quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Chesterton em ação, corrigindo um livro. Sensacional

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O blog de Brandon Vogt relata um "livro dentro de um livro". A história é a seguinte: Chesterton recebeu o livro de seu amigo Holbrook Jackson, chamado "Platitudes in the Making", para criticar. Jackson era um amante de Nietzsche e se inclinava para o socialismo. Chesterton era seu amigo, mas pensava muito diferente.

Chesterton fez anotações em verde dentro do próprio livro. Em 1955, Dr. Alfred Kessler achou o manuscrito com as anotações de Chesterton. Em 1997, a editora Ignatius Press publicou um facsímile, reprodução exata do livro original que consta as anotaçõe de Chesterton, chamando-o de Platitudes Undone (foto acima), e hoje ele está à venda na Amazon.

Brandon Vogt teve a sorte de encontrar o facsímile em um livraria de sebo por 50 centavos de dólar e nos deu o prazer de conhecer parte do livro, scanniando  algumas páginas em seu blog, que eu reproduzo aqui.

Em verde, são anotações de Chesterton, na parte cinza, são considerações de Vogt. Tem até um desenho de um diabinho feito por Chesterton. Traduzo abaixo.

Sensacional.


I. Tão logo uma idéia é aceita, é tempo de rejeitá-la.  
Não, é tempo de construir uma nova idéia sobre ela, você está sempre rejeitando, então você não está construindo nada.

II. Verdade e Falsidade no abstrato não existem. Então nada existe. 

III. Verdade é apenas uma concepção de uma pessoa sobre as coisas. O grande erro de todo pensamento é tentar descobrir se a própria concepção é verdade ou não.

IV. Mentira é aquilo que você não acredita. Isto é uma mentira, então talvez você não acredite.




 

XI. Definitções colocam limites nas idéias, instituições colocam um limite na vida. Assim que reconhecemos estes dois preceitos, tanto definições como instituições podem ser usadas em nossa vantagem.  
Definições são idéias. A cabeça e o rabo de uma cobra não a limitam, a definem.

XII. Nenhuma opinião interessa, exceto a sua própria.  
Disse o homem que pensava que era um coelho.

XIII. Todas as coisa são possíveis, mas não são prováveis.  
Bom.

XIV. Familiaridade alimenta não o desprezo, mas a indiferença.  
Mas você pode alimentar a surpresa. Tente dizer "botas" noventa vezes.


I. Olhe para o real, o ideal pode cuidar dele mesmo.  
E de nós?

II. Fique satisfeito, quando você consegue tudo que deseja.  
Até então ficar feliz.

III. Quando lidar com a humanidade, lembre que você tem de fazer o melhor de um trabalho ruim.  
Veja a Doutrina da Queda. (Aqui eu não tinha entendido direito na minha pressa quando traduzi, mas o leitor Carlos me alertou que se tratava da Doutrina da Queda.)

IV. Não pense. Faça.  
Pense. Faça.


Genial. Chesterton, apesar de ter lido vários livros dele, sempre me surpreende.Obrigado, Brandon.
 

3 comentários:

Carlos disse...

Opa... muito bom! Obrigado por ter compartilhado isso!

Aproveito pra corrigir umas traduções... ;)

II. Verdade e Falsidade no abstrato não existem.// Então nada mais existe.

III. Verdade é apenas uma concepção de uma pessoa sobre as coisas.// A grande confusão. Todo pensamento é uma tentativa de se descobrir se uma concepção que se tem é verdade ou não.

II. Fique satisfeito, quando você consegue tudo que deseja.//
Até (ele escreve "till") então, seja feliz.

III. Quando lidar com a humanidade, lembre que você tem de fazer o melhor partindo de um trabalho mal feito. //
Veja "Queda, Doutrina da".

Nesse caso é uma referência a Doutrina da Queda do Homem, ou seja, o Pecado Original.

IV. Não pense. Faça.//
Pense. Faça. (Aqui tem um certo jogo de palavras já que o segundo "Do" pode ser uma insistência a "pensar" e não a fazer, mas não consegui pensar em algo melhor também).

Pedro Erik Carneiro disse...

Obrigado, Carlos.

Fiz as traduções durante meu trabalho, meio correndo, vou considerar suas sugestões.

Grande abraço,
Pedro

Unknown disse...

Realmente, Chesterton não deixa de surpreender ainda agora. :)