domingo, 26 de março de 2023

Heréticos na Igreja e a Cegueira dos Fiéis, segundo Ratzinger


 A Igreja, a noiva de Cristo, o corpo místico de Cristo, possui heréticos? Claro que há diferentes imagens quando se fala de Igreja. Considerando a imagem da instituição física fundada por Cristo, a partir de São Pedro (Mateus 16), que afirmou que as "portas do inferno não prevalecerão sobre ela", a resposta é infelizmente sim. O joio sempre conviveu com o trigo dentro da Igreja, seja entre o clero ou entre os leigos, mesmo porque não somos perfeitos, no máximo buscamos a perfeição em Cristo. O próprio São Pedro foi chamado de satanás pelo próprio Cristo em um momento, descrito no mesmo capítulo (Mateus 16).

Mas hoje em dia, muitas vezes nos encontramos entre aqueles que propagam e defendem heresias dentro da Igreja e aqueles que pregam sedevacantismo. 

Ontem, eu li um artigo sobre heréticos dentro da Igreja. O título do texto em português seria: "Por que os Heréticos Permanecem na Igreja", mas na verdade acho que o titulo não condiz com o artigo, pois o texto trata é do otimismo do clero quanto ao futuro da Igreja quando em tudo vemos decadência. O texto apresenta como Ratzinger viu esse otimismo e como os fiéis podem ser cegos em seguir heréticos.

Vou traduzir o que diz texto abaixo:

Por que os hereges permanecem na Igreja?

por Jennifer Bryson

Cinqüenta anos atrás, então- padre Joseph Ratzinger e Ida Friederike Görres estavam assistindo ao equivalente de sua época a uma transmissão ao vivo da implosão da Igreja na Europa. E eles estavam fazendo as mesmas perguntas sobre os “reformadores” na Igreja que muitos de nós estamos fazendo hoje:

Por que eles estão tão otimistas sobre seus esforços que estão claramente levando a um declínio na Igreja? E por que essas pessoas permanecem em uma Igreja que tão claramente desprezam? E, ousando pronunciar a palavra com s, quando os poderosos finalmente tirarão um cartão vermelho e declararão “cisma”?

No início dos anos 1970, Ratzinger era um jovem prelado em ascensão e Görres era uma autora leiga idosa perto do fim de sua vida. Suas vidas se cruzaram. Ratzinger e Görres mantiveram uma correspondência desde a década de 1960 até sua morte em 1971, quando Ratzinger fez o elogio fúnebre em seu funeral.

Ratzinger notou que o otimismo era uma característica central. Ele desenvolveu três hipóteses para explicar aquele otimismo. Em uma palestra que Ratzinger deu sobre “Esperança” em 1986, ele usou a Igreja na Holanda no início dos anos 1970 como um de seus estudos de caso da contraparte incompatível da esperança, o otimismo. Ele descreveu como o estado da Igreja na Holanda era muito difícil. assunto discutido entre seus confrades na época.

Depois de uma visita à Holanda, um deles trouxe um relatório de “seminários vazios, ordens religiosas sem noviços, padres e religiosos que em cardumes voltavam as costas à sua vocação, o desaparecimento da confissão, o declínio dramático na frequência à missa, e assim por diante." O que veio como “a verdadeira surpresa”, disse Ratzinger, foi a prevalência do “otimismo”. Ratzinger contou como o visitante que retornou à Holanda lhes disse:

"Em nenhum lugar havia pessimismo, todos esperavam o amanhã com otimismo. O fenômeno do otimismo geral permitiu que toda a decadência e destruição fosse esquecida: bastou para compensar tudo o que havia de negativo."

Ratzinger explorou três hipóteses para esse otimismo diante de um colapso inequívoco.

Uma delas era que “o otimismo poderia ser apenas um disfarce por trás do qual se escondia o desespero que se tentava superar”.

Uma segunda hipótese, disse ele, “poderia ser algo pior”. Ele explicou:

"Possivelmente esse otimismo foi o método inventado por aqueles que desejam a destruição da velha Igreja e sob o pretexto da reforma querem sem muito alarde construir uma Igreja totalmente diferente, uma Igreja a seu gosto."

Ratzinger refletiu que tal destruição seria “algo que eles não poderiam pôr em movimento se sua intenção fosse notada cedo demais”. Ele identificou que essa segunda hipótese exigia dois tipos de otimismo: o dos destruidores e o dos seguidores ingênuos.

Assim, a imagem do “otimismo público” mantida pelos destruidores “seria uma forma de tranqüilizar os fiéis para criar o clima em que se pudesse desmantelar a Igreja o mais silenciosamente possível e ganhar poder sobre ela”. Para tornar possível esta segunda abordagem, refletiu Ratzinger, era preciso ter “a confiança, aliás, a cegueira dos fiéis que se deixam tranquilizar por belas palavras”.

Ele concluiu: “esse otimismo da arrogância da apostasia, no entanto, faria uso de um otimismo ingênuo do outro lado e, de fato, o alimentaria deliberadamente”. Esse tipo de otimismo seria apresentado enganosamente como se “não fosse outra coisa senão... a virtude divina da esperança”, quando, porém, “na realidade é uma paródia da fé e da esperança”. Esse segundo tipo de otimismo, disse ele, seria “uma estratégia deliberada para reconstruir a Igreja para que… nossa própria vontade” e não a de Deus, “tenha a última palavra”.

Sua terceira hipótese era que “esse otimismo… era simplesmente uma variante da fé liberal em progresso contínuo – o substituto burguês para a esperança perdida da fé”.

Ratzinger concluiu que provavelmente todos os três tipos de otimismo estavam em ação, “sem que seja fácil determinar qual deles teve o peso decisivo e quando e onde”.

Em 1970, surgiu outra hipótese sobre o precursor holandês do atual Caminho Sinodal da Alemanha que vemos hoje em dia, desta vez desenvolvida por Ida Görres. Em carta ao amigo Pe. Paulus Gordan, OSB, ela explicou que um padre trouxe materiais da Igreja na Holanda. Ela respondeu: “Em vista disso, não consigo entender por que, em Roma, não se declara simplesmente o cisma, que de fato já ocorreu há muito tempo” - um cisma, disse ela, que “agora está apenas disfarçado com as fórmulas desdenhosas da diplomacia”. Então ela explicou por que do outro lado, na Holanda, aqueles que essencialmente deixaram a Igreja não mostram vontade de sair pela porta:

"Os cavalheiros holandeses são certamente inteligentes o suficiente para saber que, oficialmente separados, eles afundariam no abismo da insignificância desinteressante, enquanto dentro da Igreja, eles, é claro, continuam desempenhando um esplêndido papel sensacional e, no entanto, ao mesmo tempo , fazem o que lhes convém."

