quarta-feira, 30 de julho de 2014

Em Defesa do Casamento: 5 Cardeais contra Cardeal Kasper

O padre John Zulhlsdorf recomendou de forma tão veemente este livro que fui compelido a citá-lo aqui no blog. O padre quer todos comprem urgentemente este livro e divulguem-no em vista do debate que vai começar na Igreja sobre o casamento. O livro, editado por Robert Dodaro,  vai sair apenas em outubro, mas já pode ser encomendado na Amazon.

O livro é escrito por 5 cardeais e mais 4 especialistas e trata da doutrina do casamento combatendo a tese do cardeal Kasper que deseja uma prática "mais pastoral" para a Igreja, misturando "fidelidade a Doutrina da Igreja com misericórdia". Em suma, Kasper quer que a Igreja aceite mais o divórcio.

Vou traduzir aqui o que relata o padre Zuhlsdorf (em azul).

Neste volume, cinco cardeais da Igreja, e quatro outros estudiosos, respondem ao apelo lançado pelo cardeal Walter Kasper para a Igreja harmonizar "fidelidade e misericórdia em sua prática pastoral com pessoas divorciadas que casaram novamente no civil". 

Começando com uma introdução concisa, a primeira parte do livro é dedicado aos textos bíblicos primários referentes ao divórcio e ao novo casamento, e a segunda parte é uma análise do ensino e da prática comum na Igreja primitiva. Em nenhum desses casos, bíblico ou patrístico, esses estudiosos encontram apoio para o tipo de "tolerância" de casamentos civis após o divórcio defendida pelo cardeal Kasper. Este livro também examina a prática Ortodoxa Oriental de oikonomia (entendida como "misericórdia", implicando "tolerância"), em caso de novo casamento após o divórcio, e no contexto da questão polémica da comunhão eucarística. Ele traça séculos de longa história de resistência católica a esta convenção, revelando sérias dificuldades teológicas e canônicas inerente a prática do passado e atual Igreja Ortodoxa. 

Assim, na segunda parte do livro, os autores argumentam a favor da manutenção da lógica teológica e canônica para a conexão intrínseca entre a doutrina católica tradicional e disciplina em relação ao casamento sacramental e à comunhão. 

Os vários estudos neste livro levam à conclusão de que a fidelidade de longa data da Igreja com a verdade do matrimônio constitui o fundamento irrevogável da sua resposta amável e misericordiosa para as pessoas que são civilmente divorciadas e novamente casados​​. O livro, portanto, desafia a premissa de que a doutrina católica tradicional e prática pastoral contemporânea estão em contradição. [Lembre-se: os esquerdistas nos dirão que defendem a tradição que estamos conduzindo uma guerra em misericórdia.] 

"Porque é a tarefa do ministério apostólico asseguram a permanência da Igreja na verdade de Cristo e introduzi-la sempre mais profundamente, os pastores devem promover o sentido da fé em todos os fiéis, examinar e julgar com autoridade os fiéis e educar os fiéis em um discernimento evangélico cada vez mais maduro. "

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Outro dia, algum site, que não lembro mais, me indicou um texto de padres dominicanos sobre o mesmo tema. Eu não lembro do site, mas guardei o link do artigo. Para lê-lo, cliquem aqui.

Bom, comprem o livro. Todos deveriam ler, inclusive o Papa Francisco.


(Agradeço a indicação do livro ao site Big Pulpit)

6 comentários:

Anônimo disse...

Olá!
Parabéns pela indicação. Ainda bem que existem cardeais e bispos dispostos a lutar pela Verdade!
Essa tese do cardeal Kasper é uma tragédia. Deus não permita que o Sínodo aprove tal falsa misericórdia. Na minha humilde opinião, o Sínodo deveria obrigar os padres a viver a castidade sacerdotal e então retomar o discurso defendendo tal virtude. É num namoro santo que se forja o vínculo para um casamento indissolúvel, que suporte as dificuldades inerentes a esse estado de vida.
Nunca, ou praticamente nunca, ouvi um padre defender a castidade. Nem no curso de noivos da paróquia...
Querem resolver o impasse das altas taxas de divórcio pelo topo do problema, sendo que a solução está na base.
Cordialmente em Cristo,
Gustavo.

Pedro Erik Carneiro disse...

Falou e disse, meu amigo, Gustavo.

Abraço,
Pedro Erik

Unknown disse...

Gostava de saber, e inclusive já cheguei a pedir ajuda a um padre, como é que se explica a mudança de Deus do Antigo Testamento - castigador, vingativo, zeloso, do dilúvio e das pragas do Egipto que ceifaram a vida a muitas pessoas, entre elas crianças inocentes - para o Deus do Novo Testamento - o Deus do amor, da compaixão, do perdão, que nos salva a todos e que Jesus Cristo nos veio trazer. Isso de dizer que o Deus bíblico é cruel porque permitiu a destruição de cidades e pediu a morte dos inimigos é um argumento usado "ad nauseam" pelos cépticos e ateus.

