quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Oposição nos EUA e no Brasil





A oposição norte-americana conseguiu uma virada histórica nos Estados Unidos. O Partido Republicano tomou a Câmara dos Deputados em mais de 60 votos, além do necessário para conseguir maioria, obtendo a maior virada de um partido desde sempre, e deve ficar a apenas 3 cadeiras do Senado para também conseguir maioria.

Vejo nos blogs brasileiros, especialmente de Reinaldo Azevedo, uma sugestão de que a oposição deva se inspirar no exemplo da oposição americana, que não descansou desde a vitória de Obama. Concordo plenamente neste aspecto. Além disso, Azevedo sempre nos lembra de que a presença da oposição significa a presença da própria democracia. Sem oposição, certamente, não há democracia.

Mas vejo dificuldades no Brasil que não existem nos Estados Unidos ou na Inglaterra.

Ontem comentei sobre isso em um blog de James Delingpole no jornal inglês The Telegraph. O povo inglês e americano é diferente. É muito mais bem educado, lêem jornais,  dedicam-se muito mais a discutir política e dependem muito menos do Estado para sobreviver.


Quantos brasileiros vivem do Estado? Outro dia, eu li no O Globo que 100 milhões de brasileiros vivem do dinheiro público.  Imagino que isto envolva os funcionários públicos, os filhos e as esposas deles, os aposentados pelo INSS e pelo serviço público, os que recebem bolsa família, os empregados de empresas públicas e de soiciedades mistas que têm maior participação do Estado, mas não li a reportagem. Em todo caso, é gente demais. O que dificulta a vitória do discurso defendido pela oposição americana ou pelos conservadores ingleses.

Durante o governo de Obama, a dívida pública americana passou de 40% do PIB para 62%. A previsão é que alcance 109% em 2025. Isso é assutador para os norte-americanos, para nós não.

Durante o último mês, eu descobri uma fórmula de matar os conservadores americanos e ingleses: assistir a um debate presidencial no Brasil. Eles iam ficar desesperados. No Brasil, todos só falam de bolsa (bolsa família, bolsa educação, bolsa jovem, bolsa polícia, etc.). Porque eles sabem que o eleitor brasileiro depende muito mais do Estado.

Se algum deles falar que a criação de bolsa e o excesso de emprego público são prejudiciais para a liberdade do cidadão e para o futuro econômico do país, sua popualridade cairia para uns 5%.

Nosso povo precisa melhorar muito para que o discurso da oposição americano consiga maioria aqui. Mas vejo também que somos melhores que os venezuelanos e argentinos. Temos melhores instituições, ainda.

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