O otimismo brilhante e alegre e o amor pela atenção da mídia estão novamente em exibição hoje entre os entusiastas do Caminho Sinodal na Alemanha. Ano após ano, mais e mais alemães estão deixando a Igreja; mas no Caminho Sinodal eles estão mais otimistas do que nunca. Eles se entusiasmam com um futuro com a ordenação de mulheres, permitindo o divórcio, estendendo o sacramento do casamento a casais do mesmo sexo e assim por diante. E eles são rápidos em divulgar seu caso em qualquer canal de mídia que puderem. E o tempo todo eles “fazem o que lhes convém” e não o que convém à Igreja.

Estamos, agora, no enésimo episódio da enésima temporada de uma trágica série conhecida como “A Crise na Igreja”. No último episódio, o Caminho Sinodal na Alemanha, que já espalhou indignação após indignação em seu caminho, agora está abraçando um conjunto herético de pontos de vista após o outro e fazendo isso de forma cada vez mais descarada.

E enquanto assistimos à transmissão ao vivo disso, novamente, e ainda assim, estamos perguntando: por que essas pessoas que perseguem a destruição estão tão cheias de otimismo? Quando será suficiente para que o cisma de fato seja declarado abertamente? E por que essas pessoas que odeiam a Igreja permanecem nela?


19 comentários:

Anônimo disse...

Caro Sr. Pedro,

Primeiramente, agradeço por esse post, penso que usastes um pouco de “humor britânico” que deve ter aprendido em seu tempo em Londres, ou então nas leituras de Chesterton.
Falo isso pois nesse post, respondendo às minhas ponderações (onde cito inclusive Ratzinger como herege), o senhor cita justamente quem? Ratzinger.

É como se fôssemos chamados para uma palestra sobre Guerra Justa, trazendo George Bush como palestrante. Ou então, dar o Nobel da Paz ao Obama (sim, aqui é a minha pitada de humor britânico).

Deixando de lado as heresias de Ratzinger, agora, porém, preciso responder as objeções que tanto o senhor quanto o Sr. Horácio lançaram na caixa de comentários do post “Cardeal Pede Julgamento de Bispos Alemães e Remoção deles do Ofício”.

Gostaria apenas de firmar um propósito tanto com o senhor quanto com o Sr. Horário, e penso que sem essa premissa básica ficaremos rodando em círculos e será infrutífero.

O propósito é: Sempre responder uma objeção citando o ensinamento da Igreja, seja via Magistério, seja via obras de Santos, seja via obras de Teólogos autorizados pela Igreja (aqui, entende-se obras que contenham no mínimo os selos de “nihil obstat” e “imprimatur”).

O senhor sabe muito bem que essa prática é imprescindível no campo acadêmico, o senhor já possui doutorado. E no campo teológico as mesmas regras existem. Há uma diferença clara entre corpo discente e corpo docente na Igreja. Nós (do corpo discente) não podemos ensinar, salvo com autorização da Igreja, mas podemos replicar os ensinamentos da Igreja (vide Sapientiae Christianae do S.S Papa Leão XIII). Dessa forma, não há como levar a sério opiniões sem esse respaldo. E mesmo o corpo docente só pode ensinar quando há amparo na tradição para suas afirmações.

E mesmo as citações das Sagradas Escrituras devem vir acompanhadas da Interpretação da Igreja.

Podemos ter esse combinado?

Falo isso pois coloquei em minhas objeções (no post anterior) o seguinte:

“Como não somos protestantes, sabemos que não podemos realizar o livre exame das Sagradas Escrituras.”

Porém, tanto o senhor quanto o Sr. Horácio continuam com essa prática com interpretações sem respaldo algum, o que me traz um grande incômodo. Isso já foi proibido pela Igreja, devemos segui-La.

Pretendo responder as objeções enviadas, porém se quiserem trazer contra-partidas, peço que esse critério básico seja respeitado.

Anônimo disse...

Para fins de contexto:

Post Anterior: Cardeal Pede Julgamento de Bispos Alemães e Remoção deles do Ofício
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1) Diz o Sr. Pedro no post anterior:

“você erra muito ao igualar a passagem "portas do inferno não prevalecerão" com não pode haver heréticos ou heresias na Igreja (entre clero e leigos)”

Primeiramente, questionei ao Sr. Horário sobre qual interpretação ele usou para que, considerar desde 1958 temos uma sucessão de Papas Ilegítimos seria contrariar que “as portas do inferno não prevalecerão”, e por isso, dizer que as Promessas de Cristo falharam.

(Eu não recebi resposta do Sr. Horácio sobre essa pergunta)

Depois o senhor acusa-me de “errar muito”. Nesse primeiro post colocarei o que a Igreja ensina sobre essa passagem:

Segundo Concílio de Constantinopla, 553:
“… nós temos em mente o que foi prometido acerca da Santa Igreja e d'Aquele que disse 'as portas do Inferno não prevalecerão contra ela' (entendemos isto como sendo as línguas mortíferas dos hereges)…”
Papa São Leão IX, 2 de Setembro de 1053: “A Santa Igreja edificada sobre uma pedra, isto é, sobre Cristo, e sobre Pedro… porque de modo algum será vencida pelas portas do inferno, ou seja, pelas disputas dos hereges, que seduzem os vãos para as suas ruínas.”

São Tomás de Aquino, Introdução à Catena Aurea: “A sabedoria pode preencher os corações dos fiéis, e silenciar a terrível insensatez dos hereges, adequadamente representados como as portas do Inferno.”

São Jerônimo
“Eu tenho por portas do inferno os pecados e os vícios, e também as doutrinas heréticas que seduzem os homens e levam ao abismo.”

(eu poderia citar mais, mas por economia de espaço ficarei com um Concílio, um Papa Santo, e dois Doutores da Igreja).

Se as Portas do Inferno são os Hereges e suas Heresias, então negar que tenhamos Ilegítimos Papas Hereges com suas Heresias é contrariar essa promessa?