Qual é a tua opinião, e já agora a de qualquer leitor que costuma vir aqui ao teu blogue, sobre isso? Se Deus é o mesmo ontem, hoje e sempre, sera que há incoerências na Bíblia? Será simbolismo?

Abraço.

Pedro Erik Carneiro disse...

Não, não é simbolismo, Firehead. E não podemos ter dois tipos de Deus pois Cristo disse que era filho de Deus do velho testamento.
A explicação não é tão complicada. A enciclica Dei Verbum fala disso. O papa Bento XVI também já escreveu sobre isso e pensar em dois Deus é uma heresia antiga.
A expljcacao vai no sentido de que a Bíblia é inspiração divina na vida humana e os homens levam tempo oara entender Deus. Deus se insere e respeita a história humana. É uma jornada de entendimento. E não entre nessa de Deus cruel do Antigo Testamento. Há mais passagens de perdão.
Além disso, o caminho da salvacao é mesmo no Velho e Novo Testamento. São os mesmos mandamentos e os profetas levam a Cristo.
Eu acho que já falei disso no blog.Pesquise por jimmy akin. Acho que usei um texto dele.
Também já indiquei um livro sobre o assunto aqui. Pesquise por Velho testamento.
Abraço
Pedro Erik

Unknown disse...

Exacto, isso eu sei. A concepção que as pessoas tinham de Deus foi-se alterando ao longo dos tempos, pois a própria Bíblia foi escrita já há muitos séculos atrás, por pessoas diferentes com mentalidades e hábitos diferentes em contextos diferentes. No entanto, para mim subsiste a dúvida: houve ou não houve matanças permitidas e/ou incentivadas por Deus? Se acreditamos que Deus é o mesmo nos dois Testamentos, porque é que os antigos decifraram Deus como sendo o que é no Antigo Testamento e depois, com Jesus, Deus ficou com uma concepção diferente (e da qual os cristãos têm)? Já li algumas opiniões mais ou menos controversas quanto a isso e inclusive li opiniões de protestantes e que me parecem bastante pertinentes. A opinião do Papa Bento XVI também é muito interessante. Não é por acaso que eu admiro imenso o Papa emérito.

Acredito que existe sim simbolismos na Bíblia. Acredito que a Bíblia vale é pelo seu conteúdo e pela mensagem que transmite. Se cruzarmos informações dos quatro Evangelhos também podemos encontrar "discrepâncias". Isso alguma vez esteve em causa quando o que importa é a fé? Também já li que exegetas e supostos entendidos da Bíblia afirmam que Jesus não terá dito muito do que foi escrito e que Lhe foi atribuído (ou pelo menos não com as exactas palavras nos Evangelhos, ou então Marcos e Mateus teriam que se entender para ver quem é que tem razão, por exemplo). Assim, muito provavelmente os ditos que correspondem a Deus, no Antigo Testamento, poderão não ter sido tal e qual proferidos por Ele - se não mesmo entendidos apenas pela percepção humana daquela altura.

Tenho estado afastado da Igreja há praticamente um ano e considero-me chateado com Deus por motivos pessoais. Ainda assim, se estou chateado com Ele então é porque acredito nEle. Estou a pensar em escrever um artigo precisamente sobre este assunto, o da percepção humana sobre Deus a nível bíblico.

Um abraço.

Pedro Erik Carneiro disse...

Caro Firehead.

Você pergunta: "Houve ou não houve matanças permitidas e/ou incentivadas por Deus?"

Ninguém poderá lhe responder isso com toda certeza. Mas as "matanças" fazem parte dos livros históricos da Bíblia. Então, eu responderia que sim, que Deus permitiu "matanças" e até mandou que fossem feitas. Eu entendo aquelas passagens como o povo de Deus entrando na Terra Prometida, onde havia tribos pagãs extremamente violentas que praticavam atos grotescos contra seu próprio povo. Deus desejava vê-las fora da Terra Prometida. Mas ninguém saberá responder com certeza.

Os livros do Antigo Testamento são divididos entre leis (os cinco primeiros livros), históricos, profetas e de sabedoria (os judeus dividem em apenas três: leis (torá), profetas e escritos). Cada um tem um gênero literário. E há muito simbolismo e algumas diferenças que não afetam o caminho da salvação.

Leia a Bíblia de Jerusalém. Ela vai lhe ajudar.

Não vou comentar sobre o seu "chateamento" com Deus, o relacionamento com Deus é pessoal, mas a verdade é Cristo, descrito na Doutrina da Igreja.

Abraço,
Pedro Erik