Não consigo entender a reverência que a Inglaterra faz ao rei Henrique VIII. Este rei casou seis vezes, decapitou duas de suas esposas, mudou a religião do país, se colocou com chefe da nova igreja, roubou as terras da Igreja Católica e a distribuiu entre compadres políticos, deixou o país endividado, e entregou o país a um menino de 12 anos (seu filho) que morreu com 15 anos. O seu legado deixou um rastro de mortes que se estandeu até a Rainha Elizabeth I, mais de 50 anos depois de sua morte.
A imagem do Rei Henrique VIII é muito comum na Inglaterra. Quadros dele estão em muitos lugares públicos e em universidades. Outro dia vi o quadro em programa de televisão que mostrava a Academia Real de Ciências inglesa.
Amanhã é dia de se celebrar dois santos ingleses que foram decapitados por este rei: São Thomas More e São João Fisher (St John Fisher).
O primeiro foi nomeado pelo papa João Paulo II como o patrono dos políticos e dos estadistas por sua firmeza de convicção durante a reforma religiosa na Inglaterra. Thomas More era filósofo, jurista e político e alcançou um dos mais altos postos dentro do governo de Henrique VIII, mas não aceitou a ruptura com a igreja Católica feita pelo rei. O rei queria casar de novo com Ana Bolena e precisava anular seu casamento com Catarina de Aragão. A Igreja não aceitou e, então, ele resolveu criar sua própria igreja: Igreja Anglicana e se colocou como chefe da igreja. Depois acusou Bolena de traição e a decapitou.
São João Fischer era doutor em teologia e bispo de Rochester. Fisher tinha se formado na Universidade de Cambridge. Ele se tornou membro da universidade e mais tarde foi patrono e vice-chanceler dela. Sob sua influência, dois colleges da universidades foram fundados: St. John College e Christ's College. Fisher tinha como política arregimentar financiamento para atrair professores da Europa para a Universidade. Logo que chegou ao poder, Henrique VIII entrou em conflito com Fisher, pois a mãe do rei tinha deixado recursos para a Universidade. Henrique VIII queria dispor deles.
Quando Henrique VIII quis se separar de Catarina de Aragão para se casar com Bolena, Fisher ficou do lado da rainha e disse na justiça que estava disposto a morrer pela indissolubilidade do casamento.
Posteriormente, Jonh Fisher não aceitou fazer um juramento que aceitava o Rei Henrique VIII e a Rainha Ana Bolena, por isso foi preso. Depois foi condenado e decapitado. Foi canonizado pela Igreja Católica junto com Thomas More e eles mantem o mesmo dia para celebração: dia 22 de junho, dia da decapitação de Fisher no ano de 1535. More foi decapitado no dia 6 de julho do mesmo ano.
Winston Churchill escreveu em "História do Povo de Língua Inglesa" que as resistências de More e Fisher contra a supremacia real foram nobres e heróicas, eles odiavam e temiam o nacionalismo agressivo que destruía a unidade do cristianismo ("The resistance of More and Fisher to the royal supremacy in Church government was a noble and heroic stand...they hated and feared the aggressive nationalism which was destroying the unity of Christendom).
G K. Chesterton disse que Thomas More foi o maior personagem da história inglesa. E o próprio Thomas More disse que não conhecia nenhum homem capaz de rivalizar em sabedoria, conhecimento e virtude com John Fisher.
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