O erro fundamental é dizer justamente o contrário. Ou seja, que temos 60 anos de Papas Legítimos mas: Hereges, e que há 60 anos ensinam suas Heresias sendo Vigários de Cristo, e que isso em nada contraria o ensino da Igreja.

Se a Igreja ensina que quando um Papa Ensina devemos crer que é o Próprio Deus ensinando (S.S Papa Leão XIII na Satis Cognitum), eu afirmar que é isso que atesta que esses “Papas” são falsos, é contrariar as promessas de Cristo?

Eu retornarei a esse assunto “Promessas de Cristo”, mas por enquanto vou finalizar a questão sobre “As Portas do Inferno”, mas no próximo comentário aprofundarei as questões dos hereges fazerem parte da Igreja.

Anônimo disse...

2) Sobre Hereges/Heresias na Igreja

Ensina São Pio X em seu Catecismo Maior, que é um pequeno resumo do Catecismo de Trento:

“Encontram-se fora da verdadeira Igreja os infiéis, os judeus, os hereges, os apóstatas, os cismáticos e os excomungados.”

Há uma distinção que vocês precisam ter muito claro, e aqui ensina o S.S. Papa Pio XII:

“Nem todos os pecados, embora graves, são de sua natureza tais que separem o homem do corpo da Igreja como fazem os cismas, a heresia e a apostasia” (Mystici Corporis Christi, #22, 29 de Junho de 1943).

Hereges não fazem parte do Corpo da Igreja. Ponto.

Os senhores podem tranquilamente dizer que podem existir hereges ocultos NA Igreja, mas jamais dizer que eles fazem parte DA Igreja.
Inclusive, Sr. Pedro, Santo Agostinho (Doutor da Igreja) é que explica isso em Quaestiones Evangeliorum, 11 ao comentar a Parábola do Trigo e do Joio, diferente do que o senhor afirmou.

Entre “Na” e “Da” há uma diferença fundamental.
Afinal, um ente não pode ser e não ser ao mesmo tempo, questão filosófica.

A premissa é a seguinte:
- Heresias ou hereges podem existir no mundo, mas jamais farão parte da Igreja.

Caso queiram provar que estou errado, preciso que me provem:

1) Que hereges podem fazer parte do Corpo da Igreja (hereges na Igreja);
2) Que hereges podem ter cargos eclesiásticos (hereges com jurisdição);
3) Que documentos da Igreja podem ter heresias (Ex: Amoris Laetitia) (heresias da Igreja).

Em tempo (sobre o item 3):

“Deve-se, pois, crer com fé divina e católica tudo o que está contido na palavra divina escrita ou transmitida pela Tradição, bem como tudo o que a Igreja, quer em declaração solene, quer pelo Magistério ordinário e universal, nos propõe a crer como revelado por Deus.”
S.S. PIO IX; Concílio do Vaticano I, sessão III, Constituição Dei Filius, cap. III, Denzinger-Hünermann 3011.

“Nem se deve crer que os ensinamentos das encíclicas não exijam, por si, assentimento, sob alegação de que os sumos pontífices não exercem nelas o supremo poder de seu magistério. Entretanto, tais ensinamentos provêm do magistério ordinário, para o qual valem também aquelas palavras: "Quem vos ouve a mim ouve" (Lc 10, 16); e, na maioria das vezes, o que é proposto e inculcado nas encíclicas, já por outras razões pertence ao patrimônio da doutrina católica.”
Pio XII, Humani Generis.

O Sr. Horácio respondeu anteriormente dizendo sobre termos hereges no poder e ensinando heresias:

- “Isso é concreto, está acontecendo, gostando ou não”

Não Sr. Horácio, não está acontecendo.
Se um homem invade sua casa e diz: “Agora sou marido da sua esposa, pai de seus filhos.”
E assim ele se declara aos seus vizinhos e parentes.

O senhor acreditará que isso é concreto e está acontecendo? Ou dirá o óbvio?

Anônimo disse...

3) E São Pedro? - Parte 1 - (Aqui terei que fazer duas postagens sobre o mesmo tema)

Aqui, tanto o Sr. Pedro quanto o Sr. Horácio citaram São Pedro.

Precisamos entender onde São Pedro se encaixa nessa confusão. E para facilitar, cito abaixo os momentos que vocês o citam:

- Sr. Horácio: “Em poucos versículos, São Pedro foi de pedra na qual Nosso Senhor fundou Sua Igreja, para satanás por ter repreendido a Cristo.” (também citado pelo caro Sr. Pedro)
- Sr. Pedro: “A Igreja sempre teve heresias e heréticos e mesmo os santos beiraram com heresias a começar com São Pedro.”

Aqui novamente relembro: toda contra-argumentação deve estar embasada naquilo que a Igreja crê como verdade, e não com livres interpretações.

E assim inicio com duas perguntas bem simples:

- Quando a Igreja iniciou?
- O que é heresia?

Se vocês pausarem a leitura e buscarem as respostas dos questionamentos acima (recomendo o exercício), vocês mesmos perceberão que citar São Pedro no contexto de nossa discussão não faz sentido algum.

Qualquer enciclopédia católica (antiga e confiável, e mesmo as novas que tem vários erros) ensinam que heresia (haeresis) é negar algum ensinamento da Igreja através do ato da escolha. Há maiores distinções sobre a consciência ou não disso, mas não é o caso nesse momento.

E quando a Igreja começou? A Igreja ensina que ela nasceu na Cruz, ensina S.S Papa Pio XII na Mystici Corporis Christi, em 3 citações que faço:

“(…) com a morte do Redentor, foi abrogada a antiga Lei e sucedeu-lhe o Novo Testamento; então com o sangue de Cristo foi sancionada para todo o mundo a Lei de Cristo com seus mistérios, leis, instituições e ritos sagrados.”

“Então, diz S. Leão Magno falando da cruz do Senhor, fez-se a transferência da Lei para o Evangelho, da Sinagoga para a Igreja, de muitos sacrifícios para uma única hóstia, tão evidentemente, que ao exalar o Senhor o último suspiro, o místico véu, que fechava os penetrais do templo e o misterioso santuário, se rasgou improvisamente de alto a baixo.”

