Eu falei no post anterior que muito provavelmente São Tomás de Aquino e São João Damasceno não aceitariam a entrada de refugiados muçulmanos em terras cristãs. Disse isso com base no que estudei para preparar meu livro sobre Guerra Justa.
Hoje vi que o site Breibart News traz especificamente o que São Tomás de Aquino falou sobre aceitação de imigrantes e refugiados.
Em suma, para São Tomás, a aceitação plena de um estrangeiro depende que ele assimile e ame a lingua, a cultura e a religião do país que o recebe. E certos tipos de povos pelo ódio que possuem contra o país, por conta de guerras passadas, não devem ser aceitos nunca, apenas algumas pessoas em casos excepcionais de dedicação e amor ao país.
São Tomás fala sobre isso na Questão 105, artigo 3 de sua Suma Teológica que mostro parte abaixo. Para resposta toda clique aqui.
Diz São Tomás:
SOLUÇÃO. — Podem os homens ter com os estrangeiros dupla relação: uma, pacífica; outra hostil. E a lei estabeleceu preceitos convenientes para regularem ambos esses casos.
Assim, aos judeus se oferecia tríplice ocasião de conviver pacificamente com os estrangeiros. — Primeiro, quando, peregrinos, os estrangeiros passavam pelas terras deles. — Segundo, quando vinham para elas afim de aí habitarem ádvenas. E em ambos os casos a lei estabeleceu preceitos de misericórdia. Assim diz (Ex 22, 21): Não molestarás o estrangeiro; e (Ex 22, 9): Não serás molesto ao estrangeiro. — Terceiro, quando alguns estrangeiros queriam ser admitidos totalmente ao convívio e rito deles, no que se atendia a uma certa ordem. Assim, não eram logo recebidos como cidadãos; do mesmo modo certos povos gentios tinham estabelecido, que não fossem considerados cidadãos senão os que tivessem tido avós ou bisavós com essa qualidade, conforme o refere o Filósofo. E isto porque se os estrangeiros, logo ao chegarem, fossem admitidos ao gozo dos direitos dos nacionais, poderiam dar lugar a muitos perigos. Assim, não tendo ainda um amor comprovado pelo bem público, poderiam atentar contra o povo. Por isso a lei estabeleceu, que podiam ser recebidos a fazer parte do povo, na terceira geração, os que provinham de certas nações, de alguma afinidade com os judeus. Tais eram os egípcios, entre os quais nasceram e foram criados, e os idumeus, filhos de Esaú, irmão de Jacó. Outras porém, como os amonitas e os moabitas, que se portaram hostilmente para com eles, nunca os admitiam no seu seio. Enfim os amalecitas, que foram os seus piores inimigos, e com os quais não tinham nenhuma cognação, eles os consideravam como inimigos perpétuos. Por isso, diz a Escritura (Ex 17, 16): A guerra do Senhor será contra Amalec de geração em geração.
Também, quanto às relações hostis como os estrangeiros, a lei estabeleceu preceitos adequados. — Assim, primeiro, instituiu que se fizesse a guerra justamente, mandando que, quando fossem atacar uma cidade, primeiro oferecessem a paz. — Segundo, que continuassem fortemente a guerra empreendida, confiando em Deus; e para ser isso melhor observado, instituiu que, na iminência do combate, o sacerdote os animasse, prometendo o auxílio de Deus. — Terceiro, ordenou que se removessem os impedimentos ao combate, mandando voltassem para a casa certos que podiam causar tais impedimentos. — Quarto, instituiu que usassem moderadamente da vitória, poupando mulheres e crianças, e também não cortando as árvores frutíferas da região.
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Que o Papa Francisco defenda o que disse o Doutor Angélico, São Tomás.
4 comentários:
Realmente, palavras de sabedoria. Que tanto fazem falta nos tempos atuais. :(
Bom dia, Pedro.
Quanto à questão da cidadania, acredito, sim, que esta deveria ser concedida de uma forma gradual, para não correr o risco de um recém-chegado ao país ter o poder de mudar a cultura política do mesmo de forma imediata.
No entanto, creio que deve se aplicar o princípio da tolerância com relação aos estrangeiros. É natural que o estrangeiro, se lhe for permitido participar da vida civil sem tantas restrições, assimile com o tempo várias características do país em que vive. Não necessariamente a religião e outras características culturais que lhe são mais preciosas; e, quanto a estas, não é lícito ao governante impor mudança pela violência. O próprio Bento XVI defendeu que a religião deve ser eleita pela vontade livre do indivíduo, e não pela violência ou imposição externa; e que a mudança de religião se dá pelo convencimento, não pelas armas ou pela lei positiva de um país.
De outro modo, seria lícito aos muçulmanos deportarem, prenderem ou praticarem todo tipo de violência com cristãos em suas terras, pelo simples fato de não assimilarem suas crenças e sua cultura na sua totalidade. Partindo dos princípios "Não faça ao próximo o que não queres que façam a ti mesmo" e "Ama o próximo como a ti mesmo", me parece não ser correta a exigência ao estrangeiro de assimilar a cultura do país em que vive na sua totalidade.
Abraço,
Jonas
Bom, Jonas, essa questão da liberdade eligiosa de Bento XVI que vem do concílio Vaticano II é controversa e talvez esteja na raiz do problema.
São Tomás destacou três tipos de estrangeiros, para participar ativamente inclusive como líder político, deve-se assimilar e amar a cultura do país.
Mas você trouxe um pouco que são Tomás não tratou, que é o cristão como estrangeiro.
Muito bom. Temos um problema de culturas anti cristãs. Como vence-las?
Voltamos à questão da liberdade religiosa. Daí que temos que discutir essa liberdade.
Abraço,
Pedro
Receber muçulmanos que odeiam o Ocidente e a cultura cristã se encaixam no perfil diagnosticado por S Tomaz de Aquino como nossos inimigos - e o são mesmo, irrevogaveis - é criar serpentes para depois nos picarem.
Eles tradicionalmente nos detestam e o mundo "pertence" a Alah!
Parece que Trump esfriará e deterá o ímpeto desses conspiradores globalistas contra o Ocidente!
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