nazista que eliminava o indivíduo em nome do Estado, que seria o motor de uma história inexoravelmente progressista, que caminha de forma tese, antítese e síntese. 

O filósofo alemão Hegel influenciou tanto o comunismo marxista, como o nazismo, sendo que as duas ideologias têm como berço justamente a Alemanha de Bento XVI.

Realmente, como mostra padre Nix, Bento XVI, como papa, elaborou muitas teses (Vaticano II, missa ordinária, papa ativo) e antiteses (hermenêutica da continuidade, rito extraordinário, papa contemplativo). Só que as sínteses não ocorreram e ficamos no erro.

Vamos ao que disse o padre David Nix. Traduzo, o texto dele abaixo. 

Leiam, é muito interessante, tanto teologicamente, como filosoficamente, como para se entender a mentalidade de Bento XVI.

“COMO SE A NOIVA DO CORDEIRO PUDESSE TER DUAS VOZES”

por Padre David Nix

O Dr. Taylor Marshall falou hoje sobre como o Papa Bento XVI tentou bifurcar tanto o Rito Romano (liturgia da missa) quanto o próprio Papado. Em outras palavras, parece que o Rito Romano foi bifurcado na “forma ordinária” e “forma extraordinária” no documento de 2007, Summorum Pontificum e parece que o papado foi dividido em dois como um “Papa contemplativo” e um “ativo Papa ”, como até o arcebispo do Vaticano, Georg Gänswein, explicou.

Esses erros na criação de novas (e impossíveis) realidades teológicas podem ser atribuídos ao que é chamado de "dialética hegeliana". O Arcebispo Viganò critica a filosofia do Papa Bento XVI de tentar criar novas realidades a partir de seu próprio cérebro:

"Sua abordagem filosófica hegeliana o levou a aplicar o esquema tese-antítese-síntese no contexto católico, por exemplo, considerando os documentos do Vaticano II (tese) e os excessos do período pós-conciliar (antítese) coisas a serem reconciliadas em sua famosa “hermenêutica da continuidade” (síntese);  também não é uma exceção a invenção do papado emérito, onde entre ser papa (tese) e não mais ser papa (antítese), o compromisso foi escolhido para permanecer papa apenas em parte (síntese)."

O Arcebispo Viganò está aqui dizendo que uma síntese da verdade e do erro produz apenas o erro. Ele então chega a escrever aqui no dia 9 de junho de 2021:

"Enganam-se, portanto, aqueles que acreditam ser possível manter juntas duas formas opostas de culto católico em nome de uma pluralidade de expressão litúrgica que é filha da mentalidade conciliar, nem mais, nem menos, do que é filha da "hermenêutica. de continuidade. ”"

De fato, concordo com o Arcebispo Viganò em sua crítica. E você sabe quem mais concorda com isso? Todos os esquerdistas de hoje que odeiam a Missa Apostólica e a Fé Apostólica. Mas seu renovado ataque contra a antiga liturgia é bom para nós, católicos apostólicos, porque agora estamos todos de acordo (exceto os tradicionalistas mornos que ficam lambendo suas feridas) que é impossível “unir duas formas opostas de culto católico em nome de uma pluralidade de expressão litúrgica.”

Felizmente, agora estamos vendo que “a pluralidade da expressão litúrgica” deve chegar ao fim de uma forma ou de outra. Existe apenas um Rito Romano. Existe apenas um Papa Romano. O engraçado é que os inimigos de Deus não percebem que estão ajudando a Deus e a promoção da Fé Apostólica em seu ataque mais recente. Eles estão nos fazendo ver. Sim, os inimigos de Deus estão nos fazendo escolher. Sim, eles estão separando os meninos dos homens, o joio do trigo.

Você pensaria que eu, entre todas as pessoas, escreveria um post em um blog em defesa do Summorum Pontificum durante esta semana de turbulência. Mas eu concordo plenamente com o Arcebispo Viganò, que critica Summorum Pontificum assim:

"A justa honra em que a liturgia tradicional deveria ser realizada foi temperada por ser colocada em nível de igualdade com a liturgia da reforma pós-conciliar, sendo a primeira definida como a "forma extraordinária" e a última como a "forma ordinária”, como se a Noiva do Cordeiro pudesse ter duas vozes - uma totalmente católica e outra equivocadamente ecumênica - com as quais falar em um momento à Divina Majestade e ao lado à assembléia dos fiéis."

