Com mundo imerso em uma situação que envolve: a) guerra no Afeganistão contra as milícias radicais do Talibã; b) inundação colossal no Paquistão em que perecem milhões de vidas; c) risco que Paquistão aumente seus laços com o Talibã no país vizinho; d) Iraque sem governo e possível aumento da influência do xiita Irã no país, com a saída das tropas norte-americanas; e) Rússia fornecendo combustível nuclear ao Irã; e f) Irã aumentando as tensões exibindo aviões teleguiados, os Estados Unidos querem iniciar um nova negociação de paz entre Israel e palestinos.
Mesmo que a gente elimine todos os problemas geopolíticos e militares citados acima, devemos considerar que essa negociação envolve:
1) Palestina dividida ideologicamente e geograficamente entre Fatah, na Cisjordânia, e Hamas, na Faixa de Gaza.
2) Oriente médio continua formado por países que querem ficar longe dos palestinos, por receio de problemas internos que possam mudar o status quo de várias ditaduras;
3) Israel, como é comum, sendo liderado por um governo de coalizão, o que enfraquece a negociação, e cheio de disputas internas entre os próprios judeus;
4) Um presidente americano que é olhado com desconfiança tanto por palestinos quanto por israelenses e em franca decadência.
Por que os Estados Unidos, então, querem chamar para negociação dois oponentes que já mostraram em tantas outras ocasiões que não cumprem as promessas de diversos acordos, mesmo estando em situações bem melhores do que se encontram hoje?
Para George Friedman a justificativa está em que os Estados Unidos não perdem nada com isso, e tanto para Palestina quanto para Israel é muito mais fácil aceitar o convite do que recusar, mesmo sabendo que qualquer acordo trará imenso risco político.
Friedman não discute o leque de condições internacionais que citei acima nem a relação da nova negociação com queda de popularidade de Obama, mas fez um ótimo artigo (em inglês) sobre o tema em http://www.stratfor.com/weekly/20100823_israeli_and_palestinian_peace_talks_again. Recomendo.
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