sábado, 13 de novembro de 2010

Dinheiro e Guerra


O político e filósofo romano Cícero disse que endless money forms the sinews of war (dinheiro em excesso forma os tendões para a guerra).

Não sei se haverá guerra real, com uso de armas letais e mortes (se bem que uma crise financeira também provoca mortes entre os mais pobres), mas a reunião do G-20, que reúne as 20 economias mais poderosas do planeta, não resultou em perspectivas de fim da guerra cambial. Não houve nem vitoriosos, nem derrotados na reunião, isso sempre significa derrota para todos.

Os 20 países não conseguem decidir sobre o modelo econômico mais justo e mais adequado ao desenvolvimento da humanidade. Seguem surdos aos ensinamentos de Bastiat (ver post abaixo).

Muitos países estão contra os Estados Unidos. Naturalmente muitos já são contra, mesmo quando o país acerta. Eles alegam que a administração Obama vem desenvolvimento uma política de desvalorização do dólar desde que chegou ao poder. A guerra no debate desta política é forte mesmo dentro dos Estados Unidos. O ex-presidente do FED (Banco Central dos Estados Unidos), Alan Greenspan (foto acima), escreveu um artigo no Financial Times, atacando o modelo econômico do Obama. Isso aumentou a tensão na reunião do G-20.

Houve também muitos ataques ao modelo chinês que há décadas usa de desvalorizações cambiais para dominar os mercados mundiais. Qualquer país do mundo já fez políticas para conter o avanço das mercadorias chinesas. Além do câmbio, a China usa a falta de democracia para oprimir os trabalhadores do país, que recebem salários absurdamente baixos, o que facilita muito a venda dos produtos com preços muito abaixo dos praticados pelos outros países.  Essa última parte do modelo econômico chinês torna difícil entender por que muitos países de esquerda defendem a China. A China não segue regras básicas do proteção ao trabalhador.

Greenspan também atacou a China: "China has become a major global economic force in recent years. But it has not yet chosen to take on the shared global obligations that its economic status requires."  (A China se tornou uma grande força econômica nos últimos anos, mas não tem aceitado as obrigações globais que o status econômico requer).

A solução que ele apontou é a redução da capacidade de qualquer país em acumular reservas para conter a valorização de sua moeda. Isto é, se o país recebesse, por exemplo, muitos dólares para investimentos ou aplicações financeiras, teria um teto para retirar esses dólares da economia para conter a valorização de sua moeda. O Banco Central não poderia comprar todos os dólares que desejasse. Acho que todos aqueles que estão sofrendo com fortes valorizações, como o Brasil, não concordariam com Greenspan. 

Os problemas básicos, ao meu ver, são a ditadura chinesa e o desespero político de Obama. Os dois principais países da economia global têm sérios problemas políticos. A ditadura chinesa só prolongará o problema. A democracia americana tem mais chances de resolver internamente suas dificuldades. O resto do mundo vai ficar se ajustando aos movimentos dos dois gigantes.

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