“(..) enfim na árvore da cruz adquiriu a sua Igreja, isto é, os membros do seu corpo místico, pois que estes não seriam a ele incorporados nas águas do batismo, se não fosse pela virtude salutífera da cruz, onde o Senhor já adquiriu sobre eles domínio pleníssimo.”

Diante disso, questiono:

1) São Pedro cometeu alguma heresia no episódio de ser chamado de “Satanás”?
2) São Pedro cometeu alguma heresia na sua tríplice negação?
3) São Pedro pode de alguma maneira ser enquadrado como herege ou apóstata e comparado de alguma forma à situação atual?

De forma alguma, afinal a Igreja não existia, e em nenhuma das circunstâncias acima São Pedro era Papa.

A Igreja, através do seu Magistério, Papas, Santos, Doutores, Canonista e Teólogos jamais fizeram o que vocês pretenderam fazer.

Portanto, é totalmente descabido no contexto atual, dos Hereges e suas Heresias, citar São Pedro.

Anônimo disse...

3) E São Pedro? - Parte 2

Faço esse acréscimo à resposta anterior para esclarecer a questão do Evangelho de São Mateus sobre a Profissão de Fé, ser Chamado de Satanás e a Tríplice Negação, encontrada nos 4 Santos Evangelhos.

Como coloquei na resposta anterior, São Pedro não era Papa, e é a própria Igreja quem ensina pois tudo resume-se às palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo:

“Tu é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”.

Em tempo: Recomendo que os senhores tenham em casa ao menos a Cátena Áurea de São Tomás de Aquino, isso evitaria alguns deslizes.

A palavra de Nosso Senhor Jesus Cristo é clara: “edificarei”

Edificarei não é uma palavra que trata sobre o Presente, mas sobre o Futuro.

“Eu te darei”, da mesma forma, não indica o presente “eu te dou”, mas algo que ocorrerá no futuro.

Como demonstrei anteriormente, a Igreja não existia, e tínhamos o próprio Deus andando entre nós. Não faria sentido algum Deus estar entre nós (cabeça visível) e tendo outra cabeça visível O acompanhando.

Por isso, a Igreja também ensina (leiam a Cátena Áurea, ratifico) que quando São Pedro negou Nosso Senhor Jesus Cristo era por conta de agir ainda confiando em si mesmo. E por isso, Deus permitiu a sua queda. Santo João Crisóstomo salvo engano trata sobre isso. Ou seja, São Pedro se pudesse voltar atrás jamais diria: “Eu nunca te abandonarei”, mas diria: “Com a tua graça, eu nunca te abandonarei”.

Com suas próprias forças São Pedro foi ao Pior Abismo.
Com auxílio da graça, foi elevado a um patamar na Igreja que outro apóstolo não teve.

São Pedro recebeu a promessa de Deus, mas para o futuro.
E não por menos Nosso Senhor Jesus Cristo disse: “e tu, uma vez CONVERTIDO, confirme seus irmãos”

E qual foi a conversão de São Pedro?
Justamente a penitência que ele fez, após a negação, quando ele chorou amargamente de arrependimento.
Tendo por fim dessa conversão São Pedro reparando as 3 negações com as 3 confirmações de fé: “Sim, Senhor, Tu sabes que eu te amo”.

Desse momento em diante São Pedro recebeu o Múnus Papal de apascentar as ovelhas, de confirmar os irmãos, bem como a Promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo que sua fé seria invencível.
Da mesma forma os apóstolos não puderam sequer pecar mortalmente, protegidos pelo Espírito Santo.

Esse é o ensinamento da Igreja, e cai por terra qualquer tentativa que muitos fazem (principalmente Protestantes, e vocês infelizmente replicam) que São Pedro como Papa teria caído, ou “beirado a heresia”, conforme o Sr. Pedro Erick afirmou. Se um católico, advertido sobre o tema, ousar repetir as mesmas palavras conscientemente, cai infelizmente no pecado da blasfêmia. Percebam a gravidade.

Anônimo disse...

4) “Acreditar que a Igreja está sem Papa é desacreditar nas promessas de Cristo.”

Sr. Horácio, nos longos textos anteriores perceba que eu sempre bato na tecla da necessidade de afirmarmos algo em conformidade com o que a Igreja ensina, sem livres interpretações. Muito cuidado com essa prática, que vi inclusive com o Sr. Pedro.
Esse não é o posicionamento Católico, basta lerem o item 186 da Sessão IV do Concílio de Trento.

E aqui na frase tema desse tópico temos isso novamente.

Se ficarmos sem Papa seria desacreditar nas promessas de Cristo, toda vez que morre um Papa, e isso já ocorreu 260 vezes, as promessas teriam falhado?

O senhor pode objetar: Mas a Igreja não pode ficar tanto tempo sem Papa!

Será? Veja o que o célebre Padre James O’Reilly disse em uma obra aprovada pela Igreja:

“O grande Cisma do Ocidente sugere-me uma reflexão que tomo a liberdade de expressar aqui. Se este cisma não tivesse acontecido, a hipótese de que tal coisa pudesse suceder pareceria a muitos como algo quimérico. Diriam que não poderia ser; que Deus não permitiria que a Igreja chegasse a um ponto tão infeliz (...) que a verdadeira Igreja permanecesse entre trinta a quarenta anos sem uma Cabeça bem esmerada e representativa de Cristo na Terra, isso não seria possível. Mas no entanto aconteceu; e não temos garantia alguma de que não volte a acontecer”
Pe. James Edmund O'Reilly - The Relations of the Church to Society - Theological Essays, 1882, p. 287

Ou:

“Portanto, a Igreja é uma sociedade essencialmente monárquica. Mas isso não impede que a Igreja fique por um curto período de tempo depois da morte do papa, ou mesmo por muitos anos, destituída de sua cabeça [vel etiam per plures annos capite suo destituta manet]. Sua forma monárquica ainda permanece intacta neste estado…”
(Dorsch, Institutions Theologiae Fundamentalis, De Ecclesia, 1928, 2:196–7)

Nós já tivemos dias, semanas e meses sem Papa, mas já tivemos 4 anos sem Papa, e já tivemos décadas sem Papa. As promessas de Nosso Senhor Jesus Cristo jamais falharam por conta disso.

