quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Quem é o Papa Francisco? - por Dr. Pietro de Marco


O respeitado professor de sociologia da religião da universidade de Florença Pietro de Marco escreveu sobre como pode se definir o Papa Francisco. O quadro que ele pintou não é nada bom, é até bastante preocupante. 

Em poucas palavras, o Papa é um típico jesuíta, influenciado por uma cultura marxista, que acha que os princípios que saíram do Concílio Vaticano II ainda devem ser implementados e não criticados pelos resultados. Para De Marco, a mensagem que o Papa Francisco passa é "líquida", não se constrói nada em cima dela. O próprio título do artigo de De Marco é "Mensagem Líquida".

De Marco desconfia da própria declaração de humildade do Papa Francisco, vê traços de autoritarismo.

Francisco é o primeiro Papa pós-Vaticano II, na medida em que, tanto João Paulo II, como Bento XVI tiveram sua formação prévia ao Concílio. Para De Marco, enquanto tanto João Paulo II e Bento XVI tentaram mostrar o verdadeiro sentido do Vaticano II, Francisco seria aderente da leitura mais jesuíta do Concílio, que seria uma leitura mais secular e próxima do marxismo.

O texto de De Marco foi traduzido para o inglês no site do jornal Chiesa, está disponível aqui (em inglês), se quiserem ler o original em italiano, cliquem aqui.

É um texto grande em que De Marco começa criticando algumas frases do Papa Francisco, que eu junto com muita gente consideramos absurdas: como aquela em que ele disse "quem é ele para julgar", a fala do Papa sobre consciência (que o distancia da própria Doutrina da Igreja) e outra frase em que o Papa disse que "a interferência espiritual não é possível". Eu considerei esta última frase, uma das piores frases e mais sem sentido que um Papa pode dizer, pelo simples fato que a função primordial da Igreja é levar Cristo a todos, e assim interferirespiritualmente na vida das pessoas.

Daí De Marco passa a definir o Papa Francisco.

Eu diria que De Marco, em poucas palavras, detonou as ideias do Papa Francisco à luz da Doutrina Católica. É uma pena termos um Papa tão frágil frente à teologia da Igreja.

É um texto longo. Vou traduzir apenas algumas pouca partes dos últimos parágrafos (em azul), lembrando que os parágrafos iniciais são muito relevantes, pois concentram as críticas aos argumentos do Papa. A tradução também é complexa, pois o texto de De Marco é bastante profundo, exige um tempo razoável para escolher as melhores palavras.

Aqui vão algumas partes:

Papa Francisco mostra-se o religioso típico da Companhia de Jesus em sua fase recente, convertido pelo Concílio nos anos de formação, especialmente com o que eu chamo de "Concílio externo", o Vaticano II das expectativas e interpretações militantes, criado por alguns episcopados, por seus teólogos , e pelos mais influentes meios de comunicação católicos. Um desses homens da Igreja, que, em seu tom conciliador e flexível, nos seus valores indiscutíveis, são também os "conciliares" , convencidos depois de meio século que o Concílio ainda está para ser realizado e que as coisas devem ser feita, como se estivéssemos ainda na década de 1970, sob a influência do paradigma secular ou marxista da modernidade.

Pelo contrário: o que "espírito conciliar" queria e foi capaz de ativar tem sido dito ou tentado ao longo das décadas e hoje é uma questão, em primeiro lugar, de fazer uma avaliação crítica dos resultados, por vezes desastrosos.O tema do pecado quase desapareceu de catequese, liquidando , assim, a própria necessidade de misericórdia

Alguns sustentam que Francisco poderia ser um papa pós-moderno, o homem do futuro da Igreja , além do tradicionalismo e modernismo. Mas o pós-moderno que vive nele é superficial. Com a sua flexibilidade e estética, o pós-moderno é pouco plausível em um bispo da América Latina, onde, até recentemente, a intelligentsia foi dominada pelo marxismo. Núcleo sólido de Bergoglio é e continua sendo "conciliar ". No caminho empreendido por este papa, se confirmada , vejo em primeiro lugar a cristalização da conciliarismo pastoral dominante no clero e do laicato ativo.

Claro que, se Bergoglio não é pós-moderno, a sua recepção em todo o mundo é. O papa agrada a direita e a esquerda, praticantes e não crentes, sem discernimento. Sua mensagem predominante é " líquida". Neste sucesso, no entanto, nada pode ser construído, só pode remixar algo já existente.

Há sinais preocupantes deste aspecto "líquido " para quem não é propenso a conversa relativista desta modernidade tardia. 

Eu não aprovo os extremistas tradicionalistas, mas não há dúvida de que a tradição é a norma e o poder do sucessor de Pedro.

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Rezemos pelo Papa Francisco e pela Igreja.


(Agradeço o texto de De Marco ao site American Catholic)

4 comentários:

Duddu Pontes disse...

Caríssimo Pedro, primeiro, parabéns pelo blog! Estou diariamente por aqui! Faz parte do rol dos meus favoritos!

Quanto ao post em si, se assim posso dizer, não foi de meu agrado! Não creio ser nosso papel, católicos, criticar, mesmo que com as melhores intenções, aquele que é o Doce Cristo na terra! Veja, não nego as inúmeras afirmações errôneas ou dúbias que o Santo Padre tem feito, principalmente, em suas entrevistas! Porém, já há gente demais que o critique e procure demoniza-lo! Uma rápida passagem pelos comentários do 'Fratres in Unum' nos demonstra isso! Ao invés de sermos mais um a criticar o que consideramos falhas do Pontífice, que tal rezarmos por ele?

Cordialmente em Cristo!
Que Deus te sustente!
abraco

Pedro Erik Carneiro disse...

Caro Duddu,

Muito obrigado, sua presença engrandece este blog.

Eu rezo pelo nosso Papa diariamente. No entanto, acho que as críticas a ele são muito importantes. Nós somos a Igreja, a gente ao criticá-lo com amor colabora com a Igreja. Ele precisa das nossas críticas, assim como do nosso amor.

A Igreja já tem uma legião de inimigos. É verdade. Mas eles não silenciarão com o nosso silêncio. E os erros do Papa alimentam os inimigos.

Grande abraço e continue por aqui.

Que Deus nos abençoe,

Pedro Erik

juscelino disse...

Nosso amigo aí de cima fala que visita diariamente o seu blog, porém não parece, pois em quase todos você pede oração para papa. agora se claramente até o papa está errando porque ele não pode ser criticado ainda sim que a critica não é desrespeitosa e sim construtiva. ele próprio criticou por não negar.

Pedro Erik Carneiro disse...

Realmente, Juscelino, nós precisamos entender que a crítica é uma grande motora da verdade. O Papa precisa de nossas críticas desesperadamente pelo baixo nível de base teológica que ele vem apresentando.

Olhem,Duddu e Juscelino, saibam que eu me contenho em colocar as coisas que ando lendo.

Outro dia,eu li uma comparação entre a formação do Papa Francisco e todos os papas do século XX. A comparação não ajuda Francisco. Não publico pois eu teria que checar todas as informações.

Abraço,
Pedro Erik