Li, hoje, dois artigos que me fizeram lembrar a discussão entre guerra e paz. A guerra é um mal em si? Ou ela pode ser justificada?
Os artigos são:
1) How to Win the Clash of Civilizations, de Ayaan Hirsi Ali, publicado no Wall Street Journal, ontem. Este artigo discute a necessidade da civilização cristã se defender. Ver em: http://online.wsj.com/article/NA_WSJ_PUB:SB10001424052748703426004575338471355710184.html
2) The Most Interesting Man Alive?, de Matthew Hanley, publicado no site The Catholic Thing, hoje. Este artigo fala sobre um autor chamado Theodore Dalrymple, que é ateu, mas escreveu sobre a necessidade do mundo ocidental se defender do barbarismo no livro chamado The New Vichy Syndrome. O artigo pode ser lido em http://www.thecatholicthing.org/
Para a tradição católica, a guerra não é um mal em si. Pelo simples fato que não foi tratada assim em toda a Bíblia, mesmo no Novo Testamento, em que há um abordagem mais pacífica trazida por Cristo. Cristo, por exemplo, não condenou a profissão do soldado (na passagem em que elogia a fé de um centurião) e agiu de forma agressiva com os mercadores do templo.
Aliás, o próprio Cristo disse que não veio trazer paz, Ele, em S. Lucas (12,51), diz: "Julgais que vim trazer paz à terra? Não, digo-vos, mas separação."
Cristo trouxe vários tipos de separação:
1) Entre os seus (judeus). Agora há os cristãos;
2) Entre o velho e o novo testamento. Cristo é a nova aliança; e
3) Principalmente, Cristo trouxe a separação ao dizer onde esta a verdade, a justiça e o bem;
Na defesa desses princípios, por vezes, é necessário usar a força. Pois o cristão tem de defender valores inegociáveis. Mas não é apenas na defesa desses princípios que a força é justificada.
São Paulo justifica o poder de policia do Estado na Carta aos Romanos capitulo 13: "Que todos se submetam às autoridades públicas, pois não existe autoridade que não venha de Deus, e as que existem foram estabelecidas por Deus. Por isso, quem resiste à autoridade opõe-se à ordem querida por Deus, e os que se opõem receberão a condenação. É que os detentores do poder não são temidos por quem pratica o bem, mas por quem pratica o mal...Mas, se fazes o mal, então deves ter medo, pois para alguma coisa ela traz a espada. De fato, ela está ao serviço de Deus para castigar aquele que pratica o mal. É por isso que é necessário submeter-se, não só por medo do castigo, mas também por razões de consciência. É também por essa razão que pagais impostos; aqueles que têm de se ocupar disso são funcionários de Deus. Dai a cada um o que lhe é devido: o imposto, a quem se deve o imposto; a taxa, a quem se deve a taxa; o respeito, a quem se deve o respeito; a honra, a quem se deve a honra."
Santo Agostinho e São Tomas de Aquino defenderam a guerra justa. São Tomas estabeleceu, inclusive, as regras para que se faça essa guerra: 1) Declarada por autoridade legítima; 2) Causa Justa; 3) Intenção correta (não deve ser feita por desejos territoriais, por exemplo).
Os artigos acima me lembraram esse debate importante. Pena que estão em inglês. Mas, infelizmente, não há esse tipo de discussão no Brasil. Alias, muitas vezes, acho que Cristo na America Latina é confundido com um hippie que defende "paz e amor". O hippie não quer o mal de ninguém, mas também não tem regras para o bem, para a verdade e para a justiça. A idéia hippie é uma completa escuridão moral.
Esse debate de guerra justa também sempre remete às Cruzadas que ocorreram a partir do século XI.
Para melhor conhecer esse assunto recomendo os livros de Jonathan Riley-Smith, editor, por exemplo, do livro da Universidade de Oxford sobre a história das Cruzadas. Ele tem muitos livros sobre Cruzadas, mostrando onde está o mito e a realidade das batalhas que envolveram cristãos e muçulmanos. Para saber mais sobre o autor: http://www.crusades-encyclopedia.com/jonathanrileysmith.html
Um comentário:
1.1 A Igreja Católica: Construtora da Civilização - Introdução
http://www.youtube.com/watch?v=t6bnO7N1AMU
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