Inclusive, veja o que diz no volume I das Atas de São Pio X (Bonne Presse, Paris), onde encontra-se a lista cronológica oficial (Annuario Pontifico) de Papas e Antipapas:

Com exceção do século XX, de um total de 300 indivíduos (100%), temos 244 Papas Legítimos (81%), e 56 impostores (19%), dos quais 45 Antipapas (15%), e 11 Papas Duvidosos (4%).

56 impostores fazem com que as promessas de Cristo tenham falhado?

O que Francisco e seus antecessores tem de tão especial para não fazerem parte dessa lista?
É muito estranho esse pensamento de “é preciso ter Papa, pode ser até o Edir Macedo”.

Aliás, é preferível um Papa Falso Edir Macedo que um Papa Falso Francisco (ou antecessores).
Edir Macedo matou muito menos almas do que Roncalli, Montini e sua turma até chegar em Francisco já mataram.

E não, o Espírito Santo não é responsável pela eleição de um Papa. Se assim fosse, porque no Código de Direito Canônico prevê que em caso de eleição de um herege, essa eleição seria totalmente nula? O Espírito Santo teria falhado? Há várias referências no CDC da Cum ex Apostolatus Officio (Paulo IV, 1554) que trata somente sobre isso.

Por isso, é falha a sua afirmação pois não possui respaldo no Ensino da Igreja.

Anônimo disse...

5) Tivemos Papas no Antigo Testamento?

Sr. Horácio, o senhor disse que eu não entendi o Ofício do Vigário de Cristo, e após isso cita passagens do antigo testamento.

Na resposta 3 (e em sua continuação) eu demonstrei que a Igreja surgiu na Cruz, e o ofício Papal passou a ser exercido após a conversão de São Pedro.

Diante disso, não há respaldo igualar o Ofício do Vigário de Cristo (mencionado acima) com passagens do Antigo Testamento.

Sim, o Antigo Testamento há prefigurações do Papado, e isso desde Moisés que, ao usar o “Racional do Juízo” (Êxodo, 28) e demais Sumo Sacerdotes no uso da Cátedra de Moisés, o qual era infalível sobre questões religiosas e morais. Isso citam São Francisco de Sales, São João Crisóstomo, Santo Agostinho, São Bernardo e o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo (São Mateus 23).

Mas os Santos citados sempre diziam que, se nas trevas existia esse facho de luz (a Cátedra de Moisés), e o que se dirá agora que estamos no tempo das luzes?

Agora não temos mais uma prefiguração, mas a própria instituição do Papado, e isso diante da Igreja já criada.

A comparação é justa, mas ela é falha ao querer igualar o ofício do Vigário de Cristo (Papado) com o que existia no Antigo Testamento. São coisas distintas. Moisés ou demais citados não eram Papas.

E ao citar Davi ou Salomão o senhor infelizmente erra ainda mais, porque nenhum dos dois eram sequer Sumo-Sacerdotes. A comparação deles com o Papado é completamente incorreta.

Por último, citou Judas Iscariotes, que da mesma forma jamais foi fez parte da Igreja pois já havia suicidado antes do nascimento da Igreja, e obviamente, também não era Papa para realizar a injusta comparação.

Anônimo disse...

6) Mas e os Papas Hereges do Passado? (Parte 1)

Aqui eu estava escrevendo um artigo ao Sr. Pedro Erick, que em 23 de janeiro afirmou que Honório foi declarado herege, Papa Libério idem “pois excomungou Santo Atanasio”, Papa Marcelino e inclusive disse existir outros.

O mesmo agora também diz o Sr. Horácio ao corroborar da opinião de “Papas Hereges” do passado.

Creio que meu artigo ficará para trás, vou trazer alguns pontos primordiais aqui para essa discussão.

Responde o Papa São Leão IX:

“Portanto, haverá alguém tão louco a ponto de ousar considerar Sua oração de qualquer modo vã, onde aquele que quer é também aquele que pode? Pela Sé do chefe dos Apóstolos, nomeadamente, pela Igreja Romana, através do mesmo Pedro e também seus sucessores, não foram os comentários de todos os hereges reprovados, rejeitados e vencidos, e não foram fortalecidos os corações dos irmãos na fé de Pedro, que até agora não caíram, nem jamais cairão?” (Papa São Leão IX, Carta Apostólica In Terra Pax; Denzinger 351)

Note bem, senhores: “até agora não caíram, nem jamais cairão”.

Todos os ditos “Papas Hereges” citados são anteriores à declaração do Papa São Leão IX. E o que ele disse faz parte do Magistério da Igreja.

Os senhores precisam decidir. Ou o Magistério da Igreja errou, e por isso a Igreja perdeu a sua nota de indefectibilidade, ou as afirmações dos senhores são incorretas.

Lembre-se:

“Deve-se, pois, crer com fé divina e católica tudo o que está contido na palavra divina escrita ou transmitida pela Tradição, bem como tudo o que a Igreja, quer em declaração solene, quer pelo Magistério ordinário e universal, nos propõe a crer como revelado por Deus.”

S.S. PIO IX; Concílio do Vaticano I, sessão III, Constituição Dei Filius

Cito também o principal documento do Concílio Vaticano na Declaração da Infalibilidade Papal, a Pastore Aeternus:

“E esta doutrina dos Apóstolos abraçaram-na todos os veneráveis Santos Padres, veneraram-na e seguiram-na todos os santos doutores ortodoxos, firmemente convencidos de que esta cátedra de S. Pedro sempre permaneceu imune de todo o erro, segundo a promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo feita ao príncipe dos Apóstolos: “Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos” [Lc 22, 32].”

Leia com atenção:

A Doutrina acima vem dos Apóstolos.
Abraçada por todos os Papas que já existiram.
Todos os Santos e Doutores da Igreja professam a mesma fé:

“Sempre permaneceu imune de todo o erro”

Anônimo disse...

6) Mas e os Papas Hereges do Passado? (Parte 2)

Esse ensinamento que tivemos “Papas Hereges” já foi comprovado pela Igreja como uma doutrina herética propagada por: Galicanos, Hussitas, Protestantes, Jansenistas, Maçons, Veterocatólicos e, por último: Modernistas (na época chamados de “Liberais”).

E isso não sou quem digo, é a própria Igreja.

Mais preciso, cito Dom Prosper Guéranger na obra “La Monarchie Pontificale” (1869) que trata justamente sobre um sólido estudo sobre os tais “casos históricos” (alguns inclusive citados por vocês).

