No dia 18 de junho de 1940, durante a segunda grande guerra, dois discursos históricos unem dois grandes homens: Winston Churchill e Charles De Gaulle.
Neste dia, Churchill fez seu primeiro pronunciamento no Parlamento como primeiro-ministro. Ele tinha 65 anos. A França já tinha sido ocupada no dia 14 de junho e os nazistas iam começar a Batalha da Grã-Britanha (ataques constantes de aviões alemães no território inglês). Esta última batalha se estendeu de julho de 1940 até outubro do mesmo ano e, apesar de grande destruição das cidades na Inglaterra, Hitler não conseguiu subjugar a força aérea britânica. Antes de 18 de junho, no período de 27 de maio a 4 de junho de 1940, havia ocorrido o resgate de Dunkirk (França), quando mais de 330 mil soldados aliados na cidade de Dunkirk (França) foram salvos (escrevi sobre isso em um post de maio).
O discurso de Churchill no dia 18 de junho de 1940 é o mais celebrado de sua carreira. Esse discurso é conhecido como “The Finest Hour” (A Hora mais Sublime). Que historiador poderá negar que a presença de Churchill e a força inglesa durante a segunda guerra foram a hora mais sublime do país?
Na última parte do discurso, Churchill diz (em tradução livre, depois segue a versão original entre parênteses): “O General Weygand disse que a Batalha da França acabou, eu espero que a Batalha da Grã-Bretanha esteja perto de começar. Desta batalha depende a sobrevivência da civilização cristã. Desta batalha depende a vida britânica e a continuidade de nossas instituições e de nosso império. Toda a fúria e poder de nosso inimigo devem vir sobre a gente. Hitler sabe que ele tem de derrotar esta ilha ou perderá a guerra. Se nós pudermos nos levantar contra ele, toda a Europa pode ficar livre e a vida do mundo pode mover-se para frente em um caminho amplo e ensolarado. Mas se falharmos, então todo o mundo, incluindo os Estados Unidos, incluindo tudo que nós conhecemos e nos importamos, afundará em um abismo de uma nova Era Negra ainda mais sinistra e talvez mais prolongada, por causa das luzes de uma ciência pervertida. Então, vamos nos agarrar às nossas obrigações e ficarmos firmes, pois se o império britânico e Comunidade Britânica de Nações durar mais mil anos, os homens irão dizer que essa é a nossa hora mais sublime” (What General Weygand called the Battle of France is over. I expect that the Battle of Britain is about to begin. Upon this battle depends the survival of Christian civilization. Upon it depends our own British life, and the long continuity of our institutions and our Empire. The whole fury and might of the enemy must very soon be turned on us. Hitler knows that he will have to break us in this island or lose the war. If we can stand up to him, all Europe may be free and the life of the world may move forward into broad, sunlit uplands. But if we fail, then the whole world, including the United States, including all that we have known and cared for, will sink into the abyss of a new Dark Age made more sinister, and perhaps more protracted, by the lights of perverted science. Let us therefore brace ourselves to our duties and so bear ourselves that, if the British Empire and its Commonwealth last for a thousand years, men will still say, 'This was their finest hour.').
Neste mesmo dia, o general Charles De Gaulle fez a sua primeira transmissão de Londres via BBC para os seus compatriotas franceses. Havia quatro dias que os nazistas tinham ocupado Paris e o governo francês tinha fugido para a cidade Bordeaux. Ele apelou para que os “franceses livres”, entre eles os soldados franceses que tinham escapado em Durkirk, se juntassem sob seu comando e pediu que a França continuasse resistindo (a França assinaria, no entanto, um armistício no dia 22 de junho, e pior, depois o governo de Vichy iria colaborar com os alemães.)
Infelizmente, o pronunciamento de De Gaulle não foi gravado. Ele ficou furioso e no dia 22 de junho fez novo pronunciamento, dessa vez sendo gravado. E este último chegou a muito mais franceses do que o anterior.
Ele disse (em tradução livre): “ É verdade, nós fomos surpreendidos pelas forces mecânicas, de terra e ar do inimigo...Mas a última palavra foi dita? Nossas esperanças acabaram? É a derrota final? Não! Acreditem em mim... nada está perdido para a França... A França não está só!...Aconteça o que acontecer, a chama da resistência francesa não deve se apagar e não se apagará. Amanhã, como hoje, eu falarei no rádio de Londres.”
Os pronunciamentos de De Gaulle moveram a resistência francesa e foram importantes para mostrar aos aliados que a França ainda se importava com a defesa do mundo livre.
2 comentários:
Pedro Erik, tenho acompnhado seus sempre interessantes comentários no blog do Augusto Nunes e hoje inaugurei o meu e queria saber o que disseram Churchill and De Gaulle no seu.
Vou segui-lo e aprender..Obrigada
Obrigado, notimeforcomedy.
Há muito pouco tempo comecei esse blog, tenho tentado publicar pelo menos um comentário a cada dois dias. Descobri que dá trabalho, mas também prazer e aprendizado.
Abraços, Pedro Erik
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