Observe que Viganò está aqui implicando que devemos superar essa ilusão modernista de viver "como se a Noiva do Cordeiro pudesse ter duas vozes". Não, nós sabemos que a Noiva do Cordeiro ouve apenas uma voz: “Minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou vida eterna e eles nunca perecerão e ninguém os arrebatará da Minha mão. ”- João 10: 27-28

Portanto, acho que as notícias recentes do Vaticano hoje são tudo de que ironicamente agora precisamos para sair da ilusão de ouvir duas vozes: Devemos agora escolher. Não pode haver bifurcação do Rito Romano. Não pode haver bifurcação do papado. Isso ocorre porque “há um só corpo e um só Espírito - assim como você foi chamado para a única esperança que pertence ao seu chamado - um Senhor, uma fé, um batismo, um Deus e Pai de todos, que é sobre todos e através de todos e em todos. ”- Ef 4: 4-6


sábado, 17 de julho de 2021

Bispos nos EUA Mantém Missa Tridentina (pelo menos por enquanto)

Vários bispos, em diversas cidades dos EUA, já divulgaram notas dizendo que a missa tridentina em suas dioceses permanecem. Alguns disseram que vão avaliar mais de perto o documento do Vaticano, mas que as missas tridentinas "em benefício dos fiéis" estão mantidas.

Vi vários documentos desse tipo no blog do Padre Z (padre John Zuhlsdorf), que deu a seguinte opinião sobre o documento do Papa Francisco contra as missas em latim: "o documento não é apenas cruel, é escorregadio. E feito por pessoas que não sabem o que estão fazendo, não conhecem os documentos da Igreja sobre liturgias".

Pode se ter uma análise pior do documento?

Padre Z diz também que o draconiano aspecto do documento de Francisco que diz que os bispos não podem permitir celebração de missas tridentinas nas paróquias é uma lei disciplinar, os bispos não têm obrigação de seguir.

Vejam os documentos dos bispos que Padre Z disponibilizou:






sexta-feira, 16 de julho de 2021

Francisco Destrói Missa Tridentina de Bento XVI - Vamos Resistir!!


Como disse o homem austríaco que jogou as Pachamamas no rio Tibre em Roma: "Nós vamos Resistir! Nem que tenhamos que ir para as catacumbas. Nós ficaremos fiéis a Igreja, a Tradição e a Tradição Litúrgica da Missa". E digo mais: o mundo não irá nos conquistar, nós temos Cristo!

Eu já escrevi no meu e-book publicado há dois anos que havia enormes possibilidades de que Francisco fosse herético, inclusive porque ele fez e assinou documento obviamente herético. Mas tem gente que só entendeu hoje que Francisco é terrível para a Igreja, quando Vaticano divulgou documento dele Traditiones Custodes que procura destruir a missa tridentina, celebrada em Latim, tipo de missa que nunca foi condenada pela Igreja formalmente, mas que foi abandonada a partir do Concílio Vaticano II. Francisco está destruindo o legado mais promissor positivo de Bento XVI (o legado mais negativo de Bento XVI é o próprio Francisco). Um papa destruindo a ordem do papa anterior, quando este ainda está vivo. 

Francisco na prática defende esse tipo de missa que vemos abaixo, contra a sublime missa trindentina. É simples ódio a Igreja Católica.





O mundo católico, verdadeiramente católico, se revolta hoje. Espero que a revolta em nome de Cristo seja cada vez mais crescente. Vejam, aqueles que vivem no mundo efeminado de hoje, a guerra, a revolta, a desobediência. a pena de morte, e a vingança podem ser santas e justas (leiam Agostinho e Tomás de Aquino, por exemplo. Para não falar da própria Bíblia).

Um papa que começou com a heresia sobre a pena de morte, não ia parar por aí, não é?

Vejam o que disse Taylor Marshall sobre essa desgraça que recai sobre os fiéis.


ICXC NIKA!

Viva Cristo Rei!

Reze o Rosário todos os dias!




quinta-feira, 15 de julho de 2021

The Economist: Cadê os Negros da Seleção da Itália?

A vitória da Itália sobre a Inglaterra ainda pesa nos ingleses. A The Economist acha que uma seleção de futebol deve ser racista, escolher seus jogadores observando a raça, leia-se colocando negros no time. A revista disse no twitter que a coisa mais impressionante na seleção da Itália é que não inclui nenhum negro. 

