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Saída do Reino Unido da União Européia? O que isso importa para o Brasil? Perguntariam meus leitores. Respondo no final.
Acho que meus leitores não sabem, mas o primeiro post do Thyself, O Lord é sobre a eleição de David Cameron (foto acima) como primeiro ministro do Reino Unido. O post se chama Mal Sinal dos Tempos no país de Burke, Locke, Churchill, Chesterton.... No post, eu disse que a coalizão de poder entre Cameron (que se dizia conservador) e a extrema esquerda do vice Nick Clegg não chegava a 2011. Errei. A falta de alternativas mantém os dois no poder, a opção do Partido Trabalhista está destruída pela péssima administração que fez Gordon Brown. E Nick Clegg se tornou um morto vivo dentro do governo. Eu achava que ele ia ser mais agressivo. Mas a falta de força do partido dele e a crise econômica fizeram ele silenciar
Não gosto, nem respeito David Cameron. Ele não é conservador. Em questões sociais, ele é completamente de esquerda. Ele apóia aborto e casamento gay, por exemplo. Não pode se conservador. Na economia, ele faz aquilo que o mantém no poder. Em suma, ele é alguém muito ambicioso que faz qualquer coisa pelo poder, como provou quando fez a união com Clegg. Além disso, ele sempre me pareceu que tem inveja do Tony Blair, ex-primeiro ministro do Partido Trabalhista.
Nesta semana, Cameron fez um discurso dizendo que a União Européia deve fazer um "new settlement" (novo acordo) de cooperação, pois o bloco de países, como suas várias instituições, invadiu muitas questões soberanas. E prometeu um referendum para que o povo diga se o País deve ou não permanecer na comunidade européia.
Vejam que ele não disse "ou faz um novo acordo ou saímos da União Européia". Ele apenas disse que deseja um novo acordo e prometeu um referendum. Também não disse, nem respondeu aos jornalistas, se apóia a saída da União Européia ou não.
Quando alguém lhe pergunta se o novo acordo não vier, se ele apóia a saída do País da comunidade. Ele disfarça e não responde.
Em resumo, o cara é escorregadio e o que ele disse só vai gerar decepção e raiva no País.
Já começou a guerra no Reino Unido entre os defendem a saída da União Européia e os que defendem a permanência. Em geral, a direita inglesa quer que o país saia do bloco e a esquerda adora a comunidade de países, quer permanecer.
Bom, eu sou de direita.
Um bom site para acompanhar a discussão é o EU Referendum, que sempre defendeu a saída do bloco, e que conhece muito bem David Cameron, para saber quão traiçoeiro ele é. Hoje, por exemplo, o site mostrou jornais esquerdistas (The Guardian é o mais famoso) tentando levar o medo à população, caso o País saia do bloco europeu.
Há também importantes analistas, como Melanie Phillips e Nile Gardiner e Norman Tebbit. Gosto muto de ler estes três, especialmente Gardiner, apesar de Phillips ser bem mais famosa e Tebbit, mais veterano. Acho que Phillips centra muito seus textos nas questões de Israel. E não gosto muito do estilo de Tebbit. Gardiner é mais amplo. Dos três, apenas Tebbit está confiante com as decisões de Cameron, mas também disse que Cameron está fugindo de dizer se apóia ou não a saída do bloco caso não ocorra o "new settlement".
Além deles, o sempre excelente Ambrose Evans-Pritchard, que mostra que talvez nem precise do referendum pois a distância econômica entre os países do norte da Europa e os do sul está piorando muito. Os do sul estão cada vez mais pobres em relação aos do norte.
O que isso importa para o Brasil? Bom, a Europa, como bloco, é um dos nossos principais parceiros comerciais. A saída do Reino Unido provocaria efeito comerciais amplos, mesmo se o País saísse sozinho, dado a força econômica do Reino Unido. Mas o mais importante é o efeito sobre princípios que o anúncio do referendum já tem. O mundo volta a discutir soberania. Lembremos que o Mercosul se espelha na União Européia. Como a gente está lidando com a Argentina, que tanto tem prejudicado nossas exportações?
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