quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O Que Fazer com a Revolta no Mundo Árabe?

O jornalista Ed West discute o tema Democracia e Mundo Árabe hoje no seu blog, no jornal The Telegraph. Eu sou leitor assíduo de seus textos. Recomendo-os. David Cameron foi ao Kuwait e disse que é "preconceito que beira o racismo" achar que o mundo árabe não pode ser um mundo democrático e livre. Mas não há fato histórico de democracia nesta região do mundo. Todos os países dessa região, sem exceção, não têm e nem tiveram ocorrência de democracia. Isso, como alerta West, não é preconceito é fato.

Eu tenho falado aqui, em vários posts, da inocência ou má intenção (querer destruir Israel, por exemplo) de quem acha que a maioria do povo que se revolta no mundo árabe queira uma democracia nos moldes europeus ou norte-americanos.

Democracia deve conter defesa das minorias, imprensa livre, justiça, alternância de poder, estado laico, e respeito aos outros países. Os países latino-americanos, que são mais livres, não têm todos as características democráticas ainda. O Brasil, por exemplo, um dos mais democráticos da América Latina atualmente, não tem uma justiça que funcione de forma que siga os princípios democráticos. Sem falar dos casos bolivianos, venezuelanos, ou nicaraguenses.

Na verdade, o mundo não sabe o que vai sair das revoltas no mundo árabe, mas democracia, para mim, é uma tênua possibilidade. Também parece que não sabe como lidar com ela.

Ontem, Obama falou sobre a Líbia pela primeira vez depois de 9 dias e não pediu a saída de Kaddafi. Apenas condenou a violência, dizendo que é ultrajante. Anteriormente, Obama pediu a saída de Mubarak, por que não pediu a saída de Kaddafi? Essa pergunta foi o grande debate na noite de ontem na TV americana. E hoje o assunto está em vários sites de notícias, como aqui, ou aqui.

Foi lembrado no programa The Factor, da Fox News, que Kaddaf, antes do ataque de 11 de setembro, era o maior assassino de americanos, pelos ataques a uma discoteca em Berlim em 1986  e ao avião da Pan Am em 1988. Por que Obama nem lembrou isso no discurso de ontem?

A União Européia não consegue ter apenas uma voz em qualquer discussão séria. Não é diferente em relação à revolta no mundo árabe. A resposta da Europa ao que acontece na Líbia, por exemplo, foi "fragmentada na melhor das hipóteses ou contraditória, na pior". A Europa está entre sanção à Líbia (França, Finlândia e Alemanha), não intromissão (Itália) e não se involver muito, pois o pior pode vir (República Tcheca). Por mim, eu estaria do lado francês, me preparando, consciente, do que disse o tchecos.

A ONU condenou a violência. Ok, mas apenas o próprio Kaddafi (ou talvez o Hugo Chavez) não condenaria. A posição da ONU também é inócua, não mostra o caminho de solução.

2 comentários:

Anônimo disse...

Caro Pedro Erik,

Você tocou num ponto extremamente importante que foi a falta de posição do Obama frente à Líbia. Muito Cômoda a posição dele de "não se lembrar" dos ataques anteriores a 11 de setembro, para não pedir a saída de Kaddafi.
Também concordo que democracia nesta região é muito difícil. O que ocorre no Iraque não seria um bom exemplo do que poderia ocorrer nessas situações? Digo: eles lá não conseguiram implementar a democracia, depois de alguns anos. Estou certa?

Juliana

Pedro Erik Carneiro disse...

É verdade, Juliana, o Iraque sofre com a falta de experiência democrática, além da proximidade com o Irã. Hoje, mesmo houve manifestação por lá.

Obrigado pelo comentário.

Abraço,
Pedro Erik