Nunca vi ninguém dizer que as seleções africanas deveriam ter brancos, como as seleções da Nigéria ou Argélia. E as seleções devem escolher negros para jogar mesmo que exista pouquíssimos negros na sua população, como é o caso da Itália que só tem 1,5% de negros.  A The Economist reclama que o time da Itália tem só italiano! Para The Economist, a Itália deveria buscar uns negros no exterior para jogar (assim como muitas seleções buscam brasileiros). 

O técnico da seleção inglesa Southgate é acusado no Reino Unido de ter escolhido três negros para bater os últimos pênaltis para fazer uma mensagem política contra o racismo. Os três perderam os pênaltis, sendo que o último negro que bateu o pênalti nunca bateu nenhum pênalti na vida profissional e só tinha 19 anos. O técnico mandou esse praticamente menino bater o último pênalti na final da Eurocopa, torneio que a Inglaterra nunca, nunca, ganhou.

Que coisa mais bizarra.

Outra coisa, ontem vi o vídeo do Paul Joseph Warson sobre este assunto.

O choro dos ingleses pela derrota, envolve esquerdistas ingleses (que costumam mostra ódio a Inglaterra) acusando os ingleses de serem racistas, por falarem mal dos jogadores que perderam os pênaltis. Vai ver um negro que bate pênalti deve sempre acertar,  e se errar ninguém pode falar nada.

Mas um coisa que Watson mostra no vídeo é que foram observar quem usava palavras racistas na internet, resposta: não são os ingleses, mas pessoas da Índia, Emirados Árabes, Egito e Irã, Arábia Saudita e Paquistão, países de enorme população muçulmana. Será que a Inglaterra e a ONU vão chamar esses países de racistas? Duvido


Vejam o excelente vídeo de Watson abaixo:

Futebol está acabando pela enorme quantidade de dinheiro que envolve o esporte, que elimina inúmeros times, com os jogadores jogando por dinheiro e não por um time. E também está sendo destruindo por aquilo que está destruindo tudo - da família até a ciência - esquerdismo ateu.


terça-feira, 13 de julho de 2021

Vídeo: Trump Responde: Biden está Senil?


Claramente, Joe Biden apresenta muitos aspectos de que não sabe o que fala, para que fala e para quem fala.

Trump foi entrevistado pelo conhecido jornalista Bill O'Reilly. Eu considero O'Reilly (um católico) o melhor entrevistador dos EUA, porque ele pergunta mesmo e não deixa que políticos o enrole. A entrevista que fez com Obama é um clássico. Obama queria demorar horas enrolando uma resposta e O'Reilly o interrompia e pedia para ele responder a pergunta. Os apoiadores de Obama  detestaram a entrevista, acusaram O'Reilly de ser malvado e agressivo com Obama.

E O'Reilly perguntou a Trump justamente se ele achava que Biden estava senil. O'Reilly disse que essa era a pergunta mais importante da entrevista.

Trump respondeu que Biden nunca foi conhecido por sua inteligência nos seus 30 anos como político, que já tinha se candidato a presidente e nunca tinha passado de 1% e que tem certeza que Biden não comandou a campanha dele que venceu. Trump disse que sabe quem comandou a campanha dele. Trump disse que Biden parece não entender nada do que faz.  E Trump sempre ressalta que Biden ganhou as eleições de forma fraudulenta (essa questão de fraude eleitoral ainda é disputada nos tribunais dos EUA).

Trump e Bill O'Reilly farão um tour pelos EUA com entrevistas feitas ao público. Lá eles fazem isso, o povo americano paga ingresso para assistir a entrevistas.




segunda-feira, 12 de julho de 2021

Quem Lacra, Lucra ou não Lucra? Por que Empresas devem se Posicionar Moralmente?

Comerciais de TV hoje em dia viraram tortura para um cristão. Responsabilidade social por parte de uma empresa privada é uma ideia estúpida em si. Por que uma empresa deveria defender uma posição moral? Uma empresa não é uma pessoa com formação em ética filosófica. Só haveria duas possibilidades de resposta: ou o dono (ou donos) da empresa defende uma posição moral (que seria mais importante que o lucro da empresa) ou essa posição moral dá lucro.

Hoje, o UOL resolveu defender a ideia de que uma empresa se posicionar com "responsabilidade social" teria mais lucro.

Essa responsabilidade social no texto do UOL só é feita por empresas que defendem o gayzismo ou o Black Lives Matter (não digo que se posicionam contra o racismo, porque  o que fazem é defender o racismo contra brancos). Essas empresas até se são criticadas por grupos conservadores se dariam bem, lucrariam, porque  a posição esquerdista delas ficaria na memória das pessoas.