Essa obra teve aprovação direta inclusive do S.S Papa Pio IX no Breve “Dolendum Profecto”:

“Vemos, portanto, avançar com audácia, como indubitáveis ou pelo menos completamente livres, algumas doutrinas muitas vezes reprovadas, ressaltar de acordo com os antigos defensores dessas mesmas doutrinas das deturpações históricas, das passagens mutiladas, das calúnias, lançadas contra os Pontífices Romanos, sofismas de todo o tipo. Trazem descaradamente todas essas coisas à discussão, sem ter conta alguma os argumentos com os quais cem vezes foram refutadas.”

Cem vezes refutadas, mas vocês ainda querem acreditar nessas mentiras?

O mesmo Papa, em outro Breve (“Cum ad Sacrae”) dirigido ao Padres Jules Jacques que havia traduzido um estudo do Doutor da Igreja Santo Afonso Maria de Ligório sobre “Papas Hereges”:

“[…] ao mesmo tempo as gravíssimas razões pelos quais foram refutados desde muito tempo os sofismas que, cobrindo-se embora dos enganadores da novidade, são lançados ao público, por meio de brochuras e jornais, e isso com tanta certeza que se diria serem descobertas feitas pela sabedoria moderna e desconhecidas até agora”

E justamente para prevenir os fiéis desses historiadores que descobriram as novas novidades dos “Papas Hereges”, veja o que também constitui o Dogma da Infalibilidade Papal na Constituição Dei Filius (S.S Papa Pio IX):

Cân. 2 – Se alguém disser que as ciências humanas devem ser tratadas com tal liberdade que as suas conclusões, embora contrárias à doutrina revelada, possam ser retidas como verdadeiras e não possam ser proscritas pela Igreja – seja excomungado [cf. nº 1797-1799]. 1818.

Cân. 3 – Se alguém disser que às vezes, conforme o progresso das ciências, se pode atribuir aos dogmas propostos pela Igreja um sentido diverso daquele que ensinou e ensina a Igreja – seja excomungado [cf. nº 1800].

O Livre Arbítrio permite que vocês possam continuar acreditando nos Inimigos da Igreja, que muitas vezes travestidos de “historiadores” querem trazer es “novas novidades”. Tal qual o autor citado pelo Sr. Pedro Erik, Eamom Dudfy, e infelizmente ele propaga exatamente os mesmos erros. E isso não é novidade, posso citar S.S Papa Leão XIII que ao ver a perpetuidade dessas doutrinas nocivas por historiadores, disse:

“A arte do historiador parece ser uma conspiração contra a verdade”.

O que preferem? Acreditar na Igreja que diz infalivelmente que nenhum Papa caiu, e jamais cairá? Ou acreditar nessas “novidades”?

Anônimo disse...

6) Mas e os Papas Hereges do Passado? (Parte 3 e final)

Embora o Sr. Horácio diga que desconheço a doutrina do vigário de Cristo, e de fato tenho muito a aprender, porém tenho me esforçado na última década a desmistificar todas essas falsas acusações propagadas pelos inimigos da Igreja, e infelizmente, propagadas no meio católico.

Porém gostaria de deixar abaixo as obras as quais utilizo como base para repudiar qualquer afirmação contrária ao ensino da Igreja, sendo:

1) Que já tivemos Papas Hereges;
2) Que um Concílio possa ter erros/heresias;
3) Que a Igreja possa aprovar uma “Missa” ruim / impiedosa;
4) Que um Papa Legítimo possa cair em Heresia, e o pior: Continuar sendo Papa.

Esses comentários são próprios dos inimigos da Igreja, e até de “Católicos” que são como que “Teólogos da Moda”, como o Peter Kwasniewski e Taylor Marshall, mais famosos propagam todo tipo de insensatez.

Os Católicos imprudentes, ao invés de se agarrarem naquilo que é sólido e efetivamente aprovado pela Igreja, preferem se guiar por falsos profetas e suas vãs doutrinas.

Além das referências presentes ao longo das respostas, compartilho abaixo as obras que possuo em minha casa. Muitas dessas obras, principalmente sobre o Concilio Vaticano, trata dos estudos dos Padres Conciliares sobre os Mitos dos “Papas Hereges”, e isso foi trazido para as sessões que votaram o Dogma da Infalibilidade Papal.

Uma das minhas obras mais caras é o “El Santo Concilio Ecuménico del Vaticano - Historia de Esta Augusta Asamblea” (1875), de Dom Emilio Moreno Cebada . Essa obra, dividida em dois tomos, soma mais de 1400 páginas só demonstrando os bastidores do Concílio Vaticano. Há detalhes inclusive sobre as votações, e como se portaram os Padres Conciliares que votaram contra a definição do Dogma da Infalibilidade Papal. Tive que importar essa obra, foi caríssima, e não sei se há outras cópias no Brasil.

Tenho também a obra “The True and The False Infallibility of The Popes” (também de 1875), de Dom Joseph Fessler, que trata também sobre o Concílio e o detalhamento das definições.

Outra obra: The Official Relatio on Infallibility do Bispo Vincent Ferrer Gasser, escrita em 1870, tão logo finalizou o Concílio Vaticano.

I Concili Generali e la Chiesa Cattolica, escrita já em 1869 por São João Bosco e desmistifica com detalhes essas falácias sobre “Papas Hereges”.

A obra “Historia de Los Papas”, de Agustín Saba, obra também aprovada pela Igreja.

As Disputas sobre a Fé Cristã de São Roberto Belarmino, onde ele trata especificamente sobre o caso desses “Papas Hereges”. Obra essa, inclusive, de um Doutor da Igreja, e usada como base para o Concilio Vaticano, segundo S.S Papa Pio XI.

Du Pape et du Concile, de Santo Afonso Maria de Ligório, Doutor da Igreja (também tratando sobre esses temas).

Obras Completas de São Francisco de Sales, também Doutor da Igreja.

The Life and Life-Work of Pope Leo XIII, 1903, tratando também de discussões do Concílio Vaticano.

Agora, é com vocês. Se querem permanecer no erro, ou se querem conhecer a verdadeira Doutrina sobre o Papado.

Fico a disposição para qualquer objeção ou dúvida.

Pedro Erik Carneiro disse...

Meu caro Desconhecido, agradeço pelos seus comentários, tão cheios de citações.

