quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Cristo Morreu Por Todos ou Por Muitos?

Papa Francisco aprovou novo missal em italiano no qual se diz agora que "Jesus derramou seu sangue por todos". Anteriormente, se dizia: "Jesus derramou seu sangue por muitos".

Qual é o teologicamente mais correto?

Bom, na Bíblia, em latim, se diz em Mateus 26:28:  Hic est enim sanguis meus novi testamenti, qui pro multis effundetur in remissionem peccatorum"

 A Bíblia de Jerusalém (versão bíblica católica que tem bem mais cuidado com os termos usados) traduz essa passagem como:

"Pois isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, que é derramado por muitos para remissão dos pecados. "

O evangelho de São Marcos 14:24 em latim diz: Et ait illis: Hic est sanguis meus novi testamenti, qui pro multis effundetur.

Traduzido na Bíblia de Jerusalém como: 

"E disse-lhes:"Isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, que é derramado em favor de muitos.""

Em São Lucas, 22:19: Cristo diz: "Esse meu corpo...e meu sangue...que é dado por vós"

Assim, biblicamente, não parece haver nenhuma dúvida. Jesus derramou seu sangue por muitos ou por aqueles que O seguem.

Basicamente, a Bíblia afirma que Ele derramou seu sangue por muitos ou só de seus seguidores. Isso exclui alguns (ou mesmo outros muitos).

Mas como se dá essa exclusão?

Por que ocorre essa exclusão?

Boa parte dos seres humanos estariam condenados já ao nascerem ou só os que não conheceram Cristo ou que O rejeitaram? 

Se Ele excluir só aqueles do passado que não O conheceram já justificaria o "por muitos" sem problema. Estaria resolvido, imaginando que temporalmente todos depois Dele, foram ofertados com o corpo e o sangue de Cristo.

Pois deveríamos considerar os vivos e os mortos de hoje e de sempre. Muitos no passado e no presente não conheceram a Cristo, outros O rejeitaram. Ainda teremos a ressurreição do corpo no final dos tempos. 

É um assunto extremamente difícil, por conta das consequências das palavras de Cristo. Mas parece-me muito claro que não é "por todos".

É realmente um assombro a mudança aprovada por Francisco, no mínimo porque altera a própria Bíblia.

O texto do jornal inglês The Tablet diz que Bento XVI insistia que deve ser usado "por muitos".

Francisco querendo agradar (e salvar) o mundo, mas só Cristo salva.  Como Cristo salva, e quem Ele salva são um mistério intransponível para a mente humana.

Alguém, algum cardeal, vai reagir a esta mudança? Envolve diretamente a morte e ressurreição de Cristo, envolve a Eucaristia. 

12 comentários:

Marcelo Matteussi disse...

Certa vez, ouvi de um estudioso que Cristo não mencionou "por todos" porque isso incluiria até mesmo os demônios, que como anjos são também criaturas de Deus. Mas que não poderiam, por razões óbvias, terem parte do sacrifício salvífico de Jesus. Mas também faz bastante lógica considerar que os réprobos também estão alijados do conceito, por vontade própria, pois para estes a obstinada rejeição a Deus acaba tendo mais relevância na equação individual da salvação.

Emanoel Truta disse...

Pedro, boa tarde!

Aqui no nosso Brasil, infelizmente a tempos, exceto na Missa Tridentina sem diz "por todos" e "no meio de nós" em vez do "por muitos" e com "com vosso espírito".

Ou seja, é o modernismo em sua sanha, como nos alertava São Pio X, alterando as coisas mais básicas da fé, não deixando nada sem alterar(adulterar?). E mais triste ainda com a anuência do Papa.

Rogai por nós São Pio X.

Valei-nos Nossa Senhora Rainha dos Anjos!

Viva Cristo Rei!

Em tempo: nova carta de Mons. Vigano (https://www.diesirae.pt/2020/09/a-cura-contra-rebeliao-e-obediencia.html?m=1)

Adilson disse...

Postagem realmente interessante, como todas aliás. E aí, dr Pedro, o dr Taylor já publicou algum video ou texto sobre o assunto?

Pedro Erik Carneiro disse...

Boa, Marcelo. Bem lembrado.

Obrigado

Pedro Erik Carneiro disse...

Pois é, Emanoel. O mesmo acontece com o Pai Nosso, na parte: "não nos deixai cair em tentação".

Obrigado pela carta de Vigano.

Abraço,
Pedro Erik

Pedro Erik Carneiro disse...

Não vi, meu amigo.

Abraço

Rafael Pauli disse...

Em resumo:

O Evangelho não está em consonância com os planos futuros (ou presentes?) da fraternidade humana, nessa aldeia global que vive na grande casa comum, que infelizmente pelo maldito homem faz a mãe terra gemer, sentir rancor e espalhar Covid pelo mundo.

O Inferno existe?

Provavelmente não, Deus nos ama tanto e quer nossa felicidade, porque ele faria algo tão ruim e eterno? Isso vai totalmente contra ao Evangelho de um Deus que é amor e misericórdia.