O texto do UOL não esconde que aquelas que defendem posições conservadoras merecem é perseguição. É o "ódio do bem" ou "boicote do bem". As campanhas publicitárias de empresas conservadoras não ficam nem na memória das pessoas, segundo o UOL.

O UOL assim se posiciona moralmente e define o que é o bem, que é um debate filosófico milenar. O "bem" seria defender gayzismo e Black Lives Matter.

Se a empresa é a favor do casamento apenas entre homem e mulher e é contra o Black Lives Matter é do "mal". Em suma, se a empresa segue Cristo e a Bíblia, o dono deve ser preso e afastado do convívio social, não deve nem poder divulgar sua marca.

 O UOL cita um tal Sleeping Giant Brasil que persegue essas empresas que praticariam o "mal" segundo o UOL.

Em suma, o que o UOL faz é defender a ditadura maligna de pensamento contra o cristianismo.

É Cristo que eles atacam.

Quem lacra, lucra? Se observarmos os esportes nos EUA, com jogadores se ajoelhando em favor do Black Lives Matter e dando as costas para a bandeira dos EUA, eles se deram muito mal, perderam uma gigantesca parte da audiência. O jogador mais odiado dos EUA, dado em pesquisa recente, é justamente Lebron James, por ser um completo "woke" (esquerdista radical).

Mas para se provar que quem lacra, lucra ou não lucra, deveria haver uma pesquisa isenta de perspectiva moral, que não fosse feita por pessoas que o UOL entrevistou em seu site.

Isso seria impossível hoje em dia, por conta da tamanha estupidez que envolve a educação das pessoas. 

Outra coisa, alô, liberais. Capitalismo é isso: propagação da sociedade, se as pessoas estão perdidas em pecado, as empresas capitalistas promoverão o pecado.

 

sábado, 10 de julho de 2021

Vídeos: Bispo contra Bispo. Cristo na Eucaristia os Separa


Um padre chamado James Altman declarou em homilia que nenhum político que apoie publicamente o aborto pode receber o corpo e o sangue de Cristo na Eucaristia. Disse também que nenhum católico pode votar em político do Partido Democrata pois esse partido apoia abertamente o aborto.

Em suma, disse coisas óbvias. "no brainer", para qualquer católico que conhece as doutrinas mais básicas da Igreja Católica, como a santidade da vida.


Sim, padre Martin, aquele que apoia casamento gay, está livre e solto, e com cartinha de Francisco de apoio.

No vídeo acima, vocês podem ver como o bispo Strickland reagiu à suspensão. Ele discorda completamente da ação do bispo Patrick, baseado nas informações que tem, e diz que Altman simplesmente defende uma das doutrinas mais básicas da Igreja, de que o aborto é intrinsicamente maligno. É bispo contra bispo sobre Cristo na Eucaristia.

E acrescentou, não é que um político que defende aborto não pode receber eucaristia. É qualquer pessoa, qualquer pessoa que defende publicamente o aborto não pode receber a comunhão. E o melhor que podemos fazer por essa pessoa é dizer que ela está em pecado que precisa de arrependimento seriamente.

Abaixo, uma entrevista com padre Altman, sobre sua suspensão.

Ele disse que está em paz, e que não está preocupado com ele, mas com os fiéis. Fala que a suspensão foi incompreensível para ele, mas está em paz.

Em meados do minuto 21, Altman critica o bispo Callahan diretamente por ter dito que Altman precisa "mudar seu coração". Altman diz algo como "mudar meu coração? Ei, Callahan, eu que tenho tanto apoio dos fiéis, que permiti que as famílias tenham acesso aos sacramentos? Veja os padres que fecharam as igrejas, eles é que precisam "mudar o coração"".



Cristo está ou não na Eucaristia?

SIM. SIM. SIM

Esse dogma representa virtualmente quase a Igreja Católica inteira.

É esse dogma que está sendo atacado com a suspensão de Altman.

Como diz o padre Mark do primeiro vídeo: a Igreja Católica hoje está dominada por um liberalismo protestante que é uma grosseira heresia contra a Igreja.

Rezemos. Não temos mais uma Igreja, temos pelo menos duas. Devemos lutar pela união da Igreja em torno do respeito ao corpo e sangue de Cristo.

Rezemos pelo padre Altman. Como ele diz no vídeo, ele está rezando pelo bispo Callahan e tem esperança que o bispo esteja rezando por ele também.