domingo, 16 de maio de 2010

Zerar tudo


Esta charge do Daily Telegraph de hoje me fez pensar sobre a mania do “new”. Ela mostra que inicialmente o "new Labour" tinha o Blair, depois tivemos o "new new Labour" liderado pelo Brown que fez parte do governo Blair, agora estamos na iminência do "new new new Labour" que será liderado por alguém do governo Brown.

O conservador Chesterton nos disse que “se você quer que o poste seja sempre branco, será preciso pintá-lo constantemente, zelar pela sua limpeza.”. O argumento de Chesterton ressalta tanto a necessidade de vigilância como de busca por uma melhora contínua. Na vida também, devemos lembrar nossas derrotas, por vezes muito dolorosas, para que fiquemos alerta (vigilância) e movamos para frente. As vitórias geralmente ensinam pouco.

A idéia do “new” lembra a destruição do que é velho para se construir do nada. Apaga-se o passado, suas conquistas e derrotas e vamos começar de novo. A charge relembra que na política isso é, na grande maioria dos casos, mentira. Preciso lembrar o caso do Obama? Olhem quem está no poder com ele e quem lhe deu suporte para que se tornasse presidente. O velho político se fantasia de novo ideólogo do novo movimento. Casos extremos também reforçam isso, Hitler também teve de montar uma coalizão para chegar ao poder e aprovar o "Enabling Act", que lhe deu poderes de ditador.

O novo traz consigo também uma semente de destruição de valores. Cameron traz essa semente para o partido conservador inglês e a eleição de Obama trouxe com ela uma alteração profunda no partido Democrata americano. O poste deixa de ser pintado de branco.

Não é o caso de amar o passado e não reconhecer que o novo sempre vem (Belchior - "Como os Nossos Pais"), mas de desconfiar que o aparentemente novo é, na verdade, bem velho e de saber a importância dos princípios que devem mover a política.

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