Mas se existir, quem vai para a ele não são os católicos em segundo união, nem os homossexuais, nem os que negam os dogmas (ultrapassados da idade média), nem os comunistas, ateus ou o que for.

Para o Inferno irá provavelmente apenas os católicos tradicionais, esses sim são perigosos.

(texto puramente irônico, apenas para expressar o absurdo que vivemos com "verdades" difundidas principalmente de dentro da Santa Igreja)

Cada vez mais claro:

Existe a Santa Igreja Católica Apostólica e Romana.
E existe "a outra"

Como já profetizado pelo Venerável Fulton Sheen:

"O Anticristo não será assim chamado; caso contrário, ele não teria seguidores. Ele não usará calças vermelhas, nem vomitará enxofre, nem carregará um tridente, nem exibirá uma cauda como Mefistófeles em Fausto. Essas máscaras ajudaram o Diabo a convencer os homens de que ele não existe. Quando nenhum homem o reconhecer, mais poder ele exercerá. Deus se definiu como “Eu sou quem sou”, e o Diabo como “Eu sou quem não sou”.

Em nenhum lugar das Sagradas Escrituras encontramos justificado aquele mito popular que retrata o Diabo como um bufão que está vestido de “vermelho”; pelo contrário, ele é descrito como um anjo caído do céu, como “o príncipe deste mundo”, cujo negócio é dizer-nos que não existe outro mundo. Sua lógica é simples: se não há céu, não há inferno; se não há inferno, então não há pecado; se não há pecado, então não há juiz, e se não há juízo, então o mal é bom e o bem é o mal. Mas acima de todas essas descrições, Nosso Senhor nos diz que ele será muito semelhante a Si mesmo, e que ele irá enganar até mesmo os eleitos – e certamente nenhum diabo jamais visto em livros ilustrados poderia enganar até mesmo os eleitos. Como ele virá nesta nova era para conquistar seguidores de sua religião?

A crença russa pré-comunista é que ele virá disfarçado como um grande humanista; ele falará em paz, prosperidade e abundância não como meio de nos conduzir a Deus, mas como fim em si mesmos…
Na terceira tentação em que Satanás pediu a Cristo para adorá-lo e todos os reinos do mundo seriam d’Ele, se tornará a tentação de ter uma nova religião sem cruz; uma liturgia sem um mundo por vir; uma religião para destruir uma religião; ou uma política que é uma religião – que dá a César até as coisas que são de Deus.

No meio de todo seu aparente amor pela humanidade e de sua eloquente fala de liberdade e igualdade, ele terá um grande segredo que não dirá a ninguém: ele não acredita em Deus. Porque sua religião será fraternidade sem a paternidade de Deus, ele vai enganar até mesmo os eleitos. Ele vai erguer uma contra-igreja que será um arremedo da Igreja, porque ele, o Diabo, é o arremedo de Deus. Ela terá todas as notas e características da Igreja, mas totalmente esvaziada de seu conteúdo divino. Será um corpo místico do Anticristo que, em todos os aspectos externos, se assemelhará ao corpo místico de Cristo... Mas o século XX se unirá à contra-igreja porque afirmará ser infalível quando seu líder visível falar ex-cathedra de Moscou sobre o tema da economia e da política e como pastor e chefe do comunismo mundial.”

Fonte: Fulton J. Sheen, Communism and the Conscience of the West. Bobbs-Merril Company, Indianapolis, 1948), pp. 22-25.

Pedro Erik Carneiro disse...

Sim, meu amigo. Acho que está mais que claro que Francisco é papa da "outra igreja".

Belíssimo texto de Fulton Sheen. Obrigado

Abraço
Pedro Erik

Isac disse...

NÓS, AQUI, REAGIMOS!
Rafael Pauli, o texto correto seria esse abaixo do seu: ... e que ele irá enganar até mesmo os eleitos", mas seria: "e que se lhe fosse possível, enganaria até os eleitos", certo, pois se estão eleitos por Deus, pode o diabo tomar-Lhos?
Bem, no caso da abordagem textual, prevalece o "pro multis" e não "pro omnibus".
No mais, se D Bugnini-irmãos-bodes estivesse vivo e nós fôssemos adultos e possuíssemos algum conhecimento disso àquela época, por certo, suponho que reagiríamos, como temos feito com o papa Francisco pró esquerdas e nós adversos aos pagãos da entronizada deusa Pachamamma, bem à luz do dia!

Emanoel Truta disse...

Boa noite Pedro!

Mais um que chega a mesma conclusão.

https://ericsammons.com/how-i-went-from-a-defender-of-vatican-ii-to-its-critic/

Vale a pena a leitura.

Viva Cristo Rei!

Viva a Virgem Imaculada!

Pedro Erik Carneiro disse...

Realmente, Emanoel. Muito bom artigo. Fdelidade a Igreja sem fechar os olhos, muito bom.

Abraço
Pedro Erik

Rafael Pauli disse...

Obrigado Isac pela correta correção, acabei buscando no Google e não me atentei aos detalhes.