No entanto, creio que você não conseguiu superar seu erro inicial de confundir "portas do inferno não prevalecerão" com não ter heréticos dentro da Igreja.

Alem disso, seu debate sobre o uso de "na" Igreja, revela que seu raciocínio deve iniciar com a definição de Igreja.

Outra coisa, conheço bastante o Catena Áurea. Conheço suas enormes qualidades e também dificuldades. Nem sempre a opinião de um padre ou santo da Igreja para uma mesna passagem é a mesma. Muitas opiniões são contraditórias para uma mesma passagem. Catena Áurea são opiniões profundas e importantes mas não são palavras de Cristo. Há erros e contradições.

Infelizmente, amigo Desconhecido, você não superou seus erros teológicos. Leia com mais atenção e use a lógica (Deus é logos) e compare. Não escolha passagens para citar.

Parabéns pelo esforço louvável, voce foi longe ao ponto de questionar o papado de São Pedro. Mas fracassou logo de inicio no propósito.

Fique com Deus e Nossa Senhora.

Abraço
Pedro Erik

Anônimo disse...

Caro Sr. Pedro

Não entendi quando o senhor diz que eu confundo as portas do inferno sobre não ter hereges.

Há duas linhas de raciocínio:

1) O sr. Horácio relaciona a passagem ao fato que, afirmar que há Falsos Papas, contraria a promessa. Demonstrado ser um argumento falso.

2) O sr. caro Pedro, diz que eu erro ao afirmar que a passagem não diz que não teremos hereges na Igreja.

O senhor leu a resposta 2?
Hereges não fazem parte da Igreja, isso é Ensino Católico demonstrado com citações Papais as quais não podemos negar sem perdermos a fé.

Se há hereges presentes, são ocultos, e por isso o corpo de fiéis não sabem, embora perante a Lei Divina não fazem parte do Corpo da Igreja, como amplamente demonstrado.

E se são manifestos, caem por Lei Divina, previsto inclusive no CDC:

Canon 188 (CDC 1917):

"Em virtude de renuncia tácita admitida pelo mesmo direito, ficam vacantes ipso facto, e sem nenhuma declaração, quaisquer ofícios, se o clérigo:

4.º Defecciona publicamente da Fé Católica."

Um herege manifesto não possui jurisdição alguma.

Sobre a definição de Igreja, não entendi seu ponto. Mas vamos lá.

A melhor definição em minha opinião é aquela que foi elogiada pelos Papas, Santos e Canonistas, no caso, de São Roberto Belarmino em Disputationes de Controversiis Christianae Fidei adversus hujus temporis Haereticos, De Ecclesiae, lib. III, cap. II.

Cito integralmente a definição:

"A nossa afirmação, porém, é que a Igreja é apenas uma, não duas, e que ela, única e verdadeira, é uma assembléia de homens unida pela profissão da mesma fé cristã e pela comunhão dos mesmos sacramentos, sob o regime de pastores legítimos, e sobretudo do único vigário de Cristo na terra, o romano pontífice. Dessa definição pode-se facilmente aferir quais homens pertençam à Igreja, e quais, no entanto, não lhe pertençam. Com efeito, essa definição tem três partes. A profissão da verdadeira fé, a comunhão dos sacramentos e a sujeição ao legítimo pastor, o romano pontífice. Em razão da primeira parte ficam excluídos todos os infiéis, tanto os que nunca estiveram na Igreja, como os judeus, turcos [maometanos] e pagãos; quanto aos que estiveram e se afastaram, como os hereges e os apóstatas. Em razão da segunda parte, ficam excluídos os catecúmenos e os excomungados, porque estes não foram admitidos à comunhão dos sacramentos, e aqueles foram afastados. Em razão da terceira parte, ficam excluídos os cismáticos, que têm a fé e os sacramentos, mas que não se sujeitam ao mesmo pastor, e por isso confessam a fé exteriormente, e recebem os sacramentos. Incluem-se, porém, todos os outros homens, ainda que sejam réprobos, criminosos e ímpios."

Não sei onde o senhor quer chegar, mas que mais provas são necessárias para que o senhor desconsidere que existam hereges no corpo da Igreja?

Eles não fazem parte e tampouco possuem qualquer tipo de Jurisdição. Repito: está previsto por Lei Divina, Sagradas Escrituras, Magistério da Igreja e Código de Direito Canônico.

Com todo o respeito, Sr. Pedro, o senhor anteriormente acusou-me de errar nos fundamentos. Se ao longo de tantos comentários citando o que a Igreja ensina, o senhor ainda acha que eu fracassei, receio que o fracasso é quanto ao senhor ser dócil ao que a Igreja ensina.

Ademais, não vi qualquer objeção fundamentando o senhor mesmo com qualquer ensino da Igreja.

Se queres continuar afirmando que os Hereges fazem parte da Igreja, e que inclusive possuem cargos (e até podendo ser um Doce Cristo na Terra, Doutor Universal dos Cristãos, o Campeão da Fé, como assim tantos Santos ensinam) não posso fazer muita coisa pois o senhor estaria obstinado no erro.

Se o senhor tem Francisco como Papa, é seu dever obedecê-lo pois se ele ensina qualquer questão sobre Fé e Moral, ele é infalível, também ensino da Igreja da forma mais solene possível, como dogma. E como demonstrado nas referências, sei muito bem o ensinamento da Igreja quanto a autoridade do magistério e o Dogma da Infalibilidade Papal.

Por fim, deixarei duas citações para sua reflexão no próximo comentário.

Anônimo disse...

Aliás, 3 citações:

1) De fato, todos aqueles que obstinadamente resistem aos legítimos prelados da Igreja, especialmente ao Supremo Pastor de todos, e se recusam a cumprir suas ordens, não reconhecendo sua dignidade, sempre foram considerados cismáticos pela Igreja Católica.

S.S. PIO IX; Carta Encíclica Quartus Supra, n. 12, 6 de janeiro de 1873

2) De fato, Veneráveis ​​Irmãos e Filhos amados, trata-se da obediência que deve ser dada ou negada à Sé Apostólica; trata-se de reconhecer o seu poder supremo, também nas vossas Igrejas, pelo menos no que diz respeito à fé, verdade e disciplina; quem o nega é um herege. Aqueles que a reconhecem, mas orgulhosamente se recusam a obedecê-la, são dignos do anátema.

S.S. PIO IX; Carta Encíclica Quae in Patriarchatu, n. 24, 1º de setembro de 1876.

3) Quanto à determinação dos limites da obediência não imagine alguém que basta obedecer à autoridade dos pastores das almas e sobre todos do Pontífice Romano nas matérias de dogma, cuja rejeição pertinaz traz consigo o pecado de heresia. Nem basta ainda dar sincero e firme assentimento àquelas doutrinas que, apesar de não definidas ainda com solene julgamento da Igreja, são todavia propostas à nossa fé pelo magistério ordinário e universal da mesma como divinamente reveladas, as quais por decreto do Concílio Vaticano I devem ser cridas com fé católica e divina.

S.S. LEÃO XIII; Carta Encíclica Sapientiae Christianae, n. 35, 10 de janeiro de 1890.

Pedro Erik Carneiro disse...

Vou repetir pela última vez, meu caro Desconhecido:

1) Você precisa definir o que chama de Igreja. Há sim, sempre houve, heréticos fazendo parte da Igreja (como instituição física), desde papas e até leigos. Por outro lado, há heréticos no "corpo místico de Cristo"?. NÃO. O corpo místico de Cristo é divino. O Corpo Místico de Cristo é a Igreja, sim, mas não se confunde com os humanos, que sempre são pecadores. A convivência entre os santos só diante da luz divina, onde são perdoados os pecados humanos;

2) Sua citação sobre hereges me parece que é da Catena Surea, de São Jerônimo. O Catena Aurea traz citações muitas vezes pequenas e sem contexto. E algumas citações mesmo de santos são contraditórias frente a Doutrina da Igreja ou do pensamento de outros santos. Todos os santos, inclusive São Tomás de Aquino, errou em alguma parte da doutrina.

Tenha cuidado com citações, o demônio fez o mesmo nas tentações de Cristo, usou citações.

A falácia que São Tomás de Aquino mais detestava era a falácia da autoridade. Isto é, uso de citações de santos e papas para se vencer um debate sem se usar a debate lógico.

Por isso, que digo para você: USE A LÓGICA,O CONJUNTO DA DOUTRINA (BIBLIA E TRADIÇÃO). NÃO ESCOLHA CITAÇÕES!!! SANTOS E PAPAS SÃO PECADORES COMO TODOS NÓS, SÓ QUE MUITO MAIS PUROS.


Não insista mais neste assunto.

Abraço,
Pedro Erik

Leonardo Santana de Oliveira disse...

Pedro me responda com sinceridade, que seu sim seja sim e seu não, seja não, o que passar disso vem do maligno:
Você considera Bergoglio um herege público e escandaloso sim ou não?

Pedro Erik Carneiro disse...

Sim, caro Leonardo. Infelizmente.

Leonardo Santana de Oliveira disse...

Muito obrigado por sua honestidade intelectual. Como já disse em outros blogs, eu adoraria, do fundo do meu coração, que minha posição sedevacantista esteja errado mas infelizmente as provas e evidências da realidade objetiva dizem que estou certo. Se nós católicos que amamos a Santa Igreja Católica não denunciar e combater os hereges modernistas infiltrados no clero eles vão tentar destruir a Santa Igreja de Cristo por dentro.
O Santo Papa Pio X nos deu todo o modus operandi desses filhos de satanás infiltrado na Santa Igreja, é só ler a Encíclica Psscendi.

João Lins disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João Lins disse...

Caros srs. Salve Maria Imaculada. Em primeiro lugar, gostaria de frisar que, discordando profundamente do sedevacantismo, todavia não duvido da catolicidade dos sedevavantes e sequer os considero "cismáticos", muito menos hereges, mas sim que cometem erro teológico com possível consequência grave que, neste caso sim pode vir a ser o cisma. Também reconheço que muitas críticas feitas por redutos sedevacantes ao atual magistério são assaz pertinentes e eu, particularmente, as valorizo e volta e meia as consulto. No caso do sr. anônimo sedevacantista que aqui postou, o problema não foram as citações postadas, mas sim a aplicação das mesmas. Nas citações que o mesmo aqui colocou, em seus comentarios, demonstrou-se muito bem que um herege manifesto é sempre, ipso facto, um excomungado, o que é verdade. Mas o fato é que, com base em São Roberto Berlarmino, doutor da Igreja, e demais obras teológicas de opinião certa e com o devido imprimatur, um Papa não pode, apenas por um juízo de consciência, ser julgado como sendo "herege manifesto" sem que haja antes um juízo discricionário e depois, finalmente, um juízo coercitivo. Antes de um juízo discricionário, o sensus fidei ou um juízo de consciência apenas pode detectar que um papa é um herege do tipo <>, o que ainda não é um herege manifesto que é aquele que diz <> e <> que está abandonando um dogma de fé e/ou moral católicas e assume publicamente que que <>. Isto é o que diz o CDC-1917/188,4 quando ali se fala em abandonar publicamente a fé. Os papas modernistas isto não fizeram e nem Francisco o fez. Repito, um Papa herege manifesto sempre é deposto ipso facto e diretamente por Cristo, por um direito divino. Mas Cristo não o depõe "sem um juízo oficial da sua Igreja" em que se discerne a condição herege do Papa. Com isto concorda São Roberto Belarmino: ""Pois o príncipe supremo, enquanto não for declarado ou julgado legitimamente ter caído de seu governo, permanece sempre o juiz supremo, mesmo que litiga consigo mesmo como uma parte."""
(De Concilio, lib 1, cap xxi). Também na <> (1890), a qual recebeu imprimatur logo após o Concílio Vaticano I, se ensina que um Papa que cai em heresia não é privado de sua jurisdição até que sua heresia seja (((juridicamente))) estabelecida e declarada:

"No caso de um Papa que é um herege público, legal, notório e contumaz... ele teria que ser deposto por um conselho de bispos. Mas a deposição não seria um ato de jurisdição, pois não há poder maior do que o Papa, mas uma sentença declaratória, pela qual o fato da heresia é juridicamente estabelecido; e uma vez estabelecida, acredita-se que o Papa seja privado de sua dignidade pela lei divina”.
(Summa Apologética de Ecclesia Catholica, Mans, 1890, Q. XII, art IV, arg